Olá!
O uso de sêmen sexado, tanto na inseminação artificial, quanto na técnica de produção in vitro de embriões (FIV), tem sido amplamente adotado no Brasil.
Gostaria de discutir aqui sobre as experiências vivenciadas com o uso do sêmen sexado em diversas propriedades leiterias, bem como, poder ajudar na definição da estratégia de se usar ou não usar sêmen sexado.
Alguém teria algum relato, ou pergunta a fazer a respeito do tema?
Respostas
Boa tarde doutora Bruna Alves, também recentemente tive uma experiência não muito boa em relação à inseminação artificial, comprei da um pacote com 15 doses de sêmen, cinco sexado e dez convencional, de touros diferentes, porém da mesma distribuidora, foram seis vacas inseminadas do mesmo touro, convencional, uma morreu e as outras cinco, todas, pariram macho, e até uma que inseminei com sêmen sexado, desta mesma distribuidora, nasceu macho. E ai como fica? Como posso confiar? Investir e esperar um bom resultado e no final sair macho?
At. Clemente Luiz
Olá Bruna, tudo bem? Sou João Paulo, aluno de Zootecnia, estou realizando um projeto que fala sobre o uso das biotecnologias de reprodução e tenho observado que a inseminação artificial mesmo sendo um ótimo procedimento já está ficando no passado, as tecnologias de ponta estão tomando conta do mercado. A técnica de FIV (Fertilização in vitro), vem tomando cada vez mais espaço na área de bovinocultura, e principalmente a leiteira. Gostaria que entrasse em contato comigo. 32998082110
Olá Marcio,
Fico contente por receber este retorno seu, após o treinamento aqui com a gente.
Sua taxa de concepção realmente foi muito boa (70%), o que mostra que seu processo de Inseminação está andando bem. No entanto, o que aconteceu depois é bem indesejável dentro de sistemas de produção de leite. A questão do aborto deve ser averiguada considerando-se o lote todo. Geralmente, esses abortos que a gente consegue detectar (ou seja, que não acontecem nos primeiros 30 a 60 dias de gestação) são em sua grande maioria causados pelas condições do animal gestante, e não do sêmen. Agora, a grande porcentagem de machos é inesperada, mas pode ter sido uma fatalidade. A recomendação que eu lhe faço é questionar o resultado com a própria empresa revendedora de sêmen, ou com quem já utilizou estes touros (de preferência a mesma partida). Estes dois touros foram bastante comercializados no ultimo ano, e portanto, não será difícil você encontrar informação sobre a distribuição de sexos com o uso desses touros.
DR. BRUNA, BOA TARDE. FIZ O CURSO DE INSEMINAÇAO COM VOCES AI DA EMBRAPA ,SENHORA E O PROFESSOR DEL ESTAVAM PRESENTES NA NOSSA FORMAÇAO. HOJE QUASE UM ANO E MEIO DEPOIS, E POR NAO FICAR 100% DO PERIODO NA PROPRIEDADE,DAS 30 VACAS QUE POSSUO FIZ INSEMINAÇAO EM 10, DONDE 07 EMPRENHARAM. ESTOU SATISFEITO COM A MEDIA, POREM NAO COM O RESULTADO, QUE FOI 01 ABORTO E 06 MACHOS. O SEMEM E DA ALTA GENETICS, RUSCH E SUPER B. PERGUNTO A SENHORA. ERRO DE ALGUM PROCESSO DA INSEMINAÇAO, DO SEMEM OU FATALIDADE? DESDE JA AGRADECIDO E HONRADO DE FALAR COM A SENHORA, OBRIGADO.
Olá a todos,
Agradeço a participação de vocês. Estas respostas confirmam que há ainda algumas dúvidas sobre a escolha de se usar ou não o sêmen sexado. Vou responder a todos numa resposta só, pois a dúvida de um pode ser a de outro também.
Claudinei, a inseminação artificial é uma técnica que traz muitos benefícios às fazendas de produção leiteira. Antes de começar a usar a inseminação artificial (IA), é muito importante que você conheça bem seu rebanho, pra saber qual seu ponto de partida, e além disso, saiba aonde quer chegar. Por exemplo: você deseja aumentar a produtividade por animal, deseja melhorar as características de tipo do rebanho, aumentar a porcentagem de sólidos no leite, produzir boa genética para a venda, etc. Isso te dará base para escolher o reprodutor do qual você irá comprar o sêmen, e escolher quais matrizes serão inseminadas. Além disso, é fundamental que as pessoas que estarão envolvidas com as atividades de inseminação artificial passem por um treinamento eficiente, antes de se iniciar a atividade. Esteja ciente de que todo começo exige uma adaptação. O uso do sêmen sexado pode ser uma estratégia a ser adotada após você ter certeza que a inseminação artificial está sendo bem conduzida em seu rebanho.
Vamos discutindo isso aqui nesse tópico....
Moacir, obrigada por expor aqui pra gente a sua dúvida. Realmente este é o maior questionamento dos gerentes de fazenda. Eu vou começar a te responder com uma pergunta: você já usa a IA comum?
