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Dia Mundial do Leite


Quente, frio, com frutas ou ao natural, brinde este dia com uma taça de leite


Neste primeiro de junho, celebra-se o dia mundial do leite. A comemoração ocorre desde 2001, quando a FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação) propôs a criação da data.

Celebrar este dia é de fundamental importância para a criação de uma consciência em relação aos benefícios que o consumo deste alimento pode proporcionar.

O leite é a melhor fonte de cálcio que existe, além de ser rico em proteínas, carboidratos e minerais. Possui gordura pouco saturada, sendo um dos alimentos de origem animal com menor teor de colesterol. Também é rico em vitaminas A, B1 e B12, além de sais minerais essenciais, como fósforo, que ajuda na formação dos ossos, e o manganês, que auxilia no funcionamento do cérebro.

Alguns países têm realizado campanhas para aumentar o consumo do produto. Nos EUA, desde 1993, a campanha ‘Got Milk’ reune várias celebridades (como a modelo brasileira Gisele Bündchen, na foto), que exibem o “bigode” do leite. Na campanha ‘Make mine milk’, do Reino Unido, as pessoas desenham por meio de um programa “bigodes de leite”.

Neste primeiro de junho, a Embrapa deseja a todos um feliz dia mundial do leite, com muitos brindes e ‘bigodes’ lácteos.

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O segundo Chat Temático da RepiLeite abordou, ontem (03/05), o tema "Alimentos alternativos para gado de leite", com os pesquisadores Mariana Magalhães Campos e Luiz Gustavo Ribeiro Pereira. Os pesquisadores da Embrapa Gado de Leite buscaram saber as experiências dos participantes para discutirem possíveis formas de alimentação para o rebanho. A troca de conhecimento entre membros de vários estados do Brasil foi importante para esclarecimentos e saber qual a melhor alternativa para trabalhar na propriedade.

Os alimentos mais apontados foram a mandioca, cana com uréia, milho e soja. As discussões sobre alimentos alternativos continuam no fórum da rede “Alimentos e Alimentação em bovinos leiteiros”. Participe e deixe sua opinião. Disponibilizamos abaixo para aprofundamento links citados durante o chat. Se você tem sugestões de assuntos para o próximo bate papo da RepiLeite, deixe um comentário. Agradecemos a participação de todos os membros.


Links para aprofundamento:

www.cnpgl.embrapa.br/downloads/material_chat_alimentacao.zip
http://cqbal.agropecuaria.ws/webcqbal/index.php
http://lrrd.org/lrrd19/3/ribe19045.htm
http://www.cileite.com.br/sites/default/files/44Instrucao.pdf
http://www.cafepoint.com.br/radares-tecnicos/poscolheita/casca-de-cafe-na-alimentacao-de-bovinos-32509n.aspx
http://www.tede.ufv.br/tedesimplificado/tde_arquivos/1/TDE-2009-06-04T081742Z-1650/Publico/texto%20completo.pdf
www.neef.ufc.br/pal03_3.pdf


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Por Duarte Vilela - Chefe Geral da Embrapa Gado de Leite

Seria ótimo se bastassem leis para criar uma realidade ideal. Não haveria crimes, exploração ou corrupção. Todos os conflitos da sociedade se resolveriam com a redação de portarias, instruções normativas, decretos... e o leite brasileiro passaria a ter qualidade de primeiro mundo a partir de janeiro deste ano. Ou ainda: pela IN 51 já teríamos leite com qualidade de primeiro mundo desde julho do ano passado, quando a Normativa foi adiada para o ano seguinte.

A substituição da IN 51 pela Instrução Normativa 62, publicada em 29 de dezembro de 2011 traz a cadeia produtiva do leite de volta à realidade e mostra o quão distante do ideal o setor se encontrava. Pela nova Normativa, o Brasil precisará de mais quatro anos para ter sua pecuária de leite respeitando os limites de 100 mil/ml para Contagem Total Bacteriana (CTB) e 400 mil/ml para Contagem de Células Somáticas. É lógico que estou generalizando. Há muitos produtores que já possuem tais índices e parece ter sido esse o gancho para a polêmica que nasceu do adiamento das exigências: quem trabalhou para se adequar à antiga IN 51 não desejava o retrocesso.

