Existe uma tendência mundial de valorização dos sólidos do leite, dessa forma, alguns países têm buscado a inclusão dessas características em seus programas de melhoramento genético visando maior remuneração do leite de melhor qualidade.

Países como EUA, Nova Zelândia, Holanda e Dinamarca têm buscado o crescimento simultâneo da produção e do nível de sólidos do leite (gordura e proteína). A Nova Zelândia, por exemplo, apresenta altos índices de produtividade e qualidade do leite, o qual apresenta 30% a mais de sólidos quando comparado ao leite brasileiro.

 

Em sua região os produtores têm se preocupado com o teor de sólidos no leite? Em caso afirmativo, quais as estratégias têm sido utilizadas? Além disso, as empresas beneficiadoras têm adotado sistema de pagamento por qualidade desse leite?

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Respostas

  •   Caros Debatedores,

    fiz uma pequena intervenção no início da discussão, tenho tido pouco tempo para ler todos os comentérios, mas alguns me chamaram a atanção. Com produtor, representante de uma central de inseminação artificial e estudante de administração de empresas me sinto à vontade para colocar mais lenha nesta fogueira, vamos fazer uma tempestade por aqui.

      Como produtor quero sempre os maiores preços possiveis, porém creio não termos muito espaço para altas nos próximos meses e, por que não, anos. Com o câmbio desvalorizado, sem nenhuma perspectiva de mudança no curot prazo; com as economias dos paises europeus e os Eua em provável recessão; com os custos internos de produção, creio que se não nos qualificarmos cada vez mais, sem nos preocuparmos com alguns aspectos, tais como competências, eficiência, organizações internas, qualificação e administração, o caminho de uma grande parcela de produtores será muito árduo. O Dr. Paulo do Carmo Martins prevê nos próximos meses muito trabalho para nós.

      Sei que o tema inicial foi ligado a sólidos, porém como falar em sólidos, remuneração sem se falar de lucro, que deveria ser o objetivo de todos os produtores. Não vejo como se pode selecionar visno sólidos sem se planejar a atividade pelo menos para os próximos 5 anos.

      Parabéns pela discussão.

      Um abraço à todos,

      Sérgio Barone

  • Sidney e Paulo César, acreditamos que a Rede tem esta grande possibilidade de unir pessoas, mostrar realidades diferentes, identificar parceiros, prospectar demandas e projetos. Muito mais do que simplesmente disponibilizar informações, o objetivo da RepiLeite é a interação, a troca de experiências. Com os debates, é favorecido o processo de criação coletiva do conhecimento e também a inovação. Desta forma, todos ganham e o setor fica fortalecido. Bons debates a todos!
  • Cara Glaucyana,

    A visão empresarial da propriedade rural é um caminho a ser seguido, porém, vejo muita resistência de alguns produtores. Isso exigiria um trabalho árduo por parte de extensionistas e instituições de ensino e pesquisa, afim de, conscientizar e demonstrar ao produtor a importância dos índices zootécnicos, e principalmente, como interpretá-los e as medidas a serem tomadas, a análise dos custos de produção que exigem dedicação do produtor perante as anotações, etc. Unidades demonstrativas são uma forma de conscientização, pois o produtor dá muito mais valor quando vê os resultados e vê a forma de se trabalhar essas novas tecnologias. A idéia seria não atingir apenas os produtores que estão a mais tempo na atividade, mas também, os jovens da zona rural. Temos que despertar nesses jovens o interesse em prosseguir na atividade, com a incrementação de novas técnicas, busca por assistência, despertar a vontade de crescer em um negócio próprio, para assim, reduzirmos problemas sociais, como êxodo rural e aglomeração das grandes cidades. Conheço alguns jovens, que ao verem o trabalho árduo do pai na zona rural e a total falta de valorização, preferiram tentar a sorte na cidade grande e deixaram o campo vazio de esperança.

    Quanto a organização de produtores, posso dizer, com satisfação, que conheço projetos bem sucedidos. O Projeto Ouro Branco do município de Miradouro-MG, tem contribuído para este tipo de organização. Pequenos grupos de produtores encontram-se reunidos por meio de tanques comunitários, que auxiliam esse grupo na negociação frente à indústria, visto que o seu volume de entrega é bem maior do que a do produtor individual. Além disso, incentivos quanto a nutrição, com a distribuição de mudas de cana-de-açúcar, melhoramento genético, com a doação de botijões de sêmen e doses e assistência técnica tem contribuído para o aumento da produção de leite dos parceiros do projeto. Projeto semelhante é visto no município de Rio Pomba-MG, intitulado Curral Bonito. Com isso, destaco a importância do poder público frente as melhorias no setor produtivo.

