9847006288?profile=originalO processo de urbanização brasileiro não é apenas um inchaço das cidades e esvaziamento dos campos. É muito mais do que isto, pois desencadeia fortes e nítidas mudanças, tanto nos aspectos sociais/educacionais, quanto nos econômicos e ambientais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em décadas sucessivas a relação população urbana versus população rural mostra uma grande inversão de cenários, causando inúmeras dificuldades para quem vive da agricultura, como os jovens rurais.

Assim, os autores desse estudo avaliaram a evolução dessa relação, utilizando material bibliográfico e documental de diferentes bases de dados, principalmente da Capes, IBGE e Embrapa, o que permitiu uma visão em diferentes contextos. O método adotado constou de análise, interpretação e dedução técnica sobre uma base descritiva, visando identificar os principais problemas relacionados, sobretudo com o “êxodo rural” e a educação de jovens rurais.

A partir do levantamento realizado pelo senso agropecuário do IBGE de 2017, foram encontrados em cinco milhões de estabelecimentos rurais os dados: escolaridade  – 1,2 milhões de estabelecimento com pessoas que não sabem ler e nem escrever; 3,8 milhões de estabelecimentos que sabem ler e escrever e, destes, apenas 116 mil possuem 2° grau completo/ensino médio; idade (gestor do estabelecimento)  – 535 mil são jovens com idade inferior a 35 anos; assistência técnica  – um milhão recebe assistência técnica direta ou indireta, enquanto quatro milhões não recebem nenhuma assistência técnica; origem da renda das famílias  – 2,9 milhões possuem renda das atividades agropecuárias menor que de outras rendas não agropecuárias, e 2,1 milhões possuem renda de atividade agropecuária maior que a outras rendas não agropecuárias.

Conforme os autores, mais dois fatos são igualmente preocupantes: um se deve ao nível de escolaridade que, sendo predominantemente baixa, impede ou limita fortemente o acesso às novas tecnologias e/ou pacotes tecnológicos, o que restringe a adoção de práticas agrícolas mais eficientes, resultando numa agricultura de baixa produtividade; o outro, é a carência de assistência técnica que atinge os estabelecimentos rurais, ou seja, cerca de 80% destes, não recebem o aporte de técnicas de uso e manejo, assim como de boas práticas agrícolas.

Há diversos fatores que contribuem para o problema do “êxodo rural” e do ensino dos jovens rurais. Como alternativas para minimizar e/ou contornar tais gargalos, recomenda-se, além da educação formal, ampliar o apoio de assistência técnica e promover cursos técnicos direcionados para os produtores e jovens rurais (focados em práticas conservacionistas do solo, técnicas de manejo, controle da erosão, entre outros).

Tudo isso combinado pode elevar o nível de escolaridade e tecnológico no meio rural, propiciar a efetiva sustentabilidade da agricultura, com ganhos econômicos, sociais e ambientais, além de melhorar a capacitação dos jovens rurais e fixar o homem à terra, enfatizam os cientistas.

Os autores do estudo são Lauro Pereira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente; Angélica Pagliarini Santos, estudante de agronomia da Universidade Tuiuti, PR; Andreia de Bem Machado, professora no Curso de Engenharia de Produção na UNIASSELVI e; Alessandra Pinezi, chefe de Unidade de Conservação na Fundação Florestal do Estado de São Paulo.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)

Embrapa Meio Ambiente

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