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Equipes do Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD-AD/Semear Digital) visitaram produtores e agentes públicos do Distrito Agrotecnológico (DAT) de Lagoinha/SP entre os dias 20 e 21 de fevereiro. O município é um dos dez que contam com ações voltadas à inclusão digital coordenadas pela Embrapa Agricultura Digital com instituições parceiras e financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Com pouco mais de cinco mil habitantes, o município dedicado à pecuária leiteira surgiu como povoado ao dar pouso a tropeiros durante o ciclo do café do Vale do Paraíba, em meados do século XIX. O último censo agropecuário indica que Lagoinha conta com cerca de 260 estabelecimentos envolvidos com atividades agropecuárias, também voltadas à cadeia produtiva do milho, entre outras. 

A agenda de equipes da Embrapa e do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA) no DAT paulista incluiu reuniões com agentes públicos, lideranças de produtores, representantes de agroindústrias e provedores locais de serviços de internet. Houve, ainda, aproximação com representações regionais do SenarSebrae e Universidade Federal do ABC (UFABC), além das parceiras CatiApta

Os técnicos visitaram produtores de requeijão de prato, de mel de abelha nativa e mantiveram encontro com agente do Incra/SP para conversar sobre a situação legal do assentamento Egídio Bruneto.

Sucessão familiar - “Já no primeiro encontro com os pesquisadores da Embrapa e do IEA foram levantadas muitas possibilidades de desenvolvimento para a cadeia do leite”, diz Fabíola Centeno, destacada como ponto focal da comunidade. Durante o encontro, a secretária municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente falou sobre o pouco interesse da juventude pela atividade, em que “o esforço é grande para retorno muito pequeno”, apontou. 

Centeno avalia que é nesse ponto que o projeto Semear Digital leva esperança à pecuária leiteira local, pois a conectividade deve facilitar a vida do pequeno e médio produtor, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do produto final, diz. “Tudo isso, na ponta do lápis, é ganho para o produtor. Espero ver nossos jovens engajados no projeto, nossos produtores sendo beneficiados e a qualidade de vida no campo melhorando”, completa. 

Celso Vegro, especialista do IEA, observa que os agricultores familiares possuem excelência na produção leiteira, com rebanhos aprimorados por meio da inseminação artificial sexada e oferta equilibrada de alimento para as necessidades nutricionais dos animais. “Há ainda algum avanço necessário para a recuperação da fertilidade dos solos, particularmente nas pastagens, o que pode ser uma das missões da assistência técnica local e foco dos trabalhos do Semear Digital”, indica.

“Moça, me chama na próxima que eu venho”

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A abordagem de agricultor junto à coordenadora de parcerias do Semear Digital, Luciana Romani, após encontro com o segmento reflete o entusiasmo da comunidade com a chegada do projeto, avalia. Ela concorda que conhecimentos em agricultura digital podem “encantar” a juventude local, estimulando a permanência no campo e impactando positivamente na sucessão familiar.  

O município conta com internet a cabo, mas faltam redes mais eficientes como 3G e 4G na zona rural e o diálogo com a comunidade mostrou que as tecnologias digitais ainda são pouco utilizadas. Entre as demandas estão aplicativos de suporte à administração das propriedades, crédito para aquisição de equipamentos e informações sobre técnicas de manejo para recuperação de pastagens degradadas. 

A implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) obteve bons resultados nas propriedades que tiveram apoio da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, resultando na conscientização e na produção de mudas. De acordo com a coordenadora, há a ideia de promover a capacitação em agrofloresta com ajuda daqueles que já passaram pela experiência. O mesmo vale para as mulheres treinadas para produção de queijo e controle de finanças  ministrados pelo Sebrae.

 Cultura popular

Lagoinha já foi considerada a cidade mais católica do Brasil. Nasceu Vila de Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha em 1900, antes era um povoado que dava pouso a tropeiros que passavam em12399306463?profile=RESIZE_400x direção aos portos da região. A influência católica resiste ao tempo e festejos religiosos ainda movimentam a cidade, que fica na rota de Aparecida do Norte. 

As cantorias da Festa do Divino e da Congada também acompanham a lida de mulheres que atuam na cadeia da pecuária leiteira. “As agricultoras falaram que têm música sobre a história do requeijão de prato,  um dos principais produtos de Lagoinha produzido por elas ”, relata a coordenadora. 

Ao lado do social, a cultura está entre as oito variáveis da metodologia de atuação do Semear Digital junto aos DATs, desenvolvida pelo IEA. A ideia é que a conectividade e a agricultura digital não cheguem descoladas da realidade das comunidades, mas fortaleça seus modos de expressão e de vida, completa Romani.

A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste: Patricia Menezes Santos é ponto focal do DAT Lagoinha. São parceiros do Centro Semear Digital: a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) também integra o consórcio ao lado do Instituto  Agronômico (IAC/SP), do Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP), Universidade Federal de Lavras (UFLA) e do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), além do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). 

O Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital pode alcançar até 14 mil pequenas e médias propriedades rurais a partir dos 10 DATs distribuídos por todas as regiões do País, cinco estão localizados no estado de São Paulo: Caconde, São Miguel Arcanjo,  Jacupiranga, Lagoinha e Alto Alegre.

Para saber mais acesse: Embrapa e parceiros vão desenvolver ações de inclusão digital em dez municípios brasileiros

 
Valéria Cristina Costa (MTb. 15533/SP)

Embrapa Agricultura Digital

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