Atualmente, acho eu que devido à alta no preço do leite e a mídia, tenho recebido muitos jovens (filhos e netos de produtores), que desejam iniciar na atividade leiteira ou modificar o que sendo feito pelos seus parentes.
Aí vêm os questionamentos:
Que raça utilizar?
Ordenha manual ou mecânica?
Qual melhor pasto?
Silagem ou cana-de-açúcar?
Por onde começar?
Tenho orientado em primeiro lugar a buscar uma boa assistência técnica para realizar um planejamento seguro, iniciando principalmente pela produção do alimento forrageiro. Porém muitos reclamam dos técnicos das empresas que não conseguem orientá-los de maneira adequada, querendo apenas “vender seu peixe”.
Portanto, pergunto a todos vocês: POR ONDE COMEÇAR?
Este fórum foi criado para discutirmos e orientarmos “novos-produtores” que desejam iniciar na pecuária de leite. Então vamos ajudar, sendo que levanto o primeiro hipotético:
RECEBI UMA HERANÇA E GOSTARIA DE TRABALHAR COM A PECUÁRIA DE LEITE, POR ONDE EU COMEÇO?
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Respostas
Não quero competir com ninguém e nem uso gravata. Meus conhecimentos foram adquiridos em atenção a outras pessoas que sabiam mais que eu, muita leitura, muita pizada em bosta, muita avaliação, muito aprendizado, aprendizado constante.
É possível sim a pessoa entrar numa nova atividade, estes são os empreendedores que na maioria das vezes se bem informados FAZEM MUITO MAIS do que produtores tradicionais com suas crenças enraizadas.
Estou aqui para ajudar, tenho bons modelos de diagnóstico, que não são meus, mais posso compartilha-los citando a fonte.
Fernanda fica tranquila e a vontade, se precisar, estamos aí!
Marco
Leovegildo Lopes de Matos disse:
Leogevildo
comprar vaca a 5mil? tens toda razao!!!
Senhores:
Antes de qualquer coisa, corroborando com opniões já registradas aqui, planejamento forrageiro, mas sobretudo execução desse planejamento é a atitude fundamental para quem quer ter sucesso no leite.
Volto na questão da compra de vacas. As questões principais devem estar na mente do produtor: Eu preciso comprar? Por que minhas vacas tem produção baixa? Elas ou eu, quem é o responsável? Elas estão a pasto (quando tem pasto), sem suplementação volumosa, chegamos no final de maio, avança junho-julho e elas não têm persistência de lactação. É a genética que deveria ser responsabilizada por isso?
Já me ocorreu em discussão com "produtores" que compraram vacas de R$ 5.000,00 ou 6.000,00 por cabeça e na discussão sobre o retorno negativo, quando eu tentava mostrar que um animal com esse preço não tem como ser pago com o "lucro" do leite, aconteceu de ouvir deles: Doutor, esqueça esses R$ 5.000,00. Como pode? Alguém investir um vulto desse e não esperar compensação financeira. Ou mesmo dizer: eu estou começando e não tem outro jeito. Ou: Doutor, o preço de vaca é esse mesmo. Ao que respondo: ...é esse porque vcs estão comprando, parem de comprar que o preço não será mais esse.
Para encerrar vamos a algumas "continhas" rápidas: imaginemos uma vaca adquirida por R$ 5.000,00. Se não entrar nessa e o indivíduo aplicar numa instituição financeira esses R$ 5.000,00, mais o aluguel do "pasto" que esse animal iria ocupar, digamos R$ 360,00 por ano que somado a no mínimo R$ 300,00/ano de juro de caderneta de poupança do montante total da vaca que não foi adquirida, somarão R$ 660,00/ano. Assumindo que algumém esteja conseguindo R$ 0,10 de lucro por litro de leite, isso equivaleria a uma lactação de 6.600 litros de leite, ou cerca de 22 L/vaca/dia. Isso sem mamites, sem partos distócicos, sem longos intervalos de parto, sem mentires e outras itens mais. Enfim: não existe lógica na aquisição de matrizes com os preços de mercado que temos visto no Brasil. As bezerras que vierem tampouco podem ser consideradas receita, pois ao nascimento só representam despesas, nove meses de gestação, 1,8 dose de sêmen ou um "protocolo" a ser pago, etc.
