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Os criadores que vão inseminar ou cobrir novilhas Gir Leiteiro, Sindi, Guzerá ou seus cruzamentos durante o mês de março até o dia 4 de abril poderão, a partir de 1º de junho, inscrever animais na 7ª Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto do Zebu Leiteiro no Centro de Tecnologias para Raças Zebuínas (CTZL) da Embrapa Cerrados (DF), que será realizada a partir de 4 de outubro e terá duração de 12 meses, sendo dois meses de adaptação e 10 meses de avaliação.

Coordenada pela Embrapa Cerrados e pela Associação Criadores de Zebu do Planalto (ACZP), a prova zootécnica busca o melhoramento genético das raças zebuínas com aptidão leiteira por meio da identificação de matrizes em grupos de animais contemporâneos de cada raça que apresentem potencial genético para a produção de leite a pasto. Nesta edição, os técnicos vão identificar as melhores novilhas das raças Gir Leiteiro, Sindi, Guzerá e seus cruzamentos que, em 305 dias de lactação em pasto rotacionado com suplementação, se destacarem nos atributos produção de leite, reprodução, idade ao parto, qualidade do leite, persistência de lactação e avaliação morfológica.

Para o pesquisador Carlos Frederico Martins, coordenador da Prova, a avaliação é de fundamental importância para que o criador possa comparar todos os atributos de importância econômica na produção leiteira dos seus animais com os do grupo de novilhas contemporâneas de outros criatórios e de diferentes acasalamentos. “Com isso, ele pode verificar como está o sistema de criação e acasalamentos na propriedade”, afirma.

Martins aponta que a Prova também é importante para os criadores que ainda não fazem controle leiteiro na fazenda, sendo uma oportunidade para realizarem o primeiro controle leiteiro oficial e começarem a comercializar genética. “Eles terão a comparação dos animais não só em nível local, na Prova, como em nível nacional, pois a avaliação da lactação é oficial pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)”, diz, explicando que as informações geradas pela Prova alimentam o PMGZ Leite Max, programa de melhoramento genético para o zebu leiteiro, e ficam disponíveis aos criadores.

O pesquisador destaca, ainda, que a Prova controla o ambiente produtivo na pastagem, o arraçoamento e o manejo dos animais, sem quaisquer artificialismos, em um sistema de criação comumente adotado nas fazendas do Brasil Central. “Por isso, ela agrega valor ao material genético colocado pelo criador, com a chancela da Embrapa e da ABCZ. Ao final, as novilhas são ranqueadas e o produtor pode analisar o ranqueamento de todos os atributos medidos, permitindo que ele faça modificações nos acasalamentos e melhores negócios com os animais mais bem classificados”, afirma.

A Prova será realizada em Brasília (DF), no CTZL, localizado na DF 180, Km 64 s/n. As inscrições dos animais poderão ser realizadas a partir do dia 01/06/2021 na ACZP, pelo e-mail aczp.df@uol.com.br. São oferecidas 25 vagas para novilhas da raça Gir Leiteiro, 10 vagas para novilhas da raça Sindi, 10 vagas para novilhas Guzerá e seis vagas para novilhas de cada cruzamento. As vagas serão preenchidas conforme a ordem de chegada das inscrições. Cada criador poderá inscrever até dois animais de cada raça, podendo, ainda, inscrever uma terceira novilha, que ficará em fila de espera caso as vagas não sejam totalmente preenchidas.

O criador que inscrever apenas uma novilha pagará taxa de R$ 2.800, divididos em cinco vezes mensais. Caso inscreva duas novilhas, o valor será de R$ 2.500 por novilha, divididos em cinco vezes mensais. Se forem inscritas três novilhas, será cobrado R$ 2.200,00 por novilha, divididos em 5 cinco parcelas mensais. Para a genotipagem de identificação dos alelos da beta caseína no leite e análise genômica para as novilhas Gir Leiteiro, será cobrado R$ 200 por novilha.

Os animais deverão dar entrada no CTZL entre os dias 4 e 8 de outubro de 2021. As novilhas Gir Leiteiro, Sindi e Guzerá devem estar registradas na ABCZ nas categorias de PO ou LA. Devem ser primíparas, com idade máxima de 46 meses na data do parto, devendo estar obrigatoriamente gestantes de sete meses. Os partos deverão ser realizados durante o período de adaptação no CTZL, no período de 20/12/2021 a 08/02/2022, de acordo com os períodos limites de parição estabelecidos pela ABCZ.

Para mais informações sobre a prova zootécnica, acesse o edital aqui.

A 7ª Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto do Zebu Leiteiro tem o apoio da ABCZ, da Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro, da Associação Brasileira de Criadores de Sindi, da Associação Brasileira de Produtores de Leite, da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, da Emater-DF, da Federação de Agricultura do Distrito Federal, do Sindicato dos Criadores de Bovinos, Equinos e Bubalinos do Distrito Federal, da Empresa de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária da Paraíba, da Universidade de Brasília e de empresas ligadas ao setor pecuário.

Breno Lobato (MTb 9417-MG)

Embrapa Cerrados

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Telefone: (61) 3388-9945

Mais informações sobre o tema

Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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O que podemos aprender com o mercado de café?

*Kenya B. Siqueira

Você já ouviu falar sobre as Ondas de Consumo do Café? Cada período da história do consumo do café é chamado de onda. São momentos históricos ou fases que mostram a evolução do consumo da bebida no Brasil e no mundo.

A primeira onda marca a popularização do consumo de café, com muitas marcas disponíveis nas prateleiras dos supermercados. Neste período, o café era apenas uma commodity.

A segunda onda surgiu com as cafeterias e os cafés espressos, que eram mais intensos, mas sem a preocupação com a qualidade do grão. Nesse período, consumir café espresso era sinônimo de glamour. Além disso, outras misturas começaram a ser apresentadas ao consumidor: café com leite, cappuccino, etc.

Já a terceira onda remete a uma experiência sensorial. O café começou a ser degustado, assim como o vinho. Com isso, a rastreabilidade, denominação de origem e qualidade dos grãos ganhou relevância. Ou seja, o protagonista passou a ser o grão de café.

Estudiosos já falam na quarta onda do café, quando os cafés gourmet e especiais podem ser encontrados nas gôndolas dos supermercados. As pessoas já têm mais conhecimento sobre o processo de produção e origem dos grãos e até fazem a própria torrefação em casa.

Portanto, pode-se observar que o mercado de café já é bem evoluído, passando por 4 ondas de consumo. Mas, e o mercado do leite? Em que onda de consumo se encontra?

Analisando o consumo de leite no Brasil ao longo dos anos, observa-se um incremento expressivo. Entre 2000 e 2013, o consumo per capita de leite e derivados cresceu 41%. Se considerarmos um período mais distante, como 1980, o aumento foi mais significativo: 74%. Nesse período, o número de marcas de leite longa vida (derivado lácteo mais consumido) se multiplicaram nos supermercados, fazendo com que o produto se tornasse praticamente uma commodity. Isso, se parece muito com a primeira onda de consumo do café.

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No entanto, o mercado lácteo parece não ter tido uma segunda onda semelhante a do café, mesmo porque o setor não tem nada similar às cafeterias para trazer o glamour ao consumo de leite e derivados. Em termos de restaurantes ou franquias específicas para o consumo de lácteos, existem as sorveterias e queijarias. Algumas até com muito requinte e glamour. Na verdade, existem também algumas iniciativas isoladas, como o The Loft Restaurant at the Traderspoint Creamery, em Indiana, nos Estados Unidos, cujos lácteos são a atração principal do menu.

Porém, dentro do mercado de leite e derivados, está mais nítido um movimento semelhante à terceira onda do café, em que as vacas se tornam mais protagonistas. Impulsionado pela pressão do consumidor, pode-se observar nos últimos tempos, uma preocupação maior com a rastreabilidade dos derivados lácteos, com a denominação de origem, no caso dos queijos, entre outros fatores. A experiência sensorial e emocional também tem se sobressaído recentemente, com lançamentos de produtos com embalagens mais atraentes, que remetem a saudabilidade, ou regionalismo, ou conveniência. Conhecer a história por trás do produto consumido, já é uma demanda dos amantes dos lácteos.

Com isso, o slogan “Da semente à xícara” usado no mercado cafeeiro, pode ser transformado para “Da vaca ao copo de leite”. No entanto, vale ressaltar que ainda estamos no início dessa onda de consumo do leite. O mercado ainda não atingiu um nível de maturação. Mas, já se observam mudanças de comportamento, no sentido de consumo de produtos mais gourmet, mais especiais. Neste caso, os produtos especiais podem ser com mais nutrientes, com mais história, com mais praticidade, com mais excentricidade. Enfim, com algum valor agregado que faça o consumidor querer degustar esse derivado lácteo, como se degusta um bom café ou um bom vinho.