    Finalizando, me sinto muito gratificado, por poder, na colocação de estudante, debater com pesquisadores e produtores sobre temas que me interessam e que certamente contribuem e muito para a minha formação tanto acadêmica como pessoal.

    Forte abraço,

    Paulo César 

  • Boa tarde a todos!

    Estou admirada com o rumo que nossa discussão tomou e estou gostando muito da participação e interação entre produtores e técnicos. É muito importante alcançarmos as reais necessidades dos produtores.

    Prezado Paulo César, compartilho de sua opinião que seria impossível estabelecer um modelo eficiente para todos os sistemas de produção existentes em nosso país, considerando as condições climáticas, o volume de produção e os recursos disponíveis. Mas por outro lado, assim como foi dito por nosso futuro colega, Evanilton, os produtores têm que começar a pensar na propriedade como uma empresa rural buscando a escrituração dos índices zootécnicos, além das receitas e custos de produção. Isso é essencial para identificar os gargalos da atividade visando maior retorno econômico ao produtor.

    Assim como a Elisa e o Sidney relataram que não há bonificação por leite de qualidade em suas regiões, essa realidade se estende por quase todo o Brasil. É muito importante valorizar os produtores, como o Sidney, que se preocupam em oferecer um produto de qualidade. Uma alternativa seria a organização dos produtores de determinada região com esse objetivo em comum, aumentando o poder de negociação com as indústrias beneficiadoras, já que forneceriam um volume maior de leite favorecendo ao rendimento industrial dos produtos. Além disso, os consumidores terão acesso a produtos diferenciados de melhor qualidade.

    A empresa Estância Encantada, no distrito de Talhados, em São José do Rio Preto, tem apenas dois alqueires e se transformou em referência como empresa de pecuária familiar, recebendo o prêmio Sebrae pela boa gestão da propriedade por parte do casal de produtores rurais. Segue o link abaixo com a notícia completa:

     

    http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2011/07/fazenda-usa-melhor...

     

    Um abraço,

    Glaucyana.

  • Acompanhando a opinião dos colegas vejo que existem pessoas que pensam igual a mim. Sei que o mercado é complicado de se lidar, mas vamos ser como os rios, contornam vários obstáculos para chegar ao mar.

    Estou participando deste grupo, no meio de muitos doutores, para participar com minha opinião de produtor e quem sabe aproximar os pesquisadores da realidade dos produtores. Quem sabe eu possa contribuir com o crescimento desta categoria? Um dia poderemos ser grandes produtores e geradores de riquezas para nosso país. Estou acompanhando a potencia que os neozelandezes estão se tornando e percebendo que temos que nos mexer ou seremos condenados à marginalidade.

  • Evanilton,

    Você não vai encontrar mesmo propagandas de leite, especialmente com carinhas de crianças felizes, nos supermercados porque a anvisa andou proibindo. Alegam que não se pode incentivar o consiumo de leite para crianças pequenas... E sabe o por quê? Porque consideram que incentivar consumo de leite vai contra o aleitamento materno! O que é um total absurdo, pois desde antes da vaca ser domesticada, desde primóridos da humanidade, se consome o leite de cabra. Denunciei isso num congresso inernacional de caprinos ano passado, e esse tipo de política pública precisa mudar, enquanto ficarmos apenas assistindo haverá um monte de propaganda de cerveja e nada mais de leite. Engraçado que o fenômeno de menor aleitamento é recente na história da humanidade, mas o uso do leite bovino/caprino é milenar.  O pior é que crianças sorrindo, vaquinhas felizes e etc estão liberados para rótulos de margarinas, que até bem pouco, quando não era obrigatório mostrar gordura trans nos rótulos, se tinha mais de 40% das mesmas na composição da gordura de muitas margarinas... Mas nem para todo mundoisso tudo é óbvio, por isso a cadeia produtiva, entenda-se laticínios e associações de criadores de raças leiteiras, tem batalhado por isso.


    Está na hora de fazermos nossa parte também, caros colegas.


    Evanilton Moura Alves disse:

    Olá sidney,

    Acompanho as discussões do REPILEITE e sempre vejo sua participação, a qual é muito importante para nós pesquisadores, pois podemos conhecer as necessidades dos produtores e seguir uma linha de pesquisa que favoreçam as atividades no campo. Você está no caminho certo e lhe parabenizo pelo seu compromisso com a higienização da ordenha. O leite é pouco valorizado no mercado e o que muitas das vezes inviabiliza os investimentos na atividade leiteira. Quando fazemos uma análise de mercado, vemos que o consumidor paga R$ 3,00 numa cerveja (600 mL) ou em um litro de refrigerante, mas reclama quando paga R$ 1,50 num litro de leite. Há alguns meses atras assistir a uma palestra de um colega de doutorado, na qual foi discutido o mercado para os lácteos, apontando vários pontos que precisam ser enfatizados para maiores retornos financeiros. Quando vc vai ao supermercado ver alguma propaganda incentivando o consumo de leite? O leite na maioria das vezes é colocado nas prateleiras de mais difícil visualização. O consumidor tem certeza que o produto que ele ta consumindo é extraído e processado em condições de higiene? Assim, concordo com os seus comentários e acho que no momento é hora de buscar apresentar melhor o nosso produto ao invés de investir em características no leite que só beneficiariam apenas a indústria.



