Nos últimos anos, a pecuária leiteira nacional vem lidando com novos desafios, além do histórico aumento dos custos de produção, como: crescente percepção dos consumidores quanto à segurança alimentar, bem-estar animal e impactos ambientais da agropecuária. Neste cenário de desafios e margens de lucro reduzidas, só existe um caminho a ser seguido: o aumento da eficiência dos sistemas de produção de leite.
No processo de busca pelo aumento da eficiência produtiva e ambiental, a aplicação do conceito de Zootecnia de Precisão vem se tornado cada vez mais frequente, e pode ser definido como: uso de tecnologias para mensurar indicadores produtivos, fisiológicos e comportamentais dos animais, de forma individualizada. Algumas tecnologias de precisão já vêm sendo utilizadas em fazendas leiteiras, como o registro diário da produção de leite e do peso vivo, o uso detectores de estro e monitores da condutividade do leite. Outras tecnologias de precisão também têm sido propostas para mensurar consumo de alimentos e água, comportamento alimentar, batimento cardíaco, frequência respiratória, temperatura da superfície corporal, pH ruminal, atividade e posição dos animais, entre outras.
A observação dos animais pelos funcionários da fazenda como única estratégia para definir o manejo do rebanho vem se tornando cada vez mais inviável, diante da intensificação dos sistemas de produção e dos problemas com escassez de mão de obra. Com isso, vem se acentuando a demanda por tecnologias de precisão para o monitoramento automático de parâmetros individuais dos animais. Entretanto, para que tais tecnologias possam auxiliar a rápida tomada de decisões pelos produtores, os dados registrados precisam ser interpretados e utilizados para a otimização da eficiência produtiva, para a detecção precoce de doenças, bem como para a avaliação do bem-estar dos animais.
Pesquisas em Zootecnia de Precisão já estão sendo conduzidas na Embrapa Gado de Leite, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a empresa nacional Intergado, para avaliação da eficiência alimentar em vacas em lactação, bem como para o estudo da associação da eficiência alimentar com fertilidade e saúde animal. Inicialmente, vacas da raça Holandês em lactação estão sendo diariamente monitoradas quanto ao consumo de alimentos, água e peso vivo. Estas mensurações estão sendo realizadas por um sistema automático, composto por doze cochos eletrônicos e dois bebedouros eletrônicos, com estações de pesagem corporal dos animais. Além de fornecer informações de consumo de alimento e água, o sistema permite monitorar: a frequência de visitas ao cocho e ao bebedouro, bem como a duração destas visitas; os horários preferencias de alimentação; a taxa de ocupação dos cochos; os horários dos tratos; monitoramento das sobras e pesagem corporal automática cada vez que o animal acessa o bebedouro.
O campo de estudo nesta área é muito abrangente e promissor. As pesquisas podem focar em resultados a longo prazo, visando à seleção de animais mais eficientes e à geração de marcadores moleculares e valor genético para parâmetros de eficiência alimentar, como consumo alimentar residual. Outro foco de pesquisa, com resultado a curto e médio prazo, é o estabelecimento de estratégias de manejo, a partir do melhor entendimento do comportamento dos animais, que possam aumentar a eficiência produtiva, bem como gerar índices de bem-estar e saúde.
A Pecuária de precisão já é uma realidade no dia a dia de vocês? Quais pesquisas e equipamentos tem auxiliado nos novos desafios de otimização de sistemas de produção de leite?
Respostas
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Pastor Robô
Evolução a cada dia
Para continuar as discussões deste fórum, o vídeo Tecnologia para nutrição do gado brasileiro - Programa Revista do C..., aborda algumas tecnologias desenvolvidas por pesquisadores da Embrapa Gado de Leite para a nutrição dos bovinos.
Muito obrigada a todos pela discussão.
Marcelo,
essa informação que deu foi muito boa.
Então a detecção do cio por podometro é antiga e já deve estar depurada.
Realmente a detecção do cio é muito importante. Como não fico o tempo todo com os animais é o funcionário o responsável por observar o cio. Infelizmente não encontro funcionários envolvidos e perco muito cio. Resultado, pouca prenhes. Agora estou partindo para o IATF, porém ainda estou aprendendo e a eficiência agora que começa a aumentar.
Mas várias coisas estão sendo implementadas. Eu estou tentando implantar um sistema de identificação por RFID nos animais. Assim terei mais controle do histórico de cada um.
Mas o mercado não tem muita gente que pode ajudar. Nem me informar sobre a frequência mais adequada eu consigo.
Temos que desenvolver os centros de pesquisa e extensão para auxilio dos produtores rurais.
Sidney, Bom dia!
O acelerômetro tem a função de detectar a atividade do animal. Quando utilizamos este acelerômetro na forma de um pedômetro, é possível ter informação de quantos passos o animal em um determinado tempo e assim dizer se o mesmo está caminhando, correndo ou parado. Existem pesquisas mostrando a utilização deste sensor para registrar cio, se o animal está doente, até mesmo a distância percorrida ao longo do dia. Independente de qual for o objetivo, o ponto chave sempre será o software... é ele que extrai informações válidas de uma massa de dados.