As vezes acontece de ouvir como argumento contrário alguém dizer que R$ 0,10 é muito pouco, ao que respondo: concordo, pois conheço produtores que tem R$ 0,20 ou 0,35 de lucro por litro de leite, mas esses não compram vacas, eles têm para vender.
Vamos acordar pessoal, pois o nome mais brando que consigo, buscando no dicionário, para qualificar quem pratica uma insanidade como essa é "incauto", mas desde que avisado da falta de lógica de uma ação estúpida com essa: voces podem imaginar o "adjetivo" mais adequado para quem faz isso.
Penso que é imprescindível conhecer a propriedade, fazer um bom diagnóstico geral, e apartir então desta coleta de dados poderemos saber onde "atacar" primeiro, normalmente é o Planejamento forrageiro o ponto de partida.
Leovegildo
eh tudo questao de pratica, aqui 300 vacas eh operacao de apenas um homem, o problema eh que a tecnica utilizada no brasil esta ainda engatinhando e parece que ha barreiras que nao deixa crescer por isso o leite nao da rendimento e nao incentiva qualificacao. alto custo com mao de obra o fazendeiro nao tem como pagar mais pra menos.
abraco
O problema da atividade leiteira no Brasil nao eh carreira como na nova zelandia. Aqui se comeca como assistente e se sobe ateh dono de fazenda se quiser, mas eh carreira, se tem moradia decente, salario decente e beneficios, o que no brasil infelizmente nao acontece.
nao estou criticando, nem menospresando, estou apenas apontando um ponto basico para o crecimento de qualquer atividade, eh a profissionalizacao. A unica maneira de aprender eh na pratica, assim como pra ser medico, se nao tiver pratica o que seria de nos?
tem qu eaprender do basico como o Ronaldo falou. Eu quando morava no brasil tinha a ideia de pegar um finame do BNDES e comecar uma fazenda. nunca me deram o financiamento e hoje eu entendo o porque. O risco era muito alto ja que eu nao tnha a menor ideia de como ordenhar uma vaca e queria uma fazenda com 80 jerseys. certamente eu iria estar quebrado.
foi quando decidi vir pra nova zelandia pra aprender sobre a lida do leite, e vejo que pra se ter a pripria fazenda leva anos de aprendizado se nao quiser ter o risco de acbar em concordata ou seja la como chamam no brasil. o verdadeiro quebrado. saude animal eh fundamental, e veterinario eh caro, se tiver que chamar o veterinario pra cada vez que uma vaca tiver febre do leite ou mastite ou ainda manca, todo o rendimento vai pro veterinario.
eu tenho o sonho de ver a atividade leiteira no brasil virar carreira onde pessoas tenham orgulho de dizer que sao assistentes ou assistente de gerente e viver em casa decente dentro da fazenda com conforte e dignidade.
aqui assistente se ganha em torno de 35 a 40mil/ano mais casa de 3 quartos um boi por ano e bonus pro producao. noa eh pra fazer dinheiro mas eh sufuciente pra familia de 3 viver com dignidade e aprender como lidar com vacas. quando se chega a assistente de gerente se ai de 50 a 65mil por ano e por aih vai nos cargos mais altos.
proficionalizacao comeca nas bases, se o jovem nso for instigado e incentivado, nao ha futuro que resista.
abraco a todos
Prezados Paulos e outros:
A discussão é essa mesma, espero estar conseguindo chamar atenção para os pontos que destaco sobre mão-de-obra contratada e compra de animais para reposição a preços que nunca poderão ser amortizados com o "lucro do leite".
