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O queijo do marajó conquistou a Indicação Geográfica (IG), reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A publicação foi feita nesta terça-feira (23), na Revista de Propriedade Industrial e concede ao produto, genuinamente marajoara e paraense, a indicação de procedência, uma grande vitória aos produtores e ao estado do Pará.

O queijo também é o primeiro produto da região Norte a receber o Selo Arte ampliando as possibilidades de mercado ao ser identificado como um queijo artesanal tradicional brasileiro, o que permite sua comercialização em todo o país. Duas conquistas que aumentam a responsabilidade da pesquisa agropecuária no fortalecimento da cadeia da bubalinocultura no Marajó.

A Indicação Geográfica (IG) é a única propriedade industrial coletiva, benefício que se estende a todos os produtores de queijo de leite de búfala, respeitados os padrões que classificam o Queijo do Marajó, situados nos municípios de Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Soure. Locais que integram o Arquipélago do Marajó, mais especificamente, os chamados Campos do Marajó, Microrregião do Arari, Mesorregião Marajó, no Estado do Pará. Ou seja, a partir de agora, só pode ser chamado de Queijo do Marajó, a iguaria produzida nessas localidades.

O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental Adriano Venturieri comemora esse reconhecimento junto com o estado e defende que o fortalecimento da política da IGs da Amazônia é um importante caminho à valorização dos produtos e da biodiversidade da região. “Essa titulação agrega valor aos produtos, traz renda e desenvolvimento com sustentabilidade em cadeia, pois abraça muito mais que o queijo, mas toda uma cultura regional”, enfatiza Venturieri.

Contibuições da pesquisa

A atuação na Embrapa no Marajó é histórica e se baseia na cadeia produtiva do leite de búfala com foco em tecnologias para o melhoramento genético dos animais, aliado às boas práticas em sanidade e alimentação.

O Pará possui o maior rebanho bubalino do país, com cerca de 520 mil cabeças, o que representa quase 40% do rebanho nacional. O Marajó se destaca nesse cenário como o maior número de animais, segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal/IBGE (2018).

Desse contingente, apenas cerca de 5 mil animais do Marajó são dedicados à produção de leite, com produtividade média de 5 quilos/dia por animal e quase 100% da produção destinada à produção de queijo. E é na produtividade que a Embrapa quer impactar a cadeia, conforme explica o pesquisador Ribamar Marques, coordenador do Programa Programa de Melhoramento Genético de Búfalos com Inovação para o Estado do Pará (Promebull). O programa é executado pela Embrapa Amazônia Oriental e se tornou política pública, em 2019, por meio de parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa).

O pesquisador comenta que por meio das tecnologias de boas práticas de manejo animal, manejo alimentar e nutricional, manejo sanitário e melhoramento genético, espera-se até triplicar a produção média de leite por animal exatamente nos municípios beneficiados pela IG. “Com búfalas de genética superior, aumenta a produtividade de leite por animal reduzindo os custos para os produtores familiares que podem ter sua produção e renda triplicada, com um menor número de animais no pasto”, enfatiza Marques.

Desde 2019, o Promebull tem intensificado a aplicação de biotécnicas de inseminação artificial em tempo fixo (IAFT) para garantir diversas linhagens de animais melhorados geneticamente.

Apoio na formulação de políticas públicas

Para além da esfera da atuação da pesquisa e tecnologias para a cadeia bubalina, a Embrapa também tem atuado no fortalecimento de políticas públicas que valorizem o potencial da bioeconomia amazônica. O Promebull é uma dessas experiências que passou de projeto de pesquisa para programa de estado, em 2019.

Outras iniciativas: Em 2016, durante o Festival Internacional do Cacau e Chocolate da Amazônia, foi criado o Fórum Técnico de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas do Estado do Pará no qual aderiram 31 instituições, dentre elas a Embrapa, de acordo com Sheila Souza, analista da Embrapa e representa a instituição junto ao fórum.

Sheila lembra ainda que o Fórum foi um importante articulador para a conquista do IG não apenas do Queijo do Marajó, mas também do cacau do município de Tomé-Açu, primeiro produto do estado a receber a Indicação Geográfica. No caso de Tomé-Açu, o cacau beneficiado é produzido em sistema agroflorestal. Recentemente, integramos o grupo que elaborou a proposta de decreto que regulamenta o Programa de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas do Estado do Pará, e que aguarda a sanção do estado”, complementa.

Kélem Cabral (MTb 1981/PA)

Embrapa Amazônia Oriental

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O IBGE divulgou nesta quinta-feira (18/03), os dados consolidados da produção de leite inspecionada no último ano. Em 2020, o volume de leite adquirido pelos laticínios cresceu 2,1% atingindo a marca de 25,5 bilhões de litros. 

Dentre as regiões, Sul, Nordeste e Sudeste apresentaram incrementos de produção. Já dentre os Estados, Minas Gerais registrou o maior aumento absoluto na oferta de leite.

Veja esses dados com detalhes na edição especial do Boletim Indicadores Leite e Derivados disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Instituído pela ONU em 1992, o Dia Mundial da Água é comemorado em 22 de março. Para alertar sobre o risco de escassez deste precioso recurso, a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) lembra da necessidade da preservação e os cuidados no uso racional da água, tão vital para a manutenção da vida e para o equilíbrio dos ecossistemas do planeta.

As águas cobrem três quartos da superfície do planeta Terra. Mais de 97% desta água estão nos oceanos. Menos de 3% são água doce, portanto, próprias para consumo humano, dessedentação de animais e outros usos, como na agricultura. Desse total, 77% estão nas geleiras, calotas polares e congeladas nas montanhas; 29,9% são subterrâneos; 0,9% está presente na umidade do solo e na região dos pântanos; e apenas 0,3% em rios e lagos. Assim, apenas uma pequena parte de água doce está prontamente disponível para nosso uso.

A água é um recurso essencial diretamente ligado à saúde e a qualidade de vida. O uso da água apresenta também uma destacada importância econômica, seja para a geração de energia elétrica, uso industrial, ou na produção de alimentos, por meio da irrigação na agricultura e nos manejos da pecuária. Farta em algumas regiões e já escassas ou degradadas em outras, o uso inadequado deste recurso pode levar as próximas gerações a enfrentar o problema ainda maior da escassez dessa substância essencial à vida.

Mas como o Brasil lida com a água? Estamos explorando mal esse valioso recurso? Como a ciência tem atuado para sua conservação e para melhorar o seu uso?

Para ajudar nessas reflexões, convidamos dois especialistas da Embrapa para falar sobre o assunto. O pesquisador Marcelo Augusto Boechat Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente e Ricardo de Oliveira Figueiredo, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, que liderou, dentre outras pesquisas em bacias hidrográficas no País, importantes estudos relacionados à ocupação agrícola e aos recursos hídricos nas bacias dos rios Camanducaia e Jaguari.

1. De modo geral, qual é o principal problema que o Brasil ainda enfrenta para a adequada gestão dos recursos hídricos?

Ricardo Figueiredo: A complexidade de um país continental como o nosso, requer políticas diferenciadas na gestão ambiental. A depender da região, do bioma ou da ecorregião, encontramos problemas maiores ou menores.

Bacias hidrográficas que drenam grandes centros urbanos tendem a apresentar elevada poluição hídrica relacionada a aspectos sanitários como o tratamento de esgoto. Por outro lado, áreas rurais, com prática de agricultura e pecuária em larga escala, promovem por vezes grande entrada de sedimentos, nutrientes e resíduos de pesticidas, o que deve ser mitigado por atividades sustentáveis de produção agropecuária e a conservação florestal, principalmente nas cabeceiras da bacia e nas áreas de recarga de aquíferos.

Como os limites das áreas de drenagem das bacias em geral não são coincidentes com as fronteiras municipais, estaduais e até mesmo a federal, se impõem políticas públicas que sejam bem integradas pelos diferentes níveis de governo para a gestão adequada dos recursos hídricos no nosso País.

2. No Brasil existe o mito da abundância de água, mas os eventos de seca e de mudanças climáticas tem mostrado uma outra realidade. Se não cuidarmos, pode faltar água?

Marcelo Morandi: Apesar de o Brasil ter grandes reservas de água doce, como o maior aquífero do mundo, o Guarani, a distribuição deste recurso não é homogênea entre as regiões. A região Norte detém 68,5% da água doce disponível, enquanto que o Nordeste apenas 3,3%. Nas demais regiões a disponibilidade é de 15,7% no Centro-Oeste, 6,5% no Sul e 6% no Sudeste. Portanto, a distribuição das reservas não acompanha a concentração populacional nem a demanda hídrica das diferentes partes do País.

Além da distribuição espacial, há também distribuição desigual no tempo. Algumas regiões têm regime de chuvas concentrado em poucos meses, seguidos de longos períodos de estiagem e rios e lagos intermitentes.

A busca de soluções que levem a um caminho mais sustentável, deve levar em conta a conservação da água, do solo, e da vegetação nativa, de uma forma integrada, no contexto da bacia de captação onde os processos ocorrem. O uso adequado de recursos hídricos tanto no meio urbano quanto rural, reduzindo o desperdício e a poluição dos corpos d’água, é essencial para o equilíbrio da oferta e demanda deste recurso, tanto no presente quanto no futuro.

