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O produtor rural que optar pela integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) deve ter bem delineado o mercado que pretende atender com a madeira que vai produzir. A inclusão de árvores integradas à lavoura e à criação de animais é uma decisão importante por se tratar de um componente não muito conhecido de grande parte dos produtores. Mas existem agropecuaristas que estão investindo nos sistemas integrados completos com sucesso.

Além disso, aos poucos cresce o número de técnicos capacitados para orientar produtores em ILPF. A Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) tem um programa de capacitação continuada que já treinou em quase cinco anos 39 técnicos e atualmente capacita mais 30 profissionais da Cocamar (Cooperativa Agroindustrial de Maringá). De acordo com Hélio Omote, da área de Transferência de Tecnologia do centro de pesquisa da Embrapa, esse treinamento da Cocamar em ILPF é teórico e, dentre outras tecnologias, apresenta aos técnicos a possibilidade de uso das árvores em sistemas de integração. A Rede ILPF, uma associação formada por empresas que apoiam a adoção da tecnologia, tem fomentado esses treinamentos em várias regiões do país.

QUALIDADE DA MADEIRA

O pesquisador José Ricardo Pezzopane, da Embrapa Pecuária Sudeste, disse que um dos aspectos a serem considerados pelo produtor é a qualidade da madeira que ele pretende comercializar. “Quando o preço da madeira de baixa qualidade está baixo, é preciso considerar a possibilidade de suprir o mercado de madeira de qualidade superior para compensar o investimento”, disse.

Essa orientação, segundo ele, passa por duas situações: a escolha do tipo de árvore e o manejo. Cuidados no plantio, definição de espaçamentos, controle de formigas, desrama e desbaste são algumas etapas que precisam ser cumpridas.

“O primeiro passo é o produtor verificar se as condições de clima e solo da propriedade são favoráveis para a espécie arbórea escolhida. Um exemplo, o Estado de São Paulo é limítrofe para a espécie Teca, que é muito valorizada, por condições de clima. Para eucaliptos existem diversas literaturas com recomendação de espécies/clones para as regiões. Outra premissa é mercadológica. Existem regiões com mercado ávido por determinados tipos de madeira em função da presença de indústrias moveleiras, celulose etc.”, disse Pezzopane.

NOVA FONTE DE RENDA

O consultor José Henrique Bazani, sócio da empresa de tecnologia florestal Geplant, acompanha uma propriedade em Macaé (RJ) que adotou a IPF (Integração Pecuária-Floresta), também chamada de sistema silvipastoril. Seus clientes queriam diversificar e estabelecer uma nova fonte de renda sem afetar a produção atual de carne.

Em 2017 foi implantada uma área piloto de 25 ha na fazenda para validação. “Como a região tinha pouca tradição florestal e é carente de informações sobre crescimento de árvores, implantamos também um teste de espécies de cultivares em uma área de aproximadamente 5 ha. O objetivo é gerar informação, ao longo do tempo, sobre a adaptação e desempenho das melhores essências florestais para aquela região”, afirmou Bazani.

De acordo com o consultor, a iniciativa está dando certo e a projeção é que a propriedade tenha 1.000 ha de área de sistema integrado pecuária-floresta. Para Bazani, a experiência tem sido desafiadora porque o conceito é novo para todos os envolvidos. “Nós, técnicos florestais, precisamos levar em consideração a presença do animal e do capim convivendo no meio das árvores. E o produtor passou a se preocupar com questões que, até então, não existiam na rotina da fazenda”, disse.

Bazani contou que as árvores foram plantadas com a operação de reforma da pastagem, que já estava prevista. “A gente aproveitou a oportunidade para ganhar tempo no isolamento das áreas até a entrada dos primeiros animais.”

Os eucaliptos foram plantados em linhas simples, com espaçamento de 15 m entre as árvores. Foram feitos o preparo do solo e a fertilização. Até o final do primeiro ano, houve a preocupação de manter as linhas de plantio das árvores livres de plantas daninhas e de capim. “Tivemos uma atenção especial com o controle de formigas, uma prática que nunca havia sido trabalhada dentro da propriedade. Hoje há um monitoramento semanal para evitar prejuízo futuro.”

Um ponto importante destacado por Bazani é a genética das árvores, ou seja, a definição da variedade que será introduzida no sistema. “Isso tem que ser pensado com muita responsabilidade porque o retorno é de longo prazo. No nosso caso, estamos falando em um corte final 15 e 18 anos de idade.

