Resumo: Os sistemas brasileiros de produção de leite a pasto, que prevalecem nas regiões tropicais do país, se caracterizam por possuírem rebanhos mestiços, adotarem poucas tecnologias, usarem poucos insumos e, em geral, por praticarem acasalamentos não-delineados, concorrendo para a baixa produtividade nacional. Atualmente, pouco se sabe sobre a ocorrência de avanços no manejo, adoção de tecnologias, qualidade dos produtos e resultados econômicos, bem como sobre o desempenho zootécnico dos rebanhos mestiços que vêm se apropriando de tecnologias como o touro provado. Deste modo, buscou-se trazer compreensão sobre os indicadores da eficiência da atividade leiteira neles praticada, tais como sua produtividade e seus progressos em produção, bem como sobre os gargalos à sua eficiência. Os dados foram obtidos de entrevistas presenciais realizadas no período de 2018 a 2019 a 24 produtores de leite colaboradores do teste de progênie das raças zebuínas leiteiras, cujas propriedades se localizavam em três regiões do estado de Minas Gerais. As análises estatísticas dos dados levantados foram realizadas nos programas Excel e SAS®. Verificou-se que os produtores tinham idades entre 40 e 81 anos, bom nível de instrução, participando esporadicamente de eventos técnicos, e a maioria gerenciava sua propriedade. As propriedades possuíam área entre 45 a 901 ha, predominando o sistema semi-intensivo. Os rebanhos eram compostos por animais mestiços de diferentes composições genéticas e possuíam de 40 a 2300 vacas. A inseminação artificial era praticada na maioria dos rebanhos, sendo o uso de touros principalmente para repasse. A Fertilização in vitro/Inseminação Artificial (FIV/IATF) era realizada em 42 % das propriedades. Boas práticas de manejo sanitário, da ordenha e na criação de bezerros, eram adotadas na maioria dos rebanhos. O número de empregados era muito variável (2 a 80) e estava relacionado à área destinada à atividade leiteira e à intensificação da atividade. Todos os produtores relataram preocupação sobre a sucessão familiar. A qualidade do leite, a gestão da propriedade e as questões ambientais, nesta ordem, foram apontadas como demandas prioritárias de conhecimento e orientação. O bem-estar animal também foi posto como preocupação, representando novo interesse. O custo com insumos para a alimentação animal foi apontado como o principal gargalo à rentabilidade. A suplementação se baseava principalmente no uso de capineiras durante todo o ano e de silagem de milho no período seco. A volumosa maioria dos produtores preferia usar recursos próprios a tomar empréstimos. Cerca de 83% dos produtores recebiam assistência técnica remunerada, mas com diferentes regularidades. Verificou-se ambiente produtivo muito heterogêneo nestas regiões. Os indicadores de eficiência apresentaram grande variabilidade, permitindo definir os aspectos que diferenciavam as categorias de produção e orientar as mudanças necessárias à sua maior produtividade. O indicador escolhido (leite/ha/dia) distinguiu três categorias de sistemas de produção, de baixo a alto nível de eficiência, principalmente pelo grau de adoção de tecnologias, área destinada à atividade leiteira, regularidade da assistência técnica e tempo do produtor na atividade, que foi o fator mais relacionado à produtividade do rebanho. Diante deste cenário, para se caminhar rumo ao progresso produtivo e à eficiência econômica, o estudo constatou que a pecuária leiteira nesta região necessitará de assistência técnica multidisciplinar, regular e frequente para a definição de soluções diferenciadas para cada categoria de sistema de produção que possibilitem seu desenvolvimento, seguindo os passos propostos ao final deste estudo. Esta publicação vai ao encontro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) contidos na Agenda 2030, proposta pela Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário, nos seguintes objetivos específicos: ODS 2 “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”; ODS 8 “ Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos; ODS 12 “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”; e ODS 11 “Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”
Ano de publicação: 2023
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