3. O crescimento populacional, desperdício de água, consumismo, poluição, falta de saneamento e desmatamento fazem pressão sobre o estoque de água doce disponível. Precisamos melhorar a governança na gestão da água para equacionar esses problemas?

Ricardo Figueiredo: Sim, é essencial que se melhore a gestão pública. Como comentado, os problemas são diversos e inerentes às diferentes características da bacia hidrográfica, tanto as naturais (clima, solo, geologia, relevo e vegetação original) como aquelas relacionadas ao uso e ocupação das terras. Dessa maneira, é necessário o aprimoramento do monitoramento hidrológico de nossos rios, para se conhecer e acompanhar as variações ocorridas tanto em termos de quantidade como de qualidade da água.

O País possui um sistema de monitoramento liderado pela Agência Nacional de Águas (ANA), mas é necessária sua ampliação geográfica e também a melhoria em termos de equipamentos instalados in loco para esse fim. Temos hoje tecnologia disponível, que uma vez aplicada, permite o acompanhamento em tempo real das condições hídricas das bacias, como é feito em alguns países.

Observe que menciono sempre a bacia hidrográfica, pois para o entendimento e a gestão da água precisamos conhecer todos os processos naturais e antrópicos que ocorrem dentro dos limites da bacia. Por exemplo, um impacto detectado em uma porção a jusante da bacia muitas vezes é consequência de processos que ocorrem em sua porção mais a montante. Dessa maneira, a governança é mais bem praticada quando se observa o quadro todo, a bacia hidrográfica.

4. E no campo, é possível otimizar a utilização da água na agricultura?

Marcelo Morandi: Um estudo publicado pela Embrapa (Visão 2030 – O futuro da Agricultura Brasileira), destaca que, em termos globais, o setor agrícola é o principal usuário de terra e água. A demanda mundial de água deverá aumentar 40% até 2030 e 55% até 2050 – ano no qual se estima que mais de 40% da população mundial vivam em áreas de grave estresse hídrico.

A demanda por água para a agricultura irrigada no mundo aumentará de 2.600 km3, em 2005, para 2.900 km3, em 2050. Cada km3 equivale a um trilhão de litros. Para efeito de comparação, o Lago Paranoá, em Brasília, tem 0,5 km3.

O uso adequado de recursos hídricos no meio rural envolve aperfeiçoamento da irrigação, uso de métodos específicos para cada tipo de solo e cultura, manejo a partir do monitoramento preciso da evapotranspiração e sistemas mais eficientes e adaptados às condições locais, evitando o desperdício de água e energia. Em regiões onde a disponibilidade hídrica é muito variável, reservatórios de pequeno porte, barragens subterrâneas, reuso e captação de chuvas em propriedades agrícolas podem melhorar a disponibilidade hídrica, reduzindo a vulnerabilidade em relação à variabilidade hidrológica.

Outra preocupação é com a qualidade da água, uma vez que é no espaço rural que nascem os grandes mananciais de abastecimento. Apesar de a poluição urbana ser a principal fonte de degradação, a poluição difusa de origem rural causada pela elevada utilização de fertilizantes e pesticidas e pela perda de solos por processos erosivos pode ser fortemente impactante.

5. Que tecnologias utilizadas na agricultura contribuem para a economia e manutenção da qualidade da  água no solo e nos mananciais?

Ricardo Figueiredo: Em primeiro lugar para a adoção de tecnologias é preciso que seja considerado o quadro completo das interações promovidas pelos fluxos de água dentro da área terrestre da bacia, e todo o material por esta água transportado. São variadas as maneiras de se enfrentar os desafios para um manejo sustentável nas bacias agrícolas, com manutenção da qualidade da água.

Um exemplo é o Sistema Plantio Direto (SPD), que pode ser entendido como um complexo de processos tecnológicos destinado à exploração de sistemas agrícolas produtivos, que compreende a mobilização de solo apenas na linha ou na cova de semeadura, na manutenção permanente da cobertura do solo e na diversificação de espécies, via rotação e/ou consorciação de culturas, e com o plantio em curva de nível e terraceamento. Dentre os impactos positivos do SPD, ressalto a diminuição da entrada de sedimentos nos rios como consequência do controle da erosão dos solos.

Também os sistemas agroflorestais (SAFs), podem ajudar na conservação dos recursos hídricos, combinando culturas agrícolas com árvores e plantas da floresta e/ou animais. Sua adoção tem sido utilizada com sucesso para a restauração de áreas degradadas, o que poder gerar melhorias ambientais como os serviços ambientais hídricos. Da mesma maneira, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com produção agrícola e animal em rotação, tem esse mesmo potencial de mitigação de impactos indesejáveis para a conservação da água.

Outra estratégia de tecnologias para a manutenção da qualidade e quantidade da água seria a chamada Agroecologia, e também a agricultura orgânica, uma vez que promovem a redução e racionalização do uso de insumos químicos, a substituição de insumo, e o manejo da biodiversidade e redesenho dos sistemas produtivos. No entanto, essas iniciativas têm avançado apenas no âmbito da agricultura familiar. Seria de fato importante a ampliação dessas iniciativas, pois trata-se de tecnologias que atenuam a entrada de agroquímicos nos fluxos hidrogeoquímicos da bacia.

Na agricultura familiar amazônica, por exemplo, a prática de preparo de área de plantio por meio do uso do fogo, promove impactos na qualidade do solo, água e ar, e pode ser substituída pelo corte da vegetação de pousio (capoeira) seguida da trituração dessa vegetação derrubada. A eliminação do fogo nessas condições tem resultado em bons efeitos na produção agrícola aliada à conservação dos recursos hídricos como atestam várias pesquisas.

6. Além do uso de tecnologia, como os produtores podem contribuir com a manutenção e preservação da água?

Marcelo Morandi: Segundo a legislação brasileira, imóveis rurais privados podem exercer produção em toda a sua extensão, exceto nas áreas de preservação permanente (APP), que protegem, especialmente, os cursos d'água e perfazem em média cerca de 10% da área da propriedade. Uma parcela da área que varia de 20% a 80%, dependendo do bioma, deve ser mantida com vegetação nativa na forma de reserva legal, sendo a produção limitada a atividades que não degradem ou avancem sobre a vegetação nativa.

Assim, é certo que essa imobilização de parte das propriedades traz um custo aparente ao produtor, se imaginarmos que a produção em área total, mantidas as mesmas produtividades pudesse ser real. Entretanto, como bem sabemos a manutenção das áreas de APP e de reservas legais são fundamentais para o bom desempenho da produção nas demais áreas das propriedades, garantindo disponibilidade de água, inimigos naturais, polinizadores e outros serviços ecossistêmicos.

Não se trata simplesmente de buscar aumento de produção ou produtividade, mas encontrar o sistema de produção adequado às características ecológicas e socioambientais de cada região, aliados a práticas conservacionistas e às tecnologias sociais já disponíveis. Portanto, a conservação dessas áreas é fundamental para garantir a longevidade e a produtividade da nossa agricultura. Ganha o ambiente, o produtor e a sociedade como um todo.

7. Como o pagamento por serviços ambientais pode afetar a produção e o uso da água na agricultura?

Ricardo Figueiredo: A adoção de pagamento por serviços ambientais, já amplamente conhecido como PSA, se destaca como uma maneira interessante para enfrentamento dos problemas mencionados. Trata-se de um importante instrumento para a implementação de ações relacionadas à recuperação das bacias. Para que o proprietário rural receba tal pagamento, algumas iniciativas exigem que estes adotem práticas de conservação de solos e reflorestamento de nascentes e áreas marginais dos cursos d’água.

Algumas iniciativas de PSA tem gerado bons resultados, mas há de se reconhecer que não podem ser aplicadas em qualquer situação. O PSA requer recursos financeiros e uma boa articulação do poder público com a comunidade local, e daí tende a ser mais efetivo em pequenas bacias. Por outro lado, seria também interessante que a política de PSA pudesse abranger os proprietários rurais, de maneira a proporcionar reconhecimento e incentivo ao manejo de suas terras, as quais são as maiores responsáveis pelo abastecimento da água subterrânea, que supre eventualmente os nossos rios, ribeirões e córregos.

Daí, sendo o PSA adotado com sucesso, tem-se a conservação dos recursos hídricos e uma valoração do produto agrícola, dado ao “prestígio ambiental” de uma produção sustentável. A conservação da água na área rural, por certo, redundará numa maior oferta de água para a irrigação, e também, diretamente pelo solo rico em água, para as raízes das plantas cultivadas.

Mais sobre o assunto:

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/18453038/workshop-apresenta-resultados-de-estudos-relacionados-a-ocupacao-agricola-e-os-recursos-hidricos--nas-bacias-dos-rios-camanducaia-e-jaguari

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57552201/estudo-constata-impactos-em-bacias-hidrograficas-em-consequencia-de-mudanca-de-cobertura-florestal-original

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57469946/estudos-em-bacias-hidrograficas--embrapa-meio-ambiente-38-anos

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/56196089/instituicoes-trabalham-para-reflorestar-bacias-de-afluentes-do-rio-atibaia

https://www.embrapa.br/meio-ambiente/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1123149/agricultural-impacts-of-hydrobiogeochemical-cycling-in-the-amazon-is-there-any-solution

https://www.embrapa.br/meio-ambiente/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1112886/a-conservacao-de-bacias-e-os-desafios-para-a-sustentabilidade-da-agricultura

https://www.mdpi.com/2073-4441/12/3/763

Eliana Lima (MTb 22.047/SP)

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A Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP) e a Nestlé estão monitorando o consumo de água de 60 propriedades leiteiras no país. Comparando-se o consumo total das fazendas em 2019 com o de 2020, a economia chegou a 19 milhões de litros de água. De acordo com o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos -SP), isso equivale a água ingerida por mais de 300 mil vacas em fase de lactação em um ano.


