O Dia Mundial do Solo, celebrado em 5 de dezembro, é uma oportunidade para refletir sobre a importância desse recurso vital. Por muito tempo, o solo foi visto apenas como suporte para a produção agrícola, mas sua relevância vai muito além. Ele desempenha funções cruciais no equilíbrio do planeta, como a regulação de fluxos hídricos, a ciclagem de nutrientes, a filtragem de poluentes, a estabilização do carbono, e ainda serve como base para infraestrutura.
O pesquisador Cristiano Andrade, da Embrapa Meio Ambiente, explica que o solo é o pilar invisível de diversos sistemas naturais e produtivos. A percepção do solo como compartimento em equilíbrio dinâmico com a atmosfera, águas superficiais e subterrâneas e a biosfera somente surgiu no final da década de 80 e, principalmente, na década de 90, com o conceito de Qualidade do Solo.
Nesta nova visão, o solo desempenha diversos papéis no ambiente, fundamentais no equilíbrio global, na sustentabilidade da produção e geração de valor para a sociedade. Mais recentemente o termo Saúde do Solo vem sendo preferencialmente usado para o desempenho de funções ecossistêmicas pelo solo, em oposição a degradação desse importante recurso natural.
Degradação do solo: um desafio global
A degradação do solo, caracterizada pela redução de sua capacidade de fornecer bens e serviços ao ecossistema, compromete suas funções essenciais. A erosão, o manejo inadequado e as práticas agrícolas equivocadas estão dentre os principais fatores que levam a degradação do solo agrícola.
O solo é um dos maiores reservatórios de carbono do planeta, explica Andrade. A estabilização da matéria orgânica do solo (MOS) é fundamental para mitigar as mudanças climáticas. Três mecanismos garantem essa estabilização, a estabilização física, com proteção da matéria orgânica dentro de agregados do solo, a estabilização química, devido a associação com partículas de argila e minerais, formando complexos organo-minerais e a estabilização bioquímica, com a formação de compostos resistentes à decomposição.
“Práticas como plantio direto, diversificação de culturas, uso de biocarvão e a reciclagem de resíduos orgânicos aumentam as entradas de carbono no solo e reduzem perdas por erosão e revolvimento excessivo”, enfatiza o pesquisador.
O pesquisador destaca que no Brasil, solos arenosos, embora desafiadores, representam uma nova fronteira agrícola. Iniciativas como a criação de tecnossolos, que combinam rochas moídas, resíduos orgânicos e biocarvão, podem ser uma alternativa nesses casos, representando um salto no patamar produtivo, com captura de CO₂ da atmosfera e disponibilização de nutrientes.
Cuidar do Solo é Cuidar da Vida
Conhecer o solo é compreender sua complexidade e papéis essenciais no equilíbrio ambiental. Preservá-lo não é apenas uma questão agrícola, mas uma estratégia vital para a sustentabilidade do planeta. No Dia Mundial do Solo, somos convidados a adotar práticas que garantam sua saúde e longevidade, em benefício das gerações presentes e futuras.
Embrapa Meio Ambiente
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