A Nota de conjuntura deste mês analisa a alta no preço do leite ao produtor em junho levou o valor recebido para um patamar 18% superior ao padrão histórico considerando os últimos 10 anos. Essa melhora na receita amenizou a elevação de custos que o produtor vem enfrentando.
Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite. Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior. O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.
O mercado do leite continua aquecido, com os preços registrando elevação na última semana. Os preços do leite UHT e do queijo muçarela já acumulam aumentos superiores a 30% desde fevereiro, periodo pré-Covid. O leite em pó fracionado (sachê) também se valorizou com alta de 17% sobre a média de fevereiro. Esses movimentos de alta no atacado refletiram em nova valorização do leite no mercado Spot que já subiu 51% desde fevereiro.
No informativo também estão apresentados os dados mais atuais de diversos produtos de interesse para cadeia do leite, além de produtos agrícolas de importância para o Brasil.
A indústria de laticínios parece não ter sentido o golpe do novo coronavírus. Apesar de alguns produtos mais elaborados apresentarem menor demanda desde que a crise teve início, o que pode ser explicado pelo fechamento dos foodservices (refeições fora do lar), o setor continua aquecido. O preço no mercado de leite spot (leite negociado entre laticínios), por exemplo, teve um aumento de 46% em junho, comparado ao mês anterior. O leite UHT, que chegou a faltar nas gôndolas dos supermercados no início da pandemia, teve o preço elevado em 18% e o queijo muçarela aumentou 23% no mercado atacadista. Já para os consumidores esses aumentos foram amenizados, com o indicador oficial de inflação (IPCA) registrando alta de 2,33% para o leite UHT e de 2,48% para o queijo. Essa inflação segmentada mostra que a cadeia produtiva está se movimentando e que a demanda continua firme.
Além da essencialidade do setor alimentício (a agroindústria não pode parar com a pandemia), pesquisadores e analistas do Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa Gado de Leite, afirmam que o auxílio emergencial do Governo, que irá vigorar por mais dois meses, foi fundamental para garantir o poder de compra dos brasileiros mais afetados pela crise. “Com a continuidade dos auxílios de renda, esse aquecimento do mercado deve se manter, pelo menos por mais um período, permitindo que os laticínios alcancem margens de lucro melhores do que no ano passado”, diz Denis Rocha, técnico da Embrapa.
“Com o consumo se mantendo em alta, os preços dos produtos lácteos devem continuar valorizados pelo menos até o mês de agosto, quando a produção leiteira retoma seu crescimento com o avanço da safra no Sul e, posteriormente, no Sudeste e Centro-Oeste”, diz João César Resende, pesquisador da Embrapa. Mas a expectativa geral é que não haja desabastecimento. O Brasil está bem próximo de atingir a autossuficiência na produção de leite, o que dá mais tranquilidade ao país. Segundo o técnico Lorildo Stock, a importação brasileira de leite esse ano está em torno de 2% da produção nacional, bem abaixo de anos anteriores. Um fato que pode gerar algum ânimo nos anseios exportadores do setor é que, com a desvalorização do dólar, o leite brasileiro se tornou mais competitivo internacionalmente. “O preço do litro de leite ao produtor aqui dentro está a menos de 29 centavos de dólar, abaixo dos preços internacionais, que se posicionam acima dos 30 centavos de dólar”.
O leite na pandemia – O Brasil começou o ano com perspectiva de crescimento do PIB acima dos 2,0%, que seria o maior crescimento dos últimos seis anos. Mesmo que lentamente, a economia apresentava sinais de recuperação e sugeria uma melhoria na situação de consumo e investimentos. Com esse cenário, a expectativa era de crescimento mais consistente no consumo de lácteos, que vinha patinando nos últimos anos. Essas eram as expectativas antes da Covid-19.
Quando a Organização Mundial de Saúde anunciou a pandemia, houve um susto generalizado, que também atingiu a cadeia produtiva do leite. A produção nacional iniciava a entressafra, que foi ainda potencializada pela seca na Região Sul, com alta nos custos de produção e a queda nas importações. “Esses fatores reduziram bastante a disponibilidade interna de leite”, diz Rocha. Mas, segundo ele, mesmo com a redução na oferta, o setor conseguiu se organizar rapidamente de forma a não faltar produtos para o consumidor. “Neste momento, a produção já começa a acelerar no Sul e, a partir de outubro, teremos a safra no Sudeste e no Centro-Oeste, que devem ser estimuladas pela valorização recente nos preços recebidos pelos produtores”. Diante disso, Rocha afirma que não haverá problemas de desabastecimento de produtos lácteos e que é possível ver inclusive um crescimento no horizonte.
Mas a pandemia também trouxe sobressaltos, como explica Rocha: “Com o início do isolamento social, no final de março, o consumo de lácteos viveu três ondas distintas, que afetaram de forma diferenciada seus principais produtos”. Segundo ele, a primeira onda de consumo durou um curto período no final de março, elevando os preços do leite UHT e do leite em pó devido à corrida dos consumidores aos supermercados. A segunda onda, que perdurou por todo o mês de abril até meados de maio, foi caracterizada pela regularização do consumo e reorganização da captação e do mix de produtos pelos laticínios, privilegiando o leite UHT e o leite em pó. Nesse período, a muçarela, fortemente afetada pelo fechamento dos canais de alimentação fora do lar aprofundou a queda de preços iniciada na primeira onda e puxou também o mercado Spot para baixo. Essa dinâmica de preços refletiu no preço do leite recebido pelo produtor, que caiu em maio referente ao leite entregue em abril.
Vivemos agora, segundo Rocha, a terceira onda, iniciada na segunda quinzena de maio, com uma forte valorização de preços. “A demanda foi fortalecida pela entrada dos recursos do auxílio emergencial do Governo, que já beneficiou mais de 60 milhões de brasileiros, que têm utilizado os recursos basicamente para alimentação refletindo positivamente no preço do leite pago ao produtor”. Para Rocha, o somatório desses movimentos tem sido bastante positivo para o consumo de lácteos que, segundo dados de algumas consultorias de mercado, aumentou de forma consistente no primeiro semestre para queijos, manteiga, requeijão e leite UHT. “Isso reforça uma mudança de comportamento dos consumidores que passaram a demandar mais produtos de consumo doméstico e para preparo de refeições no lar visto que as pessoas estão passando mais tempo em casa como mostrado em nossa pesquisa de consumo realizada ainda em maio*. Ao mesmo tempo, os auxílios de renda do governo também reforçaram o consumo de produtos lácteos mais básicos como leite UHT e leite em pó”, conclui o técnico.