O acompanhamento ocorre há dois anos em 60 propriedades localizadas nos estados de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais. O monitoramento é realizado mensalmente por meio de hidrômetros instalados em vários pontos de consumo. Com ajuda de técnicos, são feitas anotações em planilhas ou diretamente no aplicativo leiteria da Nestlé.

Segundo Barbara Sollero, gerente de Desenvolvimento de Fornecedores e Qualidade da Nestlé Brasil, a partir de indicadores gerados, na segunda fase do programa serão propostas ações para melhorar a eficiência hídrica nas fazendas. Barbara destaca que monitorar a água com hidrômetros não é uma prática usual nas propriedades. Para ela, é uma inovação e a parceria terá dados em larga escala para gerar pesquisas e propor ações de manejo sustentável desse recurso tão importante.

Só com o monitoramento já foi possível identificar ganhos de eficiência hídrica. Em uma das fazendas, em sistema semiconfinado, onde o hidrômetro mede os consumos da água de lavagem do curral e da sala de ordenha, identificou-se uma redução de 36% no consumo de água. “Isso significa 3 mil litros a menos de água consumida em 2020, o que equivale ao consumo de uma família rural de quatro pessoas por uma semana. Destaco que o número de vacas em lactação e a produção de leite de 2019 para 2020 mantiveram-se iguais”, conta Palhares.

O Programa de Boas Práticas Hídricas, uma parceria entre a Embrapa Pecuária Sudeste e a Nestlé, tem duração de quatro anos e busca levar a gestão da água para as fazendas leiteiras, tornando o uso desse recurso mais eficiente.

Manejos simples, como raspagem do piso e lavagem sob pressão, podem fazer a diferença na economia de água. Segundo o pesquisador, detectar vazamentos também é uma prática bastante eficaz contra o desperdício. Outras medidas podem custar um pouco mais de investimento, como a reutilização da água da lavagem da sala de ordenha para fertirrigação e sistema de captação da água da chuva, mas trazem retorno financeiro e ambiental.

Para que a produção agropecuária seja sustentável, é essencial que o produtor adote boas práticas hídricas na propriedade. Além da melhor gestão da água, o manejo hídrico é uma importante ferramenta para a preservação e conservação dos recursos naturais.

Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)

Embrapa Pecuária Sudeste

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No Dia Mundial da Água, 22 de março, a Embrapa entrega um resultado de pesquisa à sociedade. Um trabalho com duração de um ano, em que a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) em parceria com a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), monitorou resíduos de agrotóxicos, em amostras de água do Rio Dourados (que pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Dourados - BHRD), em Mato Grosso do Sul.

 “Estudos de monitoramento dos resíduos de agrotóxicos em águas superficiais são necessários para avaliar os níveis de exposição de organismos não-alvos, incluindo os seres humanos”, diz o pesquisador Rômulo Penna Scorza Júnior da Embrapa Agropecuária Oeste.

“A Embrapa, ao longo de sua história, tem trabalhado e se dedicado a pesquisar soluções e alternativas que contribuam com a conservação, uso e reaproveitamento d’água. A Embrapa Agropecuária Oeste sempre esteve atenta a essa questão, e as pesquisas que vem sendo desenvolvidas ao longo dos anos demonstram essa dedicação”, disse Harley Nonato de Oliveira, chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste.

O objetivo, segundo ele, é a “busca por soluções que contribuam com o uso racional da água no campo e com a sua conservação, através do desenvolvimento de sistema sustentáveis, que permitem melhor infiltração e aumento da quantidade de água armazenada nos solos e nos lençóis freáticos e, nos últimos anos, no desenvolvimento de metodologia e monitoramento da qualidade da água, cujo informações podem apoiar a elaboração de novas políticas públicas”, completou.

Ele enfatiza que esse trabalho é fruto de uma parceria com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e do Instituto do Meio Ambiente de Dourados a Embrapa Agropecuária Oeste, disponibiliza documento que apresenta metodologia e traz avanços e resultados em relação a avaliação da qualidade desse importante recurso natural. A publicação pode ser acessada gratuitamente por este link https://bit.ly/3vJL4tR

Também fazem parte do projeto, como parceiros, o Ministério Público Federal (MPF – PRM/Dourados), o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-PTM/Dourados) e o Instituto de Meio Ambiente de Dourados (IMAM)/Prefeitura Municipal de Dourados.

Durante o período de um ano (10/12/2019 a 11/12/2020), 46 diferentes agrotóxicos e seus produtos de degradação, todos registrados no Brasil, foram monitorados. Os compostos selecionados nesse método foram estabelecidos com base no volume de comercialização de cada princípio ativo em Mato Grosso do Sul, uso nas culturas de soja, cana-de-açúcar e milho e a previsão legal dos valores máximos permitidos em agua superficial estabelecidos nas legislações estadual e federal.

De um total de 46 diferentes agrotóxicos e seus produtos de degradação considerados nesse estudo, encontrou-se 32 desses compostos em pelo menos uma amostra, resultando na frequência de ocorrência igual a 70% dos compostos analisados. Desses 32, apenas um possui (atrazina) tem os valores máximos permitidos em águas superficiais  previstos na legislação.

Frequência de resíduos

De acordo com Scorza Júnior, “os compostos mais frequentes nas amostras analisadas foram a deetilatrazina (DEA), 2-hidroxiatrazina, atrazina, carbendazim, clorantraniliprole, clotianidina, epoxiconazole, hexazinona, imazetapir, imidacloprido, tebuconazole, tebutiurom e tiametoxam. As maiores concentrações encontradas dos resíduos de agrotóxicos nas amostras de água do Rio Dourados foram de atrazina (0,130 µg L-1), tiametoxam (0,077 µg L-1), 2-hidroxiatrazina (0,074 µg L-1) e imidacloprido (0,072 µg L-1).”

Dentre os agrotóxicos detectados, o cientista relata que apenas a atrazina (0,130 µg L-1) chegou mais próxima ao valor máximo permitido estabelecido na legislação brasileira, que é de 2,0 µg L-1.  Dessa forma, os resíduos de atrazina encontra-se em conformidade legal.

O pesquisador explica que “os resultados servem como um diagnóstico do nível de exposição do Rio Dourados aos agrotóxicos utilizados nos principais sistemas de produção da região em estudo, fornecendo dados técnicos-científicos para aprimoramento de políticas públicas (por exemplo, inclusão de agrotóxicos não previstos na legislação brasileira que regula valores máximos permitidos desses compostos em águas superficiais) e para o processo de avaliação do risco ambiental de agrotóxicos pelas autoridades regulatórias, subsídio na definição de medidas mitigatórias para atenuação da problemática como o transporte dos agrotóxicos para as águas superficiais, entre outros.”   

As ações mitigatórias para atenuar o problema podem ser, por exemplo, medidas para racionalização do uso de agrotóxicos nos sistemas de produção predominantes na BHRD, recomposição das matas ciliares nas margens do Rio Dourados, incentivo ao uso de insumos biológicos, entre outros.

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arceiros

Ministério Público Federal (Mato Grosso do Sul) – Segundo Marco Antonio Delfino de Almeida, procurador do MPF, “o monitoramento é extremamente importante a qualquer atividade econômica que produza impactos ao meio ambiente. Via de regra ele acaba ocorrendo nos empreendimentos que a gente entende como de grande impacto e via de regra ele é feito pelos próprios empreendedores. Esse monitoramento da água do Rio Dourados é importante para que tenhamos a dimensão do impacto das atividades econômicas no meio ambiente e obviamente na saúde da população que se abastece desses recursos, justamente para que possam ser efetivados eventuais ajustes, bem como se atenda ao que é essencial igualmente que é o dever da informação à população sobre esses impactos. Um desdobramento decorrente desse monitoramento é a produção de dados e a consequente utilização, inclusive, na produção de artigos. O monitoramento acaba por ter dois relevantes: o papel de monitorar o impacto das atividades econômicas, informar a população e obviamente permitir que a sociedade se enriqueça com os dados científicos que são produzidos.”

Ministério Público de Mato Grosso do Sul 

De acordo com Amilcar Araujo Carneiro Junior, promotor do MPMS, a parceria entre Embrapa Agropecuária Oeste e Ministérios Públicos resultou em um trabalho em que “agora se colhe o fruto que é este resultado de pesquisa e que nos faz chegar a algumas conclusões, já que antes não havia nenhum tipo de estudo. Agora, se tem a noção do que representa em termos de posição desses resíduos no Rio Dourados, que é uma das fontes de abastecimento da cidade. O que vamos fazer? Podemos usar esses dados coletados e fazer cruzamento com os dados que temos, com o CAR, por exemplo. É um ponto de partida para irmos para outros trabalhos. Sem esses dados da pesquisa não teria por onde começar”.

