USO DE BOTÃO DE OURO NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS
Leonardo Henrique Ferreira Calsavara (Emater-MG)
Rafael Sandin Ribeiro (UFSJ)
Rogério Martins Maurício (UFSJ)
Uma das limitações para a produção de bovinos é a disponibilidade de alimentos baratos e de qualidade, especialmente em períodos de seca ou estiagem. A cotação em dólar, o baixo estoque mundial e o alto preço dos ingredientes da ração impactam diretamente na produção de fontes proteicas de origem animal, como carne e leite, utilizadas na alimentação humana. A alimentação animal corresponde a 60 a 80% do custo operacional total da produção do leite.
Como alternativa para suprir o déficit forrageiro das pastagens, a ensilagem de milho é o método mais utilizado no Brasil. Entretanto, apenas a silagem não é capaz de atender as exigências nutricionais da vaca. Assim, torna-se necessária a suplementação com concentrados à base de milho e soja, alimentos de preços elevados e também utilizados por humanos, monogástricos e para produção de biocombustíveis.
A utilização de volumosos suplementares de elevados teores proteicos (arbustivas ou arbóreas, leguminosas ou não) pode ser uma opção capaz de reduzir a necessidade de concentrado e os custos com a alimentação. Este artigo tem como objetivo apresentar ao produtor rural a planta “Botão de Ouro” (Tithonia diversifolia) como alternativa forrageira para nutrição de vacas de leite. Para tal seguem informações baseadas em estudos conduzidos na UFSJ e em outras instituições (IFET - Barbacena; CIPAV - Colombia; Fundaccion Produce - México), as quais podem esclarecer o leitor quanto à forma de plantio, colheita e, formas de uso em dietas para vacas em lactação.
CARACTERÍSTICAS
Família da Asteraceae,
Planta herbácea-arbustiva,
Elevada produção de biomassa
Atingir de 1,5 a 4m de altura
Flor amarela, com forte odor de mel Muito ramificada
Multifunções
Origem e distribuição geográfica
América Central
Amplamente difundida na região tropical do mundo
Presente em diferentes continentes
Características agronômicas
Exigência a clima e solos
Altitude: desde o nível do mar até 2.500 metros
Chuva: 800 a 5.000 mm
Temperaturas: 20e 27º C
Cresce em diversos tipos de solo
Ácidos
Saturação mediana de alumínio
Baixo conteúdo de fósforo
Preparo do solo
Por meio de aração profunda e gradagem. Dependendo das condições de compactação a aração pode ser seguida por subsolagem
Plantio
Estacas de 30 a 50 cm de comprimento
Colhidas no terço médio da planta
O plantio em sulcos, profundidades de 25 a 30 cm, em fileiras duplas
Cobertas com leve camada de solo de 5 a 10 cm Ou
Via sementes (pouco utilizado no Brasil, mas com larga utilização em outros países)
Quebrar a dormência com água a 80ºC, por 30 segundos
Espaçamento de plantio
Plantio solteiro (monocultura) 1x1mou0,75x0,75m
Consorciado com capim 5 entre linhas e 0,25 m entre estacas
Utilização do Botão de Ouro para bovinos
Quando pastejar ou colher?
Estádio do emborrachamento (antes da floração)
Elevada produção de forragem
Alto valor nutritivo
Valor nutricional no emborrachamento
Produção de biomassa: 70 t ha-1 / corte Crescimento rápido
Proteína bruta: 14,8 a 28,8%
FDN: 47,6%
FDA: 33,6%
Balanceamento de dietas contendo Botão de Ouro
Exemplos de dietas para vacas leiteira (550 kg de P.V. e produtividades médias de 15 e 25 kg/leite/dia) com diferentes níveis de inclusão de Botão de Ouro (Tabelas 1 e 2).
Observa-se que a inclusão de Botão de Ouro promoveu a redução das despesas alimentares sem alterar a oferta de proteína, energia e fibra para a produção de leite em todos os níveis de inclusão. Com a inclusão de 20% (kg de matéria natural na dieta) de Botão de Ouro em um rebanho composto por 25 vacas em lactação, produção média de 15/litros/dia, é possível inferir uma economia mensal de R$ 975,00 nas despesas com alimentação, sem afetar o desempenho animal.
Simulando-se um rebanho composto por 25 vacas em lactação, produção média de 15/litros/dia, recebendo 20% (kg de matéria natural na dieta) de Botão de Ouro é possível inferir uma economia mensal de R$ 1.275,00 nas despesas com alimentação, sem afetar o desempenho animal.
