Prezados colegas, 

A principio, gostaria de parabenizar o Srº. Angelo Herbet pela iniciativa do fórum "Seca no semi árido", porém gostaria de propor uma discussão sobre a seca vivenciada pelos nordestinos com um enfoque diferenciado, pois sou pernambucano e consultor agropecuário, logo trabalho diretamente com produtores de leite na região e vejo que "só a criação de novas tecnologias agrícolas" não são suficientes para melhorar de forma significativa a convivência com a seca da região. Vejo que obviamente a tecnologia é fundamental, porém de nada adianta saber que devo irrigar se eu não tenho água, saber que devo investir se não tenho capital, etc..., portanto, noto que a região nordeste como um todo, precisa mesmo é de uma estrutura sólida de mecanismos governamentais voltados para os aspectos sócio-econômicos da região, politicas publicas e econômicas que proporcionem que as tecnologias antes citadas, sejam "de verdade" aplicadas! 

Enfim, vejo e espero um bom debate sobre o assunto, e aproveito para deixar a pergunta que vários já devem ter alguma opinião:

Seria a falta de produção estratégica de forragem, o motivo da alta mortalidade de bovinos no nordeste ocasionada pela fome? qual seria a solução? 

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Respostas

  • Hugo Juscelino, muito boa a sua proposta de discussão: a "convivência com a seca" x tecnologia agrícola. Qual o alcance da tecnologia frente a uma seca tão intensa como a de 2013 no Nordeste? Acho que é preciso enxergar duas situações: uma de seca periódica - que podemos chamar de "normal" -, que se pode contar com o auxílio de estratégias, técnicas e ações conjuntas de governos e instituições. A outra situação é a seca extrema e "anormal" que ocorreu neste ano. Neste caso, é necessário ações urgentes, humanitárias para salvar pessoas, animais, economias. É preciso pensar e preparar para as duas ocasiões.

    A primeira (seca periódica "normal") exige um desafio grande da pesquisa, da extensão rural e, principalmente da iniciativa e articulação de instituições. A palma forrageira, por exemplo, é uma alternativa fantástica para alimentação do rebanho para as condições de seca (a cochonilha é mais um desafio para a pesquisa). As técnicas de coleta e captação de águas de chuva (superficiais e barragens dentro do solo) são outros exemplos de técnicas de "convivência com a seca".

    Concordo com você que tecnologias não resolvem todos os problemas. O setor agropecuário, em especial a pesquisa, tende a enxergar a ciência como solução para todos os males. Este é um sinal da era da modernidade, tempos da racionalidade. Para o caso da seca e principalmente para a "seca intensa e anormal", no entanto, a ciência é insuficiente. Nesta situação o ser humano precisa utilizar suas outras habilidades de comunicação e de articulação para enfrentar o problema. Acho que é preciso superar as ações precipitadas (como se a seca estivesse nos pegando surpresa) para trabalhar com previsão e coordenação. Afinal, 2013 não foi a primeira e nem será a última seca forte do nordeste.

    Sou otimista pela situação atual do país, que tem hoje condições econômicas e políticas melhores que no passado para apoiar situações de crise social como as secas.

    William

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