Para Luciano Furtado Loubet, promotor do MPMS, “é de extrema importância esse tipo de pesquisa, uma vez que há poucos dados sobre a presença de agrotóxicos no ambiente, especialmente em rios e córregos. Justamente por isto o MPMS apoiou a EMBRAPA neste projeto, pois, com base nele, podemos trazer o assunto à tona e cobrar das autoridades competentes providências. Vejam que a maioria dos produtos encontrados sequer possui legislação de volume máximo presente na natureza.”

Ministério Público do Trabalho (MPT/MS) – Na visão do procurador do Trabalho Jeferson Pereira, “os resultados apontados no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento no que atine à análise dos resíduos de Agrotóxicos em águas do Rio Dourados/MS, corroboram agora de uma forma técnica, respaldada por uma metodologia científica, a identificação de uma considerável quantidade existente de diferentes compostos agrotóxicos, corroborando o que antes já era disseminado em termos de notícias veiculadas em nossa Região, quanto à essa contaminação das águas superficiais do Rio Dourados/MS. Não obstante restar apontado que um dos componentes químicos encontrados com maior frequência nas amostras não tenha ultrapassado o Valor Máximo Permitido disciplinado pela Resolução CONAMA nº 357 de 17/03/2005, os demais componentes químicos encontrados também nas águas do Rio Dourados não puderam ser avaliados em tal escala, justamente por não possuírem tal valoração na Legislação Brasileira, o que nos causa grande preocupação, sendo necessário, portanto, que referido estudo sirva de propulsão para que tais componentes sejam previstos e incluídos nessa escala de avaliação.”

Instituto de Meio Ambiente de Dourados (IMAM) – De acordo com Rudolf Guimarães da Rocha, diretor-presidente do IMAM, “Pesquisas como esta são de extrema importância, pois servem como instrumento de investigação das consequências ocasionadas pelas ações antrópicas junto ao meio ambiente, fornecendo as informações necessárias para a gestão adequada dos nossos recursos hídricos. Os resultados obtidos nesta pesquisa são extremamente relevantes, pois ao mesmo tempo que nos passa a tranquilidade de se constatar que os parâmetros previstos na legislação vigente se encontram abaixo dos valores permitidos, por outro lado ressalta a necessidade de revisão das legislações brasileiras, com o intuito de se intensificar os estudos relacionados aos demais compostos encontrados durante a pesquisa.”

Sílvia Zoche Borges (DRT-08223)

Embrapa Agropecuária Oeste

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O leilão Global Dairy Trade (GDT), de 02 de março, registrou aumento de 15% nas cotações dos lácteos, sendo a maior alta desde setembro de 2015. Já no leilão do dia 16 de março, houve uma pequena correção nos preços, com queda de 3,8%. Apesar disso, os preços continuam elevados com destaque para o leite em pó integral, cotado a US$4.083/tonelada.

No mercado brasileiro, apesar do apesar do agravamento da Covid-19, existem fatores altistas para o preço do leite nos próximos meses, além desta valorização do preço internacional.

Veja essa análise na Nota de Conjuntura de março de 2021 disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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A gestão dos resíduos nas propriedades leiteiras do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai será discutida durante webinar no dia 22 de março, a partir das 18 horas. O objetivo é compartilhar informações para orientar e auxiliar produtores, técnicos e empresas no planejamento e execução de um programa de manejo de resíduos leiteiros para a propriedade que seja simples e viável economicamente.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui.

Serão apresentados como é feito o manejo dos resíduos leiteiros nos países do Cone Sul (Brasil, Argentina, Chile e Uruguai), quais legislações ambientais se aplicam na atividade, realidade e desafios para o manejo dos resíduos leiteiros, além de práticas e tecnologias mais utilizadas na gestão dos resíduos nesses países.

No Brasil, segundo o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), a principal estratégia utilizada para o manejo de dejetos e efluentes é o seu uso como fertilizante. “Armazenam-se os resíduos por um determinado tempo para posteriormente aplicá-los no solo. Essa é uma prática também utilizada em todos os países do Cone Sul e permitida pelos órgãos licenciadores”, explica ele.

A pesquisadora Veronica Charlon, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), conta que o processo de intensificação da atividade leiteira tem exigido outras tecnologias de tratamento, como a compostagem e os biodigestores. Na Argentina, as fazendas apresentam escalas cada vez maiores o que tem feito com que os produtores busquem capacitação em manejo de resíduos e façam investimentos em estrutura e tecnologias para adequação da propriedade à legislação.

Participam do evento pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (Brasil), Instituto de Investigações Agropecuárias (INIA – Chile e Uruguai), Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA – Argentina) e da Asociación Pro Calidad de la Leche (APROCAL).

O evento será transmitido pelo canal da Embrapa no Youtube.

Confira a programação aqui.

A webinar será em português e espanhol, na língua dos palestrantes. Não haverá tradução.

Serviço:

Webinar: Manejo de Resíduos da Produção Leiteira nos Países do Cone Sul

Quando: 22 de março de 2021

Horário: 18h às 20h

Onde: Canal da Embrapa no Youtube

Inscrições: Clique aqui

Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Margem de lucro de produtores de leite diminui

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O produtor de leite está com a rentabilidade bastante pressionada, conforme análise de pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite durante a reunião mensal de conjuntura econômica do setor. O principal motivo da redução das margens são os custos de produção, que iniciaram o ano com aumento de 29% em relação a fevereiro de 2020. “Houve um grande aumento recente”, diz o analista Lorildo Stock, “de novembro do ano passado a fevereiro deste ano, a elevação dos custos pagos pelo produtor foi de quase 16%”, completa.

O item que mais tem pesado nos custos é o concentrado. “O preço da soja e do milho, principais componentes da alimentação concentrada para o gado, que segue elevado no mercado internacional, também está em alta internamente devido aos baixos estoques e a desvalorização cambial” (veja figura 1), diz o pesquisador Glauco Carvalho. Segundo a analista Manuela Lana, o custo da alimentação disparou no último semestre, “mas no princípio o pecuarista manteve boa rentabilidade, pois as margens estavam mais folgadas devido ao preço valorizado do leite até outubro de 2020, o que já não ocorre”.

Outro fator que contribui para estreitar a lucratividade é o preço do leite em queda. O também analista da Embrapa Gado de Leite, Denis Rocha, diz que passamos pelo período de plena safra, que associada às importações mais elevadas do final do ano e o enfraquecimento da demanda, justificam a diminuição do valor. “O preço nominal líquido do leite, que em outubro de 2020 atingiu R$ 2,16, regrediu para pouco menos de R$2,00 em fevereiro” explica Rocha.

Produtos lácteos que tiveram grande elevação no ano passado, como a muçarela, tiveram forte recuo. O quilo da muçarela, que no atacado chegou a custar R$ 29,69/quilo em meados setembro, já está sendo vendido abaixo dos R$20,00/quilo. O mesmo acontece com o leite UHT. Vendido a R$3,67, em setembro, o leite de caixinha caiu para R$2,80 no final de fevereiro.

Os produtos lácteos tiveram grande valorização a partir de abril do ano passado, que se sustentou até meados de outubro, recuando no final do ano. Carvalho afirma que o volume de vendas de lácteos em 2020 se manteve elevado devido ao auxílio emergencial, pago pelo Governo Federal e pelos novos hábitos de consumo da população em isolamento. Mas, segundo ele, o novo auxílio em debate no Congresso, não deve provocar o mesmo efeito. “Os valores são menores e o montante de recursos despejados na economia deve ser entre 10% e 15% do que foi liberado em 2020”, compara.

No mercado internacional, os preços seguem em elevação e a desvalorização do Real deixa o produto importado menos competitivo, o que já tem contribuído para reduzir as importações. Nos últimos meses de 2020, o volume importado ficou na casa dos 180 milhões de litros por mês, recuando para 108 milhões no último mês de fevereiro.

As perspectivas para os próximos meses ainda estão um pouco incertas, segundo pesquisadores e analistas. A volta de medidas que restringem a circulação de pessoas impacta a velocidade de retomada da atividade econômica, o que tem reduzido as estimativas de aumento do PIB para este ano. “É difícil de fazer qualquer previsão neste contexto de pandemia, em questão de dias ou semanas, pode surgir um fato novo e mudar tudo”, adverte Carvalho.

Embora a entressafra, que começa a partir de abril possa ampliar um pouco as margens de lucro, com a valorização dos preços do leite, não há expectativa de o setor viver um momento tão positivo quanto o ano que passou no curto prazo. Neste início de março, já estamos observando alguma recuperação nos preços do leite UHT e do leite em pó. O mercado de queijo muçarela continua mais fraco, até pelo retorno de restrições de circulação que afetam o setor de foodservice. De todo modo, a perspectiva é de valorização dos lácteos nos próximos meses, sustentado pela entressafra, menor importação e incremento dos preços internacionais.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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A inflação do custo de produção de leite em fevereiro foi de 3,74%, de acordo com o Índice de Custos de Produção de Leite – ICPLeite/Embrapa. As maiores altas foram registradas nos grupos Qualidade do leite, Produção e compra de volumosos e Alimentação concentrada.