Algo que se esforça para traduzir a realidade são os números. Segundo dados do Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa – que analisa mensalmente amostras de aproximadamente 20 mil rebanhos – se a IN 51 entrasse de fato em vigor a partir de primeiro de janeiro deste ano, poucos rebanhos estariam de acordo com a Normativa. Próximos de 95% das análises realizadas no Laboratório para CTB estão acima de 100 mil/ml e 45% delas ficam acima de 400 mil/ml para CCS. Chamada à Câmara Setorial do Leite e Derivados para emitir seu parecer, a Embrapa Gado de Leite apenas ratificou o que qualquer jurista faria. Nenhuma lei pode se confrontar com números tão expressivos.

O parecer da Embrapa, que embasou a IN 62, propôs que as exigências se dessem progressivamente, ao longo dos próximos quatro anos, num processo permanente e sistêmico de avaliação de resultados, ajustes e revisão de metas. Entendemos os leitores que emitiram suas opiniões contrárias na mídia, mas ressalto que a melhoria do produto deve ser uma bandeira do setor. Não se trata aqui de uma competição onde os que alcançaram os índices se mantêm no jogo enquanto os demais são eliminados. A cadeia produtiva do leite deve utilizar os produtores que trabalharam para se adequar à antiga norma como referência para os demais, reconhecendo que estes se encontram quatro anos (ou mais) a frente do seu tempo (e a maioria sendo bonificado por esta vanguarda).

Às instituições do setor cabe garantir que o prazo estabelecido pela nova Normativa seja cumprido. A todos nós, deve ficar patente a lição de que obter leite com baixa CTB e CCS não é uma mera questão de tempo. Exige muito trabalho para capacitar o produtor. O salto qualitativo do setor só se dará com a capacitação. Esta é uma posição histórica defendida pela Embrapa Gado de Leite, mas que muito pouco tem avançado.

Ao final da década de 90, o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (que teve a participação da Embrapa) contemplava a ‘capacitação do produtor’, além da criação da RBQL (IN 37) e da própria IN 51. Enquanto as duas últimas caminharam, até hoje aguardamos ações concretas de capacitação. O que levou ao não desenvolvimento de tais ações? O custo financeiro de atender próximo de dois milhões de estabelecimentos leiteiros em todo o país, naquela época, talvez tenha desencorajado as instituições públicas e privadas ligadas ao setor. Ora, mas não se obtém qualidade sem investimento... O resultado desta inércia foi a publicação da nova Normativa.

Não somos a única instituição a tocar na tecla da capacitação dos produtores de leite. Várias instituições têm programas próprios: o SEBRAE em Minas, com o Educampo, o Senar – com um programa de treinamento de produtores – além de outras iniciativas da assistência técnica pública e privada como, o Minas Leite (MG), o Tanque Cheio (GO) e o Balde Cheio (Nacional), etc. Tais iniciativas contribuem para reverberar a filosofia de que a mudança de cultura do trabalhador rural se faz por meio da educação e do treinamento. No entanto, precisamos de mais energia nesta luta, buscando recursos e apoio. Acreditamos que o mais lógico é a união dos esforços em prol da mesma causa. Neste sentido, uma parceria do Sebrae, Senai e Embrapa Gado de Leite, com o apoio do MAPA, foi implantado recentemente o Programa Alimentos Seguros para a cadeia produtiva do leite (PAS Leite), que tenta mudar esta realidade, elevando a segurança e a melhoria da qualidade do leite em todos os elos da cadeia produtiva, através de Boas Práticas das Produção.

