sistemas silvipastoris (4)

Dia de Campo em iLPF no Ribeirão do Boi

Entre os dias 12 e 14/05, a Embrapa Gado de Leite participou do II Dia de campo em Produção Sustentável de Leite do Território Ribeirão do Boi, promovido pelo Instituto Bioatlântica.

O evento foi realizado na Unidade de Referência Tecnológica em Produção Sustentável de Leite do Território Ribeirão do Boi, Sítio Deus é Fiel, distrito de São Cândido, Caratinga-MG.
9846966253?profile=originalLocalização da URT - Sítio Deus é Fiel

A URT em Produção Sustentável de Leite, inserida no Projeto Território Sustentável do Ribeirão do Boi, é fruto da parceria entre o IBIO e a EMBRAPA Gado de Leite e tem o apoio do Instituto Estadual de Florestas de MG, do Laboratório de Etologia Aplicada da Universidade de Santa Catarina- LETA-UFSC e da Secretaria Municipal de Agronegócio de Caratinga.

9846965694?profile=originalPlaca de referência da URT.

Foi estabelecida em dezembro de 2014 em uma área de pastagem degradada. A URT se constitui em um sistema agrossilvipastoril com o estabelecimento de linhas de árvores de eucalipto espaçadas em 20 metros. Nestas entrelinhas foi realizado o plantio de milho e braquiária, visando a produção de silagem para alimentação animal e a recuperação da pastagem.


As linhas de árvores foram protegidas com o uso de cerca elétrica e nas áreas de pastagem foram estabelecidos piquetes para orientar o manejo do pastejo rotacionado.

9846966693?profile=originalLinhas de árvores protegidas por cerca elétrica

9846967691?profile=originalPiqueteamento nas entrelinhas

Foram realizadas 5 estações:

1) O trabalho do IBIO na Região do Ribeirão do Boi (Narliane Martins – Ibio)

2) O desenvolvimento da URT em ILPF no Sítio Deus é Fiel (Sebastião Rocha Oliveira – Proprietário)

3) O estado da arte do sistema ILPF (Marcelo Dias Müller – Embrapa Gado de Leite)

4) Pastejo rotacionado – o Sistema Voisin (Thomás Ferreira – IBIO)

5) Discussão sobre manejo da URT de ILPF no Sítio Deus é Fiel.

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Uso do componente florestal nos sistemas de iLPF

Pessoal,

Neste post, venho ressaltar a importância do componente florestal nos sistemas de iLPF.

Além do conforto animal, proporcionado pela sombra, as árvores representam uma importante alternativa de renda.

Atualmente, fala-se muito a respeito do preço da madeira, que tem decepcionado produtores que investiram em plantios florestais pensando em vender a madeira para a produção de carvão. Além disso, a crise tem desanimado muita gente. Entretanto, é importante ressaltar que além da lenha para produção de carvão, as árvores podem nos fornecer diversas outras alternativas de utilização, tais como: mourões de cerca (que podem ser tratados a frio na própria propriedade), estruturas para construção de galpões, telhados e etc., madeira serrada para produção de réguas de curral e outros produtos de madeira serrada.

As áreas de produtores que adotam a produção pecuária em sistemas de iLPF, já começam a dar seus frutos.

No município de Coronel Xavier Chaves, por exemplo, plantios de 5 a 7 anos, já estão sendo desbastados para a obtenção de vigas e postes para construção de currais, bem como para produção de mourões de cerca.

9846963059?profile=originalColheita da madeira - árvores com 5 anos de idade e diâmetro médio entre 18 a 20 cm (Foto: Leonardo Calsavara - Emater/MG)

9846963261?profile=originalConstrução de curral - foram colhidas 76 árvores, correspondendo a um volume de 25 m3 de madeira (Foto: Leonardo Calsavara - Emater/MG)

25 m3 de madeira nos preços de hoje (entre R$ 15-20,00), dariam algo em torno de R$ 375 a 500,00. Entretanto, qual o valor que tem uma estrutura como esta?

