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Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) emitem menos óxido nitroso (N2O), um importante gás de efeito estufa (GEE), quando comparados a lavouras em sistema de plantio convencional. Foi o que constatou um estudo conduzido na Embrapa Cerrados (DF) que também detalha como isso ocorre. A pesquisa destaca que o uso de gramíneas forrageiras, que aportam matéria orgânica e aprofundam raízes no perfil do solo, influencia esse processo, assim como a presença de maiores volumes de agregados do solo com maiores diâmetros.

Entre as explicações para esse resultado, os cientistas observaram que as braquiárias, forrageiras plantadas para alimentar o gado, depositam matéria orgânica mais difícil de ser degradada e, além disso, a ILP proporciona solos com agregados maiores. Com mais carbono e nitrogênio acumulados nessas partículas, a matéria orgânica presente é protegida da decomposição feita pela microbiota, os microrganismos que habitam o solo.

“A tecnologia permite, em uma mesma área, produzir mais e em menor tempo (no caso dos animais) e esses fatores reduzem a intensidade de emissões, ou seja, emitimos menos gases de efeito estufa por quilo de alimento produzido”, detalha o pesquisador da Embrapa Solos (RJ) Renato Rodrigues, que preside o conselho da Associação Rede ILPF. “A integração ainda promove redução proporcional do uso de nitrogênio em comparação aos sistemas solteiros e gera menos revolvimento da terra, o que reduz as emissões de óxido nitroso”, completa o especialista.

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Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que as emissões de N2O nos sistemas agrícolas são influenciadas por condições edafoclimáticas (solo, clima, vegetação, entre outras), e que a disponibilidade de matéria orgânica do solo (MOS) é um fator chave no processo. O estudo avança na compreensão de como se dá o acúmulo de frações de MOS estáveis e lábeis (menos estáveis) nos solos sob ILP e as possíveis relações com as emissões de N2O. As avaliações foram realizadas em 2015, na área do experimento de longa duração em ILP, iniciado em 1991 na Embrapa Cerrados – o mais antigo do Brasil – sob solo argiloso.

Como foi a pesquisa

O experimento compreende uma área total de 14 hectares (ha). Com dimensões de cerca de um hectare, as parcelas compararam sistemas de lavoura contínua (cultivada em plantio direto e convencional) com sistema integrado de rotação lavoura-pecuária, tendo o capim Brachiaria brizantha BRS Piatã como planta de cobertura. Em todos os três sistemas agrícolas, a espécie forrageira foi introduzida em consórcio com sorgo safrinha cultivado após a soja, visando à comparação das áreas, que receberam o mesmo manejo. Os tratos culturais variaram apenas quanto ao preparo do solo na lavoura contínua sob preparo convencional e à presença dos animais em pastejo no sistema ILP.

“Realizamos esse estudo em um experimento que simula as condições de fazenda, com mecanização em todas as etapas, o que permitiu maior robustez dos dados”, explica o pesquisador da Embrapa Robélio Marchão, atualmente responsável pela área experimental.

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Os cientistas quantificaram as emissões cumulativas de N2O por 146 dias ao longo do ciclo da cultura do sorgo. Uma área remanescente de Cerrado também foi avaliada como referência. As emissões acumuladas foram maiores no início do ciclo da cultura, em função da fertilização nitrogenada associada à ocorrência de chuvas, com precipitações diárias superiores a 40 mm. “Além disso, a ocorrência de veranicos (períodos sem chuva) na estação chuvosa no Cerrado promove condições de secagem e reumedecimento do solo, o que funciona como uma fonte importante para emissão de N2O em diferentes momentos da estação de crescimento dos cultivos”, explica a pesquisadora Alexsandra de Oliveira.

As maiores emissões acumuladas ao fim dos 146 dias foram observadas na área com lavoura em plantio convencional, com 1,8 kg/ha de N2O, enquanto as emissões da lavoura contínua sob plantio direto representaram metade dessa emissão (0,9 kg/ha). Entre as áreas cultivadas, o sistema ILP foi o que apresentou as menores emissões acumuladas de N2O, com 0,79 kg/ha. Na área de Cerrado, considerada a referência positiva do estudo e onde as emissões diárias estão sempre próximas de zero, a emissão acumulada do período representou apenas 11% da emissão da lavoura em plantio convencional, considerada a referência negativa.

“A decomposição de resíduos da lavoura durante a sucessão de culturas na primeira e na segunda safras (soja e sorgo) e a presença de uma gramínea forrageira com e sem pastejo nos dois sistemas em plantio direto explicam as diferenças nos fluxos de N2O nos diferentes sistemas de manejo analisados”, relata a pesquisadora Arminda de Carvalho.

“As gramíneas forrageiras tropicais, sobretudo as braquiárias, quando encontram solos de fertilidade construída, como é o caso desse estudo, conseguem expressar todo o potencial de desenvolvimento do seu sistema radicular, que tem um importante efeito físico no solo, protegendo a MOS”, completa Marchão.

Cultivo convencional aumentou emissões

A pesquisa também analisou as frações de carbono do solo lábeis e estáveis em duas classes de agregados de solo – os macroagregados, com mais de 0,250 mm de diâmetro, e os microagregados, com menos de 0,250 mm de diâmetro. Nos macroagregados, foram encontradas as maiores proporções de MOS estável.

Os pesquisadores constataram que o cultivo convencional com revolvimento do solo reduziu todas as frações de carbono do solo, diminuiu a proteção física da matéria orgânica e o índice de humificação (formação de húmus) da MOS e, consequentemente, aumentou as emissões de N2O para a atmosfera.

Já o sistema ILP resultou no maior incremento em carbono do solo nas frações mais estáveis de MOS. Para os responsáveis pelo estudo, isso confirma a hipótese de que o acúmulo de carbono e nitrogênio nas frações mais estáveis de MOS, ao oferecer proteção física e química contra a ação de decomposição pela microbiota do solo, resulta em menores emissões de N2O.

“No sistema ILP, a MOS depositada pelas braquiárias é mais estável e mais difícil de ser degradada”, esclarece Marchão. Assim, os pesquisadores constaram que a compreensão do papel das frações de MOS é fundamental na busca pela mitigação dos gases de efeito estufa e na adaptação dos sistemas agrícolas às mudanças climáticas.

Os cientistas concluíram, ainda, que a agregação é um atributo-chave que se correlaciona com os fluxos de N2O dos solos. Eles observaram que sistemas conservacionistas como ILP em plantio direto obtiveram maior diâmetro médio de agregados do solo entre os agroecossistemas analisados. Também constataram que a difusividade do oxigênio no perfil do solo, possibilitada pela formação de agregados, resultou na diminuição da emissão de N2O, o que também explica as menores emissões no sistema ILP.

Para os autores do estudo, os resultados mostram que os sistemas integrados apresentam potencialmente um balanço de carbono positivo, o que torna possível recomendá-los para a intensificação sustentável como alternativa para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas.

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Breno Lobato (MTb 9417/MG) 
Embrapa Cerrados 

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Queijo Minas Artesanal: Valorizando a Agroindústria Familiar é o livro organizado pelos pesquisadores Rodrigo Paranhos e Virgínia Martins da Matta, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, que está disponível para ser baixado gratuitamente em https://bit.ly/2XIpLa1. Além dos editores, são coautores Ana Carolina Chaves, Cristina Takeiti, Daniela Freitas de Sá, Marcelo Ciaravolo, Paulo Portes e Roberto Machado.

A obra fornece uma noção abrangente de como este sistema agroalimentar funciona com informações sobre aspectos da tecnologia, ciência, história e cultura dos Queijos Minas Artesanais. Resultado de pesquisa da Embrapa Agroindústria de Alimentos na Microrregião do Serro, composta por 11 municípios das regiões Central e do Rio Doce, em Minas Gerais, o livro também reúne normas para o produto, revisão bibliográfica, as diferentes etapas da produção do queijo e sugere recomendações para o aprimoramento de sua qualidade. “Nesta publicação deu-se ênfase aos dois queijos mais conhecidos, o da Serra da Canastra e o do Serro, registrados como signos distintivos por meio de Indicação de Procedência. Os queijos destas regiões estão carregados de valores histórico-culturais e preservam um “saber fazer” secular, que já foi reconhecido pelo Iphan como patrimônio imaterial brasileiro. O QMA do Serro foi o objeto de estudo do trabalho de campo realizado pela Embrapa. O estudo concentrou-se nas etapas da fase inicial do processamento do queijo, não detalhando as etapas de maturação, embalagem e armazenamento. Apresenta-se aqui um conjunto de recomendações acerca de um produto que enseja polêmicas. Boa parte das informações relativas à produção de QMA serão continuamente validadas e reconfirmadas. Estas polêmicas não estão restritas aos queijos artesanais de Minas ou do Brasil. Existe uma discussão internacional sobre a segurança sanitária dos queijos produzidos a partir de leite cru de diversos países”.

Recomende o livro aos possíveis interessados.

João Eugenio Diaz Rocha (MTb 19276 RJ)
Embrapa Agroindústria de Alimentos

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Novo curso: Controle estratégico do carrapato dos bovinos de leite

A capacitação técnica da Embrapa Gado de Leite, na modalidade a distância, tem como objetivo a transferência de tecnologia e de conhecimentos técnicos de forma interativa e abrangente.


O conteúdo dos cursos é elaborado por técnicos e pesquisadores da Embrapa, com grande conhecimento e vivência prática nos temas, repassando aos alunos o que há de mais recente na área.

A plataforma E@D Leite apresenta o conteúdo de forma dinâmica e possui uma biblioteca virtual com materiais disponíveis para download.

É oferecido o Certificado Digital para os alunos concluintes que obtiverem no mínimo 60% de aproveitamento nas avaliações.

Informações sobre o curso:


Curso de Carrapato: Neste curso você vai aprender sobre o ciclo de vida do carrapato, as recomendações para um controle estratégico, e como proceder para realizar o teste de sensibilidade do carrapato a carrapaticidas. Vai aprender também dez passos que devem ser seguidos para obter sucesso no controle do parasita. 


Período: 07/08/2019 a 09/09/2019

Investimento: R$ 29,90

Vagas limitadas


As inscrições já estão abertas e você poderá obter mais informações no link:

http://ead.cnpgl.embrapa.br

Garanta já sua vaga!

