A extensão rural vem se adaptando aos novos instrumentos de comunicação, como aliás tudo a nossa volta: os bancos, as escolas, os livros, os contatos com amigos e parentes... A informática está trazendo um mundo novo em todas as áreas. Gostaria de saber como vocês estão enxergando esta mudança: para os extensionistas e para os produtores.
1- Para os extensionistas - a web está ajudando no dia-a-dia do(a) extensionista? Ele(a) utiliza para fazer pesquisas técnicas? Quais sites faz suas buscas?
2- Para os produtores - a web já está sendo útil hoje para buscar soluções para os problemas do dia-a-dia nas propriedades? Filhos e parentes (com acesso à internet) estão intermediando este processo?
Vejam na Tabela abaixo que o número de domicílios com acesso à Internet no país está crescendo ano a ano. Em 2009 já havia praticamente 1/3 de domicílios não apenas com computador, mas com computador com internet. Vemos também pela tabela as desigualdades em termos regionais.
Tabela 1220 - Domicílios particulares permanentes com acesso à Internet | |||||
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Variável = Percentual de domicílios particulares permanentes com acesso à internet (Percentual) | |||||
Brasil e Grande Região | Ano | ||||
2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | |
Brasil | 13,7 | 16,7 | 20,0 | 23,8 | 27,4 |
Norte | 4,4 | 6,0 | 8,3 | 10,6 | 13,2 |
Nordeste | 5,4 | 6,9 | 8,8 | 11,6 | 14,4 |
Sudeste | 18,9 | 23,0 | 27,3 | 31,5 | 35,4 |
Sul | 16,9 | 20,7 | 24,0 | 28,6 | 32,8 |
Centro-Oeste | 12,1 | 14,6 | 18,5 | 23,5 | 28,2 |
Fonte: IBGE. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1220&z=p&o=9&i=P>. Acesso em 29/6/11.
Embora as pesquisas mostrem que o agrupamento funcional agrícola está entre aqueles que menos acessam a internet*, a minha suspeita é de que hoje já há muitos produtores obtendo informações técnicas pela internet, em muitos casos com auxílio de parentes e de filhos - muitos que fazem acesso semanal ou diário em lan houses.
*Vejam esta referência de grupos funcionais com acesso a internet em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=846
Respostas
William Fernandes Bernardo disse:
Rogério de Oliveira Carlos, a sucessão na propriedade agropecuária é um tema muito importante. É um assunto para ser discutido nas empresas de pesquisa, de extensão, nas universidades. Acho que uma pergunta a ser feita é: o que fazer para atrair os jovens para trabalharem na propriedade dos pais? A solução, muitas vezes, está dentro da família, como os pais dão espaço aos filhos para elaborarem e conduzirem seus projetos na propriedade. Ora, se os pais não dão espaço de trabalho e perspectivas aos filhos (rapaz ou moça), eles buscarão construir seus projetos fora da propriedade. Visitei várias propriedades e conversei com muitos produtores e seus filhos sobre sucessão nos municípios mineiros de Ubá e de Guiricema. Encontrei, por exemplo, um rapaz que estava feliz da vida trabalhando na propriedade dos pais porque ele tinha seu projeto sendo realizado. Tinha seu próprio rebanho e ganhava mais que seus amigos que haviam se mudado para trabalhar na cidade. O pai tinha deixado um espaço na propriedade para o filho trabalhar: área e alguns animais.
tudo oque disseram é positivo , salutar e imprescindível para hoje produtor brasileiro sele ele pequeno médio ou grande em todas as escalas, mas oque me preocupa é a sucessão familiar nesta relação de tecnologia , pois hoje os nossos jovens rural, pelo menos no Rio de Janeiro, estão deixando o interesse de produção da área rural por sensação de rede social e ainda quebrando ciclo de atividade que vai depender dele para a sucessão, pois na maioria deles não usam a internet para pesquisa agronômica ou pecuária infelizmente. Então finalizo dizendo , falta aliar tecnologia de informação com educação direcionada do seu uso.
