Em parceria com a BIOVERDE AGROGENETICA e AKALU AGROPECUARIA, estamos desenvolvendo um trabalho que tem como objetivo apresentar algumas sugestões para apoiar o processo de recuperação da pecuária de leite do Nordeste, principalmente em consequência dessa última estiagem prolongada e com efeitos devastadores, que contribuiu para a redução do rebanho bovino, e com as pastagens degradadas e com a falta de recursos, a produtividade do rebanho remanescente experimentou quedas relevantes, reduzindo ainda mais esse indicador que já era baixo nessa região.
O projeto irá apresentar sugestões de curto e médio prazo, com introdução de genética e animais rústicos e de alta produtividade.
Queremos sugestões que permitam agregar valor ao projeto, que já tem um desenho inicial, mas que oportunamente iremos apresenta-lo.
Respostas
A parceria com a Bioverde é que além de fornecer os embriões e animais, eles prestam assistência antes para avaliar se as condições do produtor vai permitir que a qualidade da genética seja garantida pelas condições de manejo alimentar e sanitário, evitando que o produtor invista e depois não tenha sucesso e atribua os resultados à qualidade dos animais.
Por isso, fiz a proposta de elaborar um projeto colocando as experiências de produtores do nordeste que trabalham com os animais e embriões dessa empresa como indicativo para o nordeste, haja vista que esses animais foram adaptados às nossas condições. Tenho animais em regime de campo, em piquetes com tifton produzindo 18litros e agora estou adquirindo com a Bioverde, prenhes de girolandas onde entro com as receptoras nelore, de forma produzir uma quantidade maior com valor menor. Essa compra esta sendo feita com recursos financiados pelo Banco do Brasil.
lidervan m morais disse:
Estive em Sergipe essa semana e a situação é igual a dos demais estados nordestinos. Falta leite, porque não tem animais para produzir e os produtores assustados com as perdas dos últimos anos, saíram da atividade. Somente na Bahia, foram 1.000.000 de cabeças de animais dizimados com essa seca, que incluo as que perdi também. O tempo para recuperar essas perdas, não tenho como dimensionar, mas o que sei é que com inseminação ou cobertura natural, vai levar anos para atender a demanda, por isso provoquei a discussão citando minha decisão de comprar prenhez, porque pago em torno de 1.300,00 e, embora tenha que esperar mais de 2 anos para ter um animal produzindo com a garantia de ter genética. Esse é o motivo dos preços de uma vaca esta no patamar de 4.000mil reais - lei da oferta e demanda. Com essa situação o preço do leite subiu e voltou a atrair o produtor. Com certeza quando a produção voltar a um nível de produção de equilíbrio e as importações voltarem a ocorrer, o preço do leite deve cair ou voltar aos 0,85 ou 0,90 centavos. Enquanto isso vamos aproveitando o momento para melhorar a renda e investir na propriedade. Quando citamos o exemplo de Israel devemos considerar os fatores que viabilizaram a eficiência e os resultados: a necessidade de produzir; a dedicação, a persistência, a educação e a cultura do povo; recursos disponíveis para levar a agua e produzir comida de qualidade para os animais e por último a genética. Não adianta ter genética e não ter comida de qualidade. No nordeste nós temos tudo isso e mais o clima excelente para os animais, mas o problema é que a agua muitas vezes esta perto, mas não há seriedade dos políticos para fazer chegar essa agua a um numero maior de pessoas, por preferirem continuar levando a agua de carro pipa, a comida dos animais também esta diretamente ligada ao problema da agua para irrigar. A palma, uma excelente forrageira, mas ainda pouco disseminada e restrita a pequenas áreas e como depende de mão de obra para plantar e para cortar para dar ao gado, esbarra na falta de recursos do produtor para essa tarefa. A falta de extensão rural e assistência técnica é outro fator limitante. Quem sabe, teremos um dia a EMBRAPA CAATINGA, ESCOLAS AGROTECNICAS DA CAATINGA num modelo das de Coronel Pacheco. Quem sabe, a criação de uma Central de Carga Genética para o leite, accessível ao pequeno produtor somada a iniciativas de capacitar, de produzir alimentos de qualidade para os animais, possa contribuir para transformar esse nosso modelo. Talvez com esse atual momento, com o preço do leite melhorando a renda do produtor, proporcione os meios necessários a essa transformação.