*Pesquisa no site: ://www.cileite.com.br/especial_coronavirus_pesquisa_consumo
Rubens Neiva (MTb 5445)
Embrapa Gado de Leite
Contatos para a imprensa rubens.neiva@embrapa.br Telefone:32 99199-4757
Os preços dos principais produtos lácteos têm se sustentado no atacado. O queijo muçarela teve mais uma semana de valorização, enquanto o leite UHT ficou praticamente estável. Já o leite em pó tem mantido cotações próximas a R$20,00/kg desde junho.
Nos insumos, milho e farelo de soja tiveram mais uma semana de valorização de preços.
No informativo também estão apresentados os dados mais atuais de diversos produtos de interesse para cadeia do leite, além de produtos agrícolas de importância para o Brasil.
Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite. Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior. O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.
A nutrição de precisão ganha força no Brasil como aliada dos produtores de leite no desenvolvimento de uma pecuária ambientalmente eficiente. Estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) comprovou que o equilíbrio entre nutrientes na alimentação de vacas em período de lactação é capaz de garantir ganhos de produtividade, ao mesmo tempo em que minimiza impactos ambientais. Além de reduzir custos de produção, com a diminuição de nitrogênio e fósforo, o manejo nutricional preciso facilita a obtenção da licença ambiental para a propriedade.
Pesquisadores avaliaram, por um ano, dois grupos de vacas durante o período de lactação com dietas contendo teores de proteína diferentes. O Grupo 1 recebeu concentrado com 20% de proteína bruta. Já o Grupo 2 teve o teor proteico do concentrado ajustado de acordo com as exigências nutricionais e a produção leiteira. De acordo com o coordenador da pesquisa na Unidade, Julio Palhares, o objetivo foi conhecer o impacto dessa intervenção no balanço de nutrientes e nos indicadores de desempenho ambiental.
O manejo nutricional reduziu os excedentes de nutrientes, como o nitrogênio (N) e o fósforo (P). Para a zootecnista Táisla Novelli, que participou do estudo a campo, a nutrição de precisão é uma ferramenta a mais para auxiliar o produtor, com bons resultados na produção, além de benefícios ambientais.
Produtor satisfeito e meio ambiente conservado
Quando há consumo excessivo de nitrogênio por meio da dieta aumenta-se o risco ambiental. O nitrogênio nas fezes e urina tem potencial de volatilização, causando impacto na qualidade do ar, podendo contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Já o fósforo é o elemento responsável pela eutrofização nos corpos d'água. Ou seja, em grande concentração na água, esses elementos podem alterar o ambiente aquático, com aumento da população de determinadas algas que irão depreciar a qualidade da água.
A variação no concentrado oferecido ao grupo 2 reduziu o excesso de nitrogênio no sistema produtivo em 7,6%; e o de fósforo em 6,3%. No caso do potássio, o excesso foi maior nesse grupo 1. “A redução de excedentes dos nutrientes significa fazer uma pecuária ambientalmente eficiente, com isso o produtor terá mais facilidade no manejo dos resíduos e na obtenção da licença ambiental da fazenda. Os custos da produção de leite também são impactados. Com a quantidade ajustada de nitrogênio, produziu-se a mesma quantidade de leite da dieta com excesso do elemento. Isso significa redução do custo de produção, pela menor necessidade de aquisição do alimento proteico”, destaca Palhares.
A maior parte do excesso de nitrogênio no grupo da dieta convencional vem da fertilização do solo e dos alimentos concentrados oferecidos aos animais. No caso do fósforo, do capim e do concentrado.
Resultados associam nutrição de precisão à redução de riscos ambientais
A estratégia nutricional dos animais, que leva em consideração a necessidade de nutrientes e a produção de leite, demonstrou-se eficiente na redução dos excedentes de nitrogênio e fósforo no sistema de produção da Embrapa Pecuára Sudeste.
O total de excesso de nitrogênio por hectare foi de 605 kg no grupo 1; e de 556 kg N por hectare no 2. Em ambos, os menores excessos foram verificados nos primeiros três meses da lactação. A eficiência média de uso de nitrogênio foi de 21% para o grupo 1; e de 22,7% para o grupo 2. O nitrogênio é de alta mobilidade no solo. Dependendo do manejo feito na pastagem e da intensidade de chuvas, ele pode ser transportado para os corpos d’água superficiais e subterrâneos. Conforme Palhares, o nitrogênio em elevadas concentrações na água é tóxico para humanos e animais que a consumirem.
O alimento concentrado e a adubação das pastagens representaram a maior parte das entradas desse elemento.
Em relação ao fósforo, o total de excesso por hectare do sistema produtivo foi de 93 kg por hectare no grupo 1; e de 86 kg por hectare no grupo 2. A eficiência média de aproveitamento do fósforo no grupo 1 foi de 25,3%; e no grupo 2, de 26,5%. Os maiores excessos ocorreram no verão, nos dois grupos. “Tal fato está relacionado à proximidade do fim da lactação, onde a produção de leite estava reduzida, aliado ao possível consumo excessivo de fósforo pelos animais, principalmente via pastagem”, diz o pesquisador. O alimento concentrado ainda representou mais de 70% das entradas de fósforo para os dois grupos.
Já o potássio não teve a mesma eficiência em relação aos outros dois nutrientes quando a dieta foi ajustada.
O total de excesso de potássio por hectare do sistema produtivo foi de 296 kg/ha no grupo 1; e de 322 kg/ha no grupo 2. Diferentemente do observado para o nitrogênio e para o fósforo, o consumo de concentrado não representou a maior entrada de potássio, mas o consumo de pastagem. O potássio apresentou uma eficiência média de uso de 14,2% para o grupo 1; e 1de 2,6% para o grupo 2. “O potássio não é um elemento com grande representatividade no impacto ambiental. É mais uma questão de uso correto do elemento de acordo com a exigência das vacas. Como todo nutriente custa dinheiro, então por que usar em excesso se não vai reverter em produção de leite? Ou seja, o produtor vai jogar dinheiro fora”, adverte Palhares.
Os resultados demonstram que a precisão no uso da proteína na dieta determinará menor potencial de dano ambiental, como poluição das águas e do solo e emissão de gases.