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Embrapa apoia evento que será realizado em Coronel Pacheco, dentro da Cabra Fest. Prazo para inscrições vai até 28/6

A valorização dos produtos artesanais, da produção local e da gastronomia tem levado mais pessoas a experimentarem diferentes tipos de queijos produzidos com leite de cabra e de ovelha. Essa popularização, no entanto, está apenas no início e o mercado busca oportunidades de crescimento. Para estimular a produção, a constante melhoria dos queijos e o consumo, será realizado o 1º Concurso de Queijo de Cabra e Ovelha da Região Sudeste no dia 6 de julho. O evento faz parte da programação da 17ª Cabra Fest, que ocorre entre os dias 5 a 7 em Coronel Pacheco, na Zona da Mata mineira.

O concurso vai avaliar dez categorias. Dentre os queijos de leite de cabra, as categorias são fresco, massa lática temperada, massa lática não temperada, maturação até 30 dias, maturação acima de 30 dias e inovação. Já as categorias de queijo de leite de ovelha irão premiar os tipos fresco massa mole, maturado de 30 a 90 dias, massa temperada e inovação.

O concurso é destinado aos laticínios dos estados do Sudeste - Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo -, onde a Associação dos Produtores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Accomig/Caprileite) realiza o controle leiteiro oficial do Capragene®, que é o programa de melhoramento genético de caprinos leiteiros liderado pela Embrapa. Para participar do concurso, é necessário que o produto possua pelo menos um dos selos de inspeção: municipal, estadual ou federal (SIM, SIE ou SIF).

A comissão julgadora será formada por técnicos, especialistas do setor, chefs, jornalistas e referências da gastronomia. As inscrições podem ser feitas até o dia 28 de junho. Clique aqui para conferir o regulamento.

O evento é uma realização da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/Accomig), em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), Embrapa, Prefeitura Municipal de Coronel Pacheco e Associação dos Criadores de Cabras Leiteiras da Zona da Mata Mineira (Caprima).

Aula Show - culinária a base de queijo de cabra

Profissionais, professores e estudantes de gastronomia que ainda estão pouco familiarizados com os queijos de leite de cabra e ovelha terão a oportunidade de conhecer mais sobre essas iguarias e aprender a preparar alguns pratos em uma aula show. O evento será no sábado, 6 de julho, das 9h às 12h. As vagas são limitadas. Clique aqui e faça a inscrição gratuita

Workshop

A Cabra Fest traz ainda o 16º Workshop “Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica”, que reúne os segmentos da cadeia produtiva e conta com palestrantes de destaque do setor no Brasil. O evento ocorre na sexta-feira, 5 de julho, e é voltado para técnicos ligados às ciências agrárias, professores, pesquisadores, estudantes e produtores, especialmente das áreas de caprinocultura e ovinocultura leiteira. Clique aqui para fazer sua inscrição gratuita.

Cabra Fest

A Cabra Fest está em sua 17ª edição, e é a mais tradicional festa da cabra leiteira do estado. O evento foi criado para promover a produção de caprinos e derivados, além de mostrar o potencial do segmento na região.

Além dos eventos técnicos, estão programados para os dias 6 e 7 de julho a noite shows na praça da cidade e, a tarde, um festival gastronômico com pratos feitos com carne de cabrito e queijo de leite de cabra.

Embrapa Caprinos e Ovinos e Embrapa Gado de Leite 

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Estudos da Embrapa Gado de Leite (MG) demonstram que é possível reduzir o intervalo entre inseminações de uma vaca em cerca de 20 dias com a utilização do ultrassom Doppler para realizar diagnóstico precoce da prenhez.

A redução do intervalo de partos no rebanho representa ganho econômico tanto na produção de uma vaca de leite quanto na engorda de bezerros de corte. Um animal que produza 30 litros diários de leite, por exemplo, terá acrescentado à sua produção 600 litros no fim da lactação. Em um rebanho formado por 100 vacas que tenham reduzido o intervalo de partos nessa proporção, serão 60 mil litros de leite a mais produzidos na lactação.

As pesquisas, cujas técnicas já são aplicadas por médios e grandes produtores que adotam em seus rebanhos a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) (veja quadro abaixo), tiveram início em 2010, na Embrapa Gado de Leite, por meio de projeto de pesquisa apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

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Ganho de tempo

A eficácia da técnica na detecção precoce de vacas não gestantes foi comprovada em 2013, porém, só recentemente os equipamentos de ultrassom Doppler alcançaram valor viável para seu emprego em larga escala nas fazendas (veja quadro ao lado). Pecuaristas e técnicos da área começam a sentir os efeitos positivos. O veterinário João Abdon, que atua na região de Eunápolis, no sul da Bahia, diz que, sem o Doppler, para conseguir inseminar uma vaca três vezes e obter um índice de cerca de 90% prenhez, eram necessários 80 dias. Usando o Doppler, ele consegue realizar o mesmo trabalho e obter um índice semelhante com 48 dias. “A grande vantagem dessa tecnologia é a redução do tempo”, relata Abdon, que adota esse tipo de ultrassom há três anos. E tempo representa dinheiro, tanto para o profissional que faz a inseminação quanto para o fazendeiro que tira leite ou engorda o gado.

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Como funciona?

A equipe de Reprodução Animal iniciou os estudos sobre o desenvolvimento e a regressão de uma glândula endócrina, denominada corpo lúteo, que atua no processo reprodutivo dos mamíferos. Para visualizar essa glândula, que possui uma coloração amarela (luteum em latim significa amarelo), o pesquisador Luiz Gustavo Bruno Siqueira explica que foi utilizado o ultrassom Doppler.

Diferentemente do ultrassom convencional, que revela apenas uma imagem em tons de cinza correspondente ao tamanho e textura do objeto em análise, o Doppler traduz movimentos como o fluxo sanguíneo em cores, tornando as análises mais precisas.

O corpo lúteo é uma estrutura temporária em fêmeas de mamíferos, que surge em cada ciclo reprodutivo após o cio e ovulação e produz principalmente progesterona, hormônio essencial para o estabelecimento e continuidade da gestação. Na vaca, quando ocorre a monta natural ou inseminação artificial e o animal fica prenhe, a glândula continua produzindo progesterona por toda a gestação.

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Por outro lado, se a vaca não fica prenhe, o corpo lúteo permanece produzindo hormônios no ovário por 16 a 18 dias. Depois se degenera, o que culmina com o animal retornando ao cio em ciclos de 21 dias.

Identificação rápida de vacas vazias

Durante as pesquisas, Siqueira percebeu que variações no fluxo sanguíneo eram detectadas pelo Doppler mesmo antes da degeneração do corpo lúteo. Ao fim de cada ciclo das vacas em estudo, algumas não apresentavam fluxo sanguíneo no corpo lúteo, apesar de a glândula ainda não ter se degenerado de forma visível.

“Diante desse fato, estabelecemos a hipótese de que poderíamos identificar os animais não gestantes baseados apenas na avaliação do fluxo sanguíneo presente no corpo lúteo”, conta Siqueira. Essa possibilidade era particularmente interessante em rebanhos que adotam a IATF, nos quais, geralmente, vários animais são inseminados em um mesmo dia.

Para comprovar a hipótese, a pesquisa foi expandida. Mais de 500 animais passaram pela técnica de IATF e tiveram os respectivos corpos lúteos analisados com o Doppler. Os pesquisadores da Embrapa puderam concluir com alto grau de certeza que, cerca de 20 dias após a IATF, todas as vacas sem fluxo sanguíneo na glândula eram não gestantes. O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) João Henrique Viana, na época responsável pelo projeto, ressalta que há nas análises cerca de 20% de casos “falso positivo” (vacas com fluxo sanguíneo no corpo lúteo que depois também foram identificadas como não gestantes), mas isso não compromete o principal objetivo da técnica, que é identificar corretamente animais vazios, que podem ser mais rapidamente ressincronizados em um novo protocolo de IATF, garantindo maior eficiência reprodutiva.

“Conseguimos antecipar a identificação da vaca não gestante com ultrassom Doppler de ovário, examinando se há fluxo sanguíneo no corpo lúteo, antes mesmo de qualquer outro sinal de que a vaca está ou não prenha”, ressalta Siqueira. Os resultados dessa pesquisa resultaram em um artigo científico publicado em 2013 no Journal of Dairy Science, da Associação Americana de Ciência Leiteira (ADSA), uma das mais prestigiadas revistas científicas sobre gado leiteiro.

Paralelamente, novas pesquisas sobre o tema eram desenvolvidas em outras instituições. Siqueira informa que na Universidade de Virginia, Estados Unidos, foram realizados estudos com o uso do Doppler em vacas receptoras de embriões, mas não trouxeram conclusões sobre a relação do fluxo sanguíneo no corpo lúteo com a gestação.

Posteriormente, colaboradores do projeto da Universidade de Alfenas exploraram o uso do Doppler para a seleção de receptoras de embriões e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) fizeram pesquisas semelhantes com gado de corte. Na Embrapa Gado de Leite, a técnica também começou a ser adotada na seleção de receptoras de embriões. Hoje, vários grupos de pesquisa buscam desenvolver estratégias de antecipação da IATF baseadas no uso do Doppler para identificação precoce de fêmeas vazias.

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Atualmente, Embrapa e USP são grandes incentivadoras do diagnóstico precoce da gestação por meio do Doppler. A Embrapa Gado de Leite, assim como a USP e algumas empresas particulares de capacitação, realizam periodicamente treinamentos para que médicos-veterinários possam dominar a técnica. No que diz respeito à tecnologia de reprodução em bovinos, os pesquisadores acreditam que esse é um caminho que não tem mais volta.

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Rubens Neiva (MTb 5445/MG) 
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A 16ª edição do Workshop sobre Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica, coordenada pela Embrapa, integra a 17ª CabraFest - Festa da Cabra Leiteira, realizada em Coronel Pacheco - MG. A cidade está em uma região de referência para a produção de leite caprino no Sudeste do Brasil. 

O workshop reúne, anualmente, os segmentos da cadeia produtiva, contando com palestrantes de destaque no setor no Brasil e no Exterior. É voltado a técnicos ligados às ciências agrárias, professores, pesquisadores, estudantes e também produtores, especialmente das áreas de caprinocultura e ovinocultura leiteira. 

A diversidade de público e a relevância do conteúdo apresentado fazem deste um importante fórum regional para nortear atividades, parcerias e projetos. Desde a sétima edição, em 2009, palestras sobre a ovinocultura leiteira fazem parte da programação por se tratar de uma atividade que vem despertando o interesse de produtores e técnicos na região. 

