Olá companheiros!
Tenho uma dúvida que tem me pertubado muito e não tenho tido respostas satisfatórias.
Sou produtor de leite aqui no Goiás e atualmente possuo mais de 60 vacas mestiças variadas, meu rendimento é muito insatisfatório e quero mudar este quadro.
Pensei em vender todo meu rebanho e investir todo o dinheiro em compras de vacas Holandesas puras, que me dariam um retorno bem maior com um custo total abaixo do meu atual, pois seriam cerca de até 30 vacas Holandesas ao invés das 60 atuais mestiças.
Porém ao buscar informações, fui orientado que seria um mal negócio, pois as vacas holandesas puras seriam bem frágeis, principalmente a nossa região (moro em Pires do Rio, Goiás, 140km de Goiania).
Preciso da ajuda de vocês, pois temos vacas de 13/15/17 litros/leite/dia que nos dão um saldo negativo no fim do mês, quero subir minha produção média para 25/27 litros por vaca ao dia.
Sendo mais exato, queria saber:
- Se realmente essa fragilidade da raça Holandesa é preocupante e até que ponto seria?
- Se investir em vacas holandesas puras seria a melhor opção?
- Ou se investir em vacas 7/8 ou 15/16 seria melhor e quais as raças deveria trabalhar.
Lembro que aqui no goiás sofremos muito com o calor e também com a seca.
Respostas
Bom pessoal, depois de tanto tempo muita coisa mudou!
Iniciei na atividade literalmente em setembro de 2012, em agosto eu estava apenas levantando os dados da fazenda para poder saber por onde começar, já que eu estava vindo de uma outra área completamente diferente e assumindo um negócio que já estava em andamento, mas sem nenhum controle ou orientação.
Quando iniciei a produção era de 145/150 litros dia, com 18 vacas em lactação e uma penca (cerca de 27) de vacas secas, algumas vazias e novilhas de mais de 3 anos sem nunca ter parido, ou seja, minha média era algo em torno de 8 litros por vaca/dia.
Bom, hoje, o meu rebanho é literalmente o mesmo de quando iniciei, apenas 7 novilhas que adquiri posteriormente completam o meu plantel, porém hoje comercializo 650 litros de leite dia, com 38 vacas em lactação e cerca de 7 vacas secas e novilhas prenhes do parto, elevando então minha média de 8 para mais de 17 litros por vaca, reforçando que é o mesmo rebanho que tinha anteriormente, acrescentando apenas 3 (que já pariram) das 7 novilhas que comprei.
Tudo que tive que fazer foi na verdade um conjunto de coisas, como revisar o concentrado consumido, começando a fornecer de acordo com a média de produção do rebanho, onde antes dava cerca de 2 a 3 quilos por dia, hoje forneço de 4 a 6 quilos por dia, e passei a produzi-lo na própria fazenda, aumentando a confiabilidade da qualidade e reduzindo o custo por quilo em média 6 centavos por quilo. Hoje ainda não consegui adubar pasto nem consegui fazer funcionar o meu pastejo rotacionado por conta disso, pois nas águas apenas consomem pasto, e na seca, silagem, que por sua vez comecei a fornecer a partir do controle de sobras, fornecendo em média 28 a 30 quilos de silagem por animal dia, dividindo em 2 refeições, quando fornecendo a silagem, misturo o concentrado junto a ela e forneço o concentrado também nas ordenhas, tendo então um controle melhor do concentrado na seca (nas águas complica pois são apenas 2 ordenhas e o peão não da tempo da vaca comer de jeito algum o tanto que ela realmente precisa, sendo assim, algumas saem prejudicadas, porém isso não afetou de fato na minha média, pelo contrario, manteve e até subiu um pouco (acredito que por conta do pasto, msm sem aduba-lo).
Outra coisa que fiz foi tentar tornar a vida das vacas o mais fácil possível, dando acesso a água de qualidade na sala de espera e na pós ordenha, fornecendo sal de qualidade (Bovipasto e FosBovi 15 para os solteiros) com acesso fácil o tempo todo, e outras coisas que não conseguirei lembrar agora.