*Kenya B. Siqueira

Engenheira de alimentos, doutora em Economia Aplicada, pesquisadora da Embrapa.

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A cartilha “Manejo da cigarrinha e enfezamentos na cultura do milho”, desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo com apoio do Sistema Faep / Senar-PR, orienta o produtor em relação ao enfrentamento da praga, identificação do problema e o seu correto combate no campo.

O material é mais uma importante ferramenta para auxiliar os agricultores e fortalecer o combate da praga e das doenças que ela transmite nas lavouras de milho do Paraná, que podem levar à redução significativa da produtividade, podendo comprometer até 70% da produção.

O Paraná é um dos maiores produtores de grãos do Brasil. Esse posto é ocupado em função de uma soma de fatores que tem como denominador comum a competência e a dedicação dos produtores rurais paranaenses. Nesse cenário, o milho tem grande importância, não apenas como item da balança comercial, mas porque o grão se transforma em alimento para movimentar uma pujante cadeia de carnes, onde o Paraná também ocupa lugar de liderança nos cenários nacional e mundial.

Porém, nos últimos anos, a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), uma velha conhecida dos milharais, passou a aparecer com força nas lavouras paranaenses, colocando em risco a cultura. A praga é responsável por “enfezamentos” nas plantas que levam a redução significativa da produtividade, podendo comprometer até 70% da produção. Atenta a esta questão, o Sistema Faep / Senar-PR já encampou diversas ações para o enfrentamento da praga.

Essa cartilha é mais uma importante ferramenta para auxiliar os agricultores e fortalecer o combate a praga nas lavouras de milho do Paraná.

Para baixar o material completo, clique aqui.

Guilherme Viana (MTb MG 06566 JP)

Embrapa Milho e Sorgo

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Telefone: (31) 3027-1905

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O fortalecimento do sistema imunológico e a perda de peso, são cada vez mais determinantes na hora do consumidor escolher produtos derivados do leite. Segundo Kennya Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, a tendência de valorizar os lácteos com benefícios para a saúde vinha sendo observada nos últimos anos, com produtos que melhoram o funcionamento do intestino, mas se intensificou com a pandemia, que reforçou a preocupação do consumidor com a saúde e perda de peso” que se por um lado reforçou a preocupação com a saúde, por outro, aumentou o ganho de peso extra devido à quarentena. A indústria laticinista está atenta a essa tendência. “As principais inovações do setor para este ano devem ser no sentido de oferecer produtos voltados para o fortalecimento do sistema imune e que ofereçam mais benefícios nutricionais e funcionais por kilocaloria”, diz a pesquisadora.

De acordo com Innova Consumer Survey, plataforma de tendências de mercado, seis de cada dez consumidores no mundo buscam alimentos e bebidas cuja finalidade é aumentar a imunidade. Isso tem levado as indústrias a desenvolverem produtos nutracêuticos, com compostos bioativos, que tragam benefícios à saúde como vitaminas C e B6, além do ômega 3. Segundo Kennya, essa tendência lança luz nos iogurtes, produto com alta densidade nutricional. “Os iogurtes, em especial, devem se beneficiar, visto que já são reconhecidos como alimentos que aumentam a imunidade do organismo”. A empresa de pesquisa de mercado Technavio estima que  a taxa composta de crescimento no mercado anual de iogurtes fique acima de 5%.

A saúde intestinal sensibiliza os consumidores há mais tempo. A indústria de alimentos possui uma série de produtos direcionados à atuação na microbiota intestinal, que refletem em melhorias de problemas metabólicos, controle de peso, imunidade e bem-estar emocional. Segundo a pesquisadora, os derivados lácteos têm uma vantagem nesse sentido: alguns, por já terem naturalmente atuação na microbiota intestinal; outros por serem ótimos veículos para prebióticos, probióticos e simbióticos.

A relação lácteos/saúde cerebral também tende a ganhar destaque em 2021. Os alimentos nootrópicos (que possuem substâncias com ações positivas para o cérebro) estavam no radar da indústria de alimentos antes da pandemia. No parecer da pesquisadora, os produtos nootrópicos ganharão destaque no setor lácteos em 2021, embora em proporção menor do que aqueles destinados ao fortalecimento do sistema imune. De modo geral, os alimentos nutraceuticos estarão cada vez mais presentes na mesa do consumidor. Segundo dados da Global Market Insights, empresa de consultoria sobre o mercado global, os produtos lácteos destinados a promover a saúde movimentarão US$ 21 bilhões, em 2026.

Bebidas vegetais

No mercado brasileiro, as bebidas à base de vegetais já são encontradas em grande número e variedade. A novidade é que os vegetais não estão mais restritos às bebidas. Já se pode encontrar nas prateleiras dos supermercados e padarias iogurtes, queijos e manteiga feitos com plantas. E a base desses produtos não se limita apenas à soja, como ocorria na década passada. Existem também produtos à base de arroz, amêndoa, coco, castanha de caju e aveia. “No mercado internacional, é possível encontrar ainda produtos que são um mix de vegetais e leite de vaca, o que mostra que o setor está se reinventando”, constata a pesquisadora.

Kennya completa afirmando que a pandemia fortaleceu também uma tendência já presente na sociedade: a preocupação com a sustentabilidade ambiental. “Estudos mostram que cerca de dois terços dos consumidores desejam impactar positivamente o meio ambiente, o que inclui o consumo de alimentos e bebidas”. A tendência para este e os próximos anos é que a cadeia produtiva do leite demonstre seu compromisso com a sustentabilidade em todo o ciclo produtivo. “Num setor tão rotulado pela emissão de gases de efeito estufa e maus tratos com os animais, a chave para o sucesso estará na forma de comunicar os esforços de sustentabilidade para o consumidor final”, conclui a pesquisadora.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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A Embrapa aprovou neste mês o projeto que viabiliza o “Observatório do Leite Orgânico”. O objetivo do Observatório é realizar o mapeamento e a caracterização dos sistemas de produção de leite orgânico no país, catalisando informações sobre esse modelo de produção, que ganha cada vez mais adeptos no setor produtivo (veja tabela ao final desta reportagem). “A ausência de dados a respeito da produção orgânica, nos diversos elos da cadeia, é o principal gargalo para o crescimento do setor no país”, diz Fábio Homero Diniz, analista da Embrapa Gado de Leite. Segundo ele, o Observatório irá reunir, em uma única plataforma, dados e informações sistematizadas sobre a cadeia agroalimentar do leite orgânico.

A expectativa é realizar uma ampla caracterização e monitoramento territorial das fazendas de leite orgânico, com dados sobre o tamanho do rebanho, produtividade, ambiente e avaliação da eficiência dos sistemas. A plataforma também conterá dados sobre fornecedores de insumos como grãos e sementes orgânica e medicamentos. Fernanda Samarini Machado, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, diz que é essencial para o crescimento do setor  poder contar com uma plataforma digital, aglutinando informações: “A produção de leite orgânica é diferenciada, principalmente por não adotar insumos químicos e pela dificuldade em adquirir bioinsumos”. O Observatório fará uma intermediação entre os elos da cadeia produtiva, com informações sobre canais de distribuição e circuitos de comercialização.

Raio X

A ideia de se criar o Observatório surgiu em 2019, a partir de diálogos com representantes dos diversos elos da cadeia. Em 2020, foi realizado um estudo prospectivo sobre a pecuária leiteira orgânica nacional. O próprio estudo é uma prévia do potencial do Observatório e da lacuna que ele irá cobrir. “Na época, identificamos 96 unidades de produção orgânica; enviamos um questionário aos produtores para subsidiar o projeto e obtivemos 39 respostas”.  A partir daí, foi possível obter um pequeno Raio X do setor. A pesquisa revelou que os rebanhos são compostos predominantemente de animais Holandês-Gir, Holandês-Jersey e Jersey. A área média das propriedades é de 270 hectares (mínimo de três ha e máximo de 2.980 ha), com área média dedicada à pecuária orgânica de 81,5 ha. Veja outros dados identificados na prospecção:

- Produção/dia: média de 930 litros (variando de 60 L/dia a 5.000 L/dia);

- Produção média/vaca: 14 l/dia;

- Tamanho médio dos rebanhos: 78 vacas (variando de cinco a 310 vacas), sendo 57 vacas em lactação.

- Sistema de produção: Pasto = 46%; Semiconfinamento = 53%.

- O pastejo rotacionado: 89% das fazendas.