A 16ª edição do Workshop terá transmissão ao vivo pela rede social temática Repileite, da Embrapa Gado de Leite. Para ter acesso ao material apresentado na edição de 2018, cliqui aqui! 

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A produção de energia elétrica e a produção de biofertilizantes a partir dos dejetos da atividade pecuária já são uma realidade na bovinocultura de leite no Brasil. Depois de algumas experiências frustradas nas décadas de 1970 e 1980, as empresas que adotaram o sistema de consolidação, não mais que os grandes geradores, passaram a gerar uma vez mais a eletricidade na fazenda e, em alguns casos, até vender um excedente para as empresas de distribuição.

A aplicação da tecnologia ainda é baixa entre os produtores de leite, mas o pesquisador Marcelo Henrique Otenio, que coordena os estudos sobre os biodigestores na Embrapa Gado de Leite (MG), diz que o uso do biogás está em franca expansão no setor e apresenta retornos financeiros positivos. “Nós reunimos uma equipe de pesquisa multidisciplinar de unidades de ensino e os nossos estudos são economicamente viáveis ​​ou o uso de biodigestores na pecuária de leite para o desenvolvimento de sistemas de vacância livre (sistema de produção de leite com vacas estabelecidas) com mais de oitenta vacas” rev

9846990479?profile=originalProdutor ganha energia, água e biofertilizantes

Ainda segundo o pesquisador, o produtor pode obter ganhos de três formas: pela produção do biogás, que irá abastecer um motor e gerar a energia elétrica; pela reutilização da água de lavagem do piso do estábulo, que carreia os efluentes para o biodigestor; e pela produção do biofertilizante resultante do processo (veja quadro no fim desta matéria).

O Brasil é o quarto maior importador de fertilizantes do mundo. O País importa cerca de 75% do total desses insumos aplicados nas lavouras. Além disso, os adubos químicos são insumos caros e poluentes. Com a utilização da matéria orgânica oriunda do biodigestor, o produtor agrega valor ao negócio, além de dar uma destinação a outro material potencialmente poluente: os dejetos bovinos. Otenio informa que, na cultura da cana, o biofertilizante substitui 100% do adubo nitrogenado e, na lavoura de milho, 60%. A Embrapa Gado de Leite também está fazendo testes com a fertirrigação do capim-elefante BRS Capiaçu. Esse biofertilizante também é importante na recuperação de áreas degradadas, pois atua como um condicionante do solo, recuperando sua matéria orgânica.

Agregação de valor e sustentabilidade ambiental

O professor Jorge Lucas Júnior, do campus de Jaboticabal (SP) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), instituição parceira da Embrapa nas pesquisas com biodigestores,  explica que a maior adoção da tecnologia na suinocultura se deve ao fato de os dejetos provenientes dos suínos terem maior potencial fertilizante e energético do que os de bovinos. Por outro lado, ele conta que uma vaca produz muito mais estrume do que um porco. “Há, por isso, um equilíbrio e os produtores de leite podem ser tão eficientes quanto os suinocultores”, afirma o professor ressaltando que, nas duas culturas, a tecnologia é uma grande aliada do meio ambiente.

A biodegradação de dejetos de origem animal produz metano (CH4), entre outros gases. O metano tem um potencial 21 vezes maior de provocar efeito estufa se comparado ao dióxido de carbono (CO2). A queima do CH4 com o oxigênio é a energia que faz um motogerador funcionar e produzir eletricidade. O resultado dessa queima é a emissão de vapor d’água e CO2 menos prejudicial para a atmosfera, quando comparado ao metano. O professor da Unesp diz que, com o surgimento do mercado de carbono, a escala de implantação de biodigestores aumentou, incentivando o desenvolvimento de modelos mais baratos e fáceis de operar.

A confluência de tecnologias mais eficientes, agregação de valor e proteção ambiental impulsionam o mercado. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), estima que, em 2030, o biogás poderá representar o mesmo volume de energia distribuída que a fotovoltaica (energia solar) e o setor agrícola terá uma importante participação nesse volume.

ela Otenio.

9846990093?profile=originalJá existem diversos casos de sucesso operando no presente. A Fazenda Bom Retiro, em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, é um deles. Os dejetos de mil vacas em ordenha e outros mil suínos em terminação alimentam três biodigestores que geram R$ 30 mil mensais em energia elétrica. Cerca da metade da quantidade gerada é transformada em “crédito de energia” pela distribuidora e pode ser vendida para outros consumidores (esse processo é chamado de geração distribuída), a outra metade é usada para abastecer a propriedade.

Experiências do passado
Em meados da década de 1970, o Governo Federal incentivou o uso de biofertilizantes por parte dos pecuaristas. Na época, foi criado o Programa Nacional de Energia Alternativa. Algumas unidades da Embrapa, entre elas a Embrapa Gado de Leite, iniciaram pesquisas sobre o tema para popularizar o uso de biodigestores. O chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Unidade, Pedro Arcuri, que na época trabalhava em um dos projetos, lembra que a demanda do governo visava dar uma reposta para a crise do petróleo, que elevou o preço do combustível.

Naquela época, dois modelos de biodigestores propostos como tecnologias para pequenos produtores rurais foram implantados no Brasil: o chinês e o indiano. Segundo Arcuri, os modelos tinham baixa eficiência, pois necessitavam de mais esterco para produzir biogás. A Embrapa Gado de Leite montou uma unidade demonstrativa com o modelo indiano, de fácil implantação e simplicidade na operação. A unidade demonstrativa simulava uma pequena fazenda na qual fogão, geladeira, chuveiro, lampião, bomba de água e uma picadeira funcionavam com a energia do biogás.

“Recebemos um grande número de extensionistas e produtores interessados, mas não havia linhas de crédito para implantar os biodigestores e, na prática, poucos produtores acabaram adotando a tecnologia”, relembra. Ele conta ainda que, mesmo os que adotaram, acabaram tendo problemas. Arcuri explica por que: “Uma das grandes dificuldades era a adaptação dos equipamentos, que não eram fabricados para funcionar com biogás”. Era necessário instalar dutos para levar o gás até fogões, chuveiros e motores que geravam energia para as máquinas e eletrodomésticos. Além disso, o gás sulfídrico (um dos subprodutos do processo) corroía os equipamentos, que tinham sua vida útil reduzida. Com todos esses obstáculos, os projetos com biogás se encerraram em meados dos anos 1980 até serem resgatados em 2011.

Segundo Arcuri, os antigos problemas foram resolvidos. O modelo de biodigestor que está sendo implantado atualmente é mais eficiente e o Brasil já possui tecnologia própria na fabricação dos motores abastecidos com biogás. Para o gás sulfídrico, que oxidava aparelhos domésticos e máquinas, foi adaptado um filtro, separando-o do metano. Os pesquisadores têm dados dos resultados de várias pesquisas que comprovam a sustentabilidade da tecnologia no contexto atual, pois diferentemente dos anos 1970 e da crise do petróleo, há na sociedade uma cultura que preza o conservacionismo e a proteção do meio ambiente, o que viabiliza tecnologias voltadas para a mitigação de gases de efeito estufa.

Além disso, as propriedades leiteiras são muito mais dependentes da eletricidade do que eram há quatro décadas, quando a ordenha manual era comum mesmo em grandes fazendas e os latões de leite esperavam no tempo para serem recolhidos pelo caminhão. Hoje, há muita automação e o armazenamento do leite em tanques de resfriamento é uma exigência legal. Se faltar energia por algumas horas na propriedade, pode-se perder a produção de alguns dias. O biodigestor proporciona também o conforto de se ter estábulos livres de moscas e odores, uma grande vantagem para quem tem que lidar diariamente com o rebanho.

Por fim, o problema dos recursos para produção de biogás também foi resolvido. Há diversas linhas de crédito no País para financiar projetos de energia e tecnologias sustentáveis. Uma delas é o Programa ABC, para apoiar a agricultura de baixa emissão de carbono, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financia até 100% do projeto, com taxas de juros a partir de 8% ao ano. Algumas linhas possuem prazo de carência de até três anos, tempo que os pesquisadores consideram suficiente para que o biodigestor pague o investimento e comece a gerar lucros.

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Rubens Neiva (MTb 5445/MG)
Embrapa Gado de Leite

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9846966885?profile=originalA qualidade do leite produzido no Brasil é tema recorrente de debates nas últimas duas décadas, envolvendo as esferas públicas e privadas do setor. Essa discussão foi impulsionada principalmente pela tendência mundial de consumo de produtos lácteos mais seguros e com maior qualidade. Em 2002 foi aprovada a Instrução Normativa nº 51, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que aprovou os “Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel”.

A IN 51 promoveu mudanças na cadeia produtiva do leite com ações voltadas para difusão das práticas para melhoria da qualidade do leite. Na época, foram determinados prazos para que o produtor se adequasse às exigências de qualidade. Apesar dos avanços conquistados, observou-se que uma grande parte dos produtores de leite brasileiro não estavam aptos a atender as exigências nos prazos estabelecidos, mais especificamente em relação aos parâmetros de CCS e CBT. Dessa forma, os parâmetros de qualidade do leite foram atualizados por meio da Instrução Normativa nº 62, de 21 de dezembro de 2011. Novamente, o prazo para atender as especificações técnicas de qualidade do leite determinadas na IN 62 foram postergadas sucessivamente com a publicação da Instrução Normativa nº 7 de 3 de maio de 2016 e Instrução Normativa n° 31 de 29 de junho de 2018. Durante o prazo de vigência da IN 31, foi novamente observado pelos resultados das análises oficiais de qualidade realizadas pela Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade do Leite (RBQL), que grande parte dos produtores não estariam aptos a atender as exigências de qualidade mais rígidas previstas para entrarem em vigor a partir de 1° de julho de 2019.

Com o objetivo de simplificar o entendimento sobre os prazos e exigências de qualidade estabelecidos em Instruções Normativas anteriores e, promover um plano mais robusto e duradouro de qualificação dos produtores de leite, o MAPA publicou em 26 de novembro de 2018 a Instrução Normativa 76 e Instrução Normativa 77. A IN 77 estabeleceu os critérios e procedimentos para a produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial, e, ainda, revogou as Instruções normativas 51/2002, 62/2011, 07/2016 e 31/2018. Com a nova redação dada pela IN 76, que aprovou os regulamentos técnicos que fixam a identidade e as características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite tipo A, ficou estabelecido apenas um teto máximo para os parâmetros de CBT e CCS, portanto, não havendo mais prazo e exigências de qualidade crescentes como nas normas anteriores.