Júlio César, concordo com você. A internet é um instrumento de trabalho para o produtor e morador rural. Evita deslocamentos para a cidade para fazer orçamento, compra, negócios, etc. A educação à distância (via internet) é um instrumento excelente de formação profissional para quem mora em áreas rurais, em qualquer parte do país. Esse futuro está próximo. Uma barreira que há nesse contexto é a escolarização do usuário. A comunicação precisa estar adaptada a esse grupo. Como a escolarização no país está aumentando, o futuro aponta caminhos importantes de comunicação utilizando os recursos da internet.
O que se precisa é intensificar o processo de acesso a Banda Larga, principalmente na zona rural. Pois os nossos produtores, sejam eles A.Familiares, Assentados da Reforma agrária, pequenos, médios e grandes produtores precisam agilizar suas atividades e é um transtorno sair da sua propriedade para a cidade realizar os serviços que hoje podem ser realizados pela internet.
Temos hoje uma grande ferramenta de formação de profissionais que é a Educação à Distância - EAD.
Bom dia Willian! Aguardamos o material do evento do dia 25 passado. Mandei muitas fotos para o Marne. Abrç
INTERESSANTE!! No último dia 25 tivemos um encontro de produtores de leite, com dia de campo, coordenado pela Embrapa (CNPGL-JF). Foi numa propriedade de agricultura familiar em Miradouro-MG, região conhecida como Cachoeira Lisa ou Fazenda Cambraias. Lá já existe internet aberta para os produtores (como também em outras 4 regiões do município). A abertura do evento foi com uma fala do Dr. Argileu Martins da Silva - Diretor do MDA e da Secretaria da Agricultura Familiar em vídeo conferência. Falou aos produtores, autoridades e tecnicos presentes diretamente de seu gabinete em Brasília-DF. O uso da tecnologia encantou a todos que sentiram o que é inclusão digital. Ao contrário do que pensávamos, a qualidade (audio e vídeo) foi excelente. No dia anterior, quando fazíamos os testes, conversamos diretamente com ele também. Já estamos pensando qual o assunto para o próximo encontro e forma de explorarmos mais a tecnologia. O município tem internet aberta para toda zona urbana e em 5 regiões da zona rural. Os produtores próximos das torres recebem o sinal diretamente (Wi-Fi). Os mais distantes colocam uma antena que custa R$300,00 e também recebem o sinal.
O leite é pago com referencia no CEPEA. Eles conferem todo dia 1º o valor que receberão dia 20 no site do CEPEA. A compra de semem, embora ainda feita por eles na Cooperativa, os touros e provas são visualizados na Net. Os celulares que tem tecnologia de internet acessam dentro dos currais, no meio do pasto... E assim por diante.
Tem duas Escolas de Tempo Integrau Integrada a Comunidade - RURAL. Nessas tem sinal de internet aberta e sala de aula (1 em cada) com netBooks em cada carteira e tela digital como quadro. Os alunos tem o núcleo comum (materias da grade normal) e o núcleo diversificado (xadres, música, esporte, net, etc). Cinco refeições por dia. veja www.miradouro.mg.gov.br - Escola do Pensamento
SURPRESA!!! Como a internet está em quase todo lugar, é utilizado o sistema VOIP (telefonia via internet). Além disso está sendo colocado (já 8) em cada distrito rural e nas propriedades pilotos do Projeto Ouro Branco (www.miradouro.mg.gov.br) o telefone Voip comunitário, onde a comunidade pode ligar para quantos números quizer e falar por 3 minutos com cada número (sem poder repetir). A propósito, as ligações para Brasília para ajustar a tec da videoconferência foram feitas de um desses.
INTERESSANTE!! Como pode ser conferido, o município de Miradouro-MG e pequeno, com receita restrita, 50% dos habitantes na zona rural, economia baseada em Leite e Café, NÃO tem médias ou grandes indústrias (só pequenas). Assim, supõe-se que muitos outros poderão fazer da mesma forma ou melhor. Não deixem de ver o site sbre o projeto.
abç