Para 72% dos produtores entrevistados, a atividade leiteira orgânica representa a principal fonte de renda, enquanto 34% dos produtores realiza outra atividade orgânica além da produção de leite (olericultura, produção de café e milho). Os problemas sanitários apontados foram: mastite e endo e ectoparasitoses. Foram destacados também o pouco conhecimento em manejo orgânico e a falta de consultoria técnica especializada, além da necessidade de se reduzir a burocracia do processo de certificação, com maior clareza das normas e menor custo. Entre os principais desafios identificados na pesquisa, destacam-se a dificuldade de comercialização da produção, além da escassez e alto preço dos insumos orgânicos, como milho e soja.

Segundo Fernanda Machado, embora a produção de leite em sistemas orgânicos represente um percentual muito pequeno em relação a produção total de leite, o Brasil apresenta condições técnicas e ambientais para o aumento da oferta de leite e derivados orgânicos. Mas ela alerta que aspectos mercadológicos, relacionados a disponibilização de insumos, comercialização da produção, demanda por assistência técnica especializada, além questões burocráticas relacionadas à certificação podem limitar esta oferta. “Os desafios dos atores da cadeia produtiva são grandes e o Observatório surge como uma ferramenta para vencê-los”, conclui Diniz.

 

Unidades de Produção de leite orgânico entre 2018 e 2020

 

Estado

Unidades de produção em 2018

Unidades de produção em 2020

São Paulo

11

45

Santa Catarina

27

7

Paraná

20

14

Rio Grande do Sul

4

4

Minas Gerais

6

11

Rio de Janeiro

1

8

Acre

1

1

Pará

1

1

Paraíba

1

1

Alagoas

1

1

Bahia

1

1

Distrito Federal

1

1

Espírito Santo

1

1

TOTAL

76

96

 

 

Fonte: Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos – MAPA. Elaboração: Embrapa Gado de Leite

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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A média nacional de preços do litro de leite pago ao produtor, que em outubro de 2020 atingiu R$2,16 chega em fevereiro a R$2,03, segundo dados do Cepea. “Essa redução está vinculada a maior produção no período de safra e a uma diminuição geral na demanda por produtos lácteos pela população”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João César Resende. Ele lembra ainda que o auxílio emergencial, pago aos mais carentes devido à pandemia, foi essencial para manter à demanda aquecida em 2020 e os preços mais elevados para os produtores. Após dezembro, com os sinais de redução desta renda por parte do Governo estão forçando para baixo as compras de derivados do leite pela população e dificultando as vendas no varejo.

Denis Rocha, analista da Embrapa Gado de Leite, vê desafios para que o bom momento pelo qual o setor atravessou no ano passado se repita em 2021. “Ainda que o auxílio emergencial seja retomado pelo governo, o valor deverá ser menor e menos pessoas irão recebê-lo”. Segundo o analista, um novo aquecimento de demanda dependerá da retomada econômica. Além da redução de demanda, o que tem preocupado o setor são os custos de produção, que estão em alta. Glauco Carvalho, também pesquisador da instituição, informa que, em relação a 2019, a alta média no custo de produção atingiu 10,7%. Nos últimos dois anos, esse índice chega a 24,6%.

O que tem puxado os custos é, principalmente, a alimentação à base de concentrados para o rebanho. Durante a reunião mensal de conjuntura do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite, realizada na segunda semana de fevereiro, pesquisadores e analistas apontaram que o custo do saco de 60 quilos da mistura milho/soja (70% de milho e 30% de farelo de soja) mais que dobrou em dois anos: em janeiro de 2019, era vendido a R$50,37, chegando a R$ 115,79 no mesmo mês, em 2021. “O custo do concentrado acompanha as cotações do milho e da soja nos mercados nacional e internacional. Como os dois estão em elevação e sem sinais de que vão retroceder neste ano, os custos para se produzir o leite nas fazendas vão continuar elevados e penalizando a rentabilidade dos produtores até o final do ano”, diz Resende.

No atacado de São Paulo, os preços dos principais produtos lácteos recuaram. O leite UHT, vendido a R$ 3,67 em agosto, foi negociado no dia cinco de fevereiro a R$2,90. A muçarela, o derivado que mais se valorizou durante a pandemia, chegando a ser vendida a R$ 29,69, no início deste mês estava a R$ 22,38. O leite em pó fracionado, que chegou a ser vendido a R$ 25,27 no início de outubro, fechou em R$21,73 no dia cinco de fevereiro. No mercado spot (leite comercializado entre as indústrias), que apresentou grande valorização no ano passado, com a maior cotação a R$2,75/litro, era vendido no início de fevereiro a R$1,95/litro, segundo dados do Cepea/OCB.

A notícia positiva para o setor vem do clima. A crise hídrica, que atrasou o início da safra em outubro, não deve ser uma preocupação para os próximos meses. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Ricardo Guimarães de Andrade, a previsão para o trimestre FMA (projeções CPTEC-INPE/INMET), numa escala macro, é de precipitação acumulada próxima da média em boa parte das bacias leiteiras nos territórios de Minas e Goiás. No entanto, volumes acumulados entre a média e um pouco acima da média são esperados para a maior parte dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. “Embora algumas localidades de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul apresentem chuvas abaixo da média, o armazenamento de água no solo deve ficar acima dos 70%, o suficiente para manter a produtividade média das pastagens, sem comprometer a produção oriunda das principais regiões produtoras de leite, neste e no próximo mês”, diz Andrade.

Balança comercial

Outra notícia para os produtores que se preocupam com a concorrência externa é a queda no volume de importações de leite (caíram cerca de 18%, em janeiro, na comparação com dezembro de 2020).  Entretanto, os volumes importados continuam em patamares elevados, sendo 82% superior a janeiro de 2020. Na reunião da Câmara Setorial do Leite, ocorrida no dia cinco de fevereiro, a Abraleite e outras lideranças do setor, reivindicaram junto à ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “a suspensão imediata das importações de lácteos da Argentina e do Uruguai, até que os setores produtivos do Brasil e dos países vizinhos estabeleçam tratativas de convivência mútua.” A Abraleite sugere tributar os lácteos importados, da mesma forma que o açúcar brasileiro é tributado para ser vendido nos países do Mercosul. Em 2020, o Brasil importou 1,35 bilhão de litros equivalentes de leite e exportou 101 milhões de litros equivalentes.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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O ano de 2021 começou com aumento de 2,28% nos custos de produção do leite, conforme o Índice de Custos de Produção de Leite – ICPLeite/Embrapa.

A variação acumulada em 12 meses foi 26,11%. O custo da alimentação concentrada foi o que mais pesou no bolso do produtor.

Veja essa análise em detalhes na nova edição do Boletim ICPLeite disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Para melhorar a qualidade na educação no campo, em atendimento ao jovem rural, são necessárias políticas para o desenvolvimento do ensino e investimento na capacitação de professores nessa modalidade de ensino, adotando o sistema adequado ao meio rural, alinhado com a “Educação do Campo” e modalidades como a “Pedagogia da Alternância”, conforme publicado recentemente em artigo dos pesquisadores Lauro Charlet Pereira da Embrapa Meio Ambiente e Andréia de Bem Machado da Uniasselvi. Essa modalidade de ensino é destaque no artigo 28 da LDB 9394/96, que inclui o reconhecimento da diversidade sociocultural na educação brasileira. 

No cenário brasileiro, no que tange ao meio rural, ocorreram transformações devido às grandes mudanças tecnológicas. Deste modo, observa-se que há grande número de agricultores à margem da modernização, no quesito tecnologia de produção agrícola, e também de inúmeras outras tecnologias e serviços que proporcionam qualidade de vida e integração entre as pessoas. 

Os jovens rurais enfrentam dificuldades em construir o seu projeto de vida no campo e, cada vez mais, estão em busca por melhores condições nos centros urbanos.

Por isso, procuram pela escolarização, em uma iniciativa individual, para melhorar sua qualidade de vida. Porém, questiona o artigo, qual seria o currículo adequado para atender estes estudantes? “Para responder a essa questão teríamos a educação no campo, responsável pela educação integral do homem do campo, com o objetivo de valorizar o seu espaço, tempo e modelo de currículo que priorize atividades em seu próprio ambiente e que abranjam a sua família, além de estratégias para o desenvolvimento sustentável”, acredita Pereira.

Com esse artigo, explicam os autores, destaca-se a construção das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, cujo documento é considerado um marco do direito à educação nos territórios rurais. Assim, nesse contexto, é necessário estabelecer peculiaridades da vida no campo e de cada região, definindo-se orientações para aspectos essenciais à organização didático-pedagógica.

O artigo de Andréia de Bem Machado e Lauro Charlet Pereira encontra-se aqui. 