Mas enquanto isso não acontece com todos os produtores e em toda a cadeia, a Embrapa Gado de Leite e a Câmara Setorial do Leite compreenderam a necessidade de se repensar a cronologia da busca pela qualidade do leite no Brasil, permitindo que os elos da cadeia produtiva possam se articular, definir prioridades e estratégias e finalmente agir. No entanto, registro que a contribuição da Embrapa levada à Câmara (unanimemente acatada como uma decisão do colegiado e encaminhada ao SDA/MAPA, que a transformou na IN 62/2011) não se limitou apenas a obter mais prazos. Sugere ainda:

- Criar no âmbito da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA), um Programa Nacional de Controle e Prevenção da Mastite, elaborado por um grupo de trabalho envolvendo instituições de pesquisa e ensino, empresas de lácteos, serviços de extensão e demais participantes da cadeia do leite. A Embrapa e parceiros têm um projeto pronto que pode atender a esta demanda.

- Garantir investimentos em infraestrutura de energia elétrica e estradas, condições básicas e prioritárias para que o leite, produzido com a qualidade higiênico-sanitária desejada, seja mantido durante o transporte para a indústria, e dentro da mesma.

- Propor programas de qualificação e capacitação dos técnicos da extensão rural e autônomos que atendem os produtores de leite. O PAS-Leite pode atender a esta demanda.

- Propor programas de capacitação para os produtores e transportadores de leite com foco em educação sanitária e qualidade do leite. O PAS-Leite pode atender a esta demanda.

- Incentivar as empresas de lácteos a adotar programas de pagamento de leite baseado em indicadores de qualidade pode ser uma das principais estratégias para melhoria da qualidade do leite.

- Melhorar o acesso ao crédito para financiamento da produção de leite.

- Realizar ações para sensibilizar o consumidor da importância da qualidade do leite. O consumidor pode ser um importante agente no processo de transformação da cadeia do leite. A Láctea Brasil tem um projeto que pode atender a esta demanda.

Não é demais lembrar que sem a adoção destas, entre outras medidas; sem um foco constante na capacitação do produtor; sem o comprometimento de toda a cadeia produtiva em unir esforços, corre-se o risco de em 2016 estarmos aqui discutindo a redação de uma nova Normativa, com toda a polêmica, constrangimento e fadiga que isso provoca e que desde hoje pode ser evitada.

Clique aqui para ler a nota técnica da Embrapa enviada à Câmara Setorial do Leite e derivados.


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Abaixo a Instrução Normativa nº 62, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que define os rumos da qualidade do leite nacional, em substituição a Instrução Normativa nº 51.

Instrução Normativa nº 62

Dois fóruns na RepiLeite estão discutindo este assunto:

Adoção dos novos parâmetros de qualidade do leite poderá ser adiada para 2016

Adiamento dos Parametros da IN 51

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Chat: Controle do carrapato dos bovinos

A RepiLeite realizou hoje (07/12) o primeiro chat da rede com o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, John Furlong, sobre controle do carrapato dos bovinos. O bate papo começou às 10 horas da manhã.

O médico veterinário debateu vários assuntos, por exemplo, como fazer o teste de sensibilidade dos carrapatos, produtos homeopáticos, manejo rotacional, vacinas. Além disso, o médico parasitologista tirou dúvidas e disponibilizou links com conteúdo de aprofundamento no assunto para as pessoas interessadas na área. Segue abaixo o material.

Vídeo: https://repileite.ning.com/video/os-tres-passos-para-combater-o-inimigo-do-gado-e-do-produtor-o-ca

Publicações: http://www.cnpgl.embrapa.br/controle_carrapato.zip

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O primeiro dia de palestras do X Congresso Internacional do Leite teve como foco de discussões a sustentabilidade da pecuária de leite e as políticas públicas para o setor. Pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Canadá debateram as estratégias para diminuir a produção de gases causadores do efeito estufa.


Das atividades do setor primário, a pecuária é uma das que mais emite gás metano, um dos principais causadores do aquecimento global. No entanto, modificando a dieta do rebanho, é possível diminuir consideravelmente a produção deste gás.


Para o pesquisador Luiz Gustavo Pereira, é imprescindível que o Brasil intensifique suas pesquisas nesta área, demonstrando a sustentabilidade da sua pecuária para impedir que no futuro a questão ambiental se torne uma barreira alfandegária para a exportação dos produtos nacionais.