No acumulado de doze meses, o ICPLeite/Embrapa já acumula alta de 29,13%. A alimentação do rebanho foi o grupo que mais contribuiu, com elevação de 58,5% no período.

Veja essa análise em detalhes na nova edição do Boletim ICPLeite disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Clique aqui e acesse o ICPLeite!

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As reduções no preço do leite ao produtor somadas aos aumentos dos preços do milho e da soja tem pressionado as margens dos produtores. Em fevereiro, o produtor de leite precisou de 58 litros de leite para aquisição de 60 kg de mistura concentrada, alta de 32% em relação ao mesmo mês de 2020.

Veja essa análise na nova edição do Boletim Indicadores Leite e Derivados disponível no site do Centro de Inteligência do Leite, que também apresenta dados da inflação dos lácteos ao consumidor, da balança comercial e de preços internacionais.

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O cálculo da proporção das matérias-primas utilizadas nas misturas de compostagem geralmente causa dúvidas entre quem começa a fazer o processo em sua casa ou propriedade rural. Para sanar o problema, o pesquisador Marco Leal, da Embrapa Agrobiologia, desenvolveu a planilha eletrônica CompostCalc, disponível em Excel e Libre Office, que faz esse cálculo considerando as diferentes matérias-primas possíveis, de forma que a mistura do composto tenha a relação Carbono-Nitrogênio (C/N) escolhida. “A ferramenta apresenta tabelas com os valores de relação C/N de diversos materiais, orienta como calcular a densidade seca dos materiais e possibilita o cálculo de proporções de várias misturas, além de possibilitar a apresentação dos resultados também com base no volume das matérias-primas. Também contém links para vídeos e outras informações sobre compostagem”, explica o pesquisador.

A ideia de fazer uma planilha surgiu a partir dos sucessivos cursos de compostagem ministrados por Marco Leal, tanto presencialmente quanto em EAD. “É nítida a dificuldade que muitas pessoas encontram para calcular as proporções das matérias-primas, e por isso tentamos ajudar”, conta. Segundo ele, algumas atualizações ainda devem ser feitas, como a ampliação da tabela que contém informações sobre a relação C/N de diversos materiais e a inserção de textos e vídeos explicativos sobre sua utilização.

Marco explica, no entanto, que o uso de uma proporção exata é importante apenas no caso da realização de experimentos ou de compostagens em larga escala, quando é indicado que a divisão entre a quantidade de carbono e a de nitrogênio tenha um valor próximo de 30. “A compostagem é um processo simples, que apenas acelera os processos de decomposição e de humificação que ocorrem de forma espontânea na natureza. Por isso, não é necessário que a mistura tenha relação C/N exatamente igual à recomendada. Mesmo com relações C/N próximas de 20 ou de 40 é possível realizar a compostagem de forma eficiente”, diz.

A planilha foi disponibilizada inicialmente apenas para os alunos do curso de compostagem em EAD, com o intuito de ter um feedback sobre sua utilização. Após alguns ajustes, ela passa a estar disponível para qualquer interessado. “Algumas pessoas revelaram certa dificuldade em usá-la, especialmente porque ela exige certo conhecimento técnico. Mas percebemos que, apesar disso, a aceitação foi boa”, comemora o pesquisador. 

“Achei interessante a ferramenta, pois facilita no dia a dia os cálculos para formulação de composto. Minha sugestão é que as fontes de matéria-prima sejam continuamente atualizadas”, destacou um aluno do curso de compostagem. “É uma ferramenta muito útil e interessante para auxiliar no trabalho em campo”, apontou outro. Alguns também indicaram sugestões para melhoria, como cálculos de misturas ou análise da relação Carbono-Nitrogênio de resíduos orgânicos comuns. 

Liliane Bello (MTb 01766/GO)

Embrapa Agrobiologia

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A expectativa da organização do II Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF – (World Congress on Integrated Crop-Livestock-Forestry Systems) (II WCCLF) é de receber cerca de 1.000 inscrições até o dia 4 de maio, quando começa o evento a ser realizado de forma totalmente virtual durante os dias 4 e 5 de maio. 

Os inscritos poderão submeter trabalhos científicos até o final deste mês, dia 30 de março e devem estar relacionados a 10 temas entre eles; emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono; transferência de tecnologia para sistemas integrados; aspectos econômicos e sociais e agricultura familiar. 

“Serão aceitos até dois trabalhos por inscrição. Deverão ser escritos somente em inglês, ter no mínimo duas páginas e no máximo seis páginas, com até duas figuras e/ou tabelas”, informa a secretária executiva da Comissão Organizadora, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Lucimara Chiari. A pesquisadora também avisa que: “o resumo aprovado terá o pôster exposto na área restrita da plataforma digital do evento, e será publicado nos anais do II WCCLF”. As normas de submissão de trabalhos podem ser conhecidas com mais detalhes clicando aqui.

Valores da inscrição

As inscrições estão chegando de toda parte do Brasil e do exterior, disse Chiari. “Estamos acompanhando com grande entusiasmo acreditando que atingiremos um público maior que do I Congresso, quando recebemos cerca de 600 participantes”. 
Estão se inscrevendo professores, pesquisadores, estudantes, produtores rurais, técnicos agropecuários e profissionais da indústria na área de insumos e máquinas agrícolas.  As inscrições poderão ser feitas até o dia 4 de maio no site oficial do Congresso (II WCCLF) pelo endereço: https://www.wcclf2021.com.br/inscricao 

O valor para profissionais é de 150 reais e estudantes pagam somente 75 reais. E tem promoção: a cada 10 inscrições pagas em grupo, a 11ª da mesma categoria, será cortesia. Estudantes inscritos receberão certificado de participação. Mais detalhes no endereço: wcclf2021@fbeventos.com 
Os inscritos no II Congresso terão direito a participar de toda programação científica que inclui a apresentação de palestras, debates e trabalhos científicos de forma digital com acesso por meio de login e senha a ser enviada pelo e-mail cadastrado no ato da inscrição. 

O futuro da produção sustentável no Brasil e no mundo

"O II Congresso Mundial de ILPF é o maior e mais estratégico encontro de especialistas, profissionais, estudantes, produtores e inovadores de diversos segmentos das cadeias de sistemas integrados. É a oportunidade de conhecer o estado da arte da ILPF e refletir sobre o futuro da produção sustentável de alimentos, fibras e bioenergia para o mundo”, a manifestação é do presidente da Comissão Organizadora do II WCCLF, Cléber Oliveira Soares, pesquisador da Embrapa/MAPA.

O evento contará com painéis temáticos e 30 palestras que serão proferidas por cientistas brasileiros, estrangeiros e produtores rurais. A programação inclui debates além de apresentação de trabalhos de forma digital.

A palestra de abertura do Congresso será do presidente da Embrapa Celso Moretti, que abordará: “Desafios para o futuro da ILPF no Brasil" e em seguida a apresentação internacional do professor Rattan Lal, da Universidade do Estado americano de Ohio, intitulaada: “ILPF e agricultura sustentável no mundo”. A programação completa das palestras pode ser conhecida aqui .

A ILPF e suas vantagens

A ILPF é um sistema de produção que integra três cultivos diferentes: o agrícola, o pecuário e o florestal em uma mesma área. Os trabalhos podem ser conduzidos em consórcio, rotação ou sucessão, desde que sejam interagidos e gerem benefícios para o sistema. A sua adoção pode acontecer por pequenos, médios e grandes produtores e em todos os biomas brasileiros.

As principais vantagens da ILPF incluem o aumento da produção de carne, leite, grãos e madeira; conserva o solo melhorando sua qualidade; promove uma maior estabilidade econômica, a sustentabilidade na produção e o bem-estar dos animais; aumenta a renda líquida do agronegócio; recupera áreas degradadas e outras duas grandes vantagens: mitigam as emissões de gases que causam o efeito estufa e reduzem a pressão pela abertura de novas áreas de pasto. 

A adesão da ILPF por agricultores e pecuaristas tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. A busca é por solucionar a degradação de pastagens, reduzir impactos ambientais e aumentar a rentabilidade por hectare. É uma preocupação mundial manter produtiva as áreas agricultáveis e por esse motivo realizar mais um Congresso internacional se torna oportuno, importante e  necessário. 

O II Congresso Mundial de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma realização do Mapa, Embrapa, Rede ILPF, Famasul, Semagro e governo do Estado de MS. 
O evento conta com apoio da Fundação de Turismo de MS (Fundtur), Fundação de apoio à pesquisa Agropecuária e Ambiental (Fundapam),  Fundação MS, Fundação Universidade Federal de MS (UFMS) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Informações gerais sobre o evento podem ser conhecidas clicando aqui 

SERVIÇO

Conheça os sete temas dos painéis e das 30 palestras
link de acesso: https:www.wcclf2021.com.br/programacao
Saiba como se inscrever no II Congresso
link de acesso: https://www.wcclf2021.com.br/inscricao
Envio de trabalhos científicos até o dia 30 de março
Link de acesso: https://www.wcclf2021.com.br/trabalhos

Eliana Cezar Silveira (DRT 15.410/SSP/SP)

Embrapa Gado de Corte

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A Embrapa e a Nestlé vão desenvolver um protocolo para pecuária de leite de baixo carbono. Além da redução das emissões, a parceria prevê o aumento da remoção dos gases de efeito estufa nas propriedades produtoras de leite. Indicadores de sustentabilidade desenvolvidos pela Embrapa e a implementação de boas práticas de produção nas fazendas leiteiras vão integrar o protocolo e auxiliar no objetivo da Nestlé de neutralizar todas as emissões de suas operações, incluindo suas cadeias de fornecimento, até 2050, com metas intermediárias de redução de 20% até 2025 e de 50% para 2030.