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)

Embrapa Meio Ambiente

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A conjuntura atual do mercado tem mostrado quedas nos preços do lácteos ao longo da cadeia e custos de produção pressionando a rentabilidade dos produtores. O quadro que se apresenta para os próximos meses ainda é complicado, o que sinaliza cautela para todos os agentes da cadeia. Veja essa análise completa na Nota de Conjuntura de fevereiro de 2021 disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Manejar adequadamente os pastos é tarefa básica para o pecuarista que deseja garantir resultados produtivos satisfatórios, equilibrando a estabilidade de boas forrageiras e o bom desempenho animal. Mas resultados de pesquisa da Embrapa comprovam que o manejo correto das pastagens promove outro resultado importante: a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Em estudos conduzidos no bioma Pampa, em área de integração Lavoura-Pecuária com pastagens cultivadas de azevém e aveia para terminação de novilhos no inverno, os animais, quando estavam em uma altura ótima de pastejo, emitiram 30% menos metano em comparação aos índices preconizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, o IPCC. No entanto, de acordo com a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Cristina Genro, apesar de o uso da altura das forrageiras como ferramenta de manejo ser uma atividade simples e muito eficaz, ainda é pouco usada pelos produtores.

Em resumo, quando os pastos são manejados segundo recomendações técnicas, os animais emitem menos metano e o solo acumula mais carbono. Com isso, quando é feito o balanço do que foi emitido de carbono com o que foi fixado pelas plantas, a pecuária é considerada de baixa emissão do elemento ou apresenta resultado neutro, ou seja, reabsorve todo o carbono que ela mesma emite. “É uma pecuária que está produzindo uma carne limpa em termos ambientais, de excelente qualidade e valor nutricional, inclusive com perfis de ácidos graxos benéficos à saúde humana, como já foi atestado em outros estudos da Embrapa que relatam a grande presença de ômega 3 e de ácido graxo linoleico conjugado (CLA) na carne de animais criados a pasto, este último com comprovado efeito anticarcinogênico”, completa Genro.

Para o produtor e engenheiro-agrônomo Marcelo Fett Pinto, “manejar bem as pastagens significa conciliar as demandas nutricionais dos animais com a manutenção dos potenciais produtivos das plantas pastejadas, como dizia um dos meus orientadores da área de pastagens na Nova Zelândia, saudoso professor John Hodgson”, relata Fett, coordenador do Programa Estâncias Gaúchas, que reúne produtores de animais criados em pastagens do Pampa.

Como trabalhar com a altura?

A altura é uma característica da estrutura do pasto que tem relação direta com a massa de forragem, ou seja, a quantidade de pasto disponível em uma área. Quando se escolhe trabalhar com esse critério de manejo, é importante realizar medidas em toda a área de pastejo, porque o pasto é heterogêneo, ou seja, há locais onde existem pontos altos, médios e baixos. Isso se dá pelo fato de o crescimento das plantas ser influenciado por fatores do meio, como temperatura, umidade, fertilidade, pastejo, etc.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Márcia Silveira, é fundamental o monitoramento da altura da pastagem rotineiramente, ou seja, é um olho no gado e outro no pasto. No caso de pastagens naturais sugere-se medir a altura dos pastos uma vez ao mês, no outono e inverno, e a cada 15 dias na primavera e no verão. No caso de pastagens nativas melhoradas por fertilização e sobressemeadas com espécies cultivadas de inverno, a recomendação é que a medição seja feita pelo menos quinzenalmente durante todo o ano.

Para que a altura do pasto esteja dentro do recomendado, é preciso controlar a quantidade de animais por hectare. Se a lotação for muito alta, os bovinos perdem desempenho e emitem mais metano por área, assim como o pasto diminui sua capacidade de contribuir para fixação do carbono no solo. “Então, se nós trabalharmos fazendo um ajuste de carga para manter a altura ideal de manejo de cada planta forrageira, estaremos contribuindo para a redução de problemas com a degradação de pastagens e baixo desempenho animal, ao mesmo tempo que atribuímos um serviço ecossistêmico à produção de animais a pasto”, completa Silveira.

Exemplos práticos

Cada pasto tem uma altura de manejo recomendada, inclusive dependendo da sua forma de uso, ou seja, em pastejo rotativo ou contínuo. “O azevém, espécie bastante usada no inverno aqui no sul, por exemplo, recomendamos que seja mantido entre 15 e 20 centímetros de altura durante todo o tempo de pastejo sob lotação contínua com taxa variável. Para pastejo sob lotação rotativa, a entrada dos animais deve se dar com 20 cm e a saída entre oito e 12 cm”, explica a pesquisadora.

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A aveia, outra espécie usual para sobressemeadura de campo nativo no inverno sulino, tem recomendação de altura de 20 a 40 centímetros em pastejo contínuo; para pastejo rotativo, os animais devem entrar com 30 cm e sair quando o pasto atingir de 10 a 15 cm. Já o capim-sudão, forrageira bastante usada no verão, deve ser mantido entre 30 e 40 cm em pastejo contínuo. No rotativo, a entrada se dá entre 50 e 60 cm e a saída entre 15 e 20 cm. “Atendendo a essas recomendações, estamos garantindo boa oferta de forragem aos animais, ao mesmo tempo em que otimizamos a produção da pastagem, pois temos um remanescente adequado para que o pasto possa fazer eficientemente a fotossíntese, e volte a crescer”, pondera a cientista.

As medições de altura do pasto podem ser realizadas, com o uso de ferramentas simples como uma régua ou um bastão medidor de altura de pasto (ver imagem). “Na prática, e após algumas medições, calibramos o olho com boa precisão para as alturas dos pastos (nativos e cultivados), podendo nos valer de referências campeiras, como a altura do pasto em relação ao casco do cavalo, aos bichos de campo como a lebre, à bota, etc., mas lembrando que o importante é sempre que possível ter pasto, seja a avaliação da forma que for”, destaca Fett Pinto.

Com a adequada disponibilização de forragem, os bovinos têm ganho de peso rápido e o tempo que os animais ficam na pastagem até a terminação é menor. “O que, consequentemente, diminui mais ainda em termos de emissão de metano. Isso quer dizer que, manejando o pasto em uma altura adequada, vamos produzir mais carne, conservando o solo, ter uma colheita mais eficiente dessa forrageira e, em consequência, contribuir na redução da emissão de gases de efeito estufa para o meio ambiente”, completa Cristina Genro.

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Rede de Pesquisa Pecus

Os estudos de emissão de GEE na pecuária no bioma Pampa foram desenvolvidos pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) por meio da rede Pecus (Pecuária Sustentável), que avaliou a dinâmica de gases de efeito estufa e o balanço de carbono nos seis biomas brasileiros. Para a aferição da emissão de metano, os animais permaneceram durante um período com buçais presos próximos às narinas e à boca, absorvendo a eructação do gás pelos bovinos. Segundo a pesquisadora Cristina Genro, os protocolos de coleta de gases e de análise utilizados no projeto são reconhecidos internacionalmente e recomendados pelo IPCC para pesquisas na área. 

Atualmente o IPCC indica que há emissão de 56 a 70 kg/ano de metano por animal da categoria de novilhos em terminação. A pesquisa apontou o valor de 54 kg em campo nativo e 48 em sistemas melhorados. “Se multiplicarmos essa diferença por milhões de cabeças de bovinos criadas no Pampa, o montante de metano emitido pelos animais ficaria extremamente menor que aquele preconizado pelo organismo internacional. Ou seja, o IPCC está superestimando essas emissões,” declara.

Felipe Rosa (MTb 14.406/RS)

Embrapa Pecuária Sul

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Os resultados da pesquisa liderada pelo médico-veterinário Renato Andreotti, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, deixaram a equipe bem animada, afinal a luta vem de muito tempo tentando, se não acabar, diminuir o problema da infestação de carrapatos nos bovinos e suas consequências que acarretam grandes prejuízos para a produção nacional numa ordem estimada em US$ 3,24 bilhões/ano. 

A pesquisa liderada pelo cientista foi nomeada de Sistema Lone tick. A técnica permite o controle da infestação do carrapato nas pastagens deixando as larvas “solitárias” (em inglês lone) por meio do distanciamento entre parasito e hospedeiro. Os testes a campo foram realizados durante um ano com animais da raça Senepol. 

O carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus) causa uma doença conhecida como tristeza parasitaria bovina (TPB) (Babesia bovisBabesia bigemina e Anaplasma marginale), levando os animais à morte. Se o produtor não adota um controle, o prejuízo é certo, por isso é de suma importância o estudo de controle desse parasito. 

Andreotti explica que “o nível de infestação do carrapato nos rebanhos varia em função da presença e do grau de raças sensíveis. A infestação acarreta perda de peso pela inapetência, irritabilidade do animal, perda de sangue pela espoliação acentuada levando à anemia, lesões no local da picada evoluindo para miíases e lesões posteriores no couro. A alta infestação promove instabilidade dos agentes infecciosos responsáveis pela Tristeza Parasitaria Bovina (TPB) levando a surto de mortalidade de animais”.