A maior dificuldade de difusão deste tipo de equipamento é a distância de leitura. A comunicação dos pedômetros com o computador é feita por sinal de rádio e as antenas têm uma limitação de distância de leitura, logo, esta técnica está restrita a sistemas confinados.
Seu uso para detecção de cio já está bem consolidada em animais confinados, tanto é que atualmente algumas empresas de sêmen têm subsidiado este tipo de equipamento para alguns produtores... Se o produtor consegue detectar mais cio utilizará mais sêmen!
Dentre os equipamentos de precisão, talvez o pedômetro (acelerômetro) esteja entre os mais antigos.
Marcelo
Sidney Alves Bastos disse:
Depende do nivel socio-econômico , cultural , da região onde esta , niveis de produção de leite e genética do rebanho, agora a questão da aceitabilidade, já é um pouco mias complexa , porque o produtor espera que o resultado vem rápido na melhora do beneficio/custo de produção e só será bem aceito se o produtor tiver uma confiabilidade muito grande em que leva a informação até ele . Esses produtores são na maioria médio e pequeno produtor que não tem acesso aos meios da informatica; outro motivo que deixa o produtor um pouco receioso em adotar certas tecnologias é justamente se vai ou não agregar valor ao seu produto lá na propriedade, porque ele esta buscando melhoria da qualidade do leite ou seja produzindo com sustentabilidade, mas em conta partida seu produto " leite" não melhora o beneficio/custo; agora os beneficios na produção são grandes em questão de saber calcular um melhor aproveitamento de insumos em determinadas épocas, manejar melhor a distrubuição de concentrados de acordo a idade de lactação dos animais, trabalhar melhor a genética atraves de acasalamdentos direcionados e trabalhar com semêm sexados ou tranferência de embrioes, para o animal um manjo mais adequado em cada fase de produção observando um melhor conforto para o animal
já o produtor um desempenho melhor de seus animais com uma produtividade maior e com menos desperticio , já o consumidor terá com certeza um leite com uma confiabilidade maior ou terá mais segurança alimentar.
Thaiana,
vou tentar falar sobre mim.
Gostei de ver os avanços do software de gestão.
Acredito que os produtores precisam incorporar algumas tecnologias para facilitar nossa vida e melhorar nossa eficiência.
Uma das coisas que estou planejando é alimentar os animais com concentrado na medida do seu mérito leiteiro.
Estou tentando buscar uma boa relação custo:produção.
O controle térmico no curral de espera também facilita muito na qualidade de vida dos animais e produtividade.
Meu sonho é a detecção do cio. Parece que o equipamento dos pés tem uma série de falhas.
A Zootecnia de Precisão ou a Pecuária de Precisão está se tornando uma realidade. Antigamente, equipamentos e principalmente os sensores custavam muito caro e nunca chegavam a ser aplicados na agropecuária. Este cenário mudou muito nos últimos anos... Os custos caíram muito devido às pesquisas desenvolvidas em outros setores para massificar a venda de produtos eletrônicos, principalmente o setor automotivo e o da comunicação. Para exemplificar, um smartphone possui moderno possui em torno de 15 sensores, para realizar diversas funções, e seu custo não é exorbitante, e isto se deve principalmente por causa da escala. Além disso, avançamos consideravelmente em programação e software, então, podemos levantar uma gama de informações muito grandes e estas serão processadas, correlacionadas e relatórios serão gerados automaticamente!
Bom, o que estamos realizando na empresa INTERGADO é justamente fazer uso destes sensores que já existem e estão no mercado sendo utilizados em diversos equipamentos e gerando novos produtos para serem utilizados em propriedades rurais! Nos preocupamos com a robustez, confiabilidade e custo... Esta tecnologia deve sim ser utilizada pelo produtor, independente de seu porte, porque o investimento em tecnologia será capaz de gerar retorno.
Os cochos e bebedouros eletrônicos, conforme foi citado pela Dra Mariana, já estão sendo utilizado para avaliar a eficiência alimentar de bovinos, mas também pode auxiliar na detecção precoce de animais doentes, na gestão da mão-de-obra, na avaliação do programa nutricional da propriedade. Em experimentos realizados em parceira com a UFMG e EMBRAPA, os cochos foram eficientes em detectar bezerras com tristeza parasitária e vacas com mastite de forma precoce, antes mesmo que os funcionários percebecem. Os animais, quando apresentam algum processo patológico, alteram seu comportamento alimentar. Se compararmos o seu comportamento diariamente com o seu histório, com auxílio de software, é possível fazer um sistema de alerta para que os responsáveis pela propriedade sejam comunicados.
Outro produto desenvolvido é uma balança corporal que realiza a pesagem automática do animal toda vez que o mesmo beba água. Não é preciso movimentar o animal até o curral de manejo já que a balança fica associada ao bebedouro. Com este produto podemos ter um aocmpanhamento diário do crecimento de animais jovens ou do ganho de peso de bovinos em engorda. Da mesma forma, com o auxílio de um software é possível detectar desvios no crescimento gerando mensagens de alerta. Para animais de corte em confinamento é possível até detectar em que momento o animai já está pronto para o abate ou o momento emq ue o ganho de peso do animal não é mais econômico.
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