Repito que a questão principal é em relação aos "investidores urbanos" que acham que no meio rural em se plantando tudo dá e que vacas "dão" leite. Com esse raciocínio o lucro é mais certo e esperado.
Afirmativas de que é melhor ser retireiro do que produtor traz dois atores mal definidos - para mim o produtor de leite é o retireiro o outro seria um "investidor incauto". O leite deve remunerar quem trabalha na sua produção e como as margens do setor são pequenas, fica de novo minha provocação.
Ainda persiste na américa latina a ideia de exploraração de mão-de-obra rural. Com os salários praticados no resto do mundo, profissionais liberais urbanos normalmente investem na sua atividade principal, médico investe na sua profissão, na sua clínica, em novos equipamentos e conhecimentos e não na compra de fazenda para deixar na mão da mâo-de-obra que ele próprio desqualifica como "não especializada" ou "não qualificada". O dentista faz o mesmo, vai investir em novos conhecimentos na sua área, vai adquirir equipamento mais moderno, vai atender um congresso ou simpósio de odontologia.
Trabalhei muito para ver esse "tempo" chegar, pois ao ouvir as reclamações constantes sobre falta de mão-de-obra no meio rural, eu entendo que esse "novo tempo" deva ser encarado como fruto do nosso progresso, da evolução da nossa sociedade, do nosso país.
Se a maioria dos nossos produtores produzem um volume baixo de leite com mão-de-obra familiar ele pode pensar em melhorar seu sistema e aumentar o volume a médio ou longo prazos, mas se contrata mão-de-obra para produzir pouco, temos obrigação de alertá-lo para o desastre que ele está construindo para sua família, pois deixará de ser "produtor de leite", mesmo porque desta forma nunca foi um deles.
Espero estar contribuindo com um alerta para os incautos atuais e futuros.
Prezado Paulo Cesar, bom dia!
Agradeço muito sua iniciativa para comentar sobre o assunto, toda contribuição é muito bem vinda. Gostaria de evidenciar que não sou eu que produzi os números, você não falou isto diretamente para mim, no mínimo para mais de 1 milhão de produtores que não produzem mais 243 litros dia. Mas, veja que os números não fecham. Para ser lucrativa, o Sr. Leovegildo diz que são necessários 900 litros dia somente para pagar o colaborador, e você me diz que acima de 500 litros a propriedade já é produtiva conforme Segundo o prof. Sebastião Teixeira Gomes, da UFV.
É importante saber se você é produtor rural, quantos litros produz mensalmente, quanto recebe pelo litro de leite e se o você paga R$2.700,00 de salário para seus colaboradores, ai sim vamos trabalhar com dados e não suposições.
Sou defensor da profissionalização da cadeia produtiva de leite.
Sou produtor a 14 anos, mas sempre tive minha vida voltada para área rural, antes de iniciar na atividade, pesquisei mais de 4 anos e continuo pesquisando. Busquei informações nas publicações da Embrapa, Emater, Senar, Sebrae, revistas especializadas, livros etc, inclusive, pesquisei durante 2 anos junto aos produtores na Holstein Association no Canadá e Estados Unidos, e também li publicações do prof. Sebastião Teixeira Gomes, da UFV. Também já tive a oportunidade de conversar por duas vezes com o criador do Balde Cheio, Arthur Chinelatto, que me presenteou com seu livro que guardo com muito carinho.
Com base nas teorias e experiências, montei meu projeto de produção de leite, na planilha, parecia muito promissor, mas na prática ficou distantes dos resultados por vários fatores, mas com experiência própria, consegui me manter e até ser lucrativo, considerando a valorização patrimonial, com 243 litros de leite dia e até menos, basta boa administração e um bom colaborador.
Alguma coisa não fecha, se 80% dos produtores de leite produzem abaixo de 50 litros dia e o restante dos 20% produzem em média 243 litros dia...