Como o volume de madeira será menor do que em uma plantação florestal pura, é preciso planejar os ganhos em relação à qualidade deste produto. “Ganhar em qualidade está associado a árvores de grandes dimensões e madeira de qualidade superior. É importante que se conheça qual o mercado que se pretende atingir no futuro? Quais as características que esse mercado exige da madeira? Quais as opções disponíveis?”, coloca Bazani.

Segundo ele, dentro do gênero eucaliptus há grande variedade de espécies e cultivares. Outras essências, como espécies do gênero Pinus, Teca e outras podem ser usadas no sistema. “Definir o mercado alvo é fundamental para escolher a espécie que vai usar, a característica da madeira que se quer produzir e qual o manejo será adotado”, conclui.

POUPANÇA DE MOGNO

Na região do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, um produtor decidiu fazer uma poupança para sua aposentadoria plantando mogno africano em um sistema integrado com pecuária. Felipe Melhado, técnico da CDRS (Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável) da região de Presidente Prudente, tem acompanhado a propriedade.

Trata-se da fazenda Ribeirão Claro, no município de Piquerobi, onde 100 alqueires, da área total de 223 alqueires, foram ocupados por uma floresta de mogno africano. De acordo com Felipe, são oito talhões, cada um com 10 mil a 15 mil árvores.

A ideia inicial era plantar eucalipto, mas na feira Agrishow o produtor conheceu o mogno africano. “Foi amor à primeira vista. Ele buscava uma cultura que fosse uma aposentadoria para ele. Não queria retorno imediato. Está apostando na madeira nobre, na movelaria de alto custo”, conta Felipe.

Mesmo sabendo que o eucalipto tem rotatividade maior – durante uma colheita do mogno poderia colher três vezes o eucalipto – o produtor apostou na rentabilidade da madeira para movelaria de alto valor.

A fazenda tem oito talhões e todo ano é plantado um novo. Ainda não foi feita nenhuma colheita e a previsão é que as árvores sejam colhidas quando tiverem entre 13 e 15 anos. “Estamos fazendo os inventários florestais e a empresa que acompanha essa parte informou que nossa floresta está acima da média de crescimento. A floresta mais velha tem seis anos e a previsão é colher de 12 mil a 15 mil árvores/ano.”

Os talhões têm espaçamentos variados. A partir do terceiro ano entra o gado de corte para se alimentar do capim (braquiária). São vacas de cria da raça Nelore, com bezerro ao pé. Felipe conta que uma das dificuldades enfrentadas é o interesse dos animais pela casca do mogno africano, “altamente palatável” para essas vacas. “Elas não podem ficar muito tempo na floresta, apesar de ser um ambiente que não traz estresse e de ter capim de boa qualidade.”

O técnico falou ainda que, futuramente, o sombreamento vai impedir o desenvolvimento do capim. “Mas o foco está na produção de mogno africano para o futuro.” Segundo ele, fazendo as contas, a rentabilidade do mogno africano daqui a alguns anos, se continuar como hoje, é muito positiva comparado com outro empreendimento.

Hoje metade da propriedade tem o mogno africano e a previsão é plantar mais 30 mil árvores. Nas outras áreas, o proprietário tem pasto rotacionado e está renovando a pastagem com plantio de milho e capim. Ou seja, além da IPF, a propriedade também faz a chamada ILP (Integração Lavoura-Pecuária). “A água da fazenda melhorou, as curvas de nível estão mais protegidas. A floresta traz benefícios para a conservação do solo”, finaliza.

Ana Maio (Mtb 21.928)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Pessoal, compartilho mais alguns vídeos com esta excelente experiência conduzida pela Epagri no Estado de Santa Catarina.

A adoção e condução do sistema silvipastoril ou integração pecuária-floresta, em propriedades leiteiras familiares.

Com boa orientação e empreendedorismo a produção de leite em bases sustentáveis ganha novo rumo.

Árvores e Pastagens

sistema silvipastoril

silvipastoril

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Selo vai agregar valor ao queijo do Marajó

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O queijo do Marajó, que já é uma tradição para os paraenses, deverá em breve ser reconhecido pelo mundo inteiro. Isso porque o processo de Indicação Geográfica (IG) do produto caminha para a sua finalização.

Emanuel Lopes é produtor da CoopMarajó, uma cooperativa de produtores de leite e derivados da região, e vai ser um dos beneficiados com a Indicação Geográfica do queijo do Marajó. Mesmo com a produção reduzida nesta época de pandemia, ele continua abastecendo municípios do arquipélago marajoara.

