Como toda ciência complexa, a Zootecnia exige de seu aluno e de seu profissional um paradigma entre conhecimento específico da área a ser trabalhada X conhecimento macro da realidade sócio-econômica em que a área está inserida. Este paradigma é principalmente notado quando a área da produção animal é base de sobrevivência e desenvolvimento de comunidades rurais interioranas, ou mesmo esta realidade expandida para dimensões municipais, estaduais e mesmo federais. Somente com o equilíbrio deste paradigma é que o profissional zootecnista pode obter sucesso em suas decisões e contribuir com um FeedBack positivo as necessidades exigidas por estas populações.
Na constante metamorfose da realidade mundial, a produção de alimentos também exige novas técnicas, de forma que esta produção não ocasione um impacto negativo na sustentabilidade do grande ecossistema mundial. Esta realidade é notada nos tempos atuais, onde os efeitos climáticos estão exigindo novas alternativas de produção, em substituição ao modelo antigo de produção predatória do meio-ambiente. Desta forma, o profissional Zootecnista é levado ao extremo de seus conhecimentos para buscar respostas as interrogações da produção sustentável. Entretanto, a própria realidade a que este profissional vive, muitas das vezes não contribui para a expressão de sua importância no meio econômico rural, haja visto o fato de profissões como a Agronomia e a Medicina Veterinária serem mais antigas e difundidas, aliado ao baixo conhecimento dos produtores rurais sobre a importância deste profissional em sua propriedade.
A própria lei federal nº 5.550, que regulamenta e estabelece o campo de trabalho do zootecnista divide a competência profissional deste com os outros dois entes da Ciência Agrária Brasileira, onde em sua alínea C, doa artigo 2º qualifica Agrônomos e Veterinários, como aptos a exercer a zootecnia, mesmo que os campos relacionados a ela sejam ministrados com cargas horárias diminutas nas grades curriculares destes profissionais, criando desta forma uma "Incompetência Legal". Com o campo de trabalho dividido e a falta de conhecimento por parte dos proprietários rurais, que desconhecem que o trabalho deste profissional é constante e não "emergencial" (como a atuação de um veterinário por exemplo), o zootecnista recém formado muitas vezes se depara com uma realidade totalmente desfavorável a sua inserção no mercado de trabalho, passando muitas das vezes a abandonar a própria profissão que escolheu.
Este embate tem sido a motivação de diversos movimentos (profissionais, sindicais e estundantis) para a criação dos Conselhos (Federal e Regionais) de Zootecnia, além de várias tentativas para eliminar a alínea C do Artigo 2º da lei 5.550. O principal entrave a estes é a força política que os conselhos como o CFMV (CRMV's) e CFEA (CREA's), Veterinários e Agrônomos, possuem e usam estes para evitar a maior independência do Zootecnista e da Zootecnia, frente a Veterinária e Agronomia. E o principal foco está relacionado a proteção do Mercado de Trabalho.
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