Ferramenta valiosa de análise ambiental
Segundo Palhares, no Brasil o balanço de nutrientes não é considerado pelo setor produtivo e pelos órgãos gestores como ferramenta de análise ambiental. “Essa realidade não se justifica, pois o balanço é um instrumento eficaz, considerado nos programa de gestão ambiental para pecuária de vários países do mundo”, explica. Novelli endossa a opinião do pesquisador da Embrapa, ressaltando que a abordagem do balanço de nutrientes mostrou-se adequada para explicitar a eficiência de uso de nutrientes pelos animais e avaliar o desempenho dos indicadores ambientais ao longo da lactação.
O balanço é eficiente porque mostra o desequilíbrio que pode ocorrer entre a quantidade de nutrientes utilizada pelo sistema de produção e a que é produzida na forma de leite. “O balanço expõe a eficiência de uso de nutrientes. Quanto maior a eficiência, melhor será o sistema de produção em termos ambientais e econômicos. Já os sistemas com baixa eficiência significam alto impacto ambiental e menos dinheiro no bolso”, conta Palhares.
Uma das vantagens de calcular o excedente de nutrientes por área ao mês, segundo o estudo, é que permite decisões mais acertadas em relação ao regime de fertilização das pastagens, levando-se em consideração o excedente do mês anterior. Isso reduz a necessidade de aquisição de fertilizantes químicos, diminuindo os custos de produção, otimizando o uso de resíduos de animais como fertilizantes, melhorando a segurança ambiental da fazenda e facilitando a adaptação às legislações ambientais.
Para Palhares, utilizar o balanço de nutrientes para avaliação da eficiência de uso de elementos como nitrogênio e fósforo no sistema de produção de leite é uma forma simples e acessível para evitar danos ambientais. “A partir do balanço eu posso identificar onde estou sendo ineficaz no uso dos nutrientes e intervir de forma precisa. Com isso se reduzirá a disponibilidade de nutrientes no ambiente, reduzindo o risco de poluição”, ressalta.
Ajuste de dietas diminui também a pegada hídrica
Essa pesquisa é um desdobramento de um estudo realizado em 2017, que apontou o ajuste nas dietas benéfico também para diminuir a pegada hídrica dos sistemas de produção animal.
Leite em alta e queda nos grãos melhoram a relação de troca ao produtor
O preço do leite ao produtor registrou alta de 9,8% em junho, enquanto que os preços de milho e farelo de soja apresentaram quedas.
Com isso, a relação de troca ao produtor melhorou no último mês ficando no menor patamar deste ano.
Veja essa análise completa na edição de julho do boletim Indicadores Leite e Derivados, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. No informativo estão apresentados os dados mais atuais de preço do leite ao produtor e ao consumidor no Brasil, preços internacionais do leite em pó e mais detalhes sobre a balança comercial de leite e derivados.
No informativo também estão apresentados os dados da inflação do leite no acumulado do ano e nos últimos 12 meses. Confira!!
Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite. Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior. O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.
Técnica foi debatida em workshop Brasil-Itália na última sexta (10)
O uso da termografia infravermelha tem mostrado grande potencial e poderá ser ampliado nas pesquisas que avaliam o conforto térmico animal em sistemas integrados de produção. A técnica permite mapear um corpo ou uma região para distinguir áreas de diferentes temperaturas por meio da visualização artificial da luz dentro do espectro infravermelho. O método é considerado não invasivo, permite análises à distância, gera imagens bidimensionais, é portátil e permite o registro em vídeos.
O tema foi debatido na última sexta (10) no Workshop “Compartilhando experiências” (Brasil/Itália), organizado pelo pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP).
O evento faz parte do projeto “Do céu às células – uma abordagem multidimensional do conforto térmico animal em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)”, liderado por Rossetto, e teve a participação dos pesquisadores Leonardo Nanni Costa, da Universidade de Bolonha, e Fabio Luzi, da Universidade de Milão. José Ricardo Pezzopane e Alberto Bernardi, da Embrapa, além de outras pesquisadoras italianas, acompanharam o workshop em ambiente virtual.
O projeto
Rossetto apresentou a evolução do projeto Do Céu às Células, que começou em 2019 e termina no ano que vem, com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Foram mostrados os principais benefícios das sombras das árvores na fisiologia de bovinos de corte, que permitem indicar a ILPF como estratégia produtiva para melhorar o bem-estar animal e a produtividade.
O pesquisador mostrou com imagens aéreas, de termografias e fotografias convencionais, resultados parciais já obtidos. Apresentou o sistema de captação de dados por sensores instalados em colares em animais das raças Canchim e Nelore; os gráficos que identificam deslocamento, ócio e ruminação, obtidos a partir de mais de 41 mil horas de monitoramento; os trabalhos que estão avaliando as características do pelo e a estrutura morfológica da pele de bovinos; além de outros dados envolvendo os efeitos do sombreamento no conforto térmico dos animais.
De acordo com Rossetto, “embora as causas do desconforto térmico sejam diurnas, as consequências negativas também se manifestam no período noturno”.
Itália
Os pesquisadores europeus também apresentaram trabalhos que desenvolvem na Itália, além daqueles conectados ao projeto Do Céu às Células. O agrônomo Fabio Luzi e a física Veronica Redaelli relataram o uso de termografia em pequenos animais, cavalos, répteis, primatas não humanos, suínos, aves e bovinos.
Além dos animais, a termografia pode ser usada para monitorar o ambiente e a alimentação fornecida a eles, como a silagem. A técnica também é útil para monitorar situações críticas como o transporte de animais.
Leonardo Nanni falou sobre a avaliação do bem-estar animal ante e pós-morte, apresentou o conceito de dor e os comportamentos associados a ela, seja na vocalização, temperatura, postura e locomoção. O pesquisador e sua equipe mostraram também estudos que codificam e quantificam as expressões faciais de dor em ovinos, trabalho que tem como base as expressões humanas, mas é desenvolvido com apoio de instrumentos eletrônicos.
Segundo Nanni, o uso da termografia vem ganhando relevância nos estudos sobre bem-estar animal justamente por não ser invasiva.
Parcerias
O projeto Do Céu às Células tem parcerias também com as empresas Cowmed e Airscout Brasil, especializadas em monitoramento animal e ambiental, com a UFF (Universidade Federal Fluminense), USP (Universidade de São Paulo), UFPA (Universidade Federal do Pará) e Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia). Há financiamentos da Fapesp, CNPq e Capes, além de recursos da própria Embrapa por meio da Rede de Pesquisa em Agricultura de Precisão, chamada Rede AP. A Rede ILPF também é cofinanciadora do projeto.