Políticas públicas – O primeiro dia de palestras do Congresso foi encerrado com o Fórum: Leite Nordeste. O chefe geral da Unidade, Duarte Vilela, abriu os debates afirmando que é preciso reduzir a carga tributária incidente sobre os equipamentos e insumos utilizados na pecuária de leite, a exemplo dos modelos já aplicados na suinocultura e avicultura. Segundo Vilela, é preciso valorizar o produtor e a produção de leite com uma remuneração justa e pagamento por qualidade.

Como ações de curto prazo, Vilela destacou a revisão das políticas de importação de lácteos com a proposição de mecanismos permanentes para controle de importação, estabelecendo novas regras de comercialização, principalmente no âmbito do Mercosul. O chefe geral da Embrapa Gado de Leite elencou outras prioridades:

- Desenvolver mecanismos de estímulo à exportação de lácteos;
- Atuar junto ao MAPA para publicação da nova edição do RIISPOA, essencial para a modernização do setor;
- Incrementar a pesquisa no país, com o fortalecimento do PAC para a C,T&I;
- Incentivar a cooperação científica, tecnológica e comercial com parceiros internacionais emergentes, como a China, e participação mais ativa do país em organismos internacionais como a Federação Internacional de Leite (FIL/IDF).

O deputado federal Domingos Sávio, presidente da Sub Comissão Permanente do Leite, que também participou do Fórum, afirmou que é preciso definir uma agenda nacional para a pecuária de leite. “Temos que elaborar uma política de Estado para o leite, definindo uma agenda nacional para a atividade”, realçou o deputado.

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Entrevista com Duarte Vilela – Chefe geral da Embrapa Gado de Leite

Engenheiro-agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa e doutor em Nutrição Animal pela mesma Universidade, Duarte Vilela dirige pela segunda vez a Embrapa Gado de Leite. Em seu primeiro mandato, a Empresa completou 25 anos. Agora, ele está à frente da instituição no momento em que se comemoram os 35 anos de sua fundação. Este também é o tempo de trabalho dedicado por ele à pesquisa agropecuária nacional, o que o credencia como uma das maiores autoridades nacionais no setor.

- O que mudou na pecuária de leite dos anos 70 até hoje?
A partir de 1976, quando foi criada a Embrapa Gado de Leite, houve uma grande evolução nos índices de produção e produtividade. A produção brasileira de leite aumentou quase 400% nos últimos 35 anos. Em números absolutos, o Brasil tinha 12 milhões de vacas produzindo oito bilhões de litros de leite há pouco mais de três décadas. Hoje, nossa produção caminha para atingir 30 bilhões de litros por ano com um rebanho de cerca de 15 milhões de vacas. Considerando-se as bacias leiteiras tradicionais e propriedades com rebanhos especializados, há registros de produtividade média anual de 3.600 litros vaca/lactação. Isto prova que o produtor brasileiro se tornou mais tecnificado.

- De que forma a Embrapa Gado de Leite contribuiu para a evolução da atividade nestes últimos 35 anos?
A Embrapa Gado de Leite, ao lado das empresas estaduais de pesquisa e universidades, teve um papel fundamental na melhoria do desempenho da atividade. Um exemplo é o processo de melhoramento genético do rebanho: o país é hoje referência mundial em genética zebuína tanto para leite quanto para carne. Saímos dos programas clássicos de melhoramento onde medíamos a produção diária e por lactação e hoje trabalhamos com genômica animal, identificando marcadores genéticos com importância econômica para a produção de leite. O melhoramento vegetal e as técnicas de alimentação dos animais também foram um fator importante. Até o início dos anos 80, a base das forrageiras era o capim-gordura e o capim provisório. Hoje, têm-se o pastejo rotacionado do capim-elefante e de forrageiras de elevado valor nutritivo como as gramíneas do gênero Cynodon, Brachiaria e Panico, assim como leguminosas (alfafa), além do uso de alternativa para o período de escassez de forrageiras (cana de açúcar com ureia e silagens). Estas foram tecnologias muito divulgadas pela Embrapa Gado de Leite que garantiram resultados excelentes na produção e produtividade de leite a pasto. Naturalmente que também ocorreu aumento nas áreas de pastagens cultivadas no Brasil, o que gerou aumento na produção, mas o aumento da produtividade está plenamente relacionado às novas tecnologias desenvolvidas ou adaptadas pela pesquisa nacional.