Aí está a chave do problema. Encontrar alternativas.

9846963686?profile=originalConstrução de curral - Foto: Marcelo Dias Müller (Embrapa Gado de Leite)

Além do benefício econômico, o desbaste proporcionou maior entrada de luz no sistema, o que irá contribuir para diminuição do efeito da sombra na produtividade do pasto.

9846964066?profile=originalEfeito do desbaste - A sombra proporciona efeitos positivos tanto para o conforto animal quanto para a qualidade da pastagem. Entretanto, sombra em excesso, inevitavelmente irá causar diminuição da produção do pasto. Daí é que é importante a prática do desbaste que, além de fornecer um produto (alternativa de renda), aumenta a luz para o pasto, mantendo a sua produtividades em níveis desejados.

9846964094?profile=originalColheita de madeira em área com 8 anos de idade com diâmetro a altura do peito variando entre 20 e 25 cm. Neste caso a madeira é utilizada para venda como lenha para padarias e parte é utilizada na própria fazenda como mourão de cerca (cujo tratamento é feito na propriedade, a frio)

9846964682?profile=originalTratamento de mourões - tratamento a frio realizado dentro da área do plantio.

9846965452?profile=originalEstoque de mourões.

9846965889?profile=originalUso de mourões de cerca para proteção da APP - mourões produzidos na própria propriedade utilizados para regularização ambiental, com a proteção da APP cilliar. Pode-se, observar a regeneração da APP ciliar, favorecida pela instalação da cerca.

A utilização de mourões produzidos na propriedade favoreceu a regularização ambiental com baixíssimo custo, uma vez que estes mourões "feitos em casa" custam até três vezes menos se comparados àqueles encontrados no mercado para venda.

Resumindo, as alternativas são inúmeras. Devemos atentar para o custo de oportunidade e não somente para as alternativas de mercado. Existem possibilidades inúmeras de criarmos mercado para este produto.

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Sistemas Silvipastoris e serviços ambientais

Prezados,

Depois de um longo tempo, volto às postagens.

Bom desta vez é para compartilhar a reportagem veiculada no programa Como Será, no dia 21/11, sobre Carne Neutra.

O programa trata do uso de sistemas silvipastoris como alternativa de uso sustentável da terra com foco em seus serviços ambientais, notadamente o sequestro de carbono e a mitigação do metano entérico emitido pelo gado.

A reportagem foi filmada na Fazenda Triqueda, no município de Coronel Pacheco.

Segue o link da reportagem para que todos possam ver e depois comentar.

