* Artigo publicado originalmente na Revista Balde Branco de fevereiro de 2020

Dando sequência à série especial sobre os resultados do último Censo Agropecuário do IBGE, nessa edição iremos analisar os dados estaduais relativos à atividade leiteira no Brasil. Para isso apresentamos quatro indicadores para os 10 principais Estados brasileiros: estabelecimentos agropecuários com produção de leite (Tabela 1); rebanho de vacas ordenhadas (Tabela 2); quantidade produzida de leite (Tabela 3) e produtividade animal (Tabela 4), com os dados de 2017 e sua variação em relação ao estudo censitário anterior de 2006.

Minas Gerais destacou-se como o estado número um do Brasil em número de estabelecimentos produtores, vacas ordenhadas e produção de leite. Em 2017, o estado concentrava 18% dos produtores, 26% do rebanho de vacas e 29% da produção nacional de leite. Na comparação com 2006 houve redução no número de produtores e de vacas ordenhadas, mas acompanhados de expressivo aumento da produção. Nesse período, a produção mineira cresceu mais de 3 bilhões de litros, volume maior que o total produzido em 2017 por Santa Catarina, que aparece em 4º lugar nesse ranking (Tabela 3).

Esse movimento de aumento da produção de leite em detrimento da redução do número de produtores e de vacas ordenhadas foi a tônica da maioria dos estados brasileiros no período. Tanto que, somente o estado da Paraíba, 19º maior produtor nacional, apresentou redução na produção de leite entre 2006 e 2017. No outro extremo, os estados da região Sul apresentaram expressivos aumentos de produção (próximos a 1,4 bilhão de litros em cada um), mas acompanhados das maiores reduções no número de produtores. Entre 2006 e 2017, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina reduziram o número de estabelecimentos produtores em 75 mil, 32 mil e 17 mil, respectivamente. Essa diminuição da quantidade de estabelecimentos que produziam leite ocorreu em 17 estados brasileiros. Entre os 10 maiores, somente Goiás e Rondônia registraram aumentos nesse indicador (Tabela 1).

Já o aumento do rebanho foi ainda menos frequente, com apenas 8 estados apresentando crescimento, sendo três dentre os 10 maiores (Santa Catarina, Rondônia e Pará). Destaque para Santa Catarina que apresentou o maior aumento de rebanho com 109 mil vacas a mais no período. As maiores reduções ocorreram em Goiás, São Paulo e Minas Gerais que tiveram seus rebanhos diminuídos em mais de 200 mil vacas ordenhadas (Tabela 2).

Ao analisar a representatividade dos 10 Estados primeiros colocados em 2017 para cada um desses três indicadores observa-se que eles concentravam 75% do número de estabelecimentos produtores de leite, 80% das vacas ordenhadas e 87% da produção brasileira de leite.

O último indicador analisado foi a produtividade animal, expressa em litros de leite/vaca ordenhada/ano (Tabela 4). O aumento da produtividade foi responsável por garantir que o Brasil alcançasse uma produção de leite maior, mesmo com menor número de produtores e de vacas ordenhadas, refletindo a evolução da atividade no período. Destaque para os estados sulistas que registraram os maiores aumentos de produtividade no período, superiores a 1.600 litros/vaca, mesmo já tendo as maiores produtividades em 2006. A produtividade média por vaca nesses três estados em 2017 foi mais de 1.000 litros/vaca superior à produtividade de Minas Gerais, estado 4º colocado nesse indicador. Importante ressaltar que a produtividade animal é reflexo de um conjunto de fatores como sistema de produção, uso de tecnologias e genética animal. Portanto, ganhos de produtividade ajudam a aumentar a competitividade no leite, o que deve ser perseguido por todos os produtores e em todos os estados brasileiros. Exemplo disso é a maior produtividade no Sul que ajuda a explicar sua forte expansão e o protagonismo que a região vem demonstrando no leite brasileiro.

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Lista dos 10 Estados primeiros colocados em 2017 e a variação em relação a 2006 referentes a quatro indicadores da atividade leiteira (produtores, rebanho, produção e produtividade).

Fonte: IBGE (Censos Agropecuários)

Autores: 

Denis Teixeira da Rocha – Analista da Embrapa Gado de Leite

Glauco Rodrigues Carvalho – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

João Cesar de Resende – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Angela da Conceição Lordão - Gerente de Pecuária do IBGE

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