- Qual a expectativa para a pesquisa em bovinocultura de leite para os próximos anos?
Buscamos a fronteira do conhecimento. Na pesquisa básica pode estar a resposta para muitas das questões que hoje preocupam a cadeia produtiva do leite. A biotecnologia já mostrou que, por meio de marcadores genéticos, clonagem e transgenia, é possível acelerar o processo de melhoramento dos bovinos, criando populações resistentes a endo e ectoparasitos, à mastite, ao estresse térmico etc. A pesquisa básica, de ponta, trará resultados com mediana rapidez para os produtores e a população em geral. A infinidade de soluções que a biotecnologia apresenta é impressionante e vai do melhoramento genético ao desenvolvimento de produtos com qualidades nutracêuticas. A Embrapa Gado de Leite está alinhada com as questões das ciências avançadas e o nosso portfólio de pesquisas foi construído para atender às expectativas do agronegócio do leite no Brasil e nos países de clima tropical.
 
- E como os produtores têm acesso a estas pesquisas?
Tão importante quanto gerar novas tecnologias é fazê-las chegar ao produtor. Para que isto ocorra com eficiência, a Embrapa se reorganizou internamente. Foi criada uma Chefia adjunta de Transferência de Tecnologia, com ações exclusivas para esta finalidade. Entre as unidades da Embrapa, a Embrapa Gado de Leite é reconhecida por suas ações de capacitação de produtores. Possuímos núcleos avançados em todas as Regiões do país para identificar as demandas locais e darmos respostas seguras com rapidez. Buscamos parcerias com outras instituições para fazer chegar aos produtores de todo o Brasil informações técnicas de qualidade. Como exemplo, iremos lançar oficialmente este ano o PAS-Leite (Programa Alimento Seguro voltado para a cadeia produtiva do leite). Esta é uma ação em parceria com o Sebrae, Senar, Senai e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Sebrae, por meio do SebraeTec, disponibilizará consultoria a preços subsidiados para os produtores interessados em trabalhar segundo as Boas Práticas Agropecuárias. Enfim, edificar caminhos sólidos para a pesquisa da Embrapa Gado de Leite é um grande desafio, mas temos a certeza de poder contar com a parceria de instituições sérias do setor. Sabemos que o leite é um produto imprescindível para a humanidade. Por meio da pesquisa ou da transferência de tecnologia, não mediremos esforços para transformar o Brasil num grande produtor e exportador de lácteos.
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9846954701?profile=originalBrasil e China podem desenvolver parceiras tecnológicas voltadas à pecuária de leite. Este foi o interesse demonstrado pelo professor da Academia Chinesa de Agricultura, Jia Qi Wang durante o workshop Sino Brazilian Dairying. Wang proferiu uma palestra sobre a cooperação potencial em ciência e tecnologia ente Brasil e China e falou do interesse do seu páis pela genética bovina desenvolvida no Brasil.

"Este workshop é o momento de quebrarmos o gelo e de criarmos uma ponte entre as instituições de pesquisa da China e do Brasil," disse Wang. Para o chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, a aproximação dos dois países trará benefícios para ambos. "Além do interesse dos chineses pelos trabalhos de melhoramento genético dos bovinos leiteiros brasileiros, principalmente com relação à raça Girolando, eles também buscam soluções para o tratamento dos resíduos da atividade leiteira, o controle da mastite e alternativas para produção de alimentos volumosos", diz Vilela.