 

 

A Indicação Geográfica é uma marca que atribui valor e identidade própria a um produto, evidenciando características como o local de onde vem, o solo e clima onde foi cultivado, o tratamento que foi dado, a cultura envolvida. Tudo isso com a garantia da origem e produção, que conferem ao produto uma qualidade única em relação aos outros semelhantes disponíveis no mercado. E é essa marca que o queijo do Marajó vai ter em breve.

A Associação dos Produtores de Queijo e Leite do Marajó (APQL Marajó) foi a responsável por fazer o pedido de Indicação Geográfica junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, INPI. Não é um processo simples, que exigiu a parceria de diversas instituições, como o Sebrae, a Embrapa Amazônia Oriental, Secretarias de Governo, Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Estado do Pará, entre outros.

O selo do queijo do Marajó vai beneficiar não somente os produtores vinculados diretamente à associação, mas também todos aqueles que estão na região delimitada pela IG e que cumprirem as exigências técnicas de fabricação do produto.

Para Emanuel Lopes, o selo de Indicação Geográfica do queijo do Marajó vai trazer mais valor à bubalinocultura, mais reconhecimento aos produtores, mais turismo e mais desenvolvimento à região.

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Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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O Manual para Elaboração do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL) além de conter tópicos relacionados à Boas Práticas Agropecuárias (BPA) e pontos fundamentais para o atendimento às Instruções Normativas n° 76 e 77/2018 do Ministério da Agricultura (MAPA) inclui recomendações e exemplos práticos que visam auxiliar empresas, técnicos e produtores na aplicação dos requisitos previstos nesta nova legislação, que com certeza irão ser definitivos para a melhoria do leite nacional.

No item 4.1 Ferramentas para o diagnóstico de situação há um guia contendo perguntas de orientação para elaboração do plano onde uma das questões é a 4.7 A qualidade da água fornecida aos animais é boa?

A avaliação de quais parâmetros devem ser considerados a fim de estabelecer se uma água é boa ou não requerem algumas observações, percepções e análises do contexto geral da água de cada propriedade.

No mesmo documento, ainda no capítulo 4, ocorrem as seguintes perguntas no item 5 do check list:

9846977858?profile=original5. Qualidade da água

5.1 As fontes de captação de água são devidamente isoladas?

5.2 Os reservatórios de água são periodicamente higienizados?

5.3 Há registro da higienização dos reservatórios de água?

5.4 A água utilizada na limpeza de equipamentos é potável?

5.5 São realizadas análises para avaliação da qualidade da água?

5.6 Existe algum tratamento da água?

O documento ainda verifica que há pontos importantes a serem enfatizados nos quesitos planejamento, gestão, monitoramentos, ações e verificações e auditorias.

 Quadro 1. Ações importantes para implantação e avaliação contínua do PQFL no quesito água.

ITEM

AÇÃO

Planejamento

·      Enfatizar a realização de análise da qualidade da água (semestral ou anual) coletando amostras em três pontos na propriedade (fonte, caixa e sala de ordenha).

·      Enfatizar a importância do abastecimento em quantidade e qualidade.

Gestão

·      Práticas de proteção de nascentes.

·      Analisar qualidade da água e ter procedimento para melhoria.

·      Ter mecanismos para garantir potabilidade e eficiência de limpeza de equipamentos.

Monitoramento

·      Avaliar os resultados da qualidade da água e correlacioná-los com os parâmetros de qualidade de leite.

·      Analisar dados de dureza, pH, coliformes a 30 e a 45º graus Celsius.

·      Checar a frequência de limpeza das caixas d’água.

Ações corretivas e verificação

·      Realizar tratamentos da água conforme necessidade (fltração, cloração, entre outras).

·      Verificar o teor de cloro e outros indicadores.

·      Verificar captação e limpeza da caixa.

Auditorias

·      Prever a realização de auditorias.

·      Definir a frequência das auditorias e a descrição dos registros.

·      Rever o percentual de atendimento após a auditoria e se preciso, refazer o planejamento.

Fonte: Manual para Elaboração do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL)

 

Fundamentado nestes pontos destacados por profissionais do setor leiteiro, que se ampararam em normas e legislação vigente como às Instruções Normativas n° 76 e 77/2018 do Ministério da Agricultura (MAPA), elaboramos um questionário com 10 perguntas que avaliam exatamente os estes pontos.

O questionário contém 10 perguntas com respostas de múltiplas escolhas, sendo que 9 focam nos requisitos do manual e uma é de identificação. A identificação é importante caso o produtor ou a empresa queira receber uma avaliação de suas respostas, quão próximo está do ideal, o que precisa fazer para se adequar e como ele está quando comparado com os demais produtores que responderam. O sistema informa que quem respondeu dedicou em média 2 minutos para concluir a pesquisa.