Os requisitos previstos na IN 76 para o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de Contagem Padrão em Placas de no máximo 300.000 UFC/mL (trezentas mil unidades formadoras de colônia por mililitro) e de Contagem de Células Somáticas de no máximo 500.000 CS/mL (quinhentas mil células por mililitro). O MAPA espera que com essas instruções normativas, sejam criadas bases mais sólidas para uma evolução progressiva e de longo prazo para a melhoria da qualidade do leite no País.

Cláudio Antônio Versiani Paiva - Médico Veterinário, doutor em Ciência Animal

Para saber mais sobre este assunto, você não pode perder a próxima palestra ao vivo:

Título:  Legislação sobre a qualidade do leite no Brasil / Instruções normativas 76 e 77/2018 do MAPA

Palestrante: Mayara Souza Pinto

Data: 20/05/2019

Hora: 13:30

Mais informações: Clique aqui!

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Mais informações disponíveis, profissionais articulados em Rede, presença fiscalizadora de órgãos públicos e privados, métodos tecnológicos avançados buscam o fim de uso de antibióticos.

Um dos maiores problemas de saúde pública levantados por especialistas no mundo é a presença de resíduos de antibióticos em alimentos estabelecendo uma resistência a esses medicamentos, especialmente em produtos de proteína de origem animal, como o leite. Esta preocupação foi levantada sob diversas discussões durante a realização do Workshop Internacional Leite Seguro, que a Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) promoveu junto a representação de 30 instituições brasileiras importantes do setor de laticínios, durante três dias no final do mês de abril, na Estação Experimental de Terras Baixas, no Capão do Leão/RS. Como resultado do evento foi feita a  formação Rede Leite Seguro: Ações para a promoção da qualidade, segurança e integridade do leite, com objetivos claros delineados para pôr em prática em 2019, já que se aproxima uma época ao fim de uso de antibióticos.

Ocorrência dos antibióticos
Durante o evento foram apresentados diversos dados significativos sobre a ocorrência de resíduos de antibióticos nos alimentos. Os participantes puderam refletir sobre informações como  a cada ano, 700 mil pessoas morrem de infecções resistentes a medicamentos, e especialistas preveem que esse número pode subir para 10 milhões. "A projeção é que a resistência aos antibióticos mate muito mais que o câncer", afirmou o presidente da G100 e Comitê Brasileiro da Federação Internacional do Leite(FIL/IDF), Wilson Massote Primo.

O presidente da comissão organizadora do evento, Marcelo Bonnet, trouxe também a informação de que cerca de 70% dos antibióticos nos EUA são dados ao gado, e isso tem um efeito indireto na saúde humana. "As cepas resistentes de bactérias entram na cadeia alimentar e são consumidas por nós", destacou Bonnet. Além disso, pesquisas recentes apontam para uma possível ligação entre antibióticos e obesidade, bem como diabetes tipo 2 e asma.

O evento
O objetivo do evento, segundo Marcelo Bonnet, é exterminar o problema e levantar soluções existentes. Conforme ele, a Embrapa tem um conjunto de soluções, tecnologias e trabalhos úteis a esta proposta e está atuando como mediadora entre as empresas públicas e privadas. "Nós precisamos melhorar as boas práticas agropecuárias (BPAs), garantir que aja controle de venda, de uso, de aplicação adequada dos antibióticos, controlar a saúde animal para evitar o uso desnecessário desses medicamentos, precisamos de dados do campo, dados da pesquisa, integração com o setor produtivo para saber qual a prevalência de leite com resíduos de antibióticos no país", listou Bonnet.

Embora, ele fale que os dados informados pelos órgãos fiscalizadores brasileiros  apresentem baixos índices de resíduos de antibióticos no leite, é preciso garantir cem por cento de leite seguro. "Vamos incluir rotinas no Laboratório de Qualidade do Leite (Lableite) da Embrapa: as análises de resíduos no leite. Através desta Rede, vamos também fazer um trabalho com o Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro/RS) para desenvolver novos protocolos de métodos, programas mais apropriados, específicos e baratos", completou Bonnet.

O leite é produzido em quase todos os municípios brasileiros. O Estado do RS é o segundo maior produtor de leite no Brasil e a região Sul é a que mais produz leite no país. "A sociedade demanda leite seguro e leite de qualidade", ressalta Bonnet.

A Rede Leite Seguro
Após três dias de encontro, foi registrada a necessidade de formação de uma rede de pesquisa para encaminhar avanços tecnológicos brasileiros, sendo  instalada a Rede Leite Seguro: Ações para a promoção da qualidade, segurança e integridade do leite. Esta Rede irá definir os participantes e governança para Sustentabilidade da Rede Brasileira de Laboratório de Controle da Qualidade do Leite - RBQL; irá ampliar, analisar, gerenciar e utilizar da melhor forma o sistema de informação–SIMQL; comunicará soluções disponíveis na temática do Leite Seguro; estabelecerá prioridades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação; estabelecerá prioridades baseados em dados e informações para a proposição de Políticas Públicas; proporá interação Governo, setor produtivo e sociedade na construção de Políticas Públicas; usará meios para circular informações na cadeia produtiva e comunicar políticas públicas à sociedade; será um elo de ligação entre o produtor e o consumidor; elaborará questionário com vistas a estabelecimento de banco voluntário de dados e informações quanto a detecção, qualificação e quantificação de resíduos de antimicrobianos em leite, visando a captação de informações junto aos produtores de leite; estabelecerá a correlação e correspondência estatísticas de ensaios de triagem confirmatório para resíduos de antimicrobianos em leite; e irá propor estratégias táticos operacionais para curto, médio e longo prazo.

A criação da Rede Leite Seguro, de acordo com a pesquisadora Maira Zanela, é uma forma para conhecer os principais fatores de riscos e reduzir esses riscos de resíduos de antibióticos para que o consumidor final possa consumir um leite com segurança. "A nossa finalidade é que o consumidor não tenha medo de ingerir um produto tão bom nutricionalmente", afirmou Zanela.

Irão participar desta Rede representantes que estiveram reunidos neste Workshop como MAPA, Lanagro do Brasil, Embrapa (unidades de Pelotas/RS e Juiz de Fora/MG), G100, Federação Internacional do Leite (FIL/IDF), SEBRAE, Emater/ RS-Ascar, SETREM, URI (Laboratório de Qualidade), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP, Zoetis, Neogen/Sindal, PrimeTech, GlobalFood, Hexis Científica, Charm Sciences, Rasip Alimentos, Barbosa & Marques S/A, Clínica do Leite, Cooperativas Languiru, Serrano, Serramar, Tirolez, COOPERAG, Laticínios Belo Vale, Latco Ltda, Italac, LatVida e Piracanjuba.

Avanços Tecnológicos
Foi apresentado na oportunidade do Workshop o que há na atualidade de avanços tecnológicos como os Métodos Confirmatórios e de Triagem, mas sendo necessário o compartilhamento inteligente por controles oficiais e privados, que garantam o foco, a qualidade e a quantidade dos dados e informações. "A nossa intenção é preparar uma carta para o MAPA adotar algumas sugestões referente as normativas que estão em vigor, e iremos propor um teste no mês de maio, junto ao Lanagro/RS, dos métodos confirmatórios", adiantou Bonnet.

Método de triagem e confirmatórios
Marcelo Bonnet apresentou a ideia de uso dos métodos combinatórios inteligentes de análise de resíduos ao utilizar os de triagem e os confirmatórios. Os métodos de triagem tem limitações, mas podem dizer quais os antibióticos tem especificamente na amostra de leite. De acordo com o Marcelo Bonnet, esse método informa o grupo, mas não informa qual  o antibiótico específico e também não indica o nível de concentração do antibiótico. São métodos rápidos, baratos e convenientes para o setor produtivo, para alertar precocemente o leite contaminado, que não entra na cadeia produtiva.

Já os métodos confirmatórios são sensíveis, são seletivos, são robustos. Podem, ou não, ser rápidos, dependendo da automação do próprio laboratório. São muito caros e não estão ao alcance do produtor. "É possível combinar os dois: quando você tem um grande volume na triagem e consegue tomar aquelas amostras positivas e confirmá-los em laboratório, a equipe avança em conhecimento ao criar correlações, estatísticas importantes, para melhorar a segurança do produto, deixando o processo competitivo, satisfazendo a necessidade do consumidor e protegendo a saúde pública", explica Bonnet.

O teste de triagem pode acusar falsos positivos leites contaminados, por isso, precisa-se usar mais de controle no país com grandes volumes de dados. "Um produtor que tem uma amostra positiva em meio a mais de 500 análises, ao longo de um ano ou dois anos, sem problema algum, possivelmente é um falso positivo. Mas você pode fazer isso quando você tem informações, dados em grandes volumes, análises e tendências mapeados no tempo e no espaço. Com isso, você consegue lidar com alarmes falsos ou com quem é, ou  não é, e ainda saber como lidar com cada caso", pontuou Bonnet.

Palestras do Workshop
Uma das importantes palestras que foi apresentada durante o Workshop Internacional Leite Seguro foi sobre Inovação e Tecnologia na Embrapa, ministrada pelo diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Empresa, Cleber Oliveira Soares, que mostrou a curva de progressão das mudanças sócio-econômicas, os contextos desafiadores e os novos drivers, além de como está estabelecida a Rede de Inovação em Agricultura e uma visão de atuação para 2030. Cleber Soares falou também do papel da Diretoria de Inovação e Negócios que tem o objetivo de transformar ideias em inovação e entregar valor a sociedade. Em sua explanação também apresentou como está a estruturação da Embrapa para trabalhar com Inovação e Negócios, focando em inovação aberta, ativos qualificados, inserção no mercado e adoção de ativos. "A agricultura brasileira e a produção de alimentos tem multifuncionalidades que devem estar baseadas em Ciência e critérios de sustentabilidade", afirmou Soares. Segundo ele, a sustentabilidade aproxima produtores e consumidores, gerando valor e impacto na sociedade.