Ao Brasil, interessa se aproximar do maior mercado do mundo. No ano passado, o consumo de leite na China foi o equivalente 41 bilhões de litros e o país teve que importar o equivalente a 4,2 bilhões de litros para atender o mercado interno. Este ano, o consumo de leite e derivados naquele país deverá crescer acima de 8%.

Fórum das Américas - O workshop Sino Brazilian Dairying foi um dos eventos do Fórum das Américas: Leite e Derivados, organizado pela Embrapa Gado de Leite em parceria com o Pólo de Excelência do Leite de Minas Gerais. O evento também contou com workshop sobre qualidade do leite, que deu ênfase à importância da qualidade do produto in natura para o processamento industrial e o consumo.

O Fórum contou com uma rodada de negócios entre representantes de instituições chinesas e empresários Brasileiros e foi sede da primeira reunião externa da Subcomissão do Leite da Câmara dos deputados. Presidida pelo deputado Domingos Sávio, a reunião contou com a presença do presidente da Embrapa, Pedro Arraes e lideranças do setor leiteiro. O principal objeto de debate foi a importação de lácteos dos países do MERCOSUL, que vem prejudicando a atividade no país.

Balanço - O chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, fez um balanço positivo do Fórum das Américas: Leite e Derivados. "Conseguimos reunir alguns dos maiores especialistas do mundo em qualidade do leite e iniciamos uma importante aproximação com a China. Esperamos que em 2012 o Fórum repita este sucesso".
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Por Duarte Vilela - Chefe Geral da Embrapa Gado de Leite

 

O consumo de produtos lácteos na China deverá crescer novamente acima de 8% em 2011. Para um país cujo consumo no ano passado foi de cerca 41 bilhões de litros (37 bilhões produzidos no próprio país mais o equivalente a 4,2 bilhões litros importados), este crescimento significa um adicional acima de 3,2 bilhões de litros a atual demanda. A crescente demanda por produtos lácteos, resultado do enriquecimento da população e de um marketing eficiente, faz dos chineses o maior importador de lácteos do mundo. Trata-se de um player tão poderoso que, segundo o professor e diretor-geral do Instituto de Ciência Animal da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, Jia-Qi Wang, em 2010 o país foi o responsável por manter o equilíbrio do mercado internacional. Foi o país que mais importou leite em pó, sendo o responsável pela elevação dos preços desse produto. Em 2011 não deverá ser diferente.

9846956076?profile=originalCom 1,3 bilhão de consumidores – população que, a cada ano, aumenta a sua capacidade de consumo – a China deverá permanecer como o fiel da balança do mercado mundial por muito tempo. Principalmente se considerarmos a baixa capacidade de resposta dos sistemas de produção do país. Cabe comentar que a expansão da produção de leite na China tem sido sustentada mais pelo crescimento do rebanho leiteiro (é o país que mais importou vacas de leite no mundo, provenientes da Nova Zelândia, Europa e mais recentemente do Uruguai) do que pelo incremento de produtividade. Em recente missão realizada à China pela Embrapa Gado de Leite, a convite do Pólo de Excelência do Leite (missão da qual participei), constatamos o quão atípica é a pecuária de leite chinesa. A indústria tem grande peso na cadeia produtiva, pois incorpora a maior parte da produção do setor primário. Salvo poucas cooperativas, quase todas as grandes unidades produtivas pertencem às indústrias.

No norte do país as fazendas são gigantescas, com confinamentos abrigando acima de 10 mil vacas. No sul, objeto da nossa recente missão, onde percorremos seis províncias, as fazendas são menores, mas ainda assim as unidades produtivas possuem mais de 1.500 vacas. Independentemente da região, todos os sistemas se baseiam no modelo americano: vacas holandesas em confinamento total. Nos sistemas mais modernos ao norte e nordeste, a alimentação é do tipo ração total, com dieta equilibrada a base de silagem, feno e concentrado. Um fator limitante para o crescimento da produção, nitidamente perceptível, é a fragilidade da matriz de produção de alimentos volumosos. Em todas as regiões constatamos este fato, que se impõe pela proibição por parte do Estado de se utilizar campos de pastagens. Na concepção chinesa, a terra é voltada para alimentar o homem, por meio da produção de grãos e hortaliças. A alimentação do rebanho é importada ou oriunda dos resíduos desta produção.