O pesquisador explica que o rebanho zebuíno (Nelore) compõe a maior parte no Brasil e coloca o país no cenário dos maiores produtores e exportadores de carne bovina no mercado mundial. Segundo ele, nas últimas décadas, novas raças bovinas e seus cruzamentos foram introduzidos gerando animais com maior desempenho produtivo, mas com grandes dificuldades no controle do carrapato. “Ao não controlar de forma adequada o carrapato, o ganho de produtividade oferecido pela genética não aparece no resultado da balança comprometendo o investimento”, esclarece.

Novo sistema controla os carrapatos de forma ecologicamente correta 

Atualmente, o método utilizado para controlar o carrapato no rebanho bovino é o controle estratégico com uso de pesticidas, porém ele se mostra esgotado em função do desenvolvimento de resistência do carrapato a esses produtos. Explica Andreotti, que acrescenta: “O uso dos acaricidas da forma como é feita, na maioria das vezes, sem orientação técnica adequada, leva à contaminação dos animais, dos trabalhadores e do ambiente”.

O pesquisador comenta que um dos gargalos para o sucesso do controle estratégico do carrapato com o uso de acaricidas é o surgimento de carrapatos resistentes, resultado da pressão de seleção causada nas populações desses parasitos exercida pelo tratamento, tornando-se um grande desafio para o combate às populações de carrapatos e a inserção de novos métodos de controle.

E foi exatamente pensando em novos métodos de controle que o Sistema Lone tick foi estudado apresentando resultados muito positivos. Vários testes foram realizados com animais a campo e infestação de carrapatos. Uma das observações feitas pelo especialista foi de que o Sistema Lone tick corrigiu a carga parasitária no sistema para condições ótimas de controle, que, segundo Andreotti, significa baixa infestação de carrapatos com redução de impacto da ação dos mesmos e manutenção da estabilidade enzoótica para a tristeza parasitária bovina. “Durante um ano de observação e monitoramento dos animais, nenhum deles apresentou sintomas para TPB”, revela.

Para o especialista o Sistema Lone tick é um sucesso e explica a razão: “O carrapato-do-boi completa o ciclo de vida no hospedeiro em 21 dias com o ingurgitamento da fêmea e sua queda ao solo com consequente postura de 3000 ovos em média, iniciando a fase não parasitária. As larvas emergem dos ovos e constituem 95% da população de carrapatos no ambiente, sendo a fonte de reinfestação para os animais, não sendo alcançadas diretamente pelos carrapaticidas. A grande maioria das larvas do carrapato-do-boi não sobrevive no ambiente por mais de 82,6 dias.

Portanto, o Sistema Lone tick oferece uma forma de controle nesta fase de vida livre do carrapato, com base na rotação de pastagens e permitindo um tempo de 84 dias das larvas sem contato com o hospedeiro, tempo suficiente para a morte das larvas por inanição”. Andreotti expõe também que outro fator extremamente importante, juntamente com a manutenção da baixa população de carrapatos, é a ausência do uso de acaricidas respeitando o ambiente – prática obrigatória no controle estratégico – não gerando contaminação por meio de resíduos e, tampouco pressão de seleção pelas bases químicas desses produtos utilizados no tratamento.

Para o pesquisador os resultados mostram que, com base no conhecimento da ecologia e biologia do parasita, é possível controlar de forma ecologicamente correta as populações desta espécie de carrapato, atendendo assim, uma demanda de mercado internacional, que seria a diminuição do uso de produtos químicos e seus efeitos colaterais.

A baixa infestação das larvas nas pastagens observada durante os testes levou à baixa manutenção de carrapatos nos bovinos mostrada pela contagem de carrapatos nos animais a cada 28 dias, sendo essa uma situação desejável para a manutenção da estabilidade enzoótica da TPB e mantendo a quantidade de carrapatos abaixo do limiar econômico de no máximo 40 carrapatos/animal. 

A estabilidade da população de carrapatos traz segurança nas condições sanitárias por reduzir o risco de morte dos animais com a TPB e a espoliação com perda de peso e, com isso ampliando a redução do custo da arroba produzida. 

Em breve um artigo técnico com detalhes da pesquisa será publicado. Para saber mais sobre controle de carrapatos sugere-se a leitura do Documento 214: “Proposta de controle de carrapatos para o Brasil Central em sistemas de produção de bovinos associados ao manejo nutricional no campo”. 

Eliana Cezar Silveira (DRT 15.410/SSP/SP)

Embrapa Gado de Corte

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Apesar da alta anual nos preços do leite, os aumentos expressivos no milho e no farelo de soja têm prejudicado a relação de troca leite/insumos.

As importações continuam elevadas e mesmo com um pequeno recuo em relação a dezembro, os volumes de janeiro foram 82% superiores aos de janeiro do ano passado.

Veja esses dados completos na nova edição do Boletim Indicadores Leite e Derivados do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Um pesticida composto por uma mistura inédita de dois isolados da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) é o mais novo bioproduto indicado para controlar a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, e a falsa-medideira, Chrysodeixis includens. O Acera - nome comercial - foi desenvolvido com tecnologia Embrapa e concebido em parceria com a Ballagro Agro Tecnologia, empresa que o comercializará. 

Bacillus thuringiensis (Bt) é uma bactéria que produz proteínas com propriedades tóxicas específicas para insetos e que são inofensivas para humanos e outros vertebrados. Diferentemente de pesticidas químicos, é inócuo para o meio ambiente. O produto deve ser pulverizado sobre as folhas, e, ao comê-las, as lagartas são afetadas pela ação dessas proteínas. 

“A grande vantagem desse produto biológico à base de Bt é que ele não afeta o meio ambiente, não intoxica aplicadores, não mata os inimigos naturais das pragas e não polui rios e nascentes, contribuindo para a sustentabilidade”, destaca o pesquisador da Embrapa Fernando Hercos Valicente, desenvolvedor e responsável pela tecnologia na Empresa. “O Acera foi registrado para o controle dessas duas espécies de lagarta e poderá ser usado em culturas como soja, milho, algodão e diversas outras”, complementa o pesquisador, ao revelar que os dois isolados de Bt usados como matéria-prima do bioproduto vieram da coleção da Embrapa Milho e Sorgo (MG).

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9847003252?profile=originalContorna a resistência crescente das pragas

“A cada ano, por questões complexas diversas, observa-se um aumento da resistência das principais pragas controladas por cultivares transgênicas. Consequentemente, ocorre a ampliação do uso do controle químico em complemento aos transgênicos, na tentativa de reduzir perdas na produção agrícola. Tudo isso acarreta prejuízos econômicos, sociais e ambientais expressivos”, relata Valicente, ao explicar que por reunir duas cepas da bactéria Bt, com modos de ação distintos e complementares, o Acera dificulta o aparecimento de resistência das lagartas ao produto.

Por esses motivos, o cientista acredita que o uso de novos inseticidas microbiológicos é uma importante alternativa para o controle da lagarta-falsa-medideira (foto abaixo) e da lagarta-do-cartucho, especialmente para os cultivos de milho, soja e algodão, nos quais o ataque da praga é mais expressivo. “Os bioinseticidas também contribuem para a sustentabilidade dos cultivos. Pela sua especificidade biológica, atacam somente os insetos-alvo, promovem maior equilíbrio da biodiversidade em comparação aos químicos, favorecendo a manutenção de inimigos naturais no campo”, explica o cientista. Os inimigos naturais são insetos que ajudam a controlar as pragas, e quando é empregado o controle químico na lavoura, eles também são afetados.

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Desenvolvimento tecnológico

A Ballagro é uma empresa brasileira que desenvolve tecnologias em controle biológico para utilização na agricultura desde 2004. “Com o foco em inovação e trabalho técnico, desenvolvemos tecnologias para o crescimento do controle biológico no manejo de pragas e doenças,” conta o gerente de produtos e mercado da empresa, Lecio Kaneko. Segundo ele, no Brasil é crescente a busca por ferramentas sustentáveis de manejo, o que promoverá uma boa aceitação do produto no mercado nacional.

Ele lembra que a parceria com a Embrapa foi iniciada em 2014, a fim de desenvolver um bioinseticida para controlar pragas como as lagartas Spodoptera frugiperda (foto abaixo) e Helicoverpa armigera. “O trabalho resultou no Acera, composto por uma mistura inovadora de dois isolados de Bt que apresentam um amplo espectro de ação sobre lagartas desfolhadoras”, acrescenta o gerente. Por causa disso, ele prevê que o registro do produto, futuramente, poderá incluir outras pragas.