A programação do evento também teve momento dedicado às discussões do Projeto Sprint, recém aprovado na Fapesp, no qual todos os pesquisadores convidados também são participantes. Esse projeto trata da mobilidade da equipe envolvida, permitindo deslocamentos para encontros presenciais.
Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pecuária Sudeste
Contatos para a imprensa pecuaria-sudeste.imprensa@embrapa.br
A Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) renovou a acreditação do Laboratório de Qualidade do Leite (LQL) da Embrapa Gado de Leite. Essa é a terceira vez consecutiva que a acreditação é renovada.
Segundo o analista Anderson Christ, gestor do Laboratório, essa renovação consolida a confiança de produtores e laticínios pelos serviços prestados: “Ela vem num momento importante, de transformação do LQL. O Laboratório passa por uma nova fase em seus trabalhos, com o fornecimento de resultados de caseína e nitrogênio ureico”.
Christ prossegue: “O laboratório também se torna um instrumento de transformação dos clientes, oferecendo soluções nas questões relacionadas a qualidade do leite, seja por meio de cursos EAD, boletins mensais de conjuntura e webinars técnicos”. Segundo o gestor, está sendo desenvolvido um novo software que permitirá maior integração com os clientes trazendo maior agilidade nas informações.
Outra mudança importante foi a ampliação do relacionamento com a indústria, com o recém-implementado sistema de coleta das amostras de leite diretamente nos laticínios, em veículo próprio refrigerado e com monitoramento em tempo real. O processo contribui para evitar o descarte de amostras por problemas de conservação em razão de temperatura fora do padrão.
A nova modalidade também permite a rastreabilidade de toda a logística, desde o laticínio até o LQL. “O processo de coleta está na fase inicial, com os ajustes necessários a um sistema dessa complexidade, com quase 10.000 quilômetros em quatro rotas distintas”, diz. O LQL da Embrapa atende cerca de 150 clientes, com um total estimado de 30.000 amostras, abrangendo quase 120 cidades em quatro estados (MG-BA-RJ-ES).
A auditoria externa foi realizada pelo Inmetro em novembro do ano passado e a próxima avaliação para manutenção da certificação ainda não foi agendada, mas deve acontecer somente no final do próximo ano.
Rubens Neiva e Marcos La Falce
Embrapa Gado de Leite
Contatos para a imprensa rubens.neiva@embrapa.br Telefone:32991994757
Duas portarias do Governo de Minas Gerais, editadas no mês passado, reconheceram dez municípios localizados na Serra da Mantiqueira como regiões produtoras de queijo artesanal. As portarias atendem aos produtores da cidade de Alagoa, cujo queijo tem seu nome como marca (“Queijo Artesanal de Alagoa”) e das cidades de Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto, cujos queijos são comercializados com a marca “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”.
Segundo o técnico da Emater-MG, Júlio César Seabra, "a publicação das portarias é o penúltimo passo de uma longa caminhada para que o queijo artesanal produzido na Mantiqueira saia da informalidade". O passo final será publicação do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo. A expectativa dos produtores é que ele seja aprovado em agosto. Com o Regulamento, os queijeiros que cumprirem todas as normas poderão obter o SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal) ou o Selo ARTE. Ambos permitem a venda do produto em todo o território nacional.
Pesquisa – O périplo dos produtores da Mantiqueira, cujo queijo já era famoso nos mercados das grandes cidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, começou há cerca de dez anos, com a parceria entre os queijeiros da região, a Emater-MG, a Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) e a Embrapa Gado de Leite. As instituições estruturaram um projeto de pesquisa para levantar dados que fundamentassem a regulamentação, primeiramente do queijo de Alagoa; em seguida, dos outros nove municípios mineiros da Serra da Mantiqueira.
Segundo Maria de Fátima Ávila Pires, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite e coordenadora do projeto que envolveu 25 profissionais, o primeiro passo foi caracterizar o sistema de produção. Foram selecionados 50 produtores, identificados do ponto de vista econômico e social. “Traçamos o perfil do produtor da região e resgatamos os aspectos históricos e culturais da produção do queijo nos municípios”, conta Maria de Fátima.
Entre as contribuições do trabalho estava a de estabelecer um protocolo de maturação para o queijo, que ainda não contava com um prazo definido para essa etapa de produção. Os pesquisadores também fizeram diversos estudos que envolveram o solo e a água (aspectos físicos, químicos e microbiológicos), a alimentação das vacas e as análises do leite e do queijo.
Os estudos incluíram o levantamento de informações sobre o processo de produção do leite e da fabricação do queijo, caracterizando o “saber fazer” das comunidades, ou seja, como os produtores construíram as tradições que resultaram no modo próprio de fazer seu queijo artesanal. Agora, toda a pesquisa, reunida em um documento, será essencial para definição do Regulamento Técnico de Identidade.
Bom momento – Apesar do Covid-19, a publicação da portaria e a expectativa da aprovação do Regulamento Técnico de Identidade, chegam em um bom momento para os queijeiros da Serra da Mantiqueira. “Nas primeiras semanas após anunciada a pandemia, as vendas de queijo caíram a quase zero”, lembra Seabra. Os produtores se mobilizaram e adotaram os conceitos de marketplace na internet, utilizando plataformas de venda e redes sociais para comercializar o queijo. “Hoje, está difícil comprar queijos produzidos em Alagoa”, comemora Seabra.
O Brasil produz um milhão de toneladas de queijo por ano, e um quinto desse total é feito artesanalmente, com leite cru – que não passou pelo processo de pasteurização. A pesquisa sobre o leite da Mantiqueira reuniu 30 queijeiros de Alagoa e outros 20 queijeiros nas demais cidades. Os produtores são de base familiar, com a produção variando de cinco a mais de 50 quilos de queijo por dia. As fazendas são pequenas (cerca de 18 hectares) e o relevo acidentado da Serra da Mantiqueira limita o uso da pastagem. Capim verde picado, cana-de-açúcar, silagem de milho e concentrado representam boa parte da alimentação das vacas. O rebanho é predominantemente mestiço (Holandês/Gir Leiteiro).
Rubens Neiva (MTb 5445)
Embrapa Gado de Leite
Contatos para a imprensa rubens.neiva@embrapa.br Telefone:32991994757
A pandemia do novo coronavírus tem desafiado a cadeia produtiva de lácteos que, segundo os especialistas, passa por movimentos bruscos. Primeiro, houve elevação nos preços dos produtos lácteos devido aos movimentos de consumo logo após o início do isolamento social. Para o pesquisador da Embrapa Gado de LeiteGlauco Carvalho, assim que a crise teve início, ocorreu uma elevação na demanda, aumentando os preços do leite UHT e do leite em pó, que durou até o fim de março. Em um segundo momento, que perdurou até meados de maio, ocorreu a regularização do consumo e a reorganização da captação e do mix de produtos pelos laticínios, privilegiando o leite UHT e o leite em pó, segundo Carvalho. “A indústria agiu rapidamente e os preços se normalizaram, mas depois começaram a cair”, conta.