No primeiro dia de Workshop foram apresentadas palestras sobre o que vem sendo desenvolvido em pesquisa, desenvolvimento e inovação em leite pela Embrapa; a importância do papel do setor organizado, como a ocupação do país no Comitê Brasileiro da Federação Internacional do Leite (FIL/IDF), apresentado pelo G100 e FIL/IDF; quais são as ações que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está realizando ao uso prudente  de antimicrobianos em pecuária de leite; seguido por diversos departamentos do Mapa e do Lanagro/RS que discorreram suas experiências sobre os avanços no controle de antimicrobianos em leite, além das experiências e desafios relatados por produtores, indústria e cooperativas de laticínios participantes do evento. O segundo dia foi centrado na discussão do problema da mastite, uma das dificuldades sanitárias no rebanho de leite, que usa tratamentos a base de terapias antimicrobianas, assim como, a apresentação de uma das soluções tecnológicas para identificação rápida de resíduos de antibióticos  em leite que é o método de triagem da Embrapa. O último dia foi encerrado com a formação da Rede Leite Seguro.

Cristiane Betemps com participação de Catarine Thiel (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Tuberculose; é melhor ficar atento

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A tuberculose é transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, e tem como principais sintomas tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço e dor no peito. A doença é transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch. É provavelmente a doença infectocontagiosa que mais mortes ocasiona no Brasil. Estima-se, ainda, que mais ou menos 30% da população mundial estejam infectados, embora nem todos venham a desenvolver a doença.

A melhor forma de prevenção é a imunização ainda na infância. Portanto, os pais não podem deixar de levar seus filhos para tomarem a vacina BCG. Se a criança ou o adulto não for vacinado, deve fazer o teste de Mantoux, ou PPD. Caso não apresente reação, deve ser vacinado, o que pode ser feito em qualquer faixa de idade.

Para aqueles que por ventura forem acometidos pela tuberculose, o tratamento é feito com três drogas diferentes: pirazinamida, isoniazida e rifamicina. Durante dois meses, o paciente toma os três medicamentos e, a partir do terceiro mês, toma só isoniazida e rifampicina. A medicação não deve ser suspensa antes do prazo previsto. Se o paciente começar a tomar os remédios e interromper, facilitará a seleção de uma colônia de bactérias resistentes aos medicamentos e ficará mais difícil ser curado.

Contágio- A primoinfecção ocorre quando a pessoa entra em contato com o bacilo pela primeira vez. Proximidade com pessoas infectadas, assim como os ambientes fechados e pouco ventilados favorecem o contágio. O ser humano se comporta como reservatórios do bacilo, ou seja, convive com ele porque não conseguem eliminá-lo ou destruí-lo e, uma vez reativado o foco, a pessoa passa a ser um agente infectante.

Para que a primoinfecção ocorra, é necessário que ele chegue aos alvéolos. Se não alcançar os pulmões nada acontece. A partir dos alvéolos, porém, pode invadir a corrente linfática e alcançar os gânglios (linfonodos), órgãos de defesa do organismo. Como o bacilo destrói a estrutura alveolar, formam-se cavernas no tecido pulmonar e vasos sanguíneos podem romper-se. Por isso, na tuberculose pulmonar, é frequente a presença de tosse com eliminação de catarro, muco e sangue.Portadores do vírus HIV e de doenças como diabetes, por exemplo, podem desenvolver formas graves de tuberculose. Por isso, devem manter-se sob constante observação médica.

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BOAS PRÁTICAS PARA TUDO

*PEDRO BRAGA ARCURI

Na internet, a Enciclopédia Wikipedia define “Boa Prática” como um método ou técnica que tenha sido aceita de um modo geral como superior a outras alternativas, porque produz resultados melhores, ou, porque tenha se tornado um padrão para se fazer determinada atividade.

Tudo relacionado à atividade leiteira pode, e deve ser adaptado a este conceito. Um exemplo: boas práticas de manejo na cria de bezerras diminuem a mortalidade das bezerras durante a fase de aleitamento, porque há melhoras na lida do tratador com as bezerras, na higiene e no conforto do bezerreiro, seja este de que tipo for. Outro exemplo, boas práticas incluem a escrituração zootécnica e o exame clínico como ferramentas de monitoramento permanente dos animais, garantindo seu bem-estar. Especialmente em sistemas intensivos de produção, sem perder de vista que o bem-estar cresce de importância, pois os consumidores querem consumir carne e leite de animais mantidos em conforto, com seus hábitos naturais respeitados.

“Rezando a missa para o Vigário”, qualidade do leite tem origem em vacas sadias e no controle permanente da higiene na ordenha, na manutenção da limpeza e no correto funcionamento de ordenhadeiras e do tanque de armazenamento do leite.  Para garantir a qualidade, as boas práticas de produção são recomendadas e reforçadas com cursos e acompanhamentos, em alguns casos são exigidas por cooperativas e indústrias comprometidas com o seus produtos e seus consumidores.  O seu comprador ou cooperativa lhe auxilia dessa forma, para atender às novas Instruções Normativas de qualidade do Leite do MAPA?

Nas indústrias de laticínios, o uso de boas práticas para a fabricação é obrigatório tanto para grandes como para pequenas.  Aquelas que não sigam boas práticas podem ser multadas e até fechadas pelos órgãos de fiscalização. A ANVISA, Agência de Vigilância em Saúde, estabeleceu que as indústrias realizem e façam  anotações da aplicação de boas práticas para garantir aos consumidores a segurança do alimento, isto é, que o seu consumo não trará riscos para sua saúde.

As vantagens das boas práticas vão além de se evitar penalidades. Adotá-las evita desperdícios de insumos, água, e energia por exemplo.  Acidentes de trabalho vão ocorrer menos.  E, como dizem os ingleses, “por último, mas não menos importante”, boas práticas garantem qualidade, que mantém o consumidor fiel a uma marca.

Mas é necessário ampliar as boas práticas, de modo a fazer delas parceiras da sustentabilidade da atividade, mantendo a qualidade do ambiente. Embalagens e materiais não degradáveis em fazendas ou fábricas precisam ser dispensados conforme as recomendações, mais uma boa prática.  Porém, a maior parte da poluição causada pela produção animal é causada por resíduos ou dejetos.  Neste termo eu incluo o esterco, perdas da ensilagem, restos de adubos ou fertilizantes, água de lavagem, etc. É necessário valorizar o reúso ,  Ao mesmo tempo, evitar contaminações.  Para isso, uma das boas práticas é o uso de biodigestores, cada tipo tem uma recomendação específica e muita informação está disponível. 

Para fazer jus à minha afirmativa de que tudo relacionado à atividade leiteira pode, e deve ser adaptado ao conceito de boa prática, finalizo com o incômodo descarte de carcaças de animais adultos.  Usando o método da compostagem, a prática desenvolvida pela Embrapa permite eliminar carcaças sem necessidade de enterro, sem odores e sem contaminação. Os bons resultados permitem que essa prática possa ser usada para auxiliar produtores interessados no abate autorizado de javalis e Java porcos, animais exóticos, selvagens, cuja população está se expandindo e que causam grandes prejuízos.

*Agrônomo, PhD Cornell University, Animal Science, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Publicado originalmente na Revista Balde Branco - março 2019

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A propriedade pecuária deve oferecer água de qualidade aos animais. Disponibilizar água em quantidade suficiente e com qualidade garante que o animal mantenha as condições ideais de sanidade e bem-estar e produza alimentos seguros.

Qualquer situação incomum relacionada à água como, por exemplo, alterações no odor, na cor e impactos negativos no desempenho e na condição de saúde dos animais, deve ser motivo para se realizar a análise da água .

A presença de substâncias em concentrações acima do permitido na água consumida pelos animais de produção representa um risco à saúde animal e à segurança dos alimentos.

No entanto, poucos países têm critérios de qualidade da água específicos para os animais de produção. O Brasil tem duas resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que determinam os padrões da água para consumo animal.

Pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) e da Unicamp (Limeira-SP) analisaram legislações de países que têm padrões definidos para o consumo de água de animais e a partir disso propuseram um protocolo para definição de padrões de qualidade da água para a pecuária brasileira.

O estudo foi publicado nesta semana na revista internacional Regulatory Toxicology and Pharmacology.

Pesquisas e informações sobre os critérios de qualidade da água para a pecuária são limitados em todo o mundo. Atualmente, o Canadá é referência nessa área.

Alguns países estabelecem valores máximos com base na ocorrência de compostos químicos em águas superficiais e subterrâneas, toxicidade para as espécies ou, ainda, aplicam os mesmos critérios de qualidade para consumo humano. O Brasil utiliza valores de outros países, que possuem realidades diferentes.

Pela importância social e econômica da atividade pecuária no Brasil e pelas constantes ameaças que as fontes de água estão expostas, é essencial estabelecer métodos para determinar padrões de qualidade que considerem as realidades produtivas e ambientais do país. O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina e de aves e o quarto maior produtor de carne do mundo.

De acordo com o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa, o padrão de qualidade da água para consumo de animais é resultado da interação de vários fatores produtivos, ambientais e da química do elemento que está sendo considerado. Por exemplo, o nitrato está presente nas águas e na dieta dos animais. Dessa forma, para estabelecer um padrão para esse elemento, deve-se considerar a fisiologia animal, o tipo de dieta, o tempo de exposição e a dinâmica química do nitrato.

A aplicação direta dos padrões de qualidade da água para consumo humano em animais não é considerada apropriada pelos pesquisadores. Eles sugerem que os estudos toxicológicos para o estabelecimento dos padrões de qualidade da água para as espécies animais deveriam considerar as realidades da pecuária, ou seja, levar em conta o tempo de vida dos animais de produção. “Ao invés de usar padrões de qualidade da água para humanos na ausência de dados toxicológicos suficientes, os padrões poderiam ser baseados em dados toxicológicos de animais experimentais de duração menor usando a proporção de peso corporal/ingestão diária de água”, explica Simone Valente-Campos, da Unicamp.

Padrão brasileiro
O estabelecimento de padrões próprios, com base científica e transparente, seria benéfico para a saúde única do sistema, que inclui a saúde humana, animal e ambiental.

Há vários estudos brasileiros que mostram a contaminação da água por substâncias, incluindo pesticidas, hormônios, fármacos, antibióticos e fertilizantes. “A determinação de padrões de qualidade da água para os animais não é uma tarefa fácil, mas o protocolo proposto pelo grupo de pesquisa fornece a base para que estudos nacionais sejam desenvolvidos, tendo como resultados padrões específicos para o consumo de água pelos animais”, ressalta Julio Palhares.

