Dados do Censo Agropecuário mostram que o número de estabelecimentos agropecuários no Brasil, sobretudo os de até 10 ha, cresceu de 4,9 milhões em 1970 para cerca de 5,17 milhões em 2006 com significativo crescimento de empreendendores em detrimento de parceiros, meeiros, ocupantes e outros não-empreendendores.
Quando se analisa a estratificação desses estabelecimentos em 2006, com base na produção e renda bruta mensal tem-se uma interessante situação:
a) Cerca de 8% dos estabelecimentos respondem por aproximados 85% do valor da produção, com renda bruta mensal superior a 10 salários mínimos (cerca de R$ 300,00) da época;
b) Cerca de 19% dos estabelecimentos respondem por aproximados 11% do valor da produção, com renda mensal bruta variando entre 2 e 10 salários mínimos da época; e
c) Cerca de 73% dos estabelecimentos (quase 3,76 milhões) respondem apenas por 4% do valor da produção, gerando uma renda bruta mensal inferior a 2 salários mínimos da época. Mais de 2 milhões dessas propriedades estão no Nordeste.
Cálculos, feitos a partir dos dados mostram que o tamanho da propriedade não foi o fator indutor da concentração de produção e renda: naquele primeiro grupo de estabelecimentos, a concentração de renda é maior nas propriedades com área até 100 hectares do que naquelas com área superior a 100 ha. Esses dados lhes sugerem que o fator determinante da concentração de renda foi o uso de conhecimentos e tecnologias, ou seja, a facilidade de acesso e capacidade de adoção de tecnologias desses empreendedores vis a vis a falta dessas condicionantes para outros empreendedores. Os dados indicam também que a maioria dessas propriedades, sobretudo aquelas com área superior a 100 ha apresentam renda líquida negativa, o que evidencia que os conhecimentos de planejamento e administração do sistema produtivo e de relacionamento com os mercados são carências endêmicas.
Fonte: Estudos internos da Embrapa