Vejo vários preços rodando pelo mercado de gado leiteiro, mas o que me intriga é o fato de como são chegados a estes preços.

Gostaria de perguntar aos colegas, qual seria uma formula para poder avaliar ($$$) um gado leiteiro e qual seria a fórmula para poder saber quando o gado adquirido iria se pagar e começar a gerar um lucro real, sem contar com a bezerra e contando com a bezerra gerada.

Acredito que este seria um divisor de águas para muitos, pois tenho visto novilhas de 3 até 4 mil reais e no caso das de 4 mil, não vejo um retorno financeiro antes de 3 anos e meio.

A formula englobaria várias variáveis envolvendo a produção de leite e seus custos(volumoso, concentrado, sal, medicamentos, produtos de higiene, mão de obra, gastos com a criação da bezerra e etc...).

Aguardo ansiosamente por respostas.
Um abraço a todos.

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Respostas

  • Olá, pelo que tenho visto em minha região o preço varia de acordo com a condição financeira de quem está vendendo, se estiver mais tranquilo o preço é alto e baixo se for o contrário pois "A PRECISÃO FAZ O SAPO PULAR", mais realmente existe uma conta que de acordo com o manejo e o controle do rebanho com genética faz o preço variar, espero ter contribuído com alguma coisa, e importante conteúdo foi respondido pelos companheiros anteriormente a mim que estão de parabéns pela brilhante colocação, qualquer coisa estou a disposição, sou Superintendente de Agricultura e Meio Ambiente em Santo Antônio da Barra - Go, abraço a todos.

  • Até me desculpe entrar e levantar um tópico "antigo"

    Mas vendo o debate me lembro do que foi o maior produtor de leite da minha região em Minas, já falecido, ele me contou que começou com vacas famosas PD(pé duro rsrs) mistureba de gir, caracu, cruzadas.....todas compradas preço de corte.
    Com tempo adquiriu registrados Bois Holstein-Frísia vulgo holandês, a partir das filhas, netas, bisnetas........foi apurando raça holandes PO, se tornando um dos maiores criadores da raça no Brasil.
    Isso foi um processo lento, podendo errar mas com riscos menores......


    Com seu Tie Stall de madeira, nunca descuidando de trato, bem estar e saúde dos animais.

    Sempre com os pés no chão se tornou um dos TOP 10 produtores de leite de Minas, isso pro estado que "respira leite" foi um grande feito.

    O que adianta pagar 6 mil em uma vaca e não ter trato? instalações adequadas?

    é um tiro no pé, a vaca vai ficar "muito cara"

  • Adimar,

    estou caminhando exatamente para essa sua questão. O meu dilema é grande pois tenho uma pequena propriedade, 13 animais, baixíssima produção. Ontem medi e estou produzindo 48 kg de leite. Fico descepcionado com o desempenho e fico animado com as possibilidades.

    Esta semana passarei de ordenha manual para ordenha mecânica balde ao pé. E principalmente estou refletindo sobre manejo e alimentação. O tópico alimentação é muito delicado no meu caso e vou intervir intensivamente. Espero produzir em uns 2 meses 120 kg por dia.

    Veremos o que vai dar

  • Caro Adimar,

    Quem lê suas palavras até pensa que o Brasil é um país onde o confinamento de gado leiteiro é regra e não exceção. 