Gisele Rosso (MTb/3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

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O Congresso Brasileiro de Agroinformática (SBIAgro 2019) é o principal evento científico da área de informática aplicada à agricultura no Brasil promovendo o compartilhamento de resultados de pesquisas, troca de ideias sobre trabalhos em andamento e a inovação que vem ocorrendo no setor e terá como tema principal “IoT na Agricultura”, visão atual e futura.


O congresso é promovido pela Associação Brasileira de Agroinformática (SBIAgro), e este ano, em sua XII edição será realizado entre os dias 11 e 14 de novembro de 2019, na Faculdade de Tecnologia de São Paulo – Fatec, campus de Indaiatuba, SP, localizada numa região conhecida como o Vale do Silício Brasileiro, pela forte presença de empresas de alta tecnologia, faculdades e universidades de renome internacional.


O Congresso será organizado pela Fatec, Embrapa Informática Agropecuária e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A expectativa dos organizadores é que o evento atraia em média 250 participantes.


O evento é composto por painéis, palestras, apresentação de trabalhos científicos e resumos (apresentados sob a forma de pôsteres), concurso de teses e dissertações além de um concurso de Iniciação Científica. Nesta edição retoma-se a submissão de resumos, a fim de propiciar apresentações de soluções de ferramentas, processos tecnológicos ou resultados parciais de PD&I.


Para estimular a inovação e o negócio na área de Agroinformática, o SBIAgro conta com a segunda edição do Conect@, mantendo o objetivo de promover o relacionamento entre instituições e empresas, designadas como usuários (consumidores), investidores e desenvolvedores de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), ampliando o networking qualificado e o conhecimento de potenciais parceiros de pesquisa e desenvolvimento, entre outros.


Os organizadores acreditam que a integração de diferentes perfis, resultantes da interdisciplinaridade inerente à Agroinformática, irá promover um ambiente propício para o surgimento de projetos, parcerias, negócios, inovação, entre outros.

Chamada de Artigos e Tópicos de Interesse

Os tópicos de interesse incluem, mas não estão limitados, os seguintes:
    •Internet das coisas
    •Automação e Instrumentação
    •Agricultura de Precisão
    •Geotecnologia
    •Modelagem e simulação
    •Redes de sensores
    •Redes sociais no agronegócio
    •Sistemas de informação e Banco de dados
    •Sistemas inteligentes (mineração de dados, redes neurais, sistemas de suporte à decisão etc.)
    •Aplicações de Big Data
    •Tecnologias web no agronegócio
    •omunicação de dados com visualização de informações
    •Dados em Escala
    •Aprendizado de máquina
    •Integração e interoperabilidade de dados
    •TI aplicada à gestão do agronegócio
    •TI aplicada à logística de produtos agrícolas

Os trabalhos deverão ser submetidos conforme os padrões definidos pela Comissão Científica. Eles serão publicados no site do Congresso.

Serão aceitos três tipos de trabalhos: artigos, artigos para o concurso de Iniciação Científica (Concurso de IC) e resumos.

Os artigos serão apresentados em Sessão Oral e os resumos em Sessão de Pôsteres. Os finalistas do Concurso de IC farão uma apresentação em Sessão Oral e serão submetidos à arguição por uma banca de avaliadores. Todos os apresentadores deverão se inscrever no evento e cada um poderá apresentar, no máximo, dois trabalhos.

Os resumos devem ter no máximo 2 páginas; já os artigos, de 6 a 10 páginas. Serão aceitos trabalhos em português ou inglês. Todos os trabalhos deverão ter os dados dos autores e suas afiliações removidos na fase de submissão para garantir o anonimato no processo de revisão, que será às cegas.

A análise dos trabalhos será realizada por um Comitê Técnico-Científico formado por profissionais das diversas áreas de interesse, que levará em conta a originalidade, a pertinência do tema, o rigor científico, a clareza e a qualidade da apresentação. Os artigos do Concurso de IC também serão avaliados pelos critérios de relevância para o concurso, qualidade da pesquisa, qualidade da redação, clareza/compreensão, adequação metodológica, discussão dos resultados, originalidade e adequação ao formato. O Comitê Técnico-Científico do SBIAgro 2019 selecionará os melhores trabalhos, que receberão certificados e premiações.

A submissão de trabalhos poderá ser realizada por meio de sistema informatizado, disponível no site do Congresso, a partir de 1º de junho de 2019.

Para esclarecer dúvidas ou obter outras informações, envie um e-mail para: cnptia.sbiagro2019@embrapa.br

Prazos para submissão

Submissão de Artigos: 1º de junho de 2019 a 30 de junho de 2019
Submissão de Artigos para o Concurso de IC: 1º junho de 2019 a 30 de junho de 2019
Submissão de Resumos: 1º de junho de 2019 a 4 de agosto de 2019

Para mais informações: https://www.embrapa.br/sbiagro/iot-na-agricultura

Fonte: Portal Embrapa

 

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Saiu o resultado do sorteio de vagas para o E@D Leite:

Utilizamos o site sorteioGo!

Os sorteados foram:

Curso Silagem de Capim

1 - Ana Maria Nunes Gomes
2 - Débora Gomide

Curso Amostragem, Transporte e Coleta do Leite

1 - Joana Ferrez
2 - Rubia da Costa Vaz

Entraremos em contato com os sorteados através de e-mail.

Para assistir o vídeo do sorteio: Clique aqui!

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9846971254?profile=originalMelhora no cenário econômico e safra recorde de grãos devem fazer este ano ser de retomada de crescimento para a pecuária leiteira brasileira. A análise é de pesquisadores da equipe de socioeconomia da Embrapa Gado de Leite (MG) que fizeram um balanço do setor leiteiro no ano que se passou.

Segundo Glauco Carvalho, um dos integrantes da equipe, quando forem publicados os índices do período, a atividade deve fechar o ano estagnada ou crescer muito pouco em relação a 2017. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), naquele ano, a produção de leite inspecionado cresceu 5%, após um biênio complicado: 2015 (queda de 2,8%) e 2016 (queda de 3,7%). Isso significa que o setor deve fechar 2018 com um volume anual menor que o ano de 2014, antes da intensificação da crise econômica, quando a produção inspecionada foi de 24,7 bilhões de litros de leite e o volume total chegou a 35,1 bilhões de litros.

“Embora o produtor de leite esteja acostumado com desafios e sobressaltos, 2018 foi atípico, desafiando o produtor em diversos aspectos”, observa Carvalho. O primeiro desafio, de acordo com o especialista, foi o preço do litro de leite pago ao produtor, que começou o ano em cerca de R$1,20 (pouco acima do que era pago em 2016, no auge da crise).

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Além dos preços baixos no início do ano, o custo de produção ficou elevado, fechando o primeiro semestre com alta de quase 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os itens que mais tiveram impacto na rentabilidade do pecuarista foram os ligados à alimentação do rebanho (concentrado, produção de volumosos e sal mineral). Os preços do milho e da soja subiram em plena safra devido à quebra da produção de grãos na Argentina e à redução da safra brasileira de milho, entre outros fatores.

Alta de 18,5% dos custos em 12 meses

Os preços internacionais dos grãos também foram influenciados pela forte valorização do dólar frente ao real e pelos reflexos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Somados ao aumento dos preços da energia e do combustível no Brasil, isso levou a uma alta de 18,5% nos custos de produção no período de outubro de 2017 a outubro de 2018. Dessa forma, o preço real ao produtor em 2018, deflacionado pelo custo de produção, registrou queda de 1,5% em relação a 2017.

Outro desafio foi a greve dos caminhoneiros, que além de afetar a produção primária, comprometendo a alimentação dos animais, paralisou as atividades da indústria e consumiu os estoques dos laticínios e dos varejistas. Em maio, quando ocorreu a greve, registrou-se o pior índice que se tem notícia para um único mês, com a produção ficando 9,3% mais baixa em relação a maio do ano anterior. Esse número revela que deixaram de ser captados 176,7 milhões de litros de leite. Sem poder escoar a produção durante os dez dias de paralisação, a conta da greve foi paga pelos pecuaristas e laticínios.


Leite argentino e uruguaio mais competitivo

O terceiro desafio veio de fora. Argentina e Uruguai, os principais exportadores de leite do Mercosul, apresentaram preços mais competitivos que o Brasil, com o produto chegando a custar R$ 1,00 o litro. Por aqui, no pico do preço, o produtor chegou a receber pelo litro de leite acima R$ 1,50. Com valores dos países vizinhos tão baixos, a importação foi estimulada, principalmente no último trimestre. “O País continua sendo um importador líquido e devemos fechar 2018 com um déficit de meio bilhão de dólares, o que equivale a um bilhão de litros de leite”, frisa Carvalho.

O cenário mundial, para além do Mercosul, também não é favorável aos preços. Segundo o índice do Global Dairy Trade (GDT), o leite em pó integral foi vendido, na primeira semana de dezembro, a US$ 2.667,00 a tonelada. Nos últimos três anos, a melhor cotação ocorreu em dezembro de 2016: cerca de US$ 3.600,00.

Já o quarto desafio é um velho conhecido da cadeia produtiva do leite: o fraco desempenho do consumo de produtos lácteos, associado à baixa renda da população. Apesar da tímida recuperação da economia, a taxa de desemprego ainda é alta (11,6%). O pesquisador da Embrapa Gado de Leite João César Resende diz que o consumo de lácteos é bastante sensível às variações do poder de compra do consumidor. Segundo ele, quando há uma retração da economia, produtos como iogurte e queijo são alguns dos primeiros a serem eliminados da lista de compras.

Mesmo com o litro do leite UHT sendo vendido a R$ 1,85 em alguns supermercados, no quarto trimestre, a demanda não demonstrou fôlego para se aquecer. As previsões para o PIB também decepcionaram. Em janeiro, a expectativa dos economistas era de que o PIB fechasse 2018 com um crescimento de 2,66%. No fim do ano, a expectativa caiu para 1,30%

Os pesquisadores acreditam que 2019 será melhor para a cadeia produtiva do leite. A primeira barreira a ser superada diz respeito aos preços dos concorrentes no Mercosul. O analista da Embrapa, Denis Teixeira da Rocha, afirma que os preços praticados pelos parceiros do Cone Sul não são sustentáveis e devem, em algum momento, voltar à realidade. “Devido à rentabilidade negativa, nos últimos anos, três grandes laticínios fecharam suas portas no Uruguai”, destaca Rocha.