9846956091?profile=originalAs unidades produtivas no sul do país possuem parceria com os agricultores para a aquisição de resíduos da atividade e é bastante comum observar famílias levando aos estábulos, os restos da cultura de arroz e milho, capim-elefante verde picado etc. Há também a importação de feno e pré-secado, em grande volume, da Austrália e volumosos peletizados dos Estados Unidos. Em alguns casos constatamos sistemas de associativismo, onde a indústria entra com as instalações e o rebanho – normalmente a genética é subsidiada pelo governo – sendo a alimentação e o manejo de ordenha por conta dos associados. Cabe à indústria comprar o leite a preço de mercado. Nas gôndolas de supermercado o consumidor paga hoje próximo a R$2,00 pelo litro de leite nacional e acima de R$7,00 pelo litro de leite importado. Esta ocorrendo uma crescente procura por terras em outros países para a produção de alimentos (inclusive leite). Esta procura se estendeu, recentemente, ao Brasil e pode ser um reflexo dos problemas que a China enfrenta para aumentar a sua produção e produtividade. No entanto, a legislação brasileira defende o setor agropecuário ao impor limites de aquisição de terras por estrangeiros.

A missão brasileira à China visou estabelecer uma proximidade com as instituições ligadas à pecuária de leite daquele país. Há, nesta aproximação, perspectivas de ganhos para ambos os países. Colocar tais perspectivas em discussão é o que a Embrapa Gado de Leite e o Pólo de Excelência do Leite pretendem fazer ao realizar, nos dias 12 e 13 de Julho deste ano, o Workshop Sino Brasileiro de Pecuária de Leite (Sino-Brazilian Dairing). Este evento acontecerá no Expominas de Juiz de Fora/MG e reunirá 30 autoridades chinesas, além de representantes de diversas instituições brasileiras. Nos dois dias de workshop, serão debatidas a conjuntura atual, as perspectivas para a produção de leite, a economia e a sustentabilidade do setor leiteiro em ambos os países. Outros temas a serem abordados são as tecnologias inovadoras para a produção de leite e as parcerias comerciais entre a China e o Brasil. Haverá também uma rodada de negócios organizada pelas indústrias e cooperativas de laticínios brasileiras, representantes de governo e entidades de classe. Pela missão chinesa, participam representantes de governo, líderes de classe, diretores e presidentes de grandes empresas do setor lácteo.

9846956257?profile=originalDa parte da China, há grande interesse nos trabalhos de melhoramento genético dos bovinos leiteiros brasileiros (principalmente com relação ao Girolando). Além da genética tropical, os chineses também buscam soluções para o tratamento dos resíduos da atividade leiteira, o controle da mastite e alternativas de produção de alimentos volumosos. Ao Brasil interessa, sim, exportar tecnologia, como a genética tropical; mas explorar o mercado de lácteos chinês é algo que temos plenas condições de realizar. Desde que consigamos resolver aspectos ligados à logística e ao custo com transporte, além de habilitar laticínios brasileiros para exportar para a China. Pode não ser uma tarefa fácil considerando o nível de exigência da legislação chinesa. No entanto, o Brasil já exporta hoje 11 bilhões de dólares de produtos agrícolas para aquele país. A soja é o nosso principal produto (7 bilhões de dólares), seguida pelo açúcar, frango, algodão, pasta de madeira e milho. Está ainda em negociações avançadas a exportação de carne de suíno. Desde 2005 o Brasil vem negociando a abertura do mercado chinês para o leite e derivados. As negociações estão bem adiantadas, contudo ainda precisam vencer algumas barreiras não tarifárias. Se outras cadeias produtivas conseguiram conquistar aquele importante mercado, a cadeia do leite também pode. Basta querermos, demonstrando com habilidade o nosso potencial e a qualidade de nossos produtos.

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