 

Caso seja um profissional do setor, de uma cooperativa ou empresa produtora de leite, ou mesmo de um seguimento ligado ao setor leiteiro, ajude a divulgar o link para acesso a pesquisa:  Entre nesse link https://pt.surveymonkey.com/r/WZZ5TYX

 

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Prezados,

A Embrapa Gado de Leite em parceria com a Embrapa Solos, em seu Campo Experimental Fazenda Santa Mônica, localizado em Valença/RJ, está instalando um grande laboratório de pesquisas em sistemas de integração Lavoura-pecuária-floresta, como vitrine de tecnologias do Programa ABC. O projeto conta com o apoio da Associação Rede ILPF e teve seu início em novembro de 2019.

Estão sendo instalados uma série de experimentos a fim de se avaliar diversas alternativas de sistemas para atender os diferentes perfis de produtores de leite em áreas sob domínio da Mata Atlântica.

Confira na reportagem:

https://www.girodoboi.com.br/videos/confira-lista-de-vantagens-dos-sistemas-integrados-na-pecuaria-leiteira/

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Prezados, compartilho vídeo exibido pelo MG Rural sobre a adoção de sistemas de Integração Lavoura-pecuária-floresta em propriedades leiteiras na região do Campo das Vertentes-MG.

Em pauta uma das inúmeras propriedades que adotou o conceito de integração e mudou sua história.

https://globoplay.globo.com/v/6730792/

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Por causa da Covid-19, os tradicionais "dias de campo" foram, temporariamente, interrompidos nos campos experimentais da Embrapa Gado de Leite, mas o produtor continua tendo acesso às pesquisas geradas pela instituição. Pesquisadores estão se aliando às novas tecnologias, que permitem o contato remoto com o setor produtivo. Uma dessas tecnologias é o podcast: informações disponibilizadas em formato de áudio, semelhante ao rádio, mas que fica disponível para o ouvinte a qualquer hora.

A série de podcasts da Embrapa Gado de Leite se chama "Milkcast" e pode ser acessada no Spotify ou no site da instituição (também na Repileite). Segundo o chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, esse canal de comunicação com o produtor é abastecido com as demandas do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), que recebe perguntas de produtores de todo o país. "Também utilizamos temas de palestras e novas tecnologias geradas para produzir os áudios, muitos deles feitos em forma de entrevista com pesquisadores", diz.

A analista Eliane Hayami, umas das produtoras do material, informa que já existem 25 áudios disponíveis, tratando dos mais variados temas (veja a lista no final desta matéria), "O podcast procura dar um sentido prático à tecnologia apresentada", diz a analista. Os temas disponibilizados são perenes, e podem ser acompanhados em qualquer momento.

A instituição, que já conta com uma plataforma de EAD (Ensino à Distância), está agora trabalhando na produção de videcast (informações disponibilizadas em formato de vídeo). "A pandemia de Covid-19 tem nos ensinado novas formas de trabalhar e entregar para a sociedade o resultado das pesquisas que desenvolvemos", afirma Carvalho. "Acreditamos que muita coisa irá mudar nas relações humanas e a principal delas será a migração para o universo digital", conclui.

Temas disponíveis no Milkcast:

  • Boas praticas agropecuárias
  • Queijo artesanal
  • Silagem de Milho
  • Pastejo rotacionado (1 e 2)
  • O leite no sistema ILPF
  • Melhoramento de forrageiras
  • Cigarrinhas das pastagens (1 e 2)
  • Queijo artesanal de Alagoa
  • Leite A2A2
  • Genômica
  • Alimento funcional
  • ILPF
  • Taxa de prenhez
  • Eficiência reprodutiva
  • Conjuntura do Leite (1 e 2)
  • Redução de CBT no leite
  • Silagem de Capim
  • IN 76 e IN 77
  • Melhoramento genético
  • BRS Capiaçu
  • Leite 4.0
  • Ideas for Milk


Rubens Neiva
Embrapa Gado de Leite

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Leite de descarte - o que fazer?

