Venho comentando sobre introdução de árvores e arbusto em pastagens, sobre os benefícios ambientais e da possibilidade de retornos financeiros para o produtor rural.E uma indagação recorrente é: qual espécie devo usar?Assim, tenho certeza que o texto abaixo será esclarecedor!Árvores madeireiras para uso em sistemas agrossilvipastorisAdaptado de Müller et al. (2009)A introdução de árvores em áreas de pastagens é uma estratégia que tem demonstrado grande potencial para tornar a atividade pecuária mais sustentável e economicamente rentável. As árvores proporcionam várias melhorias nas características físicas e químicas do solo, também conferindo-lhe proteção adicional contra a erosão, proporcionando conservação da água, contribuindo para a manutenção do ciclo hidrológico por meio do aumento da taxa de infiltração de água no solo. Contribuem também para elevar o valor nutricional da forragem e proporcionam maior conforto térmico para os animais em pastejo, melhorando o seu desempenho produtivo e sua performance reprodutiva. Também proporcionam benefícios econômico-sociais, como diversificação produtiva e geração de renda adicional para o pecuarista, contribuindo para reduzir a sazonalidade da demanda por mão-de-obra no campo, o que torna a atividade pecuária mais sustentável e com maior rentabilidade econômica.Entretanto, uma grande dúvida que normalmente é levantada por interessados em estabelecer árvores em suas pastagens é: qual espécie devo usar? Para responder a este questionamento é preciso saber qual o objetivo do sistema (alimentação animal, conforto térmico, produção de madeira, etc.). Assim exposto, apresentamos, a seguir algumas espécies potenciais, suas principais características e seus possíveis usos.Eucalipto: Espécies de crescimento rápido e vigoroso, adaptadas a diversas condições edafoclimáticas e de fácil propagação. Devem ser plantadas em regiões com pluviosidade superior a 1.000 mm anuais e com temperaturas médias máximas entre 24-30º C e mínimas entre 8-12º C. Não são muito exigentes em fertilidade, entretanto respondem muito bem ao adequado preparo do solo. Possuem ciclo longo, podendo vegetar por mais de 100 anos. Sua copa é alta, pouco densa, e seu tronco é retilíneo, podendo chegar a 30 metros de altura. As espécies do Gênero Eucalyptus são extremamente versáteis, possibilitando uma série de usos tais como: madeira para construções rurais e urbanas, serraria, mourões, postes, escoras, lenha e carvão, dentre outras utilidades. Ademais, é possível extrair óleos essenciais das folhas de algumas espécies, os quais possuem grande valor para comercialização. Sendo bem manejados, conforme as recomendações técnicas, os plantios de Eucalipto não são nocivos ao meio ambiente.Acacia mangium: Espécie de crescimento rápido, adaptada a diversas condições edafoclimáticas, embora não tolere períodos de seca muito prolongados. Cresce bem em solos compactados, erodidos e degradados, em declividades acentuadas e em locais infestados com ervas daninhas. Não tolera solos salinos, sombreamento e baixas temperaturas. Devido à folhagem densa e às suas raízes serem superficiais, essa leguminosa é suscetível a quebras pelo vento. Deve ser plantada em regiões com pluviosidade acima de 1.500 mm anuais e com temperaturas médias máximas de 34º C e mínimas de até 12º C. Possui ciclo curto, vegetando por cerca de 15 a 20 anos, atingindo até 20-25 metros de altura. Por ser uma espécie leguminosa possui a vantagem de proporcionar melhoria da fertilidade do solo pela fixação biológica de nitrogênio, bem como pela grande deposição de folhas, com teores mais elevados de N, que formam a manta orgânica, a qual confere proteção adicional do solo contra os agentes erosivos, também contribuindo para minimizar as perdas de água por evaporação. Possui uma grande versatilidade de usos, desde sua exploração para uso como lenha, carvão e mourões até sua utilização para serraria e laminação.Cedro australiano (Toona ciliata var. australis): Espécie de crescimento moderado a rápido, que prefere solos aluviais, próximos a mananciais hídricos e ao pé de encostas, bem drenados, profundos e com boa fertilidade. Tem apresentado bom desenvolvimento em áreas com declive acentuado quando em consórcio agroflorestal. Na Zona da Mata Mineira, as áreas de meia encosta em Latossolos Vermelho-Amarelos e Argissolos Vermelho-Amarelos são as mais indicadas. Apresenta copa larga, devendo ser estabelecida em espaçamentos mais amplos para evitar o sombreamento excessivo do sub-bosque. Vegeta bem em regiões com pluviosidade mínima de 1.200 mm anuais e temperaturas oscilando entre 20 a 26º C. Espécie com alto valor comercial, mais adequada à serraria e laminação.Teca (Tectona grandis): Espécie de crescimento um pouco mais lento, própria de regiões tropicais quentes e úmidas. No Brasil, vegeta bem em regiões com temperaturas médias anuais acima de 24º C, devendo ser plantada em locais com pluviosidade superior a 1.500 mm anuais, em solos profundos, bem drenados, com textura média e boa fertilidade. Apresenta copa alta e pouco densa, apesar das folhas largas. Sua madeira é naturalmente imune a fungos e cupins, não apresentando empenamento após o corte. Por ser uma espécie com alto valor comercial, dadas as nobres qualidades da sua madeira, a produção é, frequentemente, destinada à serraria, para confecção de móveis e construções navais.Guanandi (Calophyllum brasiliense): Espécie de crescimento lento que vegeta bem em solos encharcados, ocorrendo naturalmente em planícies temporariamente inundadas, em solos aluviais, úmidos, com drenagem deficiente, e com textura variando de arenosa a franca. No entanto, apresenta melhor desenvolvimento em solos com fertilidade variando de alta a média, bem drenados, com textura franca ou argilosa. Possui copa larga e densa, devendo ser plantada em espaçamentos mais amplos, em regiões com pluviosidade média anual superior a 1.300 mm, com período seco de até três meses e temperaturas variando entre 18,1º C e 26,7º C. Necessita de sombreamento devendo ser plantado juntamente com outras espécies de hábito pioneiro. Espécie com alto valor comercial para serraria e móveis.Angico Vermelho (Anadenanthera colubrina): Espécie de crescimento rápido que vegeta bem em áreas com pluviosidade entre 400 a 2.500 mm, tolerando até nove meses de estiagem e preferindo temperaturas médias anuais variando entre 18º C e 29º C. Embora resista bem em regiões com elevado déficit hídrico, entre 800 e 1.300 mm, ocorre indiferentemente em solos secos e úmidos, desde que sejam profundos, apesar de tolerar solos rasos, compactados, mal drenados e até encharcados, de textura média à argilosa. Entretanto para se obter um bom desenvolvimento devem ser plantados em solos com boa fertilidade, profundos, bem drenados e com textura argilosa. Possui fuste normalmente tortuoso e copa abaulada e pouco densa, produzindo madeira própria para lenha, carvão e mourões.
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