Os derivados do leite seguiram caminhos diferentes. O analista da Embrapa Denis Rocha informa que produtos como a muçarela e diversos tipos de queijo, cujo consumo depende muito de estabelecimentos comerciais como restaurantes, bares e pizzarias, foram fortemente afetados pelo fechamento dos canais de alimentação fora do lar. “A consequência foi a queda de preços desses produtos, puxando para baixo o mercado 'spot' (comércio de leite entre laticínios) e até mesmo o leite UHT foi afetado”, relata Rocha.
Essa dinâmica de preços se refletiu no pagamento do leite ao produtor, que caiu 5% em maio. Para atenuar o impacto negativo sobre a rentabilidade, naquele mês também houve uma ligeira queda nos custos de produção (veja quadro abaixo). Já na segunda quinzena de maio, Rocha relata que “o mercado virou novamente, com forte valorização de preços, que vem se sustentando até este momento”. Para o especialista, isso se deve, principalmente, à baixa disponibilidade interna de leite e ao aquecimento da demanda, fortalecida pela liberação do auxílio emergencial do governo, beneficiando mais de cinquenta milhões de brasileiros, cujos recursos recebidos foram usados basicamente para a alimentação. “Tal valorização refletiu positivamente no pagamento de junho e nova alta deverá ocorrer em julho,” acredita Carvalho.
Menos leite
Em meio à desorganização provocada pela pandemia, o pesquisador alerta que alguns fatores devem ser monitorados: “Estimativas do Banco Central apontam queda de cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Já são visíveis os reflexos negativos sobre os empregos e a renda da população, o que pode estabelecer um teto no preço de lácteos ao consumidor”. Rocha completa: “Ainda há grandes incertezas quanto à retomada da atividade econômica no País, o importante agora é manter a cautela na tomada de decisões”.
Fora a pandemia, o fato de haver menos leite no mercado também influencia na direção em que os preços devem seguir. A nota de conjuntura publicada em junho pelo Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa aponta quatro fatores que contribuem para a baixa disponibilidade do produto no mercado: o período de entressafra na produção nacional; a piora na rentabilidade do produtor (que faz com que descartem vacas e reduzam a produção); problemas climáticos; e queda nas importações.
O primeiro fator se deve a razões sazonais. Os meses de maio a junho são o período de menor produção de leite no Brasil. O volume de leite produzido diariamente em maio fica em torno de 10% menor que a média anual. Neste ano, a produção ainda está sendo penalizada pela alta nos custos, puxados principalmente pelos gastos com concentrado.
Quanto ao clima, o Rio Grande do Sul sofreu com eventos de seca no início do ano, comprometendo a produção. Já a respeito do volume das importações, os índices estão 39% mais baixos que em 2019 e a balança comercial de lácteos representa uma queda na oferta de quase 200 milhões de litros de leite. Portanto, o momento econômico dificulta estabelecer horizontes mais claros, mas não é exclusivo da cadeia produtiva do leite.
Rubens Neiva (MTb 5.445/MG) Embrapa Gado de Leite
Contatos para a imprensa cnpgl.imprensa@embrapa.br
Uma ideia simples e barata pode ajudar os produtores de ovinos na hora do aleitamento artificial de cordeiros. Um suporte para mamadeiras foi adaptado pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), para amamentar os filhotes.
Para executar a ideia foi necessário apenas o uso de madeira, corrente e tinta. O pecuarista pode fazer na própria fazenda se souber conceitos básicos de marcenaria.
A época de nascimentos dos ovinos é mais um desafio a ser enfrentado pelos pecuaristas, considerando a escassez de mão de obra no campo.
O pesquisador Sérgio Novita Esteves e a doutoranda Isabella Barbosa dos Santos, da UNESP de Jaboticabal, já vinham pensando em formas para otimizar o aleitamento artificial dos cordeiros. Com a covid-19, a ideia foi colocada em prática e foi desenvolvido o suporte de mamadeira.
O equipamento tem capacidade para alimentar até oito cordeiros ao mesmo tempo. Segundo Novita, o suporte, adaptado de outros modelos, tem como principal funcionalidade aleitar vários cordeiros de uma vez, diminuindo a mão de obra utilizada. “Como temos um rebanho grande, algumas vezes há casos de ovelhas que têm pouco leite ou com mastite no úbere, temos que suplementar a dieta dos cordeiros com leite. Assim, facilitou e agilizou esse processo de aleitamento”, explica o pesquisador.
Partos duplos ou triplos podem gerar cordeiros mais frágeis. Muitas vezes pode haver necessidade do pecuarista fazer a suplementação com leite, devido a produção insuficiente da mãe.
Outro ponto positivo é que a altura pode ser ajustada de acordo com o crescimento dos animais. “Ele não é fixo na parede. É pendurado por meio de correntes e podemos regular a altura conforme o tamanho dos cordeirinhos”, conta Isabella.
O produto não é comercial. É uma adaptação feita pela Embrapa para otimizar o trabalho de aleitamento artificial.
Higiene. Esse é um dos principais motivos que conduziu a Embrapa Tabuleiros Costeiros e Embrapa Gado de Leite, a realizaremvídeo,em animação gráfica, que mostra o passo a passo na produção artesanal de queijo coalho e ricota com mais sabor, maior tempo de vida útil e muito mais qualidade.
“O vídeo é muito importante para padronizar o processo de produção desses queijos e, principalmente, por reforçar a importância das boas práticas de fabricação de queijo coalho, que precisa de cuidados extras, por esse alimento ser feito com leite cru”, afirma Marcio Roberto Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite na área de epidemiologia aplicada ao controle de zoonoses e segurança do alimento.
“O objetivo é auxiliar o produtor de queijo a conquistar o consumidor, em mercado cada vez mais competitivo, oferecendo alimento artesanal saudável e muito saboroso, como também colaborar com a dona de casa, ao incentivar a produção do queijo coalho e ricota, deliciosos e de qualidade para a família.”, destaca Karina Neoob, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, que coordenou tecnicamente a realização.