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Kaneko atribui a alta eficiência do bioproduto à diversidade das proteínas Cry e VIP, produzidas por esses novos isolados da bactéria, e à alta tecnologia em fermentação e formulação desenvolvidas especialmente para o Acera. “Ele foi testado em todas as regiões do Brasil, com ótimos resultados”, comemora.

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“A situação atual e as perspectivas para os novos bioinsumos da Embrapa são bastante promissoras. A Empresa tem dedicado esforços de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, por várias décadas, para a tipificação e utilização de microrganismos úteis para controle de estresses ambientais em plantas cultivadas, a exemplo de controle de pragas, solubilizadores de fósforo e potássio e fixadores de nitrogênio”, afirma o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Ozanan Machado Durães. “Notadamente, após o lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos, coordenado pelo Mapa, percebemos um aumento significativo nas alianças, parcerias e tratativas negociais com o mercado nessa área”, conta.

Ele revela que o produto atende a um desafio de inovação da Embrapa, que busca aumentar a participação de insumos biológicos no controle de pragas, a promoção do crescimento, o suprimento de nutrientes, a substituição de antibióticos e a aplicação agroindustrial em sistemas de produção convencional e de base ecológica.

Os pesquisadores estudam agora a viabilidade da aplicação do Acera por drones.

Lançamento

O lançamento oficial do Acera será dia 9 de fevereiro de 2021, às 19 horas. A transmissão do evento será feita  ao vivo pelo Canal YouTube da Embrapa.

Sandra Brito (MTb 06.230/MG)

Embrapa Milho e Sorgo

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O movimento de queda nos preços dos lácteos no atacado e Spot, iniciado na segunda metade de dezembro, manteve-se neste início de 2021.

Com isso, os Conseleites projetam nova queda no preço do leite ao produtor para fevereiro.

Janeiro também foi marcado por forte valorização nos preços de milho e farelo de soja. 

Veja essa análise completa na nova edição do Boletim de Preços disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

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Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
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9847001665?profile=originalO II Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que seria realizado no mês de junho do ano passado em Campo Grande, MS, não aconteceu devido a pandemia de coronavirus, já tem uma nova data: a Comissão Organizadora decidiu realizar o evento de forma 100% digital durante os dias 4 (terça-feira) e 5 (quarta-feira) de maio. A secretária executiva da Comissão Organizadora, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Lucimara Chiari, garante que o evento será dinâmico, com palestras mais curtas e sem perda de conteúdo.

No Congresso serão tratados temas como desafios e oportunidades para ILPF no mundo, soluções e demandas das empresas do agronegócio, cenários e tendências da ILPF, soluções e demandas de produtores, políticas públicas, inovação entre outros. Para apresentar e discutir os temas o Congresso contará com especialistas de vários países como dos EUA, Europa, Austrália e América Latina. 

O objetivo do Congresso é propiciar um fórum de discussão, com aprofundamento teórico e aplicações práticas sobre aspectos tecnológicos e de sustentabilidade econômica e ambiental de sistemas agrícolas consorciados que combinem a produção integrada da lavoura, da pecuária e da floresta na mesma área e com uso eficiente de insumos, que são fundamentais para a segurança alimentar no futuro.

“A nossa expectativa é reunir, em dois dias, cerca de mil pessoas e proporcionar muita troca de conhecimento e experiência, informações atualizadas da pesquisa com a ILPF, apresentar o que tem sido feito, resultados obtidos, experiências vivenciadas por produtores, além de debatermos inovações, sustentabilidade e segurança alimentar”, ressalta Lucimara Chiari.
A pesquisadora informa que o evento será totalmente virtual, auditório, feira de estandes, acesso aos pôsteres lembrando-se da oportunidade de se formar uma rede de relacionamento. “Os sistemas de ILPF representam uma tecnologia de extrema importância no Brasil e no mundo e por esse motivo não desistimos de continuar com as ações para a realização do Congresso mesmo na pandemia”, diz Chiari. 

A participação no evento será feita por meio de inscrição. Está garantido o certificado de participação. Para saber mais como validar a participação o interessado deverá entrar na página: https://www.wcclf2021.com.br/inscricao
O II Congresso Mundial de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma realização do Mapa, Embrapa, Rede ILPF, Famasul e Semagro.


Informações gerais sobre o evento podem ser conhecidas clicando aqui 

Eliana Cezar Silveira (15.410/SSP-SP)

Embrapa Gado de Corte

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9847001059?profile=original*Alessandra Corallo Nicacio

Provavelmente você já ouviu falar sobre produção in vitro de embriões. Mas você sabe o que é e como ela pode ser utilizada a favor da produção animal? Então, é sobre isso nossa abordagem. 

Produzir um embrião in vitro envolve algumas etapas e processos. Para começar é preciso coletar óvulos de uma fêmea (que vamos chamar de doadora), os quais passarão por um processo chamado maturação in vitro para que possam ser fecundados. Depois, utiliza-se sêmen de um touro previamente escolhido. Esse sêmen pode ser congelado, fresco, resfriado, sexado, tanto faz. O sêmen também é tratado para selecionar somente espermatozoides viáveis. Então, óvulos e espermatozoides são incubados para que ocorra a fecundação. E, depois da fecundação, os presumíveis zigotos são incubados (ou cultivados) para o desenvolvimento inicial dos embriões. Todos esses processos de maturação, fecundação e cultivo acontecem em placas de cultivo celular, com meios de cultura específicos para cada etapa, dentro de estufas próprias para o cultivo e desenvolvimento celular, com temperatura, umidade e atmosfera controladas. Ao todo, o processo demora cerca de dez dias e, então, os embriões podem ser transferidos para vacas (que vamos chamar receptoras) que irão gestar e parir os futuros bezerros. 

Essa é uma explicação bastante simplificada de todo o processo, apenas para mostrar que é um procedimento bastante elaborado, que requer habilidades, conhecimentos, equipamentos e muita capacitação técnica para ser realizado. Muitas pesquisas científicas foram e continuam sendo feitas para aprimorar cada uma dessas etapas. Afinal, cada detalhe, cada reagente, cada célula envolvida no processo é importante. 

Mas agora que falamos sobre o processo, precisamos comentar sobre sua finalidade. O objetivo de usar uma tecnologia como a produção in vitro de embriões não é apenas produzir mais embriões em menor tempo. Mais que isso, o que se pretende é produzir embriões de melhor potencial genético, a partir de óvulos e espermatozoides de animais de genética avaliada e selecionada, em maior quantidade e menos tempo. A ideia é utilizar doadoras e touros selecionados segundo critérios do melhoramento genético, para que os embriões produzidos tenham potencial genético melhorador, a fim de que o rebanho receba, a cada transferência de embriões, mais material genético selecionado.

E, nesse momento, é importante comentar o papel que cada animal tem nesse processo todo. O conceito de maximizar o uso de material genético de alguns indivíduos previamente avaliados é bastante difundido e entendido quando o assunto é o touro. Afinal, o impacto do reprodutor no rebanho é bastante conhecido, mesmo para quem trabalha em sistema de monta natural. Afinal, a relação touro-vaca é um conceito que todo produtor rural conhece bem. Quantos touros são necessários para cobrir o número de fêmeas em idade reprodutiva é uma informação que produtor e técnico têm na ponta da língua. E com isso fica claro o impacto que o touro tem no rebanho e na produtividade, a importância de adquirir touros saudáveis, com exame andrológico válido e, se possível, com avaliação genética. 

Mas, quando se trabalha com monta natural o impacto individual de cada fêmea na composição genética e produtividade do rebanho é pequeno. Com o advento das tecnologias de produção de embriões, esse quadro se modifica um pouco. A fêmea passa a produzir mais filhos em um período de tempo menor o que aumenta sua importância individual na composição genética do rebanho. Ao invés de produzir um bezerro por ano como na monta natural, a vaca passa a poder produzir um bezerro por semana pela produção in vitro de embriões, podendo causar um impacto bem maior na composição genética do rebanho. Além disso, a cada semana é possível fazer diferentes acasalamentos com cada fêmea doadora, gerando embriões com variação genética, permitindo a produção de mais indivíduos contemporâneos que poderão ser avaliados quanto ao desempenho, com maior pressão na seleção sobre esses animais. Tudo isso, permite maior velocidade à seleção e melhoramento genético, com incremento visível na qualidade do rebanho. E esse incremento na qualidade do rebanho é percebido no aumento de produtividade. 