Prezados como funciona a parceria com a Bioverde Agrogenetica?
Bom acompanha um debate que busca esclarecer alguns mitos. Não existe genética que resista a fome ou alimentação insuficiente para a mantença do animal, quanto mais produzindo!
Como dizia o Professor de Veterinária da UFBa Dr. Gustavo Medeiros Neto. “A seca não mata só deixa o homem mais pobre. Ao contrario do inverno no hemisfério norte que dizima todo o rebanho, se o produtor não guarda alimento.”
Então no nordeste o problema é cultural, falta de difusão de tecnologia voltada ao semiárido, assistência técnica e falta de crédito voltado à produção de alimento, liberado sem burocracia e em tempo hábil. Já que a janela de produção é curta.
A demagogia dos Bancos públicos deixa a impressa satisfeita, pensando que existe credito, mas essa deixa de ir à fonte pra saber da real dificuldade das liberações dos créditos.
Prezado Devaldo,
Se Israel em pleno deserto consegue manter um dos melhores rebanhos leiteiros do mundo, porque vemos tanto sofrimento no nordeste brasileiro que é semi-árido? Porque ainda não foi feito nada para mudar esta triste realidade? Assim como você eu espero que a Embrapa solucione este problema. Mesmo não estando em uma região semi-árida eu desejo muito ver o nordeste progredir.
A discussão estar boa. Mas poderíamos contribuir com muito mais.Estou no semi-arido de PE ,há quatro gerações só produzimos leite,já passamos por tudo que vc pode imaginar.Mas estamos vivos,porém só nois sabemos do sofrimento.Pelo pouco que sei Israel ñ fica no semi-arido,mas no deserto.Porém sabemos que lá estão os melhores índices genéticos e produtivos do mundo,em vacas leiteiras.Então acredito que o nosso problema estar no armazenamento do volumosa e da água.Nesse momento me sinto na obrigação de lembrar do nosso maior trunfo,a EMBRAPA,ela tem autoridade para solucionar este problema.Esta sim, é o orgulho de todo produtor rural.Espero sim que diferentemente de outros órgãos ñ seja cabide político.Agora ,AMIGOS vamos levar esta discurssão sem magoa,rancor ou palanque político.Vamos procurar uma solução para milhares de pequenos produtores de leite,assim como eu que procuram trabalho honesto.
Prezado Sr. José Afonso:
Desculpe-me se não me fiz claro o suficiente nas minhas colocações iniciais. Não quis de forma alguma ser ofensivo ou grosseiro, mas infelizmente o entendimento desse assunto tem complicado a vida de muitos pequenos produtores. Os vendedores de milagres estão sempre à espreita para tirar proveito da desgraça alheia.
Na sua resposta o Sr. Pergunta quais alternativas ou soluções eu apontaria. Gostaria muito de ter essa resposta, mas infelizmente depois do ”leite derramado” fica muito difícil apontar uma saída mágica, pois simplesmente não existe. Não se trata de condenar a compra de animais somente em função de propaganda enganosa, mas o problema é muito maior do que isso. Por propaganda enganosa, o Estado de Goiás vive um drama na tentativa de implementar um programa de erradicação de brucelose e tuberculose, dois “brindes” que vieram junto com os animais leiteiros importados de outros estados. Os produtores sempre culpando a genética pelo insucesso da atividade e portanto precisam dos animais dos vizinhos, pois os seus não servem. Passam fome e são pouco produtivos. Isso é propaganda enganosa. Mas o que eu me referi na minha opinião acima tem relação com os custos (alguns pensam ser “investimento”) da compra desses animais. O Sr. se referiu que os R$ 4.000,00 do meu exemplo seria minha especulação, uma vez que não conheço sua realidade. O assunto em pauta era compra de material genético de empresa na Região Sudeste e por aqui os preços são próximos disso. Então porque eu iria imaginar que levando animais para o Nordeste, que perdeu seu rebanho, esses vendedores iriam praticar um preço inferior. Não faz sentido, pois pela lei da oferta e da procura, depois dessa seca, a demanda por animais leiteiros cresceu no Nordeste e os preços sobem junto (lógica de mercado).