A Embrapa desenvolve pesquisas e tecnologias para tornar a agropecuária eficiente e produzir mais alimento de uma forma sustentável. Soluções tecnológicas, como sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de pastagens degradadas e uso de aditivos na nutrição, têm apresentado bons resultados na redução de emissões, no sequestro de carbono e contribuído para o desenvolvimento de uma agropecuária em harmonia com o meio ambiente e em sintonia com as tendências do mercado nacional e internacional.

Para Alexandre Berndt, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), a produção de leite de baixo carbono é um objetivo ousado e a Nestlé, em parceria com a Embrapa, está no início dessa trajetória. “Para se chegar ao leite de baixo carbono é preciso adotar diferentes tecnologias, boas práticas de manejo na fazenda, nutrição, estrutura de rebanho e uso de sistemas integrados e florestas plantadas. O protocolo envolverá ações coordenadas para que os produtores incorporem na fazenda ferramentas e práticas sustentáveis de produção”, destaca Berndt, que também é gestor da parceria na Embrapa.

Serão elaborados protocolos por bioma e por sistema de produção, que servirão de base para o desenvolvimento de uma calculadora de balanço dos gases de efeito estufa (GEE) e um sistema digital de monitoramento por meio de aplicativo. Os indicadores utilizados no protocolo serão validados em escala experimental na Embrapa Pecuária Sudeste e em escala comercial em propriedades fornecedoras de leite nas diferentes regiões.

Os dados e inovações gerados pela parceria serão abertos, de acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo. “Isso significa que qualquer produtor de leite ou empresa poderá ter acesso às informações geradas pela parceria. O conhecimento será público”, explica Novo.

A Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) será responsável pela adaptação de modelos matemáticos e métricas que, por meio de um componente de software, serão integrados a calculadora que vai contabilizar o balanço de carbono nas propriedades de acordo com as características de cada região ou bioma e adaptada aos diferentes sistemas de produção. “Com isso, oferecemos ao produtor um instrumento para medir o resultado das estratégias de manejo que ele está utilizando e evitar que tome decisões no escuro, sem a segurança quanto aos benefícios que podem ser gerados”, explica o pesquisador Luís Gustavo Barioni.

A adoção de tecnologias e boas práticas é capaz de compensar as emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade leiteira e ainda pode tornar o sistema de produção mais resiliente, trazendo vantagens econômicas para o produtor. Ainda estão previstas ações como um guia de boas práticas e capacitações técnicas para implementação do protocolo para pecuária de leite de baixo carbono.

“Nosso objetivo, como uma das principais empresas captadoras de leite do Brasil, é justamente, por meio de uma parceria com uma instituição de credibilidade e renome internacional, criar um protocolo com diretrizes claras para a produção de leite de baixo carbono, de forma que os produtores tenham visibilidade de onde estão concentradas as emissões e para que possamos trabalhar juntos na direção de mitigá-las o máximo possível. Nós, como Nestlé, queremos conscientizar e trabalhar junto com a sociedade e as instituições especializadas para tornar nossa cadeia de fornecimento de leite o mais sustentável possível, com um legado positivo para todos”, afirma Barbara Sollero, gerente de Desenvolvimento de Fornecedores e Qualidade da Nestlé Brasil.

A parceria foi assinada no final de fevereiro. As etapas para o desenvolvimento do protocolo para pecuária de leite de baixo carbono começam a ser executadas já nos próximos meses.

Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Graziella Galinari (MTb 3863/PR)

Embrapa Informática Agropecuária

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Os criadores que vão inseminar ou cobrir novilhas Gir Leiteiro, Sindi, Guzerá ou seus cruzamentos durante o mês de março até o dia 4 de abril poderão, a partir de 1º de junho, inscrever animais na 7ª Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto do Zebu Leiteiro no Centro de Tecnologias para Raças Zebuínas (CTZL) da Embrapa Cerrados (DF), que será realizada a partir de 4 de outubro e terá duração de 12 meses, sendo dois meses de adaptação e 10 meses de avaliação.

Coordenada pela Embrapa Cerrados e pela Associação Criadores de Zebu do Planalto (ACZP), a prova zootécnica busca o melhoramento genético das raças zebuínas com aptidão leiteira por meio da identificação de matrizes em grupos de animais contemporâneos de cada raça que apresentem potencial genético para a produção de leite a pasto. Nesta edição, os técnicos vão identificar as melhores novilhas das raças Gir Leiteiro, Sindi, Guzerá e seus cruzamentos que, em 305 dias de lactação em pasto rotacionado com suplementação, se destacarem nos atributos produção de leite, reprodução, idade ao parto, qualidade do leite, persistência de lactação e avaliação morfológica.

Para o pesquisador Carlos Frederico Martins, coordenador da Prova, a avaliação é de fundamental importância para que o criador possa comparar todos os atributos de importância econômica na produção leiteira dos seus animais com os do grupo de novilhas contemporâneas de outros criatórios e de diferentes acasalamentos. “Com isso, ele pode verificar como está o sistema de criação e acasalamentos na propriedade”, afirma.

Martins aponta que a Prova também é importante para os criadores que ainda não fazem controle leiteiro na fazenda, sendo uma oportunidade para realizarem o primeiro controle leiteiro oficial e começarem a comercializar genética. “Eles terão a comparação dos animais não só em nível local, na Prova, como em nível nacional, pois a avaliação da lactação é oficial pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)”, diz, explicando que as informações geradas pela Prova alimentam o PMGZ Leite Max, programa de melhoramento genético para o zebu leiteiro, e ficam disponíveis aos criadores.

O pesquisador destaca, ainda, que a Prova controla o ambiente produtivo na pastagem, o arraçoamento e o manejo dos animais, sem quaisquer artificialismos, em um sistema de criação comumente adotado nas fazendas do Brasil Central. “Por isso, ela agrega valor ao material genético colocado pelo criador, com a chancela da Embrapa e da ABCZ. Ao final, as novilhas são ranqueadas e o produtor pode analisar o ranqueamento de todos os atributos medidos, permitindo que ele faça modificações nos acasalamentos e melhores negócios com os animais mais bem classificados”, afirma.

A Prova será realizada em Brasília (DF), no CTZL, localizado na DF 180, Km 64 s/n. As inscrições dos animais poderão ser realizadas a partir do dia 01/06/2021 na ACZP, pelo e-mail aczp.df@uol.com.br. São oferecidas 25 vagas para novilhas da raça Gir Leiteiro, 10 vagas para novilhas da raça Sindi, 10 vagas para novilhas Guzerá e seis vagas para novilhas de cada cruzamento. As vagas serão preenchidas conforme a ordem de chegada das inscrições. Cada criador poderá inscrever até dois animais de cada raça, podendo, ainda, inscrever uma terceira novilha, que ficará em fila de espera caso as vagas não sejam totalmente preenchidas.

O criador que inscrever apenas uma novilha pagará taxa de R$ 2.800, divididos em cinco vezes mensais. Caso inscreva duas novilhas, o valor será de R$ 2.500 por novilha, divididos em cinco vezes mensais. Se forem inscritas três novilhas, será cobrado R$ 2.200,00 por novilha, divididos em 5 cinco parcelas mensais. Para a genotipagem de identificação dos alelos da beta caseína no leite e análise genômica para as novilhas Gir Leiteiro, será cobrado R$ 200 por novilha.

Os animais deverão dar entrada no CTZL entre os dias 4 e 8 de outubro de 2021. As novilhas Gir Leiteiro, Sindi e Guzerá devem estar registradas na ABCZ nas categorias de PO ou LA. Devem ser primíparas, com idade máxima de 46 meses na data do parto, devendo estar obrigatoriamente gestantes de sete meses. Os partos deverão ser realizados durante o período de adaptação no CTZL, no período de 20/12/2021 a 08/02/2022, de acordo com os períodos limites de parição estabelecidos pela ABCZ.

Para mais informações sobre a prova zootécnica, acesse o edital aqui.

A 7ª Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto do Zebu Leiteiro tem o apoio da ABCZ, da Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro, da Associação Brasileira de Criadores de Sindi, da Associação Brasileira de Produtores de Leite, da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, da Emater-DF, da Federação de Agricultura do Distrito Federal, do Sindicato dos Criadores de Bovinos, Equinos e Bubalinos do Distrito Federal, da Empresa de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária da Paraíba, da Universidade de Brasília e de empresas ligadas ao setor pecuário.

Breno Lobato (MTb 9417-MG)

Embrapa Cerrados

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O que podemos aprender com o mercado de café?

*Kenya B. Siqueira

Você já ouviu falar sobre as Ondas de Consumo do Café? Cada período da história do consumo do café é chamado de onda. São momentos históricos ou fases que mostram a evolução do consumo da bebida no Brasil e no mundo.

