*Artigo publicado originalmente na Revista Balde Branco na edição de jan/2020

O IBGE divulgou recentemente os resultados definitivos do último Censo Agropecuário referentes ao ano de 2017. A partir dessa edição iremos apresentar algumas análises dos principais resultados desse levantamento de modo a construir um retrato atual do leite no Brasil, além de demonstrar sua evolução em relação ao estudo censitário anterior realizado em 2006.

Em 2006, o Brasil contava com 1,351 milhão estabelecimentos agropecuários que produziam leite. A produção era de 20,6 bilhões de litros a partir de um rebanho de 12,7 milhões de vacas ordenhadas, o que representava uma produtividade animal de 1.618 litros/vaca. Onze anos depois, em 2017, o número de estabelecimentos reduziu em mais de 174 mil (- 12,9%), chegando a marca de 1,176 milhão de produtores. O rebanho também reduziu, atingindo 11,5 milhões de vacas ordenhadas, queda de 1,2 milhão de animais (- 9,5%). A despeito do número de produtores e do rebanho terem reduzido, a produção de leite caminhou em sentido oposto, superando os 30,2 bilhões de litros (+ 46,6%), graças ao aumento da produtividade animal que cresceu em mais de 1.000 litros no período, registrando 2.621 litros/vaca (+ 62%). Neste período, outro fator que se alterou bastante foi o tamanho médio das fazendas. A produção diária passou de 42 litros para 70 litros/dia por estabelecimento (+ 67%). Por outro lado, o tamanho médio do rebanho, medido em vacas ordenhadas/estabelecimento, pouco se alterou, saindo de 9,4 para 9,8 animais/estabelecimento de 2006 para 2017. Portanto, o ganho observado na produção diária dos estabelecimentos foi sustentado por um aumento na produtividade dos animais e não pelo aumento de animais.

Em relação às regiões brasileiras, o Nordeste detém o maior número de estabelecimentos produtores de leite, enquanto o Sudeste apresenta a maior produção e também o maior rebanho de vacas ordenhadas no País. Já o Sul é campeão em produtividade animal. O Norte, por sua vez, é a região menos leiteira do Brasil, com os menores indicadores regionais nos quesitos produtores, vacas ordenhadas, produção e produtividade animal.

Apesar de serem responsáveis por 70% do leite brasileiro, as regiões Sul e Sudeste detêm 49% dos produtores e 56% do rebanho de vacas ordenhadas. Esses números resultam na maior produtividade animal encontrada nestas duas regiões, sendo também as regiões nas quais este indicador mais cresceu entre 2006 e 2017. No Sudeste, o número de produtores reduziu nesse período, assim como o número de vacas. Já no Sul, que apresentou a maior redução no número de produtores, o rebanho subiu um pouco no período, mostrando um aumento no tamanho médio das fazendas. No Nordeste, o número de produtores e o rebanho reduziram, enquanto que no Norte o movimento foi em sentido contrário, com aumentos nesses dois indicadores. No Centro-Oeste, o número de produtores teve pequena elevação, ao passo que o rebanho reduziu. Apesar dessas diferenças em termos de produtores e rebanho, em todas as regiões a produção de leite cresceu, assim como a produtividade animal, confirmando a tendência de evolução tecnológica pela qual a atividade leiteira nacional vem passando.

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Autores:

Denis Teixeira da Rocha – Analista da Embrapa Gado de Leite

Glauco Rodrigues Carvalho – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

João Cesar de Resende – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Angela da Conceição Lordão - Gerente de Pecuária do IBGE

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