Em oito passos, o vídeo mostra as boas práticas de produção dos queijos coalho e ricota
Passo a passo Em oito passos, e de forma lúdica, o vídeo mostra as boas práticas de produção dos queijos, a começar pelo leite de boa procedência (rebanho livre de brucelose e tuberculose, com mastite controlada).
O vídeo destaca a importância de produzir os queijos coalho e ricota em ambiente limpo, arejado, livre de insetos, com utensílios higienizados, onde o manipulador também se higieniza e usa vestimentas adequadas, como gorro, máscara, luvas, avental ou jaleco.
“Alguns produtores acreditam que a produção artesanal pode ser conduzida sem maiores critérios. No entanto, como geralmente os queijos artesanais são feitos a partir de leite cru, os cuidados higiênicos e a fiscalização têm que ser mais intensos, de modo a proteger a saúde do consumidor de várias doenças veiculadas pelo leite sendo muitas delas zoonóticas, como a brucelose e a tuberculose”, adverte o pesquisador Marcio.
Ele acrescenta ainda que muitas pessoas acham que o queijo com furinhos é mais gostoso. “Na verdade, no caso do queijo coalho, boa parte desses furos podem ser formados pela presença de gases produzidos por bactérias que indicam contaminação fecal, por exemplo, sendo um sinal de que as boas práticas agropecuárias ou de fabricação não foram cumpridas integralmente e que podem transmitir doenças para quem consumi-los.” complementa o pesquisador.
Nova Legislação É importante que os produtores atentem à nova legislação aprovada em 2019, que dispõe sobre a fiscalização na produção de produtos alimentícios de origem animal produzidos de forma artesanal.
Além de fiscalizar, o decreto nº 9.918, de 18 de julho de 2019, legisla sobre o selo Arte, onde os serviços municipais e estaduais de fiscalização devem verificar os requisitos de boas práticas de fabricação e emitir o selo.
“Vale a pena para o produtor formalizar e obter o selo Arte, que atesta a qualidade do produto e diferencia-o no mercado”, aconselha Rodrigo Lopes de Almeida, auditor fiscal e coordenador de produção artesanal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Com o decreto, os estados estão autorizados a conceder o selo Arte, que é uma garantia de higiene e qualidade”, complementa.
Mercado competitivo A agricultura familiar responde por, aproximadamente, 64% do leite de vacas produzido, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017.
“O produtor de queijo, que pretende manter-se em mercado competitivo como o atual, precisa garantir a oferta de produto que, além de saboroso e nutritivo, seja seguro para o consumidor” acrescenta a pesquisadora Karina.
“Essas características são importantíssimas para conquistar o consumidor que, muitas vezes, elege um único fornecedor de queijo coalho artesanal, pois faz questão de oferecer à sua família alimento saudável”, complementa.
Ivan Marinovic Brscan (1634/09/58/DF)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
Contatos para a imprensa tabuleiros-costeiros.imprensa@embrapa.br Telefone:(79) 40091381
A apresentação será iniciada por Carlos Fernando Fontenelle Dumans, diretor-presidente do Centro Brasileiro de Melhoramento Genético do Guzerá (CBMG²) e por Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, e seguirá com o pesquisador Frank Ângelo Tomita Bruneli. A decisão pelo lançamento virtual visa evitar aglomerações em tempos de pandemia.
Essa é a 21ª edição do sumário do PNMGuL. Segundo Bruneli, a publicação traz o mérito genético de 754 touros para características de leite e corte, além das 529 matrizes Guzerá com maior mérito genético para produção de leite em 305 dias de lactação. “Para este ano, contamos com cerca de 18 mil dados de produção de leite de mais de 11 mil vacas puras e mestiças que passaram por controle leiteiro oficial, a partir de uma base de dados de 28 mil animais”, diz o pesquisador.
A realização do presente trabalho é fruto da parceria de sucesso entre a Embrapa Gado de Leite e o CBMG². Participam também renomadas instituições nacionais e estaduais de ensino e pesquisa, de empresas públicas e privadas voltadas ao Agro e de diversas fazendas leiteiras colaboradoras do teste de progênie.
O PNMGuL está em execução há 26 anos. “Desde 2000, o sumário é publicado anualmente e é uma importante ferramenta para o contínuo melhoramento deste recurso genético animal nos trópicos” afirma Bruneli. A raça Guzerá se destaca por sua dupla aptidão, atraindo cada vez mais produtores que se interessam por utilizar tanto animais puros da raça quanto seus cruzamentos, com o objetivo de aumentar a lucratividade nos sistemas de produção de leite, de carne e de duplo propósito.
Paulo do Carmo Martins diz que o Guzerá produzido no Brasil “vem atraindo inclusive os olhares da pátria-mãe da raça, a Índia”. As instituições daquele país têm buscado no Brasil parcerias e material genético para melhorar o Guzerá indiano. “A raça milenar chegou ao Brasil no século XIX, graças ao engajamento e à resiliência dos criadores, técnicos e pesquisadores que apostaram em seu melhoramento genético”, conclui Martins.
A partir do lançamento, o sumário poderá ser acessado por criadores e aficionados pela raça através dos sites:
Pelo lado da oferta são quatro os principais fatores que contribuem para a baixa disponibilidade interna de leite nesse momento: 1) Entressafra da produção nacional; 2) Piora na rentabilidade do produtor; 3) Problemas climáticos; 4) Queda nas importações de leite e derivados.
Pelo lado da demanda, os movimentos de consumo após o início do isolamento social têm levado a intensas variações nos preços dos produtos lácteos no mercado.No período mais recente, o mercado tem vivenciado forte valorização de preços que tem se sustentado nesse início de junho.
Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite. Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior. O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.
Aumento da ocorrência de inimigos naturais, ausência de cigarrinha na pastagem e de lagarta desfolhadora no eucalipto são algumas das diferenças em sistemas integrados de produção agropecuária quando comparadas a sistemas solteiros de cultivo. As observações são resultado de pesquisas conduzidas na Embrapa Agrossilvipastoril (MT). Elas mostram mudanças na dinâmica de insetos em função da interação entre duas ou mais espécies e da estratégia de ILPF adotada.
Essa alteração no comportamento e na ocorrência de pragas traz benefícios tanto na diminuição dos custos com o controle quanto na redução dos riscos envolvendo perdas de produção.
Em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), a modalidade de integração mais utilizada no País, quando a estratégia envolve a rotação anual, com lavoura no verão seguida de pastagem no inverno, não há a ocorrência da cigarrinha. A praga é uma das mais relevantes para as forrageiras. O inseto adulto suga a seiva da folha e libera enzimas que causam o amarelamento e posterior morte das folhas do capim. Com isso, o pasto perde produtividade e a capacidade de suporte de animais.