Mas essa melhora não fica restrita aos rebanhos elite. Pois esses rebanhos elite produzem e vendem genética. São desses rebanhos que saem os touros que vão para as centrais de inseminação, que serão usados como reprodutores em inúmeras fazendas que usam a inseminação artificial. E aqui, já falamos em rebanhos comerciais, que utilizam a inseminação artificial para produzir animais para terminação e comercialização. E muitas dessas fazendas comerciais também vendem reprodutores para as fazendas que utilizam apenas a monta natural. Então, o fluxo dessa genética melhorada naqueles rebanhos elite que usam mais tecnologia chega a todos os produtores, mesmo o pequeno produtor, que pode ter acesso a touros melhores para a monta natural. Então, por mais que a produção in vitro de embriões pareça algo muito distante da sua realidade, tenha certeza, que ela não está tão longe assim!

*Pesquisadora em Reprodução Animal
 Embrapa Gado de Corte
 Contato:alessandra.nicacio@embrapa.br

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9846998271?profile=originalImagens oblíquas e tecnologias de aprendizado profundo (deep learning), como as redes neurais computacionais, chamadas convolucionais, têm se revelado promissoras para a detecção e contagem de gado no pasto por meio de drones. É o que indicam resultados preliminares de estudos descritos no artigo Cattle Detection Using Oblique UAV Images (Detecção de gado usando imagens UAV oblíquas), publicado em dezembro pela revista Drones. A sigla em inglês UAV refere-se a veículos aéreos não tripulados (vants). É o primeiro estudo explorando a viabilidade do uso de imagens oblíquas para monitoramento de gado.

A aplicação de algoritmos de inteligência artificial ao processamento digital de imagens e os avanços dessas tecnologias vêm mostrando a viabilidade desse monitoramento por meio das aeronaves não tripuladas. “Entretanto, o uso prático ainda é um desafio, devido às características particulares dessa aplicação, como a necessidade de rastrear alvos móveis e as extensas áreas que precisam ser cobertas na maioria dos casos”, alertam os pesquisadores Jayme Garcia Arnal Barbedo e Luciano Vieira Koenigkan, da Embrapa Informática Agropecuária (SP), e Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), autores do artigo.

Os cientistas investigaram, então, o uso de um ângulo inclinado da câmera do drone para aumentar a área coberta pelas imagens, de forma a minimizar problemas no rastreamento. A captura das imagens sob uma visão oblíqua, ao ampliar a cobertura, reduz o número de voos exigidos para a atividade, especialmente em áreas extensas, e diminui os efeitos prejudiciais do movimento dos animais e das mudanças nas condições ambientais. Estudos que empregam vants para o monitoramento de gado quase sempre usam imagens capturadas na posição perpendicular ao solo.

No processo, os pesquisadores aplicaram uma arquitetura computacional de redes neurais profundas para gerar os modelos aplicados aos experimentos. Foram cobertos aspectos variados, como dimensões ideais das imagens, efeito da distância entre animais e sensor, efeito do erro de classificação no processo geral de detecção e impacto dos obstáculos físicos na precisão do modelo.

Resultados experimentais indicam que imagens oblíquas podem ser usadas com sucesso sob certas condições, mas têm limitações práticas e técnicas que devem ser observadas. Essas limitações referem-se às obstruções de visão, à determinação das bordas exatas da região considerada nas imagens, às distorções geométricas e de cores, entre outras. Investigações futuras devem incluir uma análise de custo-benefício para estimar vantagens potenciais das imagens oblíquas em comparação com as medidas necessárias para reduzir os obstáculos práticos.

Os experimentos foram realizados com o objetivo de detectar animais, uma etapa intermediária para a contagem do rebanho.

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Contagem precisa


A parte prática do trabalho foi realizada nos sistemas extensivo, intensivo e de integração Lavoura-Pecuária (ILP) na fazenda Canchim, sede da Embrapa Pecuária Sudeste. Para 2020, estava prevista a coleta de dados em áreas com árvores e arbustos, mas a pandemia atrasou os experimentos.

Segundo Patrícia Santos, árvores, arbustos ou até a altura da pastagem podem dificultar a captação de imagens. “O animal fica escondido embaixo da planta, atrapalhando a contagem. Para gerar um modelo que corrija isso, seriam necessárias várias imagens em áreas com árvores e com plantas arbustivas diferentes e de formas heterogêneas. Qualquer coisa que possa cobrir a imagem, até mesmo a altura de um capim, deve ser considerada. Por exemplo, a pastagem muito alta pode esconder um bezerro”, explica. São muitas as variáveis que a máquina precisa aprender para que a contagem do gado seja a mais precisa possível.

A cientista conta que o papel da Embrapa Pecuária Sudeste é ajudar a identificar os gargalos que podem surgir quando o pecuarista aplicar a ferramenta no dia a dia da fazenda. Indicar qual é a real necessidade de um potencial usuário desse produto, além de estimar a margem de erro aceitável. “Um levantamento para fins de inventário não permite erro. Já no caso da contagem de gado para o manejo, pode ser um pouco mais flexível”, destaca Santos.

Os pesquisadores também ressaltam que é fundamental ampliar o conhecimento sobre essas técnicas, para que no futuro a tecnologia seja adotada com sucesso no campo. “Os resultados foram muito bons, mas ainda precisamos de mais avanços para conseguir gerar uma tecnologia apta a ser usada por produtores ou prestadores de serviços. Acredito que estamos no caminho certo”, avalia Barbedo. Ele estima que o monitoramento com drones para contagem automática dos animais ocorra em cerca de dois a três anos.

A metodologia pode ser usada também, no futuro, para o monitoramento voltado à saúde animal, como a detecção de doenças e anomalias e eventos como prenhez. Para esse caso, o horizonte é de cinco anos.

Modelos computacionais

9846998901?profile=originalAs pesquisas voltadas à detecção e contagem de bovinos por meio de imagens capturadas por drones tiveram início em fevereiro de 2019, com vigência de dois anos. Contam com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os recursos de cerca de R$ 175 mil foram investidos, principalmente, na aquisição de drones e equipamentos para processamento de imagens.

Nos estudos, conduzidos pela Embrapa em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e as Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), a equipe capturou um grande número de imagens aéreas de animais das raças Nelore (Bos indicus) e Canchim – cruzamento entre as raças Charolês (Bos taurus) e Nelore, na fazenda da Embrapa. Em seguida, usou algoritmos para classificá-las e extrair as informações de interesse. No caso de monitoramento de gado, as aplicações incluem detecção e contagem de animais, reconhecimento de espécimes, medição da distância entre a vaca e o bezerro, e determinação do comportamento alimentar.

Essas informações contidas nas imagens são extraídas por meio de modelos computacionais de aprendizado de máquina (machine learning) que utilizam conceitos de segmentação semântica e de instância, detecção de objetos e mapeamento de calor. As técnicas de aprendizado profundo são semelhantes àquelas usadas em sites que solicitam ao usuário a identificação das imagens de faixa de pedestres ou de semáforos, por exemplo, antes de acessar informações consideradas de uso restrito. Ou seja, é preciso treinar a rede neural com milhares de exemplos, ensinando o computador a reconhecer os objetos de forma automática.

Dois artigos, publicados na revista Sensors, apresentam os modelos de detecção e contagem desenvolvidos, além dos resultados preliminares já obtidos.

O primeiro, Counting Cattle in UAV Images-Dealing with Clustered Animals and Animal/Background Contrast Changes (Contagem de gado em imagens de UAV - Lidando com animais agrupados e alterações de contraste de animal/fundo), tem autoria de Barbedo, Koenigkan e Patrícia Menezes e da pesquisadora da FMU Andrea Roberto Bueno Ribeiro.

O artigo propõe um algoritmo capaz de fornecer estimativas precisas para a contagem dos animais, mesmo em condições difíceis, como presença de animais agrupados, mudanças no contraste entre estes e antecedentes, o que é comum devido à heterogeneidade das fazendas de gado, e variações de iluminação. Algumas situações se mostraram desafiadoras, especialmente a falta de contraste entre os animais e o fundo, o movimento deles, grandes aglomerados de animais e a presença de bezerros.

Segundo os autores, novas soluções para rastreamento de animais serão investigadas em experimentos futuros. Os esforços também devem ser direcionados para a captura de imagens de outras raças de gado, tornando possível estender a aplicabilidade do algoritmo. Embora o algoritmo descrito no artigo tenha sido desenvolvido em função da contagem de gado, a metodologia pode ser adaptada a outras aplicações como detecção de navios ou de tendas em campos de refugiados, entre outras.

O segundo artigo da Sensors, A Study on the Detection of Cattle in UAV Images Using Deep Learning (Um estudo sobre a detecção de gado em imagens de UAV usando aprendizado profundo), foi escrito por Barbedo, Koenigkan, Thiago Teixeira Santos, também da Embrapa Informática Agropecuária, e Patrícia Menezes.