A primeira onda marca a popularização do consumo de café, com muitas marcas disponíveis nas prateleiras dos supermercados. Neste período, o café era apenas uma commodity.

A segunda onda surgiu com as cafeterias e os cafés espressos, que eram mais intensos, mas sem a preocupação com a qualidade do grão. Nesse período, consumir café espresso era sinônimo de glamour. Além disso, outras misturas começaram a ser apresentadas ao consumidor: café com leite, cappuccino, etc.

Já a terceira onda remete a uma experiência sensorial. O café começou a ser degustado, assim como o vinho. Com isso, a rastreabilidade, denominação de origem e qualidade dos grãos ganhou relevância. Ou seja, o protagonista passou a ser o grão de café.

Estudiosos já falam na quarta onda do café, quando os cafés gourmet e especiais podem ser encontrados nas gôndolas dos supermercados. As pessoas já têm mais conhecimento sobre o processo de produção e origem dos grãos e até fazem a própria torrefação em casa.

Portanto, pode-se observar que o mercado de café já é bem evoluído, passando por 4 ondas de consumo. Mas, e o mercado do leite? Em que onda de consumo se encontra?

Analisando o consumo de leite no Brasil ao longo dos anos, observa-se um incremento expressivo. Entre 2000 e 2013, o consumo per capita de leite e derivados cresceu 41%. Se considerarmos um período mais distante, como 1980, o aumento foi mais significativo: 74%. Nesse período, o número de marcas de leite longa vida (derivado lácteo mais consumido) se multiplicaram nos supermercados, fazendo com que o produto se tornasse praticamente uma commodity. Isso, se parece muito com a primeira onda de consumo do café.

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No entanto, o mercado lácteo parece não ter tido uma segunda onda semelhante a do café, mesmo porque o setor não tem nada similar às cafeterias para trazer o glamour ao consumo de leite e derivados. Em termos de restaurantes ou franquias específicas para o consumo de lácteos, existem as sorveterias e queijarias. Algumas até com muito requinte e glamour. Na verdade, existem também algumas iniciativas isoladas, como o The Loft Restaurant at the Traderspoint Creamery, em Indiana, nos Estados Unidos, cujos lácteos são a atração principal do menu.

Porém, dentro do mercado de leite e derivados, está mais nítido um movimento semelhante à terceira onda do café, em que as vacas se tornam mais protagonistas. Impulsionado pela pressão do consumidor, pode-se observar nos últimos tempos, uma preocupação maior com a rastreabilidade dos derivados lácteos, com a denominação de origem, no caso dos queijos, entre outros fatores. A experiência sensorial e emocional também tem se sobressaído recentemente, com lançamentos de produtos com embalagens mais atraentes, que remetem a saudabilidade, ou regionalismo, ou conveniência. Conhecer a história por trás do produto consumido, já é uma demanda dos amantes dos lácteos.

Com isso, o slogan “Da semente à xícara” usado no mercado cafeeiro, pode ser transformado para “Da vaca ao copo de leite”. No entanto, vale ressaltar que ainda estamos no início dessa onda de consumo do leite. O mercado ainda não atingiu um nível de maturação. Mas, já se observam mudanças de comportamento, no sentido de consumo de produtos mais gourmet, mais especiais. Neste caso, os produtos especiais podem ser com mais nutrientes, com mais história, com mais praticidade, com mais excentricidade. Enfim, com algum valor agregado que faça o consumidor querer degustar esse derivado lácteo, como se degusta um bom café ou um bom vinho.

*Kenya B. Siqueira

Engenheira de alimentos, doutora em Economia Aplicada, pesquisadora da Embrapa.

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A cartilha “Manejo da cigarrinha e enfezamentos na cultura do milho”, desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo com apoio do Sistema Faep / Senar-PR, orienta o produtor em relação ao enfrentamento da praga, identificação do problema e o seu correto combate no campo.

O material é mais uma importante ferramenta para auxiliar os agricultores e fortalecer o combate da praga e das doenças que ela transmite nas lavouras de milho do Paraná, que podem levar à redução significativa da produtividade, podendo comprometer até 70% da produção.

O Paraná é um dos maiores produtores de grãos do Brasil. Esse posto é ocupado em função de uma soma de fatores que tem como denominador comum a competência e a dedicação dos produtores rurais paranaenses. Nesse cenário, o milho tem grande importância, não apenas como item da balança comercial, mas porque o grão se transforma em alimento para movimentar uma pujante cadeia de carnes, onde o Paraná também ocupa lugar de liderança nos cenários nacional e mundial.

Porém, nos últimos anos, a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), uma velha conhecida dos milharais, passou a aparecer com força nas lavouras paranaenses, colocando em risco a cultura. A praga é responsável por “enfezamentos” nas plantas que levam a redução significativa da produtividade, podendo comprometer até 70% da produção. Atenta a esta questão, o Sistema Faep / Senar-PR já encampou diversas ações para o enfrentamento da praga.

Essa cartilha é mais uma importante ferramenta para auxiliar os agricultores e fortalecer o combate a praga nas lavouras de milho do Paraná.

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Guilherme Viana (MTb MG 06566 JP)

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O fortalecimento do sistema imunológico e a perda de peso, são cada vez mais determinantes na hora do consumidor escolher produtos derivados do leite. Segundo Kennya Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, a tendência de valorizar os lácteos com benefícios para a saúde vinha sendo observada nos últimos anos, com produtos que melhoram o funcionamento do intestino, mas se intensificou com a pandemia, que reforçou a preocupação do consumidor com a saúde e perda de peso” que se por um lado reforçou a preocupação com a saúde, por outro, aumentou o ganho de peso extra devido à quarentena. A indústria laticinista está atenta a essa tendência. “As principais inovações do setor para este ano devem ser no sentido de oferecer produtos voltados para o fortalecimento do sistema imune e que ofereçam mais benefícios nutricionais e funcionais por kilocaloria”, diz a pesquisadora.

De acordo com Innova Consumer Survey, plataforma de tendências de mercado, seis de cada dez consumidores no mundo buscam alimentos e bebidas cuja finalidade é aumentar a imunidade. Isso tem levado as indústrias a desenvolverem produtos nutracêuticos, com compostos bioativos, que tragam benefícios à saúde como vitaminas C e B6, além do ômega 3. Segundo Kennya, essa tendência lança luz nos iogurtes, produto com alta densidade nutricional. “Os iogurtes, em especial, devem se beneficiar, visto que já são reconhecidos como alimentos que aumentam a imunidade do organismo”. A empresa de pesquisa de mercado Technavio estima que  a taxa composta de crescimento no mercado anual de iogurtes fique acima de 5%.

A saúde intestinal sensibiliza os consumidores há mais tempo. A indústria de alimentos possui uma série de produtos direcionados à atuação na microbiota intestinal, que refletem em melhorias de problemas metabólicos, controle de peso, imunidade e bem-estar emocional. Segundo a pesquisadora, os derivados lácteos têm uma vantagem nesse sentido: alguns, por já terem naturalmente atuação na microbiota intestinal; outros por serem ótimos veículos para prebióticos, probióticos e simbióticos.

A relação lácteos/saúde cerebral também tende a ganhar destaque em 2021. Os alimentos nootrópicos (que possuem substâncias com ações positivas para o cérebro) estavam no radar da indústria de alimentos antes da pandemia. No parecer da pesquisadora, os produtos nootrópicos ganharão destaque no setor lácteos em 2021, embora em proporção menor do que aqueles destinados ao fortalecimento do sistema imune. De modo geral, os alimentos nutraceuticos estarão cada vez mais presentes na mesa do consumidor. Segundo dados da Global Market Insights, empresa de consultoria sobre o mercado global, os produtos lácteos destinados a promover a saúde movimentarão US$ 21 bilhões, em 2026.

Bebidas vegetais

No mercado brasileiro, as bebidas à base de vegetais já são encontradas em grande número e variedade. A novidade é que os vegetais não estão mais restritos às bebidas. Já se pode encontrar nas prateleiras dos supermercados e padarias iogurtes, queijos e manteiga feitos com plantas. E a base desses produtos não se limita apenas à soja, como ocorria na década passada. Existem também produtos à base de arroz, amêndoa, coco, castanha de caju e aveia. “No mercado internacional, é possível encontrar ainda produtos que são um mix de vegetais e leite de vaca, o que mostra que o setor está se reinventando”, constata a pesquisadora.

Kennya completa afirmando que a pandemia fortaleceu também uma tendência já presente na sociedade: a preocupação com a sustentabilidade ambiental. “Estudos mostram que cerca de dois terços dos consumidores desejam impactar positivamente o meio ambiente, o que inclui o consumo de alimentos e bebidas”. A tendência para este e os próximos anos é que a cadeia produtiva do leite demonstre seu compromisso com a sustentabilidade em todo o ciclo produtivo. “Num setor tão rotulado pela emissão de gases de efeito estufa e maus tratos com os animais, a chave para o sucesso estará na forma de comunicar os esforços de sustentabilidade para o consumidor final”, conclui a pesquisadora.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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A Embrapa aprovou neste mês o projeto que viabiliza o “Observatório do Leite Orgânico”. O objetivo do Observatório é realizar o mapeamento e a caracterização dos sistemas de produção de leite orgânico no país, catalisando informações sobre esse modelo de produção, que ganha cada vez mais adeptos no setor produtivo (veja tabela ao final desta reportagem). “A ausência de dados a respeito da produção orgânica, nos diversos elos da cadeia, é o principal gargalo para o crescimento do setor no país”, diz Fábio Homero Diniz, analista da Embrapa Gado de Leite. Segundo ele, o Observatório irá reunir, em uma única plataforma, dados e informações sistematizadas sobre a cadeia agroalimentar do leite orgânico.