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Responder à essa pergunta requer uma análise de alguns aspectos envolvidos na produção, como, por exemplo, fatores sanitários e econômicos. O grande problema, é que em grande parte das fazendas brasileiras, o fator econômico normalmente se sobrepõe ao sanitário, o que pode no médio e longo prazo comprometer a saúde e a produtividade do rebanho. Temos que priorizar o uso de estratégias para redução de doenças e o uso de antibióticos de maneira adequada reduzindo a produção de leite de descarte nas fazendas. É fato também que existem poucas pesquisas a esse respeito, o que tem dificultado o produtor de leite a tomar decisões baseadas em resultados científicos.

O leite de descarte é por definição todo leite que não pode ser consumido pelo ser humano, ou seja, o colostro, o leite de transição (primeiras ordenhas pós-parto), e o leite proveniente de animais em tratamento com antibiótico (e/ou período de carência de medicamentos), nesse último caso, o mais comum é o uso do antibiótico para o tratamento da mastite.

Então, o que fazer com o leite de descarte produzido? Bom, o colostro e o leite de transição devem ser avaliados quanto à sua qualidade e serem fornecidos às bezerras, pois são excelentes alimentos. Já o leite proveniente de vacas em tratamento com antibiótico deve ser descartado. Porém, o descarte não deve ser feito de qualquer forma, pois há o risco de contaminação ambiental. Dessa forma, o descarte seguro em local apropriado como em estações de tratamento de dejetos, seria a opção mais indicada.

Mas porque ainda muitos produtores destinam o leite de descarte às suas bezerras? Simplesmente por uma questão econômica, pensando em “economizar” no fornecimento de leite às bezerras. Mas será que realmente estão economizando ou criando um problema para sua fazenda? Quais as possíveis implicações dessa prática? Ao fornecer um leite de baixa qualidade e contaminado com antibiótico e patógenos, estamos fornecendo um produto com variação no valor nutricional, pois normalmente o leite de descarte apresenta alterações na sua composição devido ao processo de mastite, por exemplo. A presença de antibiótico tem potencial para alterar o desenvolvimento normal da flora bacteriana do sistema digestivo das bezerras, podendo comprometer a sua eficiência na transformação e absorção de nutrientes. Outros aspectos importantes são contaminação bacteriana, possível transmissão de doenças e resistência a antimicrobianos com impacto direto em relação a saúde animal e humana. Nesse contexto, adotar opções de fornecimento de leite mais seguras e nutritivas às bezerras seria o melhor caminho, afinal as bezerras de hoje serão as vacas do futuro.

A Embrapa, em parceria com a UFMG, UFJF, Epamig, UFLA e West, conduziram um experimento financiado pela Fapemig: "Efeito do fornecimento de leite cru e de leite de descarte cru ou pasteurizado sobre o desempenho e a saúde de bezerras leiteiras e a resistência a antimicrobianos" e em breve serão divulgados os resultados.

E você produtor, como tem tratado essa questão na sua fazenda? Quais as principais dificuldades enfrentadas para contornar esse problema? Deixe aqui a sua resposta pois o debate e a busca de soluções para esse tema interessa a todos nós!!

Autores: Cláudio Antonio Versiani Paiva e Mariana Magalhães Campos

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O CILeite (Centro de Inteligência do Leite), plataforma econômica do setor, desenvolvida por pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite, foi revitalizado e está com layout moderno e mais interativo. Segundo Denis Teixeira, analista da Embrapa, o site traz novas ferramentas de apresentação de dados na forma de infográficos e mapas temáticos. "O banco de dados disponível ao público também foi totalmente atualizado, consolidando num só espaço diversas estatísticas da cadeia produtiva do leite, como preços, produção, rebanho, produtividade, balança comercial e consumo, com informações atuais, além de série histórica", diz o analista.

Outra novidade é que, durante a pandemia do novo coronavírus, o CILeite publicará informes semanais, com dados atualizados dos impactos da pandemia no mercado do leite, a partir do acompanhamento das variações de preços e de indicadores nacionais e internacionais de interesse da cadeia. Além disso, os resultados de uma pesquisa sobre o comportamento do consumidor durante a quarentena e o monitoramento de ações de marketing do setor lácteo no contexto internacional estão sendo divulgadas no site. O CILeite traz ainda um boletim mensal (Nota de Conjuntura), mostrando a conjuntura de mercado do agronegócio do leite, analisada pelos especialistas da Embrapa, em linguagem objetiva, para atualização e auxílio na tomada de decisão dos agentes da cadeia.

Outra publicação periódica refere-se ao Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite/Embrapa) calculado mensalmente pela Embrapa e que mostra o comportamento do custo total da atividade leiteira e também de grupos que compõem o custo, como Concentrado, Volumoso, Mão de obra, entre outros.