  • Felizmente temos no Brasil pessoas que ainda tem a visão do Sr Leovegildo, um misto de pessimismo equilibrado com uma vasta e ampla experiência na atividade rural no nosso país. "Não vá com tanta sede ao pote", é o que suas palavras me dizem. "Comida de vaca é capim", esta é a verdade escondida atrás de toda esta discussão, não adianta comprar vacas top de alta produtividade individual, a preços absurdos para alimentá-las com milho, soja, silagem de milho ou sorgo, investimentos em máquinas e óleo diesel, energia elétrica, se vc tem condições de produzir tudo isto em sua propriedade, mas como? através do capim bem manejado e adubado como não podemos esquecer. Um capim de boa qualidade servido ao gado no período correto contém até 12% de Proteína Bruta, a silagem de milho 4%, e com a vaca pastando ela substituiria o trator, o óleo, as grades, carretas, tratorista, as sementes, adubos, capinas químicas, para a produção desta silagem. Bem, mas se vc trabalha com vacas de alta produção então necessita de Silagem de milho ou sorgo para que este animal apresente o seu melhor potencial produtivo, e ainda a quantidade correta de concentrado para fornecer a proteína e energia necessária. Estas vacas ainda precisariam de instalações adequadas o que onerariam em muito o investimento. Portanto porque não caminhar para a pecuária leiteira a pasto como forma de minimização de custos e tornar a atividade mais rentável? É porque vc diminuiria a sua produção individual, mas isso depende pois para a produção a pasto vc deve fazer a sua opção pela produção por área, em tese vc poderia alimentar até 10 UA por hectare de pastagem numa exploração intensiva, produzindo cerca de 120 litros de leite dia por hectare produtividade máxima permitida pelo capim. Utilizaria uma vaca mais barata, um custo reduzido e uma produção elevada porém calculada por área. No meu entender este é o nosso caminho para conseguir no futuro um sistema que seja lucrativo, com objetivo definido, e permita o futuro financeiro e a sobrevivência das famílias. E sinceramente Sr Leovegildo, eu particularmente gostaria de concitar os demais companheiros deste debate a questioná-lo a respeito de outras questões, pois vejo que vós tendes muito a nos ensinar. 

  • Prezado Ronaldo:

    Minha vida profissional, de quase 40 anos, tem apresentado todos os motivos para me tirar as esperanças de ver mudanças no coletivo dos nossos produtores de leite. Felizmente a grande maioria daqueles que conseguimos alcançar com informações, lidar mais de perto, interferir diretamente no seu dia-a-dia tem mostrado mudanças gratificantes, que injetam uma esperança em continuar tentando alcançar outros. Na vida cotidiana desses produtores, eles estão sempre à merce dos vendedores, que são impiedosos, a todo momento tentando empurrar alguma coisa que eles não precisam e esses produtores pensando em fazer o melhor em benefício de suas vaquinhas. Algumas desses ações as vezes até beneficiam as vacas, mas são péssimas para o bolso do produtor e para a saúde financeira de suas famílias. Na maioria, entretanto, apesar de caras, são inócuas, não trazem benefício algum, são mudanças que ele nem o rebanho precisam. Veja o que está acontecendo na área de reprodução: as vacas só reproduzem com os chamados protocolos, com auxílio de hormônios e intervenção de profissionais com pouco escrúpulo. Sêmen sexado, com todas suas limitações recomencados indiscriminadamente, para aqueles desavisados, que acreditam estarem adotando um processo de aceleração do progresso genético do rebanho, com nascimento de mais fêmeas e não sabem que os índices alcançados com sêmen sexado são piores do que o esperado com sêmen convencional, apesar dos custos de 500 a 5.000% superiores do sêmen sexado. Também é o caso dos produtores que não têm comida suficiente para o rebanho e querem investir em minerais quelatados. Esse é um exemplo de inversão de valores na vida do homem. Como pode vc pegar uma lata de Naan, um produto para alimentação do ser humano mais sensível que existe, o recém-nascido, prematuro, de baixo peso, e forncermos um produto cujos suplementos minerais são constituídos de fontes inorgânicas, sulfatos principalmente, e para uma vaca vamos pagar por minerais quelatados orgânicos, caríssimos. Contra-senso, valores invertidos pelo interesse comercial de alguns. Compra de animais caros é somente um dos exemplos de como queremos sempre complicar uma atividade que realmente deveria ser simples. Um dos títulos que gosto para minhas palestras é: "Comida de Vaca é Capim", coisa que qualquer criança sabe, mas infelizmente, nossos produtores relutam muito em adquirir boas sementes, investir no solo, implantar e manejar bem suas áreas de pastagem, com investimento em fertilizantes para garantir longevidade das pastagens, garantir margens de lucro, mas não pensam duas vezes em comprar uma ivermectina, abamectina e similares, que irão contaminar as fezes dos animais, o solo dessas pastagens, matar as minhocas, os rola-bostas, enfim, liquidar com a vida dos solos dessas pastagens. Muitos estão buscando comodidade, redução das tarefas, que não deixa de ser uma busca justificada e lícita, mas que deveria ser feita com mais critérios, sem prejudicar o futuro do sistema em si ou o futuro financeiro e a sobrevivência das famílias.

  • Prezado Leovegildo,

    Nossa pecuária vai de mal a pior justamente porque todos gostam de complicar, produtores, técnicos, todos adoram complicar. Essa questão debatida aqui nos dá a noção do quanto se complica as coisas, é a conta mais simples que existe, qualquer um faz de cabeça, não precisa nem de papel, imagine uma planilha. 