A expectativa é realizar uma ampla caracterização e monitoramento territorial das fazendas de leite orgânico, com dados sobre o tamanho do rebanho, produtividade, ambiente e avaliação da eficiência dos sistemas. A plataforma também conterá dados sobre fornecedores de insumos como grãos e sementes orgânica e medicamentos. Fernanda Samarini Machado, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, diz que é essencial para o crescimento do setor  poder contar com uma plataforma digital, aglutinando informações: “A produção de leite orgânica é diferenciada, principalmente por não adotar insumos químicos e pela dificuldade em adquirir bioinsumos”. O Observatório fará uma intermediação entre os elos da cadeia produtiva, com informações sobre canais de distribuição e circuitos de comercialização.

Raio X

A ideia de se criar o Observatório surgiu em 2019, a partir de diálogos com representantes dos diversos elos da cadeia. Em 2020, foi realizado um estudo prospectivo sobre a pecuária leiteira orgânica nacional. O próprio estudo é uma prévia do potencial do Observatório e da lacuna que ele irá cobrir. “Na época, identificamos 96 unidades de produção orgânica; enviamos um questionário aos produtores para subsidiar o projeto e obtivemos 39 respostas”.  A partir daí, foi possível obter um pequeno Raio X do setor. A pesquisa revelou que os rebanhos são compostos predominantemente de animais Holandês-Gir, Holandês-Jersey e Jersey. A área média das propriedades é de 270 hectares (mínimo de três ha e máximo de 2.980 ha), com área média dedicada à pecuária orgânica de 81,5 ha. Veja outros dados identificados na prospecção:

- Produção/dia: média de 930 litros (variando de 60 L/dia a 5.000 L/dia);

- Produção média/vaca: 14 l/dia;

- Tamanho médio dos rebanhos: 78 vacas (variando de cinco a 310 vacas), sendo 57 vacas em lactação.

- Sistema de produção: Pasto = 46%; Semiconfinamento = 53%.

- O pastejo rotacionado: 89% das fazendas.

Para 72% dos produtores entrevistados, a atividade leiteira orgânica representa a principal fonte de renda, enquanto 34% dos produtores realiza outra atividade orgânica além da produção de leite (olericultura, produção de café e milho). Os problemas sanitários apontados foram: mastite e endo e ectoparasitoses. Foram destacados também o pouco conhecimento em manejo orgânico e a falta de consultoria técnica especializada, além da necessidade de se reduzir a burocracia do processo de certificação, com maior clareza das normas e menor custo. Entre os principais desafios identificados na pesquisa, destacam-se a dificuldade de comercialização da produção, além da escassez e alto preço dos insumos orgânicos, como milho e soja.

Segundo Fernanda Machado, embora a produção de leite em sistemas orgânicos represente um percentual muito pequeno em relação a produção total de leite, o Brasil apresenta condições técnicas e ambientais para o aumento da oferta de leite e derivados orgânicos. Mas ela alerta que aspectos mercadológicos, relacionados a disponibilização de insumos, comercialização da produção, demanda por assistência técnica especializada, além questões burocráticas relacionadas à certificação podem limitar esta oferta. “Os desafios dos atores da cadeia produtiva são grandes e o Observatório surge como uma ferramenta para vencê-los”, conclui Diniz.

 

Unidades de Produção de leite orgânico entre 2018 e 2020

 

Estado

Unidades de produção em 2018

Unidades de produção em 2020

São Paulo

11

45

Santa Catarina

27

7

Paraná

20

14

Rio Grande do Sul

4

4

Minas Gerais

6

11

Rio de Janeiro

1

8

Acre

1

1

Pará

1

1

Paraíba

1

1

Alagoas

1

1

Bahia

1

1

Distrito Federal

1

1

Espírito Santo

1

1

TOTAL

76

96

 

 

Fonte: Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos – MAPA. Elaboração: Embrapa Gado de Leite

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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A média nacional de preços do litro de leite pago ao produtor, que em outubro de 2020 atingiu R$2,16 chega em fevereiro a R$2,03, segundo dados do Cepea. “Essa redução está vinculada a maior produção no período de safra e a uma diminuição geral na demanda por produtos lácteos pela população”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João César Resende. Ele lembra ainda que o auxílio emergencial, pago aos mais carentes devido à pandemia, foi essencial para manter à demanda aquecida em 2020 e os preços mais elevados para os produtores. Após dezembro, com os sinais de redução desta renda por parte do Governo estão forçando para baixo as compras de derivados do leite pela população e dificultando as vendas no varejo.

Denis Rocha, analista da Embrapa Gado de Leite, vê desafios para que o bom momento pelo qual o setor atravessou no ano passado se repita em 2021. “Ainda que o auxílio emergencial seja retomado pelo governo, o valor deverá ser menor e menos pessoas irão recebê-lo”. Segundo o analista, um novo aquecimento de demanda dependerá da retomada econômica. Além da redução de demanda, o que tem preocupado o setor são os custos de produção, que estão em alta. Glauco Carvalho, também pesquisador da instituição, informa que, em relação a 2019, a alta média no custo de produção atingiu 10,7%. Nos últimos dois anos, esse índice chega a 24,6%.

O que tem puxado os custos é, principalmente, a alimentação à base de concentrados para o rebanho. Durante a reunião mensal de conjuntura do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite, realizada na segunda semana de fevereiro, pesquisadores e analistas apontaram que o custo do saco de 60 quilos da mistura milho/soja (70% de milho e 30% de farelo de soja) mais que dobrou em dois anos: em janeiro de 2019, era vendido a R$50,37, chegando a R$ 115,79 no mesmo mês, em 2021. “O custo do concentrado acompanha as cotações do milho e da soja nos mercados nacional e internacional. Como os dois estão em elevação e sem sinais de que vão retroceder neste ano, os custos para se produzir o leite nas fazendas vão continuar elevados e penalizando a rentabilidade dos produtores até o final do ano”, diz Resende.

No atacado de São Paulo, os preços dos principais produtos lácteos recuaram. O leite UHT, vendido a R$ 3,67 em agosto, foi negociado no dia cinco de fevereiro a R$2,90. A muçarela, o derivado que mais se valorizou durante a pandemia, chegando a ser vendida a R$ 29,69, no início deste mês estava a R$ 22,38. O leite em pó fracionado, que chegou a ser vendido a R$ 25,27 no início de outubro, fechou em R$21,73 no dia cinco de fevereiro. No mercado spot (leite comercializado entre as indústrias), que apresentou grande valorização no ano passado, com a maior cotação a R$2,75/litro, era vendido no início de fevereiro a R$1,95/litro, segundo dados do Cepea/OCB.

A notícia positiva para o setor vem do clima. A crise hídrica, que atrasou o início da safra em outubro, não deve ser uma preocupação para os próximos meses. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Ricardo Guimarães de Andrade, a previsão para o trimestre FMA (projeções CPTEC-INPE/INMET), numa escala macro, é de precipitação acumulada próxima da média em boa parte das bacias leiteiras nos territórios de Minas e Goiás. No entanto, volumes acumulados entre a média e um pouco acima da média são esperados para a maior parte dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. “Embora algumas localidades de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul apresentem chuvas abaixo da média, o armazenamento de água no solo deve ficar acima dos 70%, o suficiente para manter a produtividade média das pastagens, sem comprometer a produção oriunda das principais regiões produtoras de leite, neste e no próximo mês”, diz Andrade.

Balança comercial

Outra notícia para os produtores que se preocupam com a concorrência externa é a queda no volume de importações de leite (caíram cerca de 18%, em janeiro, na comparação com dezembro de 2020).  Entretanto, os volumes importados continuam em patamares elevados, sendo 82% superior a janeiro de 2020. Na reunião da Câmara Setorial do Leite, ocorrida no dia cinco de fevereiro, a Abraleite e outras lideranças do setor, reivindicaram junto à ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “a suspensão imediata das importações de lácteos da Argentina e do Uruguai, até que os setores produtivos do Brasil e dos países vizinhos estabeleçam tratativas de convivência mútua.” A Abraleite sugere tributar os lácteos importados, da mesma forma que o açúcar brasileiro é tributado para ser vendido nos países do Mercosul. Em 2020, o Brasil importou 1,35 bilhão de litros equivalentes de leite e exportou 101 milhões de litros equivalentes.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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O ano de 2021 começou com aumento de 2,28% nos custos de produção do leite, conforme o Índice de Custos de Produção de Leite – ICPLeite/Embrapa.

A variação acumulada em 12 meses foi 26,11%. O custo da alimentação concentrada foi o que mais pesou no bolso do produtor.

Veja essa análise em detalhes na nova edição do Boletim ICPLeite disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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