Meu grande questionamento é que se por acaso o preço for R$ 3.000,00 esses animais tampouco se pagariam (veja fórum de discussão no Repileite: “quanto vale um gado de leite”). O raciocínio deveria ser simples e direto. Com vacas existe a paixão do produtor de leite, então vamos dar um exemplo diferente: alguém veio com a idéia de que investir na compra de uma máquina para fabricação de fraldas descartáveis para bebês pode ser bom negócio. Ao verificar o preço da matéria prima e custos do equipamento, chega-se a conclusão que cada fralda vai sair mais cara do que seu preço no varejo. E então? O que fazer? Com vacas, após anos provando que os preços desses animais não podem ser amortizados durante sua vida útil, os argumentos são muito parecidos: o que o Sr. Sugere? Qual a saída? Como se eu fosse o culpado da situação. A saída é simplesmente não comprar. Mas Doutor? O preço de vaca é esse mesmo? É esse porque sempre tem os” incautos” comprando ou arrematando-os em leilões. Se deixam de comprar o preço futuro não será mais esse.
A questão principal é que nós não nos envolvemos profundamente numa avaliação dos problemas e chegamos a um diagnóstico seguro da situação, dessa ou daquela região. Sem um diagnóstico fica praticamente impossível chegar à solução do problema. Qual o problema da pecuária leiteira do Nordeste? A solução é ter uma central de transferência de embriões? Região de pouca chuva precisa de animais genéticamente melhorados, adaptados e produtivos? Como se consegue isso? Na minha primeira opinião nunca disse nada acerca das possibilidades locais. Sei que existem as universidades em Conquista, em Itapetinga, em Itabuna que podem fazer pesquisa, opinar e pensar o futuro. Meus questionamentos se referiam às mesmices praticadas nesse Brasil, de Norte ao Sul. Conheço a região e não é privilégio regional ter esse tipo de pensamento. O que não se pode esperar de um líder sindical e professor são afirmações do tipo: quem não arrisca não consegue pagar as contas. Isso, me desculpe a franqueza, é pensamento de jogador de cartas e apostador. Bravatas tampouco vão tirar os produtores nordestino do sufoco: vamos repor o rebanho com ou sem banco, com ou sem embriões, com ou sem animais de dentro ou de fora, isso é discurso de palanque eleitoral. Existe um problema e deveríamos lutar para que não se repitam as consequências, pois as condições climáticas são essas e irão se repetir. Eu sei que o nordestino é um forte e não irá desistir, mas vamos usar a cabeça, vamos tentar tirar lições com esse aprendizado. Isso é muito sério e lhe digo que me dói muito participar de uma discussão como essa. Novamente lhe afirmo: ao final, a conta deverá ser paga pelos mais fracos, pois os vendedores de animais estão sempre com seu ”lobby”, prontos para “ajudar”. Ajudar a quem?
Na verdade, a cada período de estiagem avançamos com os mesmos problemas. A convivência com a seca é um processo cultural secular, agravado com as alterações climáticas, contudo cito o exemplo da Bahia que conheço algumas dessas regiões. Na região sudoeste temos um polígono de caatinga encravado no meio de bacias hidrográficas importantes - Rio Pardo e Rio de Contas, onde a população vive o drama da seca, praticamente vendo as águas dessas bacias correndo ao seu lado. Nesse caso a ausência do Governo com projetos de canais de distribuição das águas desses rios, seria uma das soluções. Recentemente houve grande distribuição de maquinas e tratores(PAC), contudo o barramento das aguas de chuvas, fica por conta da vontade politica, quando deveria haver um programa para abertura de barragens em cada local que permita o represamento. O plantio de forrageiras(palma) é a alternativa de alimentos, junto com a experiência do plantio de algarobas como banco de proteínas. Aí, vem o outro lado que é o que estamos sugerindo no caso da pecuária de leite. Reduzir a quantidade de animais nas propriedades, substituindo por animais de maior capacidade produtiva, rústicos, arraçoado com complemento alimentar(palma, milho, cana, caroço de algodão).Conhecemos algumas experiências de animais de maior produtividade na região de Caatingal, que resistiu bem essa estiagem, onde fora aplicada exatamente essa pratica - animais geneticamente melhorados, alimentação preventiva existente, e em alguns casos comprando ração suplementar.
Muito interessante esse questionamento, pois a certeza que temos, é que a seca retorna no final de março de 2014.
Senhor José Afonso,
Como os produtores estão se preparando para um novo evento de seca como este? Quais serão as estratégias para evitar a perca deste rebanho que será recomposto?