Já visitei inúmeras fazendas e vi que esse pensamento de gado puro ou não para mim não interessa muito por enquanto. Pois tendo uma nutrição adequada, eu consegui fazer "milagre" com as minhas vaquinhas "tatu-com-cobra", pois hoje tenho animais de todo jeito, jersolandas com tadapuã, girolandas, vacas 3/4, meio sangue, gir leiteiras, nerole com caracu... enfim... Hoje peno é com a aplicação de ocitocina, que eu gostaria muito de poder abolir mas não consegui, ainda.
Hoje meu rebanho está todo controlado, todas prenhes, em média as vacas enxertam com 2 a 3 meses de paridas, sendo que hoje eu insemino elas (desde novembro de 2012).
Obs.: Vi que para fechar as contas, não adianta pensar só em vacas de qualidade ou nutrição e tudo mais, tem que também pensar em volume mínimo para cobrir os custos fixos, sendo o principal o com funcionário, após isso, o lucro aparece e muito bem. =)
Hoje minha ração sai a R$ 0,78 centavos o quilo. Silagem suponho sair a R$ 0,085 o quilo. Sal sai a R$ 1,87 o quilo e etc.... Espero poder te passado uma visão geral da minha condição hoje. Mas já deixo claro que hoje o meu maior problema é funcionário, comprometido, confiável e qualificado, não acho de modo algum, nem pagando 3 salários para o casal
Realmente a porcentagem de vacas em lactação para o total do rebanho está muito baixa.
Mas não vejo suas vacas talvez como problema.
Sempre bom lembrar que vaca seca é prejuizo porque ela pasta, gasta-se remedio........dá mesma forma que estaria em lactação.
Tenho um amigo que enfrenta mesmo problema que os seus, mas foi por questão de manejo, como falta de sal mineral, vacas doentes, secar vaca e outras.
Leite foi minguando e os custos pra manter a fazenda não baixam.
Optar por criar gado holandês ser for PO ainda irá lhe trazer muitos investimentos a começar com infra estrutura climatizado, trato, mão de obra mais qualificada ainda.....
Srsr. Eizami, como está se saindo agora?
Com certeza não crie holandesa aí no GO, tem ótimas opções com Gir leiteiro, Girolando, se eu estivesse no Go faria isso, o stress térmico acaba com a vaca aqui no sul do Pr nós temos problemas imagina aí, conheço o Go. Criar holandesa só pq produz mais? E a que custo? Vai parir e se parir a cada 2 anos. A não ser que voce tenha muito dinheiro e mantenha as vacas em ambiente climatizado.
Eizami Abdiel de O. Filgueira disse:
Caro Frank, estou mandando meu material por e-mail para o senhor no frank.bruneli@embrapa.br.
Prezado sr.Eizami, bom dia!
Quanto à aquisição de animais para reposição, uma dica que pode lhe ajudar:
-se optar por vacas PRODUZINDO, tente acompanhar 3 dias seguidos de ordenha;
-tente descobrir a data do último parto de cada vaca;
Com isso, o senhor pode esclarecer que tipo de manejo a vaca está acostumada na ordenha, além de comprovar de forma mais realista quantos litros a vaca está produzindo naquela etapa da lactação!
Já no caso de vacas SECAS ou NOVILHAS, a escolha fica mais arriscada...
Aí vale a pena um exame clínico feito por médico veterinário de sua confiança!
E se elas estiverem VAZIAS, então o exame é mais importante ainda!
Sempre que possível, é importante conhecer a genealogia dos animais (pai, mãe, nascimento)!
Embora o único documento oficial que comprove isso seja o certificado de registro nas associações de criadores (Holandesa, Girolando, Abcz...)!
De qualquer forma, toda informação sobre o animal, oficial ou não, é sempre útil!
Quero me dispor a ajudá-lo com algumas contas sobre a produção de leite em seu rebanho.
Para isso, sugiro que o senhor pense num dia do mês (ou mais que um dia no mês) que seja menos trabalhoso para o senhor.
