De 21 a 24 de setembro de 2010, acontecerá em Florianópolis, Santa Catarina, o IV Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite. Um dos importantes tópicos a serem discutidos será: “Instrução Normativa 51 - passado, presente e futuro: o que falta e o que cada setor pode fazer pela qualidade do leite?”. A IN 51 entrou em vigor há oito anos, e os resultados de qualidade oficiais apresentados no último CBQL, em 2008, mostraram que na maioria das regiões, incluindo o sudeste, não houve melhora significativa. Souza et al., 2008, mostraram que 41,7% das amostras analisadas no Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite se enquadravam no parâmetro de 750.000 ufc/ml; mas se esse índice fosse de 100.000 ufc/ml, que entrará em vigor em julho de 2011, apenas 5,8% das amostras estariam em conformidade com a IN 51.
Apesar dos aparentes esforços que vemos acontecer na cadeia leiteira como um todo, desde o produtor até o consumidor, a qualidade do leite brasileiro parece não avançar na mesma rapidez com que a legislação do Brasil e também de outros países deseja. O que falta, na opinião de vocês, para que o Brasil produza o leite de alto padrão de qualidade, para o nosso consumo, e também, para o grande mercado lá fora que espera pelo produto brasileiro?
SOUZA, G. N.; BRITO, M. A. V. P.; LANGE, C. C. et al. Qualidade do leite de rebanhos bovinos localizados na região sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, janeiro/2007 a junho/2008. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO LEITE, 3., 2008, Recife. Anais... Recife: RBQL, 2008. p. 71-81.
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É preciso retornar nas propriedades, mesmo que alguns produtores conseguem seguir rapidamente as orientações é muito importante voltar, para que realmente levem a sério o trabalho realizado na fazenda e também tenham consciência da importância do nosso trabalho.
Nessas propriedades nas quais vocês fazem os treinamentos, é preciso retornar mais algumas vezes para reciclar o pessoal, ou os produtores juntamente com os vaqueiros colocam imediatamente em prática as orientações passadas por vocês? O resultado do treinamento tem sido imediato?
É muito importante, discutirmos desse assunto tão presente e fundamental da atividade leiteria brasileira e certamente vamos conseguir melhorar este cenário com a participação da empresa, dos técnicos e conseqüentemente dos produtores, para conseguir chegar aos parâmetros da IN 51. Falo isso, porque trabalho como extensionista da ITAMBÉ, que é uma empresa que se preocupa muito com a qualidade do leite, já faz um bom tempo que paga ao produtor por qualidade, chegando até 17 (dezessete centavos) a mais por litro produzido. e as dificuldades que encontramos nas propriedades é justamente a falta de conhecimento dos produtores e principalmente dos vaqueiros, devido estes fatores fazemos treinamento na própria fazenda sem atrapalhar muito a rotina deles,e dentro do possível passamos as informações importantes para consegui qualidade e temos conseguido melhorar muito as propriedades em geral. com todos os passos e manejo correto para produzir um produto final muito mais saudável.
Concordo com você Sidney, são vários fatores que estão impedindo uma melhora expressiva da qualidade do leite brasileiro. Também já ouvi de produtores: "Mas como pode o laticínio misturar um leite de boa qualidade com um leite de baixa qualidade no mesmo caminhão?". Fica realmente dificil responder a esta pergunta.
Mas ao mesmo temop, conheço laticínios que programam a produção de determinado produto (mais exigente em qualidade) de acordo com as rotas, que eles historicamente (através de análises diárias) sabem ser de melhor qualidade. Esse é só um exemplo de que existe uma parcela ainda muito pequena, mas importante, que tem valorizado a cultura da qualidade.
Porque para mudar este cenário, só mesmo quebrando paradigmas, passando por uma mudança na cultura da atividade leiteira. Tornar a expressão "qualidade do leite", tão valorizada e conhecida quanto "preço do leite".
No meu ponto são vários fatores que podem impactar a qualidade de leite. Primeiro que nem uma indústria vêm se pagando por qualidade o que mais pesa no recebimento ao produtor é a quantidade, outro detalhe as indùstrias não tem um logística de capitação condizente misturam leite de produtores que têm boas práticas de produção com produtos que não se preocupam com qualidade e mais por conseguinte tudo que se falou em qualidade até hoje a responsabilidade coube ao produtor ( como aquisição de tanques de expansão, assepsia de ordenha etc). Temos ainda que ressaltar que os produtores se encontram desmotivados em virtude da baixa remuneração e o duro é ouvir de produtores que leite virou subproduto. Hoje no estado de MG o programa Minas Leite vêm capacitando muitos produtores de leite para a produção de leite a baixo custo e com ênfase em boas práticas de produção de leite, entretanto ainda ouvimos de produtor dizendo ´´para quê vamos fazer isto tudo se eles não pagam?``.
Também encontro esta dificuldade em grande parte das propriedades que visito. Nas propriedades que têm assistência técnica, a qualidade do leite geralmente é melhor. Nas que não têm, o produtor fica perdido, sem saber o que fazer; e acaba pedindo ajuda ao vizinho, ao balconista da loja de produtos veterinários...e e aí que mora o perigo!!! Técnico presente e produtor consciente é a melhor combinação!