O mundo precisará de mais leite

Com relação ao mercado global, durante a conferência anual da International Farm Comparison Network (IFCN), em 2018, realizada em Parma, na Itália, os especialistas estimaram um crescimento um pouco mais robusto na demanda de lácteos para 2019. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock, que representou o Brasil na conferência, as estimativas do IFCN são que, para atender à demanda por produtos lácteos em 2030, o setor deverá aumentar a produção em 304 milhões de toneladas por ano. Isso equivale a três vezes a produção leiteira dos Estados Unidos, atualmente. Para ativar essa produção, o IFCN acredita que o preço do leite mundial atinja US$0,40, valor superior à média histórica.

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Internamente, a expectativa de mudanças na economia com o novo governo tem animado o mercado. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê um crescimento da economia brasileira de 2,1%. Já o mercado espera por um índice um pouco maior: 2,5%. De qualquer forma, segundo Carvalho, será o ritmo de andamento das reformas que irá ditar o compasso do mercado para este ano.

Para o pesquisador, há uma demanda reprimida por produtos lácteos que se arrasta por anos e algum crescimento econômico irá impulsionar a venda desses produtos. Carvalho acredita ainda em melhoria nas margens de lucro dos laticínios, que se encontram baixas desde meados de 2016.

Mais grãos, menos custos com alimentação

No que diz respeito aos lucros do produtor, 2019 começou com os preços em patamares um pouco mais elevados que os do início do ano anterior. A boa produção de grãos da safra 2018/2019, que pela expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve superar 230 milhões de toneladas, é um ponto positivo para a pecuária de leite. O recorde nas safras de soja e milho contribui para o recuo nos custos com a alimentação das vacas, sobretudo a produção de concentrados. “A redução do preço de importantes insumos deve melhorar a rentabilidade das fazendas, culminando na expansão da produção leiteira em 2019”, conclui Carvalho.

Rubens Neiva (MTb 5445/MG)
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A alimentação inadequada ou insuficiente do rebanho é responsável pelo baixo desempenho da produção brasileira de leite, especialmente nas pequenas e médias propriedades. O problema foi considerado o mais importante da pecuária leiteira nacional por técnicos e pesquisadores que atuam no Balde Cheio, programa da Embrapa que capacita profissionais da extensão rural.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil tem pouco mais de um milhão de propriedades leiteiras, responsáveis pela produção de 35 bilhões de litros de leite por ano. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Glauco Carvalho, apenas a metade desse contingente pode ser considerada de produtores comerciais (que entregam leite aos laticínios). “Embora o Brasil tenha fazendas com produtividade comparável à dos maiores países do mundo, a grande maioria dos produtores brasileiros tira em torno de 100 litros por dia”, diz o pesquisador. E são essas pequenas e médias propriedades que sofrem o problema da alimentação do rebanho.

O Balde Cheio, programa que permitiu esse diagnóstico, completou 20 anos em 2018 e já atendeu cerca de dez mil pecuaristas. O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Artur Chinelato, idealizador do programa, já visitou centenas de propriedades no País e afirma que a alimentação dos animais é a principal responsável pela baixa produtividade das fazendas que ingressam no Balde Cheio. É tão comum que o cientista criou até uma brincadeira com os produtores que aumentam a produção quando corrigem a alimentação do rebanho: pedir perdão às vacas por as terem tratado tão mal.

A afirmação de Chinelato é compartilhada por todos os técnicos e pesquisadores do programa. O engenheiro-agrônomo Walter Miguel Ribeiro, coordenador do Balde Cheio em Minas Gerais pela Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (FAEMG), insiste em suas palestras que a genética só vai se tornar um gargalo quando a vaca estiver sendo alimentada com qualidade e quantidade suficientes.

“Às vezes a vaca não mostra sua qualidade genética em termos de produção de leite porque está passando fome”, alerta. Segundo Ribeiro, os produtores acreditam que, para produzir muito, o animal tem que comer ração; por isso, não se preocupam em ter um bom volumoso (capim, silagem, feno etc com bom teor de nutrientes) na propriedade ou mesmo água de qualidade. “Visitamos muitas fazendas onde os animais ainda bebem água em córregos ou em buracos cheios de lama”, relata ao frisar que em condições assim, o resultado da produção é influenciado diretamente.

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Como calcular o pasto suficiente

De modo geral, as pastagens rotacionadas são a forma mais comum para alimentar o rebanho. A área de pastagem depende da capacidade de investimento do produtor. As adubações para recuperar a fertilidade do solo precisam ser mantidas. A área máxima trabalhada no primeiro ano é definida pela seguinte equação: número de vacas em lactação dividido por dois, e o resultado deve ser dividido por dez, que é a lotação mínima de vacas por hectare, esperada em pastagens corretamente adubadas e manejadas. Por exemplo, um rebanho com média de 20 vacas em lactação ao longo do ano deve trabalhar no primeiro ano com um hectare de pastagem rotacionada.

Cada propriedade deve definir qual o alimento volumoso será utilizado no período de menor produção das gramíneas forrageiras tropicais. As opções podem ser cana-de-açúcar, palma forrageira, feno ou silagens. O uso de alimentos concentrados também é estudado caso a caso, considerando o nível de produção, a qualidade do volumoso e a viabilidade econômica local.

O Balde Cheio é um projeto de capacitação continuada de profissionais que atuam na extensão rural, utilizando uma pequena propriedade de cunho familiar como “sala de aula prática”. Nesse ambiente, instrutores, técnicos e produtores combinam as tarefas a serem executadas na propriedade leiteira, visando torná-la eficiente e rentável. Artur Chinelato (veja entrevista abaixo) afirma que o programa não utiliza um pacote tecnológico fixo. “Os técnicos são treinados a interpretar as diferenças agroecológicas de cada propriedade, assim como a complexidade dos diferentes perfis de produtores.” O treinamento aplica conceitos de produção intensiva de leite.

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Rubens Neiva (MTb 5445/MG)
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Fonte: Embrapa

 



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9846967892?profile=originalFoto: Rubens Neiva

Um kit tecnológico para identificar as principais bactérias causadoras da mastite, na própria fazenda, com diagnóstico em 24 horas, foi a solução vencedora do Desafio de Startups, promovido pela Embrapa Gado de Leite. O kit é composto por material de consumo para a realização do teste de mastite, uma cabine de trabalho portátil (minilaboratório) e um app (aplicativo) que faz a gestão do controle da mastite, permitindo o monitoramento remoto e gerando indicadores de performance do controle da doença. A mastite é um problema grave na pecuária de leite. A incidência mensal média da fase crítica da doença é de 10% das vacas do rebanho. Deste índice, de 30% a 50% das vacas necessitam de tratamento com antibióticos.

Para Cristian Martins, diretor de operações da startup vencedora, que leva o nome de OnFarm, o diagnóstico da doença em 24 horas geram benefícios não somente para o produtor. “Além de reduzir a resistência bacteriana causada pelo uso indiscriminado de antibióticos, a solução possibilita melhores estratégias de controle da mastite subclínica, como segregação, interrupção da lactação e orientação de descarte do leite. Isso significa um alimento mais seguro”.

Como é comum entre as startups, a OnFarm é uma empresa jovem. Foi fundada há três meses em Uberlândia, durante o Interleite Brasil (congresso que discute os problemas da cadeia produtiva do leite). Segundo Cristian Martins, em apenas dois meses, a startup colocou mais de 30 unidades em operação, permitindo o monitoramento de 12 mil vacas. “Cerca de dois mil casos de mastite clinica foram avaliados. Desses, 540 casos que recebiam antibiótico no procedimento convencional puderam ficar sem tratamento, o que resultou no aproveitamento de 47 mil litros de leite e na economia de mil bisnagas de antibióticos”.

A OnFarm foi uma das 70 startups que participaram do desafio, evento que faz parte do Ideas for Milk, encerrado na última sexta-feira, no Cubo Itaú, em São Paulo. Participaram da finalíssima, sete startups. Entre as três primeiras colocadas, estão:

- 2º Colocado – CowMed. Solução: coleira capaz de mensurar os principais parâmetros comportamentais das vacas, como tempo de ruminação, atividade e ócio. Os dados são coletados por antenas e enviados para a “nuvem”, onde uma ferramenta de inteligência artificial analisa os animais e alerta os produtores sobre eventos de cio, melhor momento para inseminar, doenças em estágios inicial e alterações nos lotes de vacas.

- 3º Colocado – Z2S. Solução: conjunto automático para a limpeza de ordenhadeiras canalizadas. Compreende três sistemas que podem ser integrados ou utilizados separadamente. O processo de limpeza automático inclui o controle de temperatura do leite, dosagem precisa de produtos químicos e acionamento dos motores do equipamento. Segundo os idealizadores da solução, os sistemas proporcionam a melhoria da qualidade do leite, com redução de 87% da Contagem Bacteriana Total (CBT).

Revolução digital – O Ideas for Milk é parte de uma revolução silenciosa que está mudando os paradigmas no campo. Aos poucos, expressões como “inteligência artificial”, “cloud computing”, “API” e “IoT” começam a competir com “cocho”, “brete”, “curral” e “ordenhadeira” no vocabulário do produtor de leite. O setor rural brasileiro, que há pouco tempo convivia com problemas estruturais básicos (ainda convive, em muitos locais) está, cada vez mais, inserido no mundo da informática. “As empresas de Internet estão entrando no campo de forma absoluta”, diz Jaqueline Capeli, gerente do laboratório agrícola da Bovcontrol, empresa de “agtech”, cujo “app” faz a gestão econômica e zootécnica de uma unidade de produção pecuária. Aliás, “agtech” e “app” são, também, duas novas expressões desse universo digital.

Para que o leitor, que ainda não está completamente inserido na revolução digital, não tenha que recorrer ao “Google” para se informar sobre essas expressões e interrompa a leitura desta reportagem, vamos esclarecer alguns termos: “agtech” é o ambiente de empresas que promovem inovações no agronegócio por meio das novas tecnologias. Tais inovações costumam se apoiar em “IoT”, Internet of things (Internet das Coisas, em português), conectando pessoas com as coisas da vida cotidiana. A IoT utiliza as “API” como interface na programação dos “apps”, os aplicativos (softwares) que irão promover a conexão entre o mundo real e o virtual. Esses apps podem utilizar a cloud computing(ou computação em nuvem), servidores remotos com grande capacidade de armazenamento e processamento, que darão funcionalidade aos aplicativos.