De acordo com o pesquisador Rafael Pitta, como nessa estratégia de ILP a pastagem é semeada entre fevereiro e março, a forrageira terá maior volume de massa já no fim do período chuvoso, o que não dá tempo para o desenvolvimento da praga devido a suas características biológicas.
“Quando começam a reduzir as chuvas, a cigarrinha (foto à esquerda) deposita o ovo no solo e ele fica em estágio de hibernação esperando as próximas chuvas. O ovo de março, abril, só vai eclodir em setembro e outubro, quando começa novo período de chuvas. Nesse momento, o capim já está sendo dessecado para servir de palhada para a lavoura”, explica Pitta.
Com a ausência da praga, os produtores deixam de ter de fazer o controle químico da cigarrinha. Em áreas de pastagens solteiras, são necessárias, em média, duas aplicações de inseticidas a cada período chuvoso, custando cerca de R$ 80 por hectare somente em produtos.
ILPF
Em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta com eucalipto, com renques de linhas triplas, a pesquisa mostrou que a lagarta desfolhadora (Glena unipennaria) não ocorre nos sistemas integrados. A praga é comum em sistemas de monocultivo de eucalipto e causou cerca de 50% de desfolha, no mesmo experimento, em áreas de controle cultivadas somente com a árvore.
Conforme a pesquisa, a praga não foi encontrada em áreas de integração de árvores com lavoura (ILF) nem em sistemas silvipastoris (IPF). Como o mesmo ocorre na bordadura de monocultivos de eucalipto, pesquisadores chegaram à conclusão de que a incidência de luz é a responsável pela mudança no comportamento.
“Observamos isso em sistemas com linhas triplas de eucalipto. Talvez em áreas com maior número de linhas esse efeito da bordadura possa não ser observado em todas as árvores”, pondera o cientista.
A lagarta desfolhadora do eucalipto é uma praga de grande impacto na cultura, sobretudo em regiões com maior cultivo da espécie, como Minas Gerais e São Paulo. O controle pode ser feito com produtos químicos ou biológicos e é caro, uma vez que depende de maquinário específico e com grande consumo de água.
Diversidade biológica na ILPF
A integração de lavoura com árvores também resultou em maior diversidade de espécies de insetos no sistema produtivo. A pesquisa mostrou que a biodiversidade presente nos monocultivos de eucalipto e de soja se somam nesses sistemas. Essa variedade aumenta a resiliência do sistema.
Na lavoura de soja essa biodiversidade é maior ainda. Isso é importante pois, em um possível ataque de alguma praga, a existência de inimigos naturais reduz os danos que poderiam ser causados. Essa biodiversidade reduz o risco do produtor”, afirma Pitta.
Comportamento semelhante também já foi observado em pesquisas analisando os microrganismos do solo em sistemas ILPF. Nesse caso, a maior diversidade de organismos antagônicos, ou seja, que controlam agentes causadores de doenças, pode reduzir a incidência de fitopatologias.
"Os sistemas integrados mostram uma resiliência maior na manutenção desses inimigos naturais. Na nossa visão, trata-se de um sistema produtivo que favorece esses inimigos naturais, podendo torná-lo menos suscetível às doenças", avalia o pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agrossilvipastoril, Anderson Ferreira.
Mudança de comportamento
Outra variável encontrada nos sistemas de integração lavoura-floresta é o comportamento de alguns insetos-praga. Na lavoura de soja, os percevejos marrons demonstraram maior ocorrência na faixa que não é afetada pela sombra das árvores. Já os percevejos barriga verde tiveram comportamento oposto, preferindo as áreas que ficam sombreadas em parte do dia.
De acordo com Pitta, essa informação é relevante para direcionar a forma de amostragem no campo antes de decidir pelo controle da praga. Uma amostragem privilegiando áreas com sombra, ou a faixa central dos renques, pode não refletir a real situação do talhão.
Gabriel Faria (MTb 15.624/MG) Embrapa Agrossilvipastoril
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O objetivo, segundo os autores, é auxiliar o produtor na fase de planejamento deste importante insumo agrícola, que é a semente. “Neste ano agrícola 2019/2020 são ofertadas 196 opções, para diferentes finalidades e regiões de cultivo”, resume um trecho. De acordo com os pesquisadores, as informações foram organizadas para evidenciar as principais características agronômicas das cultivares, assim como dados quanto ao comportamento dos materiais genéticos em relação às principais doenças que podem ocorrer nas regiões produtoras de milho no Brasil.
A publicação chega em um momento em que o Brasil se revela como recordista na produção de grãos. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em seu último levantamento realizado em maio de 2020, a estimativa nacional de semeadura do milho, considerando primeira, segunda e terceira safras, na temporada 2019/20, está em 18,5 milhões de hectares e produção de 102,3 milhões de toneladas. “Notadamente, esses resultados expressivos são produto dos avanços genéticos por eras, em que se empregam modernas técnicas de manejo e melhoramento de plantas”, interpretam os pesquisadores.
Ainda segundo os autores, a biotecnologia agrícola destaca-se como importante ferramenta no desenvolvimento de híbridos de milho com genética superior, como o Bt e o RR, que contribuem para a redução da pressão sobre os recursos naturais, permitindo práticas agrícolas mais sustentáveis. “A expectativa é que esta publicação possa atender os diferentes profissionais e públicos que cultivam este importante produto agrícola brasileiro, cultivado em todos os biomas e estados, responsável por 41,5% de toda a produção de grãos do país nesta atual safra”, afirma Frederico Ozanan Machado Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo.
Predomínio dos transgênicos e otimismo cauteloso
Analisando as informações coletadas nos portfólios das empresas produtoras de milho no Brasil, os pesquisadores reforçam que as cultivares de milho transgênico têm dominado o mercado nas últimas safras, e que a adoção por parte do produtor está em nível bastante elevado, principalmente no cultivo do milho após soja, chegando a 93% da área cultivada. “A tendência no futuro é que a participação de cultivares transgênicas deve aumentar ainda mais, com adição de eventos transgênicos em cultivares já existentes, o que não implicará aumento no número de cultivares no curto prazo”, analisam.