Há ainda outra ferramenta disponível: a "Simula", que compara os efeitos e a evolução dos indicadores zootécnicos específicos sobre a renda do produtor de leite para verificar o impacto da introdução de tecnologias na propriedade. O site traz também uma relação das principais áreas temáticas e expertises relacionadas aos projetos realizados ou em execução pela equipe do Centro de Inteligência do Leite.

O acesso à plataforma é feito pelo endereço "cileite.com.br". Ao final da página principal do site, o interessado pode se cadastrar para receber, de forma gratuita, todos os informes e boletins do Centro de Inteligência do Leite em seu e-mail.

Rubens Neiva

Embrapa Gado de Leite

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Um dos legados da Covid-19 pode ser o fortalecimento de produtos locais

 

Na segunda entrevista coletiva remota (transmitida pelo Youtube), a Embrapa Gado de Leite divulgou uma pesquisa sobre as mudanças de comportamento do consumidor brasileiro de lácteos durante a pandemia de Covid-19. A pesquisa demonstrou que o derivado lácteo mais habitual nas compras dos brasileiros é o queijo. Apenas 3% dos participantes da pesquisa não consomem o produto. Na sequência, os consumidores têm o hábito de comprar manteiga, creme de leite, iogurte, leite condensado e leite UHT.  

A pesquisadora Kennya Siqueira informou também que, após o impacto inicial da pandemia, quando muitos brasileiros foram às compras para estocar produtos, o abastecimento segue normal. "Ao contrário do que vem ocorrendo em alguns países, no Brasil, a grande maioria dos consumidores (83%) está encontrando com facilidade os produtos lácteos no mercado, o que reflete o comprometimento dos produtores e laticínios em manter o abastecimento", disse. Para a pesquisadora, ainda que ocorra um lockdown, quando as medidas de circulação de pessoas tornam-se mais rígidas, não deve haver crise de abastecimento.

Embora alguns derivados estejam sofrendo queda nas vendas por causa do fechamento do comércio, restaurantes, etc, os resultados da pesquisa sugerem que queijos, manteiga, leite condensado, creme de leite, leite UHT, iogurte e leite em pó possivelmente apresentaram incrementos de consumo domiciliar durante a pandemia.

A pesquisa aponta que marca, preço e qualidade respondem por mais de 80% das decisões de compra. "O fator apontado pelos consumidores como o mais importante na hora da compra dos derivados do leite é a marca, seguido de perto pelo preço e depois pela qualidade", informa Kennya. "Apenas o queijo petit suisse teve o preço como o fator decisivo na compra pelos consumidores", completa. Uma informação destacada pela pesquisadora durante a coletiva é que um dos legados da pandemia pode ser a substituição de produtos importados ou produzidos em outras regiões por produtos locais, o que poderia fortalecer as bacias leiteiras regionais.

A pesquisa foi realizada dos dias 23 de abril a três de maio com 5.105 pessoas de todos os estados brasileiros, por meio de redes sociais. Entre os participantes da pesquisa, 4,8% possuem renda domiciliar de até um salário mínimo; 34,7% de dois a cinco; 25,8% de seis a dez e 34,8% acima de dez salários mínimos. Com relação ao responsável pela compra de produtos antes e durante a pandemia, houve redução no número de mulheres e homens acima de 55 anos. Por outro lado, o aumento mais significativo ocorreu para os homens na faixa etária de 25 a 40 anos, o que pode induzir a uma opção por diferentes produtos lácteos, embora a amostra analisada indique que 55% das compras ainda são feitas por mulheres.

 

Clique aqui para acessar o resultado completo da pesquisa no Centro de Inteligência do Leite (CILeite).

A entrevista coletiva está disponível no canal da Embrapa Gado de Leite no YouTube. Acesse aqui.

Rubens Neiva

Embrapa Gado de Leite

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Lucro Social foi de R$ 46,49 bilhões em 2019

 