Nara Ladeira de Carvalho disse:
Eu acho que a falta de assistência técnica é o principal problema. Nos deparamos frequentemente com produtores de leite cheios de dúvidas, querendo saber quais práticas corretas adotar no manejo de ordenha, qual a melhor forma de proceder para a produção de um leite de qualidade, enfim, noto que grande parte deles possuem vontade de saber, de como fazer e o porquê da adoção de práticas corretas de manejo de ordenha.
Eu acho que a falta de assistência técnica é o principal problema.
Nos deparamos frequentemente com produtores de leite cheios de dúvidas, querendo saber quais práticas corretas adotar no manejo de ordenha, qual a melhor forma de proceder para a produção de um leite de qualidade, enfim, noto que grande parte deles possuem vontade de saber, de como fazer e o porquê da adoção de práticas corretas de manejo de ordenha.
Os resultados apresentados pelo MAPA em Florianópolis, nos dias 23 e 24 de setembro de 2010, mostram que a qualidade do leite produzido no Brasil não melhorou. Especialmente quanto se trata de contagem bacteriana total (CBT), mesmo sendo este um parâmetro que pode ser reduzido em pouquíssimo tempo.
Qual é o grande entrave então? Para esta pergunta, existem várias respostas....falta de conhecimento do produtor em relação as práticas adequadas de manejo; falta de acesso do produtor a uma assistência técnica eficiente; pouco incentivo das indústrias (muitas indústrias importantes ainda não bonificam/penalizam pela qualidade); ineficiente fiscalização dos órgãos federais/estaduais/municipais nas indústrias que insistem em fabricar produtos lácteos com matéria-prima fora do padrão exigido; consumidor pouco exigente; entre muitas outras respostas. A impressão que dá é que falta vontade por parte de quase (ou todos?) os elos da cadeia produtiva do leite...
Respostas
É preciso retornar nas propriedades, mesmo que alguns produtores conseguem seguir rapidamente as orientações é muito importante voltar, para que realmente levem a sério o trabalho realizado na fazenda e também tenham consciência da importância do nosso trabalho.
Nessas propriedades nas quais vocês fazem os treinamentos, é preciso retornar mais algumas vezes para reciclar o pessoal, ou os produtores juntamente com os vaqueiros colocam imediatamente em prática as orientações passadas por vocês? O resultado do treinamento tem sido imediato?
É muito importante, discutirmos desse assunto tão presente e fundamental da atividade leiteria brasileira e certamente vamos conseguir melhorar este cenário com a participação da empresa, dos técnicos e conseqüentemente dos produtores, para conseguir chegar aos parâmetros da IN 51. Falo isso, porque trabalho como extensionista da ITAMBÉ, que é uma empresa que se preocupa muito com a qualidade do leite, já faz um bom tempo que paga ao produtor por qualidade, chegando até 17 (dezessete centavos) a mais por litro produzido. e as dificuldades que encontramos nas propriedades é justamente a falta de conhecimento dos produtores e principalmente dos vaqueiros, devido estes fatores fazemos treinamento na própria fazenda sem atrapalhar muito a rotina deles,e dentro do possível passamos as informações importantes para consegui qualidade e temos conseguido melhorar muito as propriedades em geral. com todos os passos e manejo correto para produzir um produto final muito mais saudável.
Mas ao mesmo temop, conheço laticínios que programam a produção de determinado produto (mais exigente em qualidade) de acordo com as rotas, que eles historicamente (através de análises diárias) sabem ser de melhor qualidade. Esse é só um exemplo de que existe uma parcela ainda muito pequena, mas importante, que tem valorizado a cultura da qualidade.
Porque para mudar este cenário, só mesmo quebrando paradigmas, passando por uma mudança na cultura da atividade leiteira. Tornar a expressão "qualidade do leite", tão valorizada e conhecida quanto "preço do leite".
Também encontro esta dificuldade em grande parte das propriedades que visito. Nas propriedades que têm assistência técnica, a qualidade do leite geralmente é melhor. Nas que não têm, o produtor fica perdido, sem saber o que fazer; e acaba pedindo ajuda ao vizinho, ao balconista da loja de produtos veterinários...e e aí que mora o perigo!!! Técnico presente e produtor consciente é a melhor combinação!
Nara Ladeira de Carvalho disse:
Nos deparamos frequentemente com produtores de leite cheios de dúvidas, querendo saber quais práticas corretas adotar no manejo de ordenha, qual a melhor forma de proceder para a produção de um leite de qualidade, enfim, noto que grande parte deles possuem vontade de saber, de como fazer e o porquê da adoção de práticas corretas de manejo de ordenha.
Qual é o grande entrave então? Para esta pergunta, existem várias respostas....falta de conhecimento do produtor em relação as práticas adequadas de manejo; falta de acesso do produtor a uma assistência técnica eficiente; pouco incentivo das indústrias (muitas indústrias importantes ainda não bonificam/penalizam pela qualidade); ineficiente fiscalização dos órgãos federais/estaduais/municipais nas indústrias que insistem em fabricar produtos lácteos com matéria-prima fora do padrão exigido; consumidor pouco exigente; entre muitas outras respostas. A impressão que dá é que falta vontade por parte de quase (ou todos?) os elos da cadeia produtiva do leite...