http://globoplay.globo.com/v/4621526/

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Prezados,embora seja ampla a minha área de atuação como pesquisador, meus estudos contemplam, principalmente os aspectos inerentes à sustentabilidade dos sistemas de produção agropecuários. Acredito que sem a introdução de árvores em tais sistemas é impossível o alcance da tão almejada sustentabilidade.Por muitos anos a presença de árvores em pastagens foi vista como antagônica ao processo de crescimento e desenvolvimento da pecuária. O interesse da sociedade contemporânea pela associação de árvores/arbustos com pastagens começou a se manifestar nos últimos vinte a trinta anos. Em diversos países, a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas e/ou pecuários vem sendo ameaçada pela retirada do componente arbóreo-arbustivo para atender às demandas crescentes das populações rurais por madeira, lenha e forragem. O reconhecimento da importância que essas exercem na manutenção/reabilitação dos agroecossistemas é apontado como a principal causa desse interesse. Nas regiões tropicais e subtropicais é ainda mais evidente a contribuição das árvores/arbustos para o incremento da produção, qualidade e sustentabilidade das pastagens.São diversos os benefícios decorrentes da manutenção/introdução de árvores/arbustos nas pastagens cultivadas, os quais se manifestam sobre os seus diferentes componentes (clima, solo, microrganismos, plantas forrageiras e animais) em maior ou menor extensão conforme as espécies arbóreas/arbustivas associadas: exploração de camadas mais profundas do solo, absorvendo nutrientes e disponibilizando-os, por meio da decomposição de sua biomassa (serrapilheira composta por folhas, flores, frutos e galhos), nas camadas mais superficiais do solo, ao alcance das raízes das espécies forrageiras herbáceas; amenização ambiental por meio do provimento de sombra, com efeitos positivos sobre o conforto animal que repercutem em sua produtividade; o sistema radicular, mais profundo e com maior diâmetro, atua como suporte físico para o solo, reduzindo a ocorrência de deslizamentos em áreas declivosas; as copas ao interceptarem a água da chuva reduzem sua energia potencial, minimizando seu poder desagregador sobre as partículas do solo, efeito potencializado pela manta orgânica que se forma sobre o solo, devido à deposição da serrapilheira.A conservação do solo e a preservação dos mananciais hídricos dependem, essencialmente, da manutenção de adequada cobertura vegetal; a manutenção dessa cobertura em áreas de pastagens lhes confere grande eficiência na prevenção e controle da erosão. A cobertura vegetal deficiente, como ocorre em pastagens degradadas ou em algum estágio de degradação, deixa o solo exposto aos efeitos prejudiciais dos agentes erosivos e em tais condições as árvores/arbustos exercem decisivo papel na sua conservação e na manutenção/melhoramento da sua fertilidade.A copa das árvores/arbustos confere proteção física para a pastagem consorciada ao reduzir a velocidade dos ventos e o impacto da chuva na superfície do solo, contribuindo para minimizar as perdas de solo e a evaporação de sua umidade. Ao se controlar a erosão hídrica, reduzindo-se o escoamento superficial da água das chuvas, obtêm-se aumento de sua infiltração no solo, contribuindo para o reabastecimento dos lençóis freáticos. A morte e decomposição das raízes das árvores concorre para aumentar a porosidade do solo, também contribuindo para aumentar a taxa de infiltração de água.São vários os estudos que constataram melhorias na fertilidade do solo de pastagens em áreas sob a influência das copas de árvores/arbustos e as espécies que possuem sistema radicular mais profundo são mais eficientes, uma vez que exploram camadas do solo fora do alcance das raízes das plantas forrageiras, geralmente mais superficiais. A incorporação gradativa da biomassa das espécies arbóreo-arbustivas ao solo é outra via para o seu enriquecimento e esse efeito é maior quando tais espécies são leguminosas capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. Tem-se argumentado que o efeito do sombreamento aumentando a disponibilidade de nitrogênio para as forrageiras somente se torna significativo em situações em que existe deficiência de nitrogênio no solo da pastagem. Dessa forma, em solos sem deficiência desse elemento ou na presença de fertilização nitrogenada, o sombreamento não estimularia a absorção de nitrogênio, podendo até prejudicar a resposta das forrageiras ao nitrogênio aplicado como fertilizante.As árvores/arbustos promovem modificações microclimáticas no ambiente ao seu redor, reduzindo a temperatura do ar e do solo, contribuindo para minimizar a evaporação e manter o solo com teor de umidade mais elevado. O