O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, apresentou na manhã desta segunda-feira (27 de abril), na sede da Embrapa, em Brasília-DF, em entrevista à imprensa, o Balanço Social da Embrapa de 2019. Ele anunciou, como síntese, que “para cada R$ 1,00 investido na empresa em 2019 devolvemos R$ 12,29 para a sociedade, ou seja, 12 vezes mais do que o que recebemos”. O dado é obtido na relação entre o Lucro Social e a Receita Operacional Líquida da Embrapa durante o ano.
“Nosso lucro social em 2019 foi de R$ 46,49 bilhões, graças aos impactos econômicos gerados por 160 tecnologias e 220 cultivares analisadas, além dos demais ganhos sociais, a partir de um orçamento de R$ 3,7 bilhões”, completou. O anúncio é feito como parte das comemorações dos 47 anos da Embrapa, transcorrido no domingo, dia 26. Sobre o Balanço Social, Moretti fez questão de destacar que se trata de um documento público, aberto à sociedade e já disponível no site da Empresa.
O presidente explicou ainda que “neste momento, em que prestamos contas à sociedade brasileira, destacamos o esforço que tem sido empreendido pela pesquisa, ao devolver o investimento feito ao longo dos anos”.  Ao fundamentar o rigor técnico da metodologia usada por diversas instituições de pesquisa do Brasil e exterior, Moretti chamou a atenção para a importância dos dados que avaliam os benefícios gerados em benefício da sociedade e que justificam a importância dos recursos destinados à ciência no agro.

Metodologia premiada

A metodologia utilizada para estimar o Balanço Social da Embrapa é reconhecida no Brasil e no exterior e foi premiada pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), no ano passado, concorrendo com mais de 500 outros trabalhos.

Além das tecnologias e lançamentos de cultivares, o documento também resume mais de mil ações de interesse social, entre capacitações para produtores e cooperativas, e cerca de 24 milhões de downloads realizados a partir da página da Empresa, como se  1 a cada grupo de 9 brasileiros tivesse acessado e feito download de páginas informativas da Embrapa. (veja dados abaixo)

Lançamentos

Sobre os principais lançamentos que a Embrapa destaca nas comemorações de 47 anos de pesquisa agropecuária, o presidente chamou a atenção para sequenciamento do genoma do tambaqui, que possibilita a produção de alevinos de qualidade; o Geoweb Matopiba, que oferece mapas e dados sobre a região que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piaiui e Bahia; a BRS Morena, primeira cultivar de gergelim com proteção concedida no Brasil; a nova cultivar de amendoim forrageiro, recomendada para o consórcio com gramíneas para intensificar a produção pecuária a pasto; o software Uzun de diagnóstico fitossanitário para cultivos de morango, maçã e pêssego; e a cultivar de soja BRS 5804 que alia precocidade e produtividade na região sul do país.

Moretti falou sobre a cultivar de açaí BRS Pai d’Égua; o inoculante BiomaPhos, para adição de bactérias capazes de tornar solúvel e mobilizar o fósforo já presente no solo para cultivos de milho, soja e algodão, entre outros; e a uva sem sementes BRS Vitória, adotada com sucesso na região do Vale do São Francisco, no Nordeste brasileiro.

“Quero destacar ainda a robustez da carteira de projetos da Embrapa, que tem mais de 950 projetos em 34 temas de grande relevância para o agro em áreas como agricultura digital (tecnologias que preveem o uso de drones, sensores e internet das coisas); de economia de base biológica; a intensificação sustentável (sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta) e edição genômica (soja resistente à seca e feijão)”, completou.

Novos diretores

O presidente anunciou ainda sobre a confirmação dos dois novos nomes  para a diretoria executiva da Empresa: Adriana Regina Martin, como diretora de Inovação e Tecnologia da Embrapa (DE-IT) e Tiago Toledo Ferreira, como diretor de Gestão Institucional (DE-GI), ambos aprovados pelo Conselho de Administração da Embrapa, na reunião da última sexta-feira, dia 24 de abril. “São duas pessoas de extrema competência, cujo processo de indicação acompanhei pessoalmente, sem qualquer interferência política”, explicou.

Sobre as estratégias adotadas pela Embrapa no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, Moretti explicou a agilidade nas providências adotadas. “Agimos rapidamente para por em prática um plano de trabalho que garantisse, acima de tudo, a proteção dos empregados”, afirmou, lembrando que hoje 75% do quadro atuam em regime de teletrabalho ou revezamento.

Segundo ele, no que diz respeito à participação da Empresa nas ações de apoio aos Ministérios da Saúde e da Agricultura na realização de testes de Covid 19, 59 laboratórios de Unidades Descentralizadas já estão disponíveis para serem utilizados, dois deles localizados na Embrapa Suínos e Aves e Embrapa Gado de Corte, que já estão atuando na testagem, atendendo às demandas do Governo Federal.

Balanço Social Embrapa 2019
(acesse aqui)

•    O Lucro Social da Embrapa em 2019 foi de 46,49 bilhões de reais, dado os impactos econômicos dessas 160 tecnologias e 220 cultivares analisadas, além dos demais ganhos sociais. O orçamento da Embrapa em 2019 foi de 3,7 bilhões de reais.