Nesse estudo, os experimentos envolveram 1.853 imagens contendo 8.629 amostras de imagens de animais. Com isso, foram treinados 900 modelos de redes neurais convolucionais, permitindo uma análise profunda dos diversos aspectos que impactam a detecção de gado usando imagens aéreas capturadas por drones. Os objetivos foram determinar a maior precisão possível que poderia ser alcançada na detecção de animais da raça Canchim, visualmente semelhante aos Nelore, além da distância ideal da amostra do solo para a detecção de animais e da arquitetura mais precisa.

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Líder da pesquisa é um dos cientistas mais influentes do mundo

9846999897?profile=originalO pesquisador Jayme Garcia Arnal Barbedo (foto ao lado), da Embrapa Informática Agropecuária, está entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com levantamento da Universidade de Stanford (EUA) publicado no Journal Plos Biology. Outros 16 pesquisadores da Embrapa também fazem parte da lista, que considerou as citações da base de dados Scopus, com mais de 6,8 mil cientistas, para avaliar o impacto deles ao longo de suas carreiras e em 2019. Veja aqui a matéria com mais detalhes sobre esse estudo.

“O reconhecimento automático de doenças em plantas usando imagens digitais foi uma das primeiras linhas de pesquisa a que me dediquei na Embrapa. Na época, poucos grupos de pesquisa aqui e no exterior abordavam o tema, de modo que muitos de meus trabalhos foram pioneiros e serviram de inspiração para pesquisadores ao redor do mundo”, lembra Barbedo. “Isso confirma que os esforços despendidos nos últimos dez anos vêm de fato contribuindo para o avanço da agricultura e da ciência brasileira”, ressalta.

Acesse a reportagem completa clicando aqui

Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Informática Agropecuária

Contatos para a imprensa
informatica-agropecuaria.imprensa@embrapa.br
Telefone: (19) 3211-5747

Gisele Rosso (MTb 3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

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Telefone: (16) 3411-5625

Fonte:https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/58844049/cientistas-usam-drones-com-cameras-inclinadas-para-monitorar-gado-no-pasto?link=agencia

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Conjuntura do mercado do leite

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O ano de 2020 foi adverso por inúmeros fatores, abalado pela pandemia global da Covid-19. Mas foi um ano diferenciado quando se trata de rentabilidade na cadeia produtiva do leite. Todos tiveram incrementos de margens.

Nos últimos dois meses aumentou a preocupação no setor, com recuo nos preços dos lácteos no atacado, no Spot e anúncios de queda ao produtor.

Mas existem diversas informações positivas.

Veja essa análise completa na Nota de Conjuntura de janeiro de 2021 disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. Confira!

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Boletim CILeite: Conjuntura do mercado do leite

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O ano de 2020 foi adverso por inúmeros fatores, abalado pela pandemia global da Covid-19. Mas foi um ano diferenciado quando se trata de rentabilidade na cadeia produtiva do leite. Todos tiveram incrementos de margens.

Nos últimos dois meses aumentou a preocupação no setor, com recuo nos preços dos lácteos no atacado, no Spot e anúncios de queda ao produtor.

Mas existem diversas informações positivas. 

Veja essa análise completa na Nota de Conjuntura de janeiro de 2021 disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

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Processo de pasteurização lenta proporciona queijos artesanais saudáveis e com qualidade

 

Que tal pasteurizar o leite para produzir queijos artesanais com qualidade e segurança para o consumidor? Isso é o que mostra o vídeo da Embrapa publicado na terça (19) no YouTube, produzido em parceria com o Instituto de Laticínios Cândido Tostes, vinculado à Epamig.

Com foco principal nos pequenos produtores artesanais, o vídeo mostra o passo a passo do processo de pasteurização lenta, que é eficaz, simples e barato, consistindo no tratamento térmico do leite para eliminar os microrganismos que fazem mal à saúde, evitando a disseminação de doenças transmitidas pelo leite cru.

Com essa técnica, as características do leite são preservadas, permitindo a elaboração de queijos saborosos e saudáveis, com maior tempo de prateleira, além de evitar vários defeitos de fermentação indesejáveis. Esse processo ajuda a garantir queijos com mais qualidade e valor agregado, gerando mais renda para o produtor.

O vídeo demonstra que o processo pode ser realizado até mesmo numa cozinha doméstica, limpa e preferencialmente revestida com azulejos, com o fogão e geladeira disponíveis e utensílios e insumos simples e baratos, com cuidado na higiene de quem manipula e atenção na temperatura durante o aquecimento e resfriamento do produto.

Após o aquecimento controlado no fogão, monitorado com um termômetro, a colocação da panela com o leite no gelo faz a temperatura abaixar até os níveis indicados para cada tipo de queijo, 40°C para queijos sem fermento, como o queijo coalho e o frescal, e 32ºC a 34°C para queijos com fermento, como a muçarela, o minas padrão ou o queijo meia cura, por exemplo.

Em 2020, a Embrapa produziu com parceiros o vídeo sobre a produção de queijo coalho com higiene, também disponível no YouTube. Está acessível também, na Biblioteca Embrapa, um folder de 2018 sobre boas práticas na produção artesanal de queijo coalho.

Nova Legislação
É importante que os produtores atentem à nova legislação aprovada em 2019, que dispõe sobre a fiscalização na produção de produtos alimentícios de origem animal produzidos de forma artesanal.

Além de fiscalizar, o decreto nº 9.918, de 18 de julho de 2019, legisla sobre o selo Arte, que prevê que os serviços municipais e estaduais de fiscalização devem verificar os requisitos de boas práticas de fabricação e emitir o selo.

Mercado competitivo
A agricultura familiar responde por, aproximadamente, 64% do leite de vacas produzido, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017.

“O produtor de queijo, que pretende manter-se em mercado competitivo como o atual, precisa garantir a oferta de produto que, além de saboroso e nutritivo, seja seguro para o consumidor”, explica a pesquisadora Karina Neoob, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), que atuou na coordenação técnica dos vídeos.

“Essas características são importantíssimas para conquistar o consumidor que, muitas vezes, elege um único fornecedor de queijos, pois faz questão de oferecer à sua família alimento saudável”, complementa.

Nota de esclarecimento - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, Epamig e Instituto de Laticínios Cândido Tostes:

Os Queijos Artesanais são patrimônio imaterial brasileiro e um dos orgulhos da produção agroalimentar nacional. O país vem trabalhando para viabilizar a produção e a regularização dos estabelecimentos agroindustriais de pequeno porte, incluindo os artesanais. Entretanto, o Brasil ainda apresenta uma série de desafios, principalmente do ponto de vista sanitário, que ainda precisam ser superados. 

Avançamos muito do ponto de vista legal, principalmente após a publicação das Leis nº 13.680/2018 e 13.860/2019, incluindo o entendimento do que é um queijo artesanal e dos requisitos necessários para produzir de forma adequada. Nesse sentido, o queijo artesanal precisa, entre outros requisitos, ter como matéria prima um leite de boa qualidade e, quando feito de leite cru, vir de rebanho certificado como livre de tuberculose e brucelose, duas zoonoses ainda prevalentes no rebanho brasileiro. 

Vários estudos vêm demonstrando a contaminação de queijos artesanais de diversas regiões do Brasil por bactérias, o que inclui a Brucella (Miyashiro et al., 2007; Paneto et al., 2007; Azevedo et al., 2014; Souza et al., 2015; Freitas, 2015; Silva et al., 2016; Evangelista-Barreto et al., 2016; Medeiros et al., 2017; Silva et al., 2018; Martins, 2018; Bezerra et al., 2019). Esses trabalhos evidenciam a necessidade da certificação das propriedades como livres para as zoonoses ou a utilização de tecnologias que permitam a mitigação dos riscos sanitários. 

Pensando nisso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, em parceria com a Embrapa, a Epamig e o Instituto de Laticínios Cândido Tostes, produziu este vídeo para a divulgação da pasteurização lenta, que é uma técnica barata e que pode ser utilizada na agroindústria de pequeno porte em todas as regiões do país. 

É importante destacar que os queijos produzidos a partir de leite cru são um produto tradicional de grande relevância cultural e econômica, inclusive tendo seu passo a passo representado em vídeo semelhante lançado pela Embrapa e parceiros em 2020, disponível na página da Embrapa no YouTube. Os dois vídeos já produzidos e os novos conteúdos em fase de produção integram um projeto amplo, com uma série de iniciativas com foco na disseminação de boas práticas na produção de leite e derivados em todo o país, construídas a partir de experiências com estudos de campo, bem como de forma participativa, a partir de demandas apontadas pelos próprios produtores.

O único objetivo deste vídeo é a divulgação de uma técnica que pode auxiliar os produtores que ainda não se certificaram como livres para brucelose e tuberculose, a atender à legislação vigente.



Saulo Coelho (MTb/SE 1065)

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Contatos para a imprensa


Telefone: (79) 4009-1381

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