Obrigado,
Paulo Gomes
Prezado Paulo Gomes,
Segundo o prof. Sebastião Teixeira Gomes, da UFV, a atividade leiteira utilizando de mão-de-obra contratada só se viabiliza com produção diária acima dos 500 litros/dia. Produção menor que essa é possível de ser alcançada apenas com mão de obra familiar.
A atividade leiteira hoje sofre influência da economia mundial, principalmente na parte nutricional, devido ao fato de o milho e a soja, principais constituintes dos concentrados, serem considerados commodities e terem seus valores cotados na bolsa de valores e por isso sofrem impactos enormes. Lembra da alta do milho em 2012? Causada pela quebra de safra dos EUA...Isso exige PROFISSIONALISMO!!!
O que Leovegildo afirma com a dissertativa dele, é o que considero como a realidade que observo em minha região, Zona da Mata de Minas Gerais... A atividade para ser lucrativa hoje, tem que contar com uma gestão aplicada, pautada em números de eficiência... Não basta virar para a indústria e falar que estão pagando pouco pelo seu leite sendo que não sabes nem o quanto ele custa para ser produzido. A pecuária leiteira está carente de eficiência.
O aumento da eficiência na atividade torna possível o seu crescimento e viabiliza a contratação de mão de obra.
E me desculpe a franqueza, mas querer produzir média de 243 litros de leite/dia com mão de obra contratada é só para quem quer tirar leite para ter status social de produtor e não para ganhar dinheiro e muito menos crescer na atividade, ou ganhar dinheiro vendendo vacas de R$ 10.000,00, com produções duvidosas, intervalo entre parto exorbitantes e que puxam o mercado para cima e atrapalham quem necessita recompor rebanho, pois os preços ficam impraticáveis...
Att
Sr. Leovegildo,
Afim de aprimorar meus conhecimentos, e abusando da sua boa vontade, consultei um vídeo da Embrapa que mapeia a produção de no Brasil de forma muito interessante e simplificada.
Vejamos:
Volume de produção de leite no Brasil:
33,49 bilhões de litro/ano
Por Região:
Sudeste: 12,14
Sul 11,81
Centro-Oeste 5,35
Nordeste 4,52
Norte 1,67
Total 35,49
Estrutura:
O Brasil tem 1.350.809 produtores de leite que produz 32.304.421 milhões de litro/dia.
80% destes produtores produzem menos de 50 litros dia, média de 23,91 litros/dia. Que representa apenas 26% da produção nacional.
20 % destes produtores produzem acima de 50 litros dia, média de 243 litros dia. Que representa 74% da produção nacional.
Remuneração do retireiro:
Levando em consideração o preço médio do leite, calculado pela CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP) é de 1,0119 em Agosto/14.
Vamos esquecer 80% dos produtores de leite já estão excluídos do nosso cálculo, produzindo uma média de 23 litros dia não tem como pagar retireiro.
Considerando os 20% de produtores restantes, que produzem em média 243 litros dias teremos:
Produção mensal: 243 x 30 = 7.290 litros mês
Faturamento Mensal: 7.290x1,0119 = R$ 7.376,00 bruto/mês
Remuneração do retireiro (R$2.700,00)
Saldo Bruto R$4.676,00
Menos despesas aproximada com ração R$2.430,00
Saldo menos a ração R$2.246,00
Falta pagar, remédios, energia elétrica, combustível, equipamentos e o patrão não precisa comer? E a família do produtor, vai viver de vento?
Nem vou continuar, é melhor ser retireiro do que produtor de leite. O retireiro tem casa, leite e outros benefícios e ganha mais que o produtor.
Por favor, se eu estiver equivocado, me ajude porque com estes números minha contabilidade não fecha jamais. Pelos exemplos que o Sr. citou acima, produzir somente para pagar o colaborar 900 litros dias se a média nacional é menos de 200 litros, como fica então nossos produtores?
Desculpe pela insistência, preciso então me reciclar.
Obrigado
Paulo Gomes