  • Senhores:

    Fico muito assustado em ver como produtores de leite e técnicos mostram a tendência em tentar complicar decisões simples. Quanto custa uma vaca? Qual é o meu custo de produção de um litro de leite? Quanto recebo por esse litro de leite entregue? Qual é meu lucro líquido por litro de leite? O preço da vaca dividido pelo lucro líquido mostrará quantos litros ela terá que produzir para amortizar o principal. Deveria contabilizar os juros? Quantos litros a mais para pagar os juros? É só isso, sem complicações? Qual o intervalo de partos, duração da lactação, idade da vaca e outras informações perdem relevância para a decisão, no caso da pecuária brasileira, pois os preços são tão absurdos, que aquela continha sugerida acima já irá mostrar que não existe forma de amortizar 2, 3, 5 mil reais pagos em uma vaca com a produção que deveria ser esperada dela de 30, 40, 50 mil litros de leite. Seja com intervalo de partos de 12, 15 ou 20 anos não tem como serem amortizados aqueles "investimentos" em compra de vacas ou novilhas no Brasil. Parem, por favor, parem de buscar complicadores dizendo que essa irá parir 1, 3 ou mais bezerras, pois o que elas produzem é uma bezerra recém nascida, que já nasce devendo o valor gasto com duas inseminações e duas gestações de 9 meses (pois para cada fêmea nasce, em média, um macho). Cada bezerra produzida por uma vaca adquirida nesse mercado de loucos, adiciona um valor de duas inseminações ou dois protocolos e 18 meses de custo de duas gestações. Já nascem devendo.

    Ainda não foi necessário falar dos "brindes" que normalmente acompanham essas aquisições, tuberculose e brucelose, sempre alertado pelo meu amigo Antônio Cândico Ribeiro, o maior especialista nessas doenças que eu conheço. Compra e venda de animais é como jogo de cartas, quem sabe o que está fazendo é o que está descartando, e quem descarta não faz isso com suas melhores cartas, seus coringas ou seus trunfos, descarta lixo normalmente. Falando nisso, um senhor procurou o Dr. Antônio Cândido, anteontem, em São Luiz de Montes Belos, Goiás, logo após sua palestra sobre essas duas doenças e disse, que com a campanha de erradicação em Goiás, 100% das vacas Jersey que ele adquiriu em Santa Catarina deram positivas para TB, portanto perdeu todas e verificou posteriormente, que o vendedor em Santa Catarina também tinha 100% de TB positivas na sua fazenda.

    O problema número 1 da pecuária brasileira e o maior problema em Goiás tem uma única raiz, compra de animais. As estradas estão cobertas de placas: "Vende-se vacas leiteiras". Não tem nada errado em tentar vender vacas ou novilhas leiteiras, o problema é de quem as compra: irá reclamar do preço do leite, irá reclamar do laticínio, irá reclamar do governo que não tem uma política para o setor e quem sabe vai tomar a decisão de mudar de atividade e passar a investir em gado branco ou em avestruzes. Infelizmente não tem como ser diplomático mais, pois esse mal vem acontecendo desde que comecei a trabalhar com pecuária leiteira e se repetindo sempre.

  • Amigos,

    Vou trazer uma informação nova. Olhando vários sites da internet encontrei o trabalho de pesquisadores de uma universidade americana que trata exatamente disso.

    Tem várias ferramentas e uma delas é essa.

    http://dairymgt.uwex.edu/tools/cow_replacement/index.php

    Já tem uma planilha de excell. Agora vou estudá-la e talvez tentar traduzir.

  • Boa Noite,

    Sou estudante de zootecnia e atualmente estou em Montes Claros campus  ICA-UFMG, trabalho em um projeto de extensão rural, dando assistência a alguns produtores da região e essa questão do preço de uma vaca de leite sempre me chamou muito a atenção, e achei muito interessante essa discussão, aqui no norte de Minas vejo todo o tipo de preço de vacas e animais até com uma considerável produção e genética, mas na minha região de origem leste de Minas Conselheiro Pena, vaca de leite la tem preço de ouro, coisa chega a ser absurda! Muito interessante também a elaboração da planilha! Com certeza irá ajudar a muitos  pequenos produtores, visto que muitos deles pelo que tenho acompanhado já tem acesso a internet e computadores.

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