    Sidney Alves Bastos disse:

    Em minha região (Jandáia-GO) não existe valorização nem para sólidos quanto mais para características de qualidade. Estou tentando adotar políticas de boas práticas de produção de leite como tentativa de valorizar meu produto, mas infelizmente o mercado ainda está muito ruim e na realidade em minha contabilidade só vejo custos e nenhum centavo a mais de valor agregado. Continuo seguindo estas práticas pois acredito que não tomaria um leite que não fosse produzido assim. Agora, o mercado ainda precisa crescer muito para pagar valores razoáveis. Acabo seguindo minha conciência e dando um jeito no prejuizo financeiro.

  • Olá sidney,

    Acompanho as discussões do REPILEITE e sempre vejo sua participação, a qual é muito importante para nós pesquisadores, pois podemos conhecer as necessidades dos produtores e seguir uma linha de pesquisa que favoreçam as atividades no campo. Você está no caminho certo e lhe parabenizo pelo seu compromisso com a higienização da ordenha. O leite é pouco valorizado no mercado e o que muitas das vezes inviabiliza os investimentos na atividade leiteira. Quando fazemos uma análise de mercado, vemos que o consumidor paga R$ 3,00 numa cerveja (600 mL) ou em um litro de refrigerante, mas reclama quando paga R$ 1,50 num litro de leite. Há alguns meses atras assistir a uma palestra de um colega de doutorado, na qual foi discutido o mercado para os lácteos, apontando vários pontos que precisam ser enfatizados para maiores retornos financeiros. Quando vc vai ao supermercado ver alguma propaganda incentivando o consumo de leite? O leite na maioria das vezes é colocado nas prateleiras de mais difícil visualização. O consumidor tem certeza que o produto que ele ta consumindo é extraído e processado em condições de higiene? Assim, concordo com os seus comentários e acho que no momento é hora de buscar apresentar melhor o nosso produto ao invés de investir em características no leite que só beneficiariam apenas a indústria.



    Sidney Alves Bastos disse:

    Em minha região (Jandáia-GO) não existe valorização nem para sólidos quanto mais para características de qualidade. Estou tentando adotar políticas de boas práticas de produção de leite como tentativa de valorizar meu produto, mas infelizmente o mercado ainda está muito ruim e na realidade em minha contabilidade só vejo custos e nenhum centavo a mais de valor agregado. Continuo seguindo estas práticas pois acredito que não tomaria um leite que não fosse produzido assim. Agora, o mercado ainda precisa crescer muito para pagar valores razoáveis. Acabo seguindo minha conciência e dando um jeito no prejuizo financeiro.

  • Prezado Sidney,

    A Embrapa possui um kit que visa auxiliar a correta higienização na ordenha. Seu custo de implantação e manutenção não são elevados. No tópico vídeos, da página principal, há dois vídeos falando sobre o kit. Vale a pena conferir.

  • Em minha região (Jandáia-GO) não existe valorização nem para sólidos quanto mais para características de qualidade. Estou tentando adotar políticas de boas práticas de produção de leite como tentativa de valorizar meu produto, mas infelizmente o mercado ainda está muito ruim e na realidade em minha contabilidade só vejo custos e nenhum centavo a mais de valor agregado. Continuo seguindo estas práticas pois acredito que não tomaria um leite que não fosse produzido assim. Agora, o mercado ainda precisa crescer muito para pagar valores razoáveis. Acabo seguindo minha conciência e dando um jeito no prejuizo financeiro.

  • Prezado Evanilton,

    Fico grato pela consideração, ainda mais vinda de um futuro colega de profissão. Sou estudante de zootecnia do IF Sudeste MG Campus Rio Pomba. Os problemas  observados por você em sua região, são os mesmos que observo aqui na minha. Os produtores ainda não tem conhecimento da importância dos índices zootécnicos de uma propriedade, do custo de produção do leite. Apenas sabem o quanto ele vale, ou melhor, o quanto a indústria paga por ele. Há pouco ou nenhum investimento em pastagens, o que se observa com os inúmeros hectares degradados. Não consigo imaginar como aumentar produção de sólidos sem uma dieta adequada, como reduzir custos sem se saber o quanto se gasta. Visto isso, vejo que ainda há muito a ser feito pela pecuária leiteira brasileira.

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