No dia combinado, o senhor fará uma lista (relatório de controle leiteiro) com todas as vacas que serão ordenhadas, medirá a produção de leite de cada vaca (pode ser em litros, mas o melhor é quilos), e se o senhor me enviar uma cópia, juntos poderemos fazer alguns cálculos, algumas médias, e visualizar se a vaca está aumentando ou diminuindo a produção ao longo da lactação.
A lista pode ser simples:
|-----------------|----------------------|--------------------|
|Nome da vaca | Número do brinco | Leite produzido |
|-----------------|----------------------|--------------------|
| Vaca 1 | | |
|-----------------|----------------------|--------------------|
| Vaca 2
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Pode ser todo dia 10 de cada mês, por exemplo... Ou, se preferir, pode ser todo dia 10, 20 e 30 de cada mês!
Quanto mais informações o senhor tiver, mais fácil será para tomar decisões de gerenciamento do rebanho!
Isso, se o senhor ainda não implantou o controle leiteiro individual na rotina da ordenha!
Prezado sr.Eizami,
Estou muito agradecido pelas informações que o senhor nos repassou.
Pelo que entendi, seu objetivo geral é:
- Produzir leite com lucro em sistema de produção a pasto (ou semiconfinado)... estou correto?
E alguns de seus objetivos específicos são:
- Aumentar o número de animais no rebanho;
- Aumentar o número de animais em lactação;
- Aumentar a produção total diária de leite na propriedade;
- Aumentar a produção diária de leite por animal;
- Aumentar a eficiência reprodutiva do rebanho;
- Reduzir os custos de produção de leite;
- Padronizar a composição racial do rebanho;
Por favor, corrija-me se eu estiver errado!
Próximas dúvidas:
- de quanto tem sido sua taxa de descarte no rebanho?
- essa etapa é feita anualmente?
- quais critérios tem influenciado suas decisões de descarte?
- de que forma o senhor descreve hoje a saúde do seu rebanho?
- o senhor tem enfrentado dificuldades com carrapatos, moscas, bernes, figueira?
- qual é o manejo sanitário que o senhor pratica no rebanho?
Prezado Frank,
Vou tentar passar um pouco da minha situação atual e as minhas metas mais próximas!
Bom, hoje, conto com cerca de 34 vacas já em produção (secas e em lactação), 10 novilhas (defino como novilhas, animais que nunca pariram, mas sei que tem algo errado, pois muitas delas tem até mais e 3 anos e agora que estão no meio da gestação) e um punhado de bezerros e bezerras.
Tiro leite com uma ordenha balde ao pé com bezerro ao pé também, tenho um tanque resfriador de 1200 litros, tento fornecer a quantidade adequada de ração para cada vaca seguindo a regra do 1 quilo para cada 3 litros de leite, porém ainda faço isso generalizando todas as vacas, onde pego a litragem total por dia e divido pelo numero de vacas, tirando a média, isso porque ainda estou tentando implantar o controle leiteiro individual (inclusive acabei de comprar 2 medidores de leite da milk meter).
Minha ração sou eu mesmo quem fabrico (na verdade meu funcionário), e conta com 40% de farelo de soja, 57% de milho e 3% de núcleo (bovigold plus) (acho que deve esta girando em R$0,74 o quilo), minhas vacas pastam (braquiarão (não adubado)) nas águas e comem silo de milho na seca, hoje (de 6 meses para cá) estou dando ração 18% a vontade para minhas bezerras e estou dando 2 quilos por dia da ração das vacas em lactação para as vacas próximas ao parto (1 mes e meio antes do parto).
Minha média de curral hoje gira em 8,5 a 10 litros por vaca dia, tendo vacas secando outras parindo, vaca dando 5, 6 litros e outras poucas dando 22 a 26 litros.
Tenho 96.8 hectares no total (contando com a reserva) e um rebanho de 80 cabeças no total.