Se ainda não implantou a rotina de IA na fazenda, é importante, como relatado na resposta ao Claudinei, que você se certifique que o processo de IA está bem instalado e aceito. Existem erros muitos comuns na hora de executar a IA, que prejudicam os resultados. Como o sêmen sexado é um sêmen de qualidade (e às vezes quantidade) inferior ao do sêmen convencional (devido ao próprio processo de sexagem), a gente não pode deixar que outros problemas inerentes à técnica venham prejudicar ainda mais os nossos índices. E estes problemas vão desde a técnica de IA mal conduzida (inseminador sem experiência), detecção de cio insatisfatória à menor fertilidade dos animais, dentre outros. Para contornar o problema de baixa fertilidade, muitos produtores têm optado pelo uso de sêmen sexado, como relatado pelo Sidney, em novilhas (que em geral são mais férteis que as vacas em lactação).
Agora, como relatado pelo Rubens, a técnica de sexagem está passando por melhoras, então a expectativa é que as taxas de concepção resultantes do uso do sêmen sexado sejam aumentadas à medida que a técnica se aprimore.
Na prática então, como proceder?
Temos que fazer nosso “dever de casa” antes da decisão de se usar sêmen sexado. Isto inclui:
1) Certificar que a fazenda já tem condições de conduzir o processo de IA de forma eficiente. A eficiência da técnica de IA ocorre quando existe: inseminadores bem treinados, processo de observação de cio ou uso de IATF (inseminação artificial em tempo fixo) com resultados efetivos, manejo cuidadoso do sêmen (dentro e fora do botijão de nitrogênio líquido) e execução da atividade no momento adequado, em fêmeas que estejam aptas à reprodução. A melhor forma de mensurarmos a eficiência do processo de IA é através da avaliação da taxa de concepção (que varia naturalmente de acordo com vários fatores, como por exemplo, a raça e a quantidade diária de leite produzido). Em sistemas de produção de leite a pasto com gado mestiço Holandes x Gir, é eficiente um processo de IA que resulta em taxas de concepção acima de 60%, se for após a observação de cio, ou de 45% se for com o uso de IATF. Considerem isto um parâmetro geral, lembrando-se que a avaliação de cada caso necessita de uma abordagem mais técnica, realizada pelo veterinário da propriedade.
2) Fazer uma “pesquisa” com o vendedor de sêmen ou com os colegas que já estão utilizando a IA com sêmen sexado, a respeito do índice de concepção dos touros disponíveis para a venda de sêmen sexado. Isto é muito importante, pois o desempenho é muito variável de acordo com cada touro, ou até mesmo com a técnica de sexagem utilizada por cada central. Como estes parâmetros estão sempre variando com o passar do tempo, vale a pena ter sempre informações atualizadas sobre o desempenho de cada touro antes da compra do sêmen.
3) Fazer conta. O gerente da fazenda deve levar em consideração se ele conseguirá atingir os objetivos de concepção em determinado período com o uso do sêmen sexado, levando-se em consideração que haverá queda do desempenho reprodutivo. Para se fazer isso, deve-se necessariamente realizar as “tarefas” 1 e 2 citadas acima. Devem ser considerados os custos e os benefícios da adoção desta estratégia. Um exemplo de uma determinada fazenda:
Suponhamos que a taxa de concepção com IATF e sêmen convencional é 44% e a taxa de concepção com IATF e sêmen sexado é 30%. Num rebanho de 100 animais, se usarmos sêmen convencional, iremos produzir 44 prenhezes, sendo 22 fêmeas e 22 machos. Se usarmos sêmen sexado, produziremos 30 prenhezes, sendo 27 fêmeas e 3 machos (a separação do sêmen sexado não é perfeita, e com isso, esperamos cerca de 5 a 10% de machos). Para se tomar a decisão então, deve-se considerar:
- quanto vale a fêmea no rebanho, e se as 5 fêmeas produzidas a mais com o uso do sêmen sexado compensam os gastos.
Os gastos seriam:
- o valor pago a mais para se comprar o sêmen sexado
- o valor dos machos (são 19 machos a mais com o uso do sêmen convencional)
- o valor perdido por cada ciclo (21 dias) que as fêmeas ficam em aberto (vazias) no rebanho (uma vez que 14 fêmeas deixaram de emprenhar quando se usou o sêmen sexado.
Caso decida-se pelo uso do sêmen sexado, pode-se adotar estratégias de utilizá-lo em animais mais férteis, para que os índices não sejam tão reduzidos. Novilhas geralmente são mais férteis que vacas em lactação, mas desde que estejam com o peso adequado, e que tenham apresentado pelo menos 2 cios anteriores ao cio da inseminação. A avaliação do veterinário, para se determinar a condição reprodutiva dos animais (vacas e novilhas) pode ser muito importante. Além disso, a adequação de protocolos de IATF, ou uso de indutores de ovulação da hora da IA com sêmen sexado podem ser benéficos. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente. A assistência técnica, neste caso, é fundamental.
Em resumo: a tecnologia está aí. Se ela é benéfica: depende do caso. A decisão certa deve ser tomada com bastante conhecimento do processo, ajuda de boa assistência técnica, pé no chão e calculadora na mão!
Bom dia, hoje já existe no mercado novas tecnologias de sexagem de sêmen, por exemplo o sêmen sexado ultra que vem em uma palheta cor de rosa, hoje eu tenho usado tanto em vacas como em novilhas e tem dado bons índices de prenhes, permitindo ao produtor escolher as melhores vacas do rebanho para tirarem suas futuras vacas, enquanto que nas vacas mais "fracas" podem inseminar com gado de corte o que valoriza o bezerro na hora da venda.
Eu uso semem sexado somente em novilhas.
Realmente o uso dele em vacas a partir de segunda cria é inviável.
bom dia
trabalho com gado de leite
estou querendo comecar iseminar