Em relação ao cenário econômico para 2020, os pesquisadores revelam-se otimistas, mas reforçam que a expectativa de produção na casa das 100 milhões de toneladas sofrerá ajustes ao longo dos próximos meses. Há uma série de interrogações que podem afetar negativamente o mercado de milho no segundo semestre, na visão de Rubens Augusto de Miranda, pesquisador da área de Economia, principalmente a questão da crise provocada pela Covid-19, que tem afetado severamente vários setores da economia, inclusive a produção de combustíveis. “No mercado externo, a expectativa de safra recorde nos Estados Unidos pode afetar negativamente os preços internacionais do milho e, consequentemente, as exportações brasileiras”, analisa. (ouça podcast sobre o assunto acima).
A pandemia de Covid-19 tem capacidade de promover uma revolução silenciosa nas fazendas de leite. Alguns produtores passaram a adotar medidas de segurança antes comuns a outros sistemas de produção, como suínos e aves. O maior rigor na biosseguridade pode ser um legado positivo que os procedimentos atuais devem deixar nas propriedades leiteiras. Os pesquisadores da Embrapa veem esse movimento com bons olhos, embora vacas não contraiam nem transmitam a doença (veja quadro). Os especialistas acreditam que o novo coronavírus ajudou a dar à biosseguridade uma nova dimensão nas fazendas de leite. Esse conceito, que envolve tanto a saúde dos animais quanto a do ser humano, é o conjunto de procedimentos adotados para lidar com os desafios que os agentes patogênicos impõem à produção animal.
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Márcio Roberto da Silva(veja entrevista abaixo), os estudos de transmissão da Covid-19 por animais ainda não são muito amplos, embora haja registros de transmissão do ser humano para outras espécies como felinos (tigres, leões e gatos). Há ainda um caso relatado em que um cão se infectou na Coreia do Sul. “Por enquanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ser humano é o principal reservatório da doença”, relata Silva. Mas isso não significa que as fazendas de leite estejam livres do problema. Pelo contrário. Os cuidados no campo devem ser redobrados.
O vírus se espalha principalmente por contato direto de pessoa para pessoa, entre indivíduos que estão próximos, por meio de gotículas respiratórias, ou de forma indireta, por contato com superfícies contaminadas. Silva alerta que essas duas formas de contágio são possíveis na lida diária com o rebanho. Em uma sala de ordenha, por exemplo, há equipamentos cujas superfícies aumentam a sobrevida do vírus. É o caso de plásticos e aço inoxidável, onde o novo coronavírus permanece ativo por até três dias (veja quadro ao lado). A própria vaca pode se tornar um vetor mecânico de transmissão da doença. Imagine uma situação na qual o animal esteja sendo ordenhado por um vaqueiro contaminado; essa pessoa espirra ou tosse próximo à vaca e o vírus se impregna na pelagem do bovino. Outras pessoas correm o risco de adoecer ao manusear a região contaminada dessa vaca e levar as mãos ao rosto. Por isso, Silva é taxativo: “Os mesmos cuidados, como o uso de máscaras e higiene das mãos e ambientes, amplamente divulgados para a sociedade, devem ser tomados pelos trabalhadores numa propriedade leiteira. E até acentuados, pois além da própria saúde, o trabalhador está lidando com a produção de alimentos que outras pessoas irão consumir”.
Boas práticas
A adoção de boas práticas agropecuárias já oferece segurança para quem lida com a produção de leite. “A vaca pode transmitir outras doenças como tuberculose, brucelose, leptospirose e raiva”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Alessandro de Sá Guimarães. Segundo ele, no ambiente rural há também animais silvestres que veiculam zoonoses, como o javaporco (cruzamento do javali com o porco), que se tornou uma praga em muitas regiões e deve ser controlada. “O produtor de leite está despertando para a questão da biosseguridade; muitas propriedades tornaram-se mais rigorosas com o acesso de pessoas e veículos à fazenda, exigindo jalecos adequados e propé (sapatilhas descartáveis para evitar que os sapatos contaminem o local).” Essa é uma prática comum em unidades de produção de suínos e aves, que o produtor de leite está incorporando.
“A única forma de prevenção da Covid-19 é o fortalecimento das medidas de biosseguridade”, afirma o pesquisador da Unidade Guilherme Nunes. Ele é um dos autores de um documento de 2018 com orientações para ampliar as barreiras sanitárias na bovinocultura leiteira, evitando a disseminação de doenças parasitárias, bacterianas e virais. Uma medida ideal de controle seria o produtor rural monitorar a temperatura e condições de saúde dos empregados na chegada à propriedade, afastando por duas semanas ou mais os trabalhadores com sintomas da doença. O afastamento também é recomendado para quem vive na mesma casa de uma pessoa infectada e aqueles que pertencem a grupos de risco para a Covid-19.
Roupas limpas e mãos higienizadas são cuidados essenciais para uma ordenha higiênica e segura, que também exigem saúde do trabalhador e sanidade da vaca, além do controle da mastite para a obtenção de um leite de qualidade e seguro”, confirma a também pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Wanessa Araújo Carvalho. A Unidade elencou dez medidas de prevenção a serem adotadas na rotina das propriedades rurais para evitar a disseminação do novo coronavírus (veja quadro).
Práticas higiênicas, ainda que não eliminem completamente o vírus, podem fazer com que o trabalhador tenha contato com uma menor carga viral, caso se contamine em alguma circunstância. “Ainda existem poucos estudos a respeito, mas uma baixa carga viral tende a influenciar na gravidade da doença”, conta Carvalho. A pesquisadora conclui que a pandemia vai mudar o mundo, valorizando a biosseguridade e levando a mais investimento em tecnologias renováveis e sustentabilidade. “Tudo leva a crer que o novo coronavírus surgiu numa feira de animais silvestres. Já avançamos demais sobre a natureza e é hora de retroceder, aplicando mais recursos na ciência para a adoção de tecnologias limpas e seguras para a humanidade.”
Rubens Neiva (MTb 5445/MG) Embrapa Gado de Leite
Carolina Rodrigues (MTb 11.055/MG) Embrapa Gado de Leite
Contatos para a imprensa cnpgl.imprensa@embrapa.br
O Informativo Especial de Preços desta semana mostra que os preços de leite e derivados registraram valorização nas últimas semanas. O período abril-junho é o de menor produção nacional e o volume importado segue recuando, o que tem afetado a disponibilidade per capita.
O leite UHT registrou importante valorização na 2ª quinzena de maio devido a demanda firme nos supermercados e oferta limitada pela entressafra.
No informativo também estão apresentados os dados mais atuais de diversos produtos de interesse para cadeia do leite, além de produtos agrícolas de importância para o Brasil.