Meu rebanho hoje é variado, não consigo afirmar o grau de sangue mais tem vaca de bem nelorada MESMO, sangues passando por gir, pitadas de simental, tabapuã, caracú, holandes, jersey, mas eu arriscaria que tenho metade das vacas em lactação um gado 1/2 e 3/4 holandes, digo pois ha pouco tempo administro a fazenda e antes disso, não havia controle nenhum, a região não dispõe de tecnologia nenhuma para seleção genética para gado leiteiro. Hoje eu insemino as vacas e em janeiro troquei o boi tabapuã por um holandes (que o antigo dono jura ter vindo da embrapa quando bezerro e ter registro, porém o registro se perdeu antes mesmo de chegar na mão dele, alguns veterinários olharam o boi e disseram parecer ser muito bom, mas dizem apenas visualmente), ou seja, sempre que posso, insemino, quando não, mando soltar o boi, pois não moro na propriedade.
O intervalo de parto ainda está ruim, deve ser de 16 meses, apesar de bem alimentadas, as vacas não estão ciclando, mesmo o veterinário dizendo que estão com tudo normal através de um toque e eu aplicando o SincroCio (2ml).
A duração atual da lactação do meu rebanho é de em média 8 meses.
Dou sal a vontade para as vacas, Bovipasto para as em lactação e Fosbovi 15 para as solteiras, ambos da Tortuga.
*Estou pagando caro para tentar ver algum retorno.
Meu objetivo inicial é!
Reduzir os custos ao máximo possível, não perdendo a qualidade, principalmente na alimentação.
Chegar a uma média de curral de 18 litros por vaca e um total de 700 litros dia.
Ter animais o mais apuradas possível (7/8) na minha região (sudeste goiano).
Tendo essa média acima de 18 litros, até me arrisco a semi-confinar nas águas, com silo de milho e um mombaça rotacionado e somente silo na seca.
A principio é isso, meu objetivo mesmo, seria chegar aos 1000 litros, mas primeiro tenho que passar pelos 700, rs...
Frank, sobre as novilhas que mostrei, não as comprei, comprei outras 7 novilhas que me pareceram de melhor procedência, todas devem ser 3/4 para cima, porém nenhuma fruto de inseminação, mas sim de touros provindos de inseminação, que são descartados pelos grandes produtores da região onde comprei, que é de uma cidade vizinha a minha. Ele pediu R$2.200,00 em cada,pois está parando com a atividade por motivos de saúde e já tinha liquidado as vacas, sobrando apenas essas novilhas, algumas de 4 a 6 meses de prenhez.
Acho que é isso, obrigadão mesmo!
O senhor também já deve estar ciente que:
-como sua intenção é aumentar a produtividade do rebanho (quilos de leite por vaca), então dificilmente o senhor conseguirá aproveitar os filhos das novilhas enxertadas de Nelore para reposição do seu gado.
Não estou dizendo que seja impossível, pois eu preciso conhecer o histórico desse touro Nelore e das mães dessas novilhas, para tentar saber se existe potencial genético para produção de leite nesses filhos.
E mais uma vez reforço: preciso conhecer mais detalhes do seu sistema de produção e das metas que o senhor quer alcançar com a atividade leiteira.
Quanto às novilhas de SC, estas quando chegam em GO, certamente demandam um tempo e energia se adaptando ao novo clima e manejo.
Isso pode refletir em um tempo a mais que elas precisarão para crescimento, reprodução e produção de leite.
Além do que, não conhecemos a resistência delas aos desafios que podem encontrar nesse novo ambiente (calor, carrapato, mosca, tristeza parasitária, etc...).
Nesse processo de reposição e melhoramento do rebanho leiteiro, é sempre preciso o máximo de informações sobre as condições de criação de quem está comprando, de quem está vendendo, e o histórico dos animais, para realmente saber se estamos de verdade melhorando ou só trocando seis por meia dúzia.
Também é preciso saber quantos quilos de leite produziram as mães dessas novilhas, por quantos dias de duração, e saber quem é o pai de cada uma delas (as que forem fruto de inseminação) ou então o avô e a avó do pai delas (as que forem fruto de monta natural).
Assim, poderemos tentar pesquisar na genealogia dessas novilhas qual o potencial genético delas.