Confuso? Uma revolução não se faz de forma simples, mas seus resultados podem, sim, simplificar a vida do produtor rural de forma tão intensa como está simplificando a vida da humanidade em todas as áreas. O problema é que os desenvolvedores dessas tecnologias, muitas vezes não estão no campo. São estudantes, professores e pesquisadores de universidades, distantes dos problemas do produtor rural.

O Ideas for Milk, que em 2018 realizou a sua terceira edição, é uma tentativa de se promover essa aproximação. “Nosso objetivo é fomentar o surgimento de um ecossistema, reunindo empresas, universidades, pesquisa agropecuária e o setor produtivo, capaz não apenas de apresentar soluções, mas de empreender, transformando as soluções em novas startups para a cadeia produtiva do leite”, diz o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins.

Além do “Desafio de Startups”, fez parte do Ideas for Milk o Vacathon, um hackathon que acrescentou a “vaca” para ter a cara da pecuária de leite. Aliás, “hackathon” é outro termo surgido com a revolução digital, que cabe explicar aqui: trata-se de uma maratona de programação computacional na qual especialistas em ferramentas digitais se reúnem (por horas, dias ou semanas) no intuito de discutir novas ideias e desenvolver projetos de softwares ou de hardwares. O analista de IoT da Microsoft, Alexandre Vasques Gonçalves diz que “coisas muito bacanas nascem em hackathons como esse”.

O Vacathon durou cinco dias (de seis a dez de novembro), nos quais cerca de 90 estudantes ficaram acampados na sede da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora - MG. Nesse período, Gonçalves, Jaqueline, e outros representantes de empresas de Tecnologia da Informação, juntamente com pesquisadores e analistas da Embrapa foram os mentores dos estudantes, que também visitaram o campo experimental da empresa, em Coronel Pacheco – MG e conheceram o laticínio da Epamig, no Instituto de Laticínios Cândido Tostes, também em Juiz de Fora.

Os estudantes viraram noites estudando os problemas da cadeia produtiva do leite atrás de soluções. Mas o trabalho foi recompensado. O arquiteto de soluções da Cisco Innovation Center no Brasil, Edson Barbosa, que participa do Ideas for Milk desde o primeiro momento, diz que houve uma grande evolução nas ideias do Vacathon comparado ao ano passado. “As ideias vieram pré-formatadas e cresceram durante o evento com as mentorias”, afirma Barbosa. O especialista em inovação da TIM, Fabiano de Souza compartilha a impressão de Barbosa: “O Vacathon deste ano foi mais maduro, evoluindo das ideias para o protótipo”.

Resultado do Vacathon – Participaram do evento 16 instituições de ensino do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Pernambuco. Os alunos se dividiram em 15 times. As propostas foram avaliadas por 52 julgadores, entre pesquisadores e analistas da Embrapa, profissionais de TI, empresas ligadas ao agronegócio do leite e produtores. O projeto de aplicativo que os estudantes da PUC Minas, em Betim-MG, chamaram informalmente de Tinder Bovis, foi o primeiro colocado. A ferramenta leva o nome oficial de “I2A CONECT”. É um software de convergência de dados que pretende reunir, num único aplicativo, informações sobre as características dos touros cadastrados nas diferentes centrais de inseminação e nas associações de produtores. Por meio do app, voltado para dispositivos móveis (celular e tablet), o produtor insere informações sobre as fêmeas e identifica o sêmen ideal para as necessidades do seu empreendimento, ou seja, com melhor custo benefício para o padrão genético de seu rebanho.

O professor da PUC Minas, Ilo Rivero, que acompanhou os alunos na formulação da ideia, diz que a solução surgiu durante o próprio evento, a partir dos problemas que eles identificaram na visita ao campo experimental da Embrapa e ao laticínio da Epamig. O estudante Bruno Guimarães, que integra a equipe vencedora, disse que, atualmente, as informações sobre os touros estão dispersas nos catálogos das centrais de inseminação e nos sumários dos programas de melhoramento genético das raças leiteiras, desenvolvidos pela Embrapa junto com as associações de criadores. “O I2A CONECT irá promover uma integração desses dados, ‘conectando touro e vaca’, auxiliando o produtor nas estratégias de reprodução do seu rebanho”. Segundo Guimarães, a ideia chamou a atenção de representantes da Microsoft, da Alta Genetics e de um grande produtor de leite presente no evento.

Além da equipe da PUC Minas, completam as cinco primeiras colocações:

- 2º colocado: Universidade Federal de Pernambuco – Solução apresentada: MOOVS – Identifica os movimentos da vaca por meio de câmeras, auxiliando na detecção de cio e na identificação de problemas de saúde no rebanho.

- 3º colocado: Universidade Federal de Lavras – MILKTHING – Por meio de imagens 3D, o aplicativo estima o consumo de alimento no cocho pelos animais, auxiliando no manejo alimentar do rebanho.

- 4º colocado: Universidade Federal de Viçosa – VOLUTECH – Sensor para medir com precisão o volume do leite nos tanques de resfriamento. A solução também medirá a temperatura do leite no tanque e enviará o dado para um aplicativo.

- 5º colocado: Instituto Metodista Granbery – Solução apresentada: - MUUVOICE – Aplicativo de voz que auxilia no manejo do rebanho, permitindo o registro de dados sobre mastite clínica e outros problemas de saúde animal.

Martins comemora o sucesso do evento: “Estamos conseguindo criar um ecossistema que envolve empresas de TI, universidades e produtores de leite. Essa é a maior vitória do Ideas for Milk”. É certo que o setor rural ainda enfrenta muitos problemas de infraestrutura. Mauro Carrusca, CEO da Carrusca Innovation, diz que o Brasil chegou ao século XXI, convivendo com modelos do século passado. “Estamos no ponto de inflexão entre o modelo digital e o analógico”. Mas é preciso enfrentar os desafios. Como diz o Barbosa, “o Brasil sempre terá grandes distâncias, mas as tecnologias estão se expandindo e o alcance da internet está aumentando, contribuindo para encurtar, virtualmente, essas distâncias”.

Como a máquina a vapor, grande propulsora da primeira revolução industrial, há 250 anos, a Internet surge transformando o mundo, tornando mais fácil a existência humana. “A primeira revolução industrial aumentou nossa força física. A quarta revolução industrial, pela qual estamos passando, está aumentando a nossa capacidade cognitiva”, diz Cézar Taurion, CEO da Litteris Consulting. O campo não está alheio a essa revolução.

Rubens Neiva (MTB 5445)
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Olá,

Você pode contribuir na geração de soluções tecnológicas em sintonia com as necessidades do setor.

Iremos definir metas prioritárias para a aplicação de recursos em pesquisa para os próximos cinco anos.

Vamos construir o Planejamento de Atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Gado de Leite.

Participe da construção da nossa agenda.

Por favor, doe um pouco do seu tempo, do seu conhecimento e da sua visão de mundo, preenchendo o questionário que está disponível no link abaixo.

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O futuro do leite passa pela pesquisa. E as prioridades de pesquisa passam pela sua participação.

Pedro Braga Arcuri, Chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento

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9846972670?profile=originalInscreva-se no Desafio de Startups até 28/10

Empreendedores, estudantes e jovens empresários com ideias criativas e inovadoras para o AGRONEGÓCIO DO LEITE têm até o dia 28 de outubro de 2018 para se inscrever para o DESAFIO DE STARTUPS. As propostas passarão por uma etapa seletiva e a final será 30 de novembro no Cubo, em São Paulo.

Clique aqui para fazer a inscrição gratuita!

Acompanhe novidades pelas redes sociais: facebook.com/ideasformilk e, no Instagram, @ideasformilk_br.

O DESAFIO DE STARTUPS faz parte do IDEAS FOR MILK, movimento liderado pela Embrapa Gado de Leite, que incorpora tecnologia digital ao mundo do leite. O objetivo é aumentar o nível de inovação da cadeia do leite, elevando a eficiência desde a fazenda até a relação com o consumidor final, com respeito aos animais, ao meio ambiente e à sociedade de maneira geral.

“A agronegócio do leite é uma das mais importantes cadeias da produção de alimentos no Brasil. São mais de 1 milhão de propriedades leiteiras e milhares de empresas de insumos, equipamentos, processamento, industrialização e distribuição de produtos lácteos. Essa diversidade e amplitude de um negócio que movimenta cerca de R$ 70 bilhões por ano abre fantásticas possibilidades de inovação nas várias áreas”, explica Paulo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite.

O DESAFIO DE STARTUPS é uma oportunidade para jovens empreendedores apresentarem suas ideias e atraírem investimentos de grandes corporações que valorizam a inovação. Para isso é preciso somar conhecimentos ligados ao agronegócio e à tecnologia da informação (TI). “As ideias criativas e inovadoras podem se transformar em negócios sólidos e recompensadores”, complementa Martins.

Para sua agtech decolar - As propostas inscritas no DESAFIO DE STARTUPS serão avaliadas por empresários, investidores, pesquisadores, grandes produtores de leite e especialistas em TI/inovação. Além disso, as finalistas viajam para São Paulo com despesas de transporte e hospedagem pagas pelo evento.

O IDEAS FOR MILK é uma realização da Embrapa juntamente Qranio, Agripoint, Kick Venture, Carrusca Innovation e Texto Comunicação Corporativa. Em sua trajetória, o projeto já atraiu mais de 50 empresas e entidades parceiras, além de 25 instituições de ensino superior.

Monique Oliveira
Embrapa Gado de Leite

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Fonte: Embrapa Gado de Leite

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Ideas for Milk: inscrições abertas!

9846970872?profile=original9846970897?profile=originalAs inscrições estão abertas para o maior evento brasileiro do agronegócio do leite 4.0!

A terceira edição do Desafio de Startups do agronegócio do leite e o segundo bootcamp em uma fazenda leiteira seguido de maratona de programação, o Vacathon, estão confirmados. Os dois eventos compõem o Ideas for Milk, criado para impulsionar o desenvolvimento do ecossistema de inovação neste setor da economia.

Saiba mais sobre cada evento:

Desafio de Startups – 01/12/18 – São Paulo/SP
Uma competição entre empreendedores com objetivo de impulsionar o crescimento da cadeia de leite e derivados, gerando negócios lucrativos vinculados a startups.

Vacathon – 06 a 11/11/18 – Juiz de Fora/MG
5 dias de maratona e competição com os times das melhores instituições do Brasil.

Quer empreender e ganhar dinheiro com o agronegócio? Clique aqui e faça sua inscrição para o Desafio de Startups!

Para mais informações, acesse o site http://www.ideasformilk.com.br

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