OUTROS USOS DA PLANTA
Constituinte de rações para aves, ovinos e coelhos
Substituição de 15% de MS do milho contido na dieta
Controle de erosão
Sistema radicular profundo
Capacidade de desenvolvimento em solos com baixos níveis de fertilidade
Elevada cobertura vegetal, reduzindo os impactos da chuva e do vento sobre o solo
Adubo verde
Ciclagem de nutrientes: nitrogênio (3,5% MS), fósforo (0,37% MS), potássio (4,1% MS) Absorção de fósforo, mesmo que esse esteja indisponível para outras plantas
17 t de MS de Botão de Ouro equivalem a 45 kg de fósforo
Planta apícola
Inflorescência em forma de capítulos
Inúmeras flores
Forte odor de mel
Atratividade das abelhas do gênero Apis mellifera, Trigona spinipese Tetragonista angustula
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Botão de Ouro apresenta potencial forrageiro na inclusão de dieta de vacas em lactação, principalmente devido ao alto teor proteico e elevada produção de biomassa, podendo reduzir o custo final.
Comentários
Bom dia Leonardo,
Sobre as estacas da Tithonia, você chegou a enviar?
Não recebi comunicado dos correios.
Fico aguardo!
Atenciosamente,
Chubert
Gostaria de fazer um teste para saber como ela se desenvolve aqui no Norte do país (Acre).
Quanto tempo essas estacas aguentam até o plantio?
Vou te encaminhar um e-mail.
Atenciosamente,
Márcio Trovão.
André, bom dia! Tenho muita curiosidade de acompanhar o desenvolvimento da Tithonia em outras regiões do país. Na próxima semana iremos colher uma área de Botão de Ouro. Dessa área, retiro algumas estacas para você. Além de você, irei enviar material de plantio para a Mércia Regina, Chubert Ferreira. Por favor, me envie um e-mail com o seu endereço, por favor. O meu e-mail é leonardo.calsavara@emater.mg.gov.br.
Abraço,
Leonardo H.F. Calsavara
Como faço para adquirir estacas ou sementes de Titônia ( Botão de Ouro ) , sou Engenheiro Agrônomo e Produtor Rural ( Gado de Leite ) na Cidade de Brejão no Agreste de Pernambuco e pretendo usar a Titônia na alimentação de Gado de Leite.
Antecipadamente agradeço quem me ajudar nesse pleito.
Estou multiplicando a titônia em Pinheiros-ES para oferecer para gado de corte.
Leonardo, obrigado pelos relatos da experiência com o uso de titônia (botão de ouro) em Coronel Xavier Chaves/MG. Estou multiplicando as mudas que obtive com você no ano passado. Veja a foto das primeiras plantas que nasceram em Pinheiros, município no norte do Espírito Santo.
Caro Leonardo,
Agradeço a atenção. Espero em breve multiplicar as mudas ofertadas.
Rua Senador Milton Campos, 701, Centro, CEP 35984-000, Dionisio/MG.
Muito Obrigado!
Atenciosamente,
Chubert Ferreira Nunes
Prezado Chubert,
passa o endereço completo, por favor. Você vai pagar apenas a postagem.
Aguardo,
Muito obrigado!
Atenciosamente,
Leonardo Henrique Ferreira Calsavara
Oi, William, boa tarde! Como vai?
Satisfação em poder conversar com você sobre plantas alternativas na nutrição de ruminantes.
Em 2013, realizei o primeiro plantio de Tithonia diversifolia em Coronel Xavier Chaves, uma área de 96 m². De lá pra cá fomos aumentando a área cultivada e hoje temos 2 ha em plena produção. Inicialmente, a Tithonia foi oferecida no cocho, picada fresca, em substituição parcial à silagem de milho. Os animais receberam 50% de Tithonia diversifolia, sem apresentar queda na produção de leite, 18 l/vaca/dia.
Diante desse fato, o produtor almejou ampliar a área de plantio. Decidimos implantar a Tithonia em alley cropping system (cultivos em faixas), consorciada com grama estrela (Cynodon nlemfuensis), para o pastejo direto. Além da grama estrela testamos a Tithonia com Brachiaria Ruziziensis.
Posteriormente, adotamos uma outra estratégia de pastejo, através do banco proteico. O período de ocupação foi de 1 dia com 20 dias de descanso.
E, finalmente, introduzimos a Tithonia no sistema iLPF. Veja a foto do proprietário, Vanderlei dos Reis Sousa, pastoreando o rebanho no piquete de Tithonia.
Muito obrigado pela participação.
Abraço,
Leonardo Henrique Ferreira Calsavara
Caro Dulio, boa tarde!
É sim. Em alguns regiões do país ela é conhecida como flor de mel, devido ao seu alto potencial melífero.
Muito obrigado pela pergunta.
Abraço,
Leonardo Henrique Ferreira Calsavara