efeito da sombra das espécies arbóreo-arbustivas sobre a temperatura do solo é ainda mais marcante, concorrendo para manter a sua maior disponibilidade de água, condição que favorece o crescimento das forrageiras em pastagens arborizadas. A literatura também contempla informações referentes ao papel das árvores/arbustos na redução dos extremos climáticos em áreas de pastagens, indicando que essa consorciação contribui para reduzir os danos provocados por geadas.Além de contribuírem para atenuar as temperaturas extremas nas pastagens, o componente arbóreo-arbustivo proporciona condições de conforto para os animais, também servindo-lhes de abrigo, fatores que repercutem positivamente sobre o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais. A disponibilização de sombra para os animais em pastagens das regiões tropicais, onde predominam temperaturas mais elevadas, influencia positivamente os hábitos de pastejo, possibilitando melhor distribuição da ruminação ao longo do dia. O estresse animal decorrente da temperatura ambiente elevada compromete a fertilidade do rebanho, podendo reduzir alguns índices zootécnicos como taxa de parição e peso ao nascer dos bezerros. Em pastagens arborizadas com espécies arbóreo-arbustivas forrageiras, ao benefício da sombra adicionam-se melhorias na nutrição dos animais.As alterações ambientais decorrentes da sombra das árvores/arbustos afetam positivamente a atividade biológica do solo sob suas copas, havendo relatos de aumento da mineralização de nitrogênio em pastagens sombreadas quando comparadas com outras não sombreadas. Outra conseqüência observada em áreas sombreadas é o aumento da população de invertebrados do solo (macrofauna), principalmente de minhocas, as quais contribuem para a degradação da serrapilheira e para a ciclagem de nitrogênio.A presença do componente arbóreo-arbustivos nas pastagens influencia o equilíbrio ecológico do agroecossistema. Embora proporcione condições favoráveis para o desenvolvimento de pragas das pastagens, essas mesmas condições são propícias ao surgimento de inimigos naturais dessas pragas, possibilitando, potencialmente, o controle biológico delas. Estudos em pastagens de Brachiaria decumbens constataram haver maior quantidade de ninfas de cigarrinhas nas áreas sombreadas, porém menor número de cigarrinhas adultas, além de significativa e maior ocorrência de seus inimigos naturais.As alterações microclimáticas decorrentes do sombreamento e seus efeitos sobre os solos das pastagens, como maior disponibilidade de água e incremento da mineralização do nitrogênio, contribuem para o crescimento das forrageiras sombreadas. No entanto, outros efeitos acarretados pelas árvores/arbustos, como redução da luminosidade e competição por água e nutrientes, podem comprometer o crescimento das forrageiras em maior ou menor extensão conforme o nível de sombreamento imposto. A redução da luminosidade ambiente pode ser benéfica ou prejudicial para as forrageiras, dependendo de sua intensidade e de outras condições, como nível de nitrogênio no solo, tolerância das espécies forrageiras ao sombreamento, arquitetura da copa das espécies arbóreas/arbustivas consorciadas e do manejo da pastagem.Diversos estudos comprovaram os benefícios da sombra moderada para o crescimento de espécies forrageiras, principalmente gramíneas, cujo crescimento foi favorecido quando a sombra variou de 50 a 70% de transmissão de luz em relação às áreas não sombreadas, efeito que, na maioria dos casos, foi associado a um aumento na concentração de nitrogênio na forragem, indicando sua maior disponibilidade no solo. Relatos sobre o comprometimento da produção de forragem em decorrência da sombra estão relacionados à sua intensidade excessiva. A intensidade da sombra natural pode ser modulada variando-se a densidade e o arranjo das árvores/arbustos nas pastagens, embora também esteja condicionada às características de crescimento dessas espécies, principalmente a arquitetura de suas copas: aquelas que possuem copas mais amplas, com maior diâmetro, requerem espaçamento maior e aquelas com copas pouco densas, mais ralas, proporcionam maior transmissão de luz para o sub-bosque.A Arborização de Pastagens, integrando árvores/arbustos em pastagens ocupadas por animais herbívoros, é um dos tipos de sistemas silvipastoris, também conhecidos como sistemas agroflorestais pecuários, cuja prioridade é a produção animal (leite, carne ou lã), ao contrário de outras modalidades de sistemas agroflorestais que priorizam a obtenção do produto florestal (madeira, carvão, energia, frutas, resinas etc), nos quais a produção de forragem e, conseqüentemente, a obtenção do produto animal são considerados de menor relevância.
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