•    Cada 1 real investido na empresa em 2019 resultou em 12,29 reais de retorno para a sociedade. Esse número é obtido relacionando-se o Lucro Social à Receita Operacional Líquida da empresa em 2019.

•    Assim, considerando apenas a receita da Embrapa em 2019 e o lucro social obtido, o retorno anual foi superior a 12 vezes tal investimento. 


•    A Embrapa promoveu  1.048 ações de relevante interesse social, dentre as quais 43% referem-se a capacitação, 13% foram ações de bem-estar e 10% foram relacionadas à segurança alimentar.


•     A Embrapa e seus empregados receberam em 2019 um total de 106 prêmios, sendo 8 internacionais; 28 científicos; 18 nacionais  e 52 regionais.


•    O próprio processo de avaliação de impactos que estima os benefícios das tecnologias publicados no Balanço Social foi premiado pela ENAP no ano passado.


•    Em 2019 houve mais de 24 milhões de downloads de publicações técnico-científicas disponibilizadas nos repositórios da própria Embrapa. Um aumento de 9% comparado ao total de downloads feitos no ano anterior (22.123.340)


•    O número de citações de artigos da Embrapa na base de dados Web of Science (WoS) revelou que entre 2011 e 2018 as citações de artigos científicos representaram um aumento de 24% (118.049 citações) quando comparadas com o período anterior (2010-2017, relativos a 95.190 citações).

Algumas soluções tecnológicas de destaque em 2019:


1.    BiomaPhos: identificação de bactérias capazes de tornar solúvel o fósforo do solo para cultivos de milho, soja e algodão, entre outros.


2.    Aperfeiçoamento do Sisteminha: sistema integrado de produção de alimentos que permite, em 1 hectare, produzir peixes, ovos, frangos, hortaliças e frutas suficientes para alimentar uma família.


3.     Sequenciamento do genoma do tambaqui: possibilitou a produção de alevinos de qualidade.  


4.    Uva sem sementes BRS Vitória: viabilizou a colheita diária e a exportação dessa fruta o ano inteiro.


5.    Drawback : mecanismo para exportação de carne de frango por intermédio de planilha eletrônica.


6.    Cultivar BRS 5601RR: trouxe a Embrapa de volta ao mercado da soja.


7.    Plataforma AgroAPI: viabilizou o acesso a inúmeros dados gerados pela pesquisa, propiciando a criação de novos softwares e aplicativos móveis para o setor agropecuário.


8.    Cultivar de capim elefante BRS Kurumi: produz alimento de qualidade para bovinos e ovinos em qualquer estação do ano.

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A cultura do coqueiro da variedade gigante  (Cocos nucifera L) encontra-se tradicionalmente distribuído ao longo da faixa litorânea do Nordeste ocupando solos arenosos caracterizados pela baixa fertilidade e baixa capacidade de retenção de água. Nas últimas décadas, tem-se observado um crescimento dos plantios da variedade anão verde destinadas à produção de água de coco, ocupando áreas  não tradicionais de plantio como sudeste, centro oeste, semi árido e tabuleiros costeiros do Nordeste utilizando-se sistemas intensivos de produção com irrigação localizada. De maneira geral ,os plantios são realizados em sistemas de monocultivo onde grande parte da área de plantio poderia ser utilizada com outras culturas e/ou produção de animais podendo compor sistemas integrados de produção a exemplo do ILPF, possibilitando também a sua adequação ao programa de agricultura de baixo carbono (ABC) onde o coqueiro assumiria o papel de componente arbóreo do sistema. Neste caso, seria recomendável realizar uma alteração dos espaçamentos e sistemas de plantio do coqueiro, possibilitando assim melhor aproveitamento do espaço disponível no coqueiral. Haveria necessidade  não somente de redução da densidade de plantio atualmente utilizada em triângulo equilátero com 7,5 m de lado, totalizando 205 plantas/ ha como também a mudança do sistema de plantio para quadrado ou retângulo de modo a favorecer a maior penetração de luz e a utilização de culturas consorciadas nas entrelinhas de plantio dos coqueiros. Mais recentemente, trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, têm demonstrado as vantagens do uso da Gliricidia sepium como adubo verde utilizada em consorcio com o  coqueiro para fornecimento de nitrogênio fixado biologicamente. Os resultados mostram claramente, que quando bem manejado, o uso da adubação verde com gliricidia constitui-se numa alternativa válida que pode ser utilizada pelo  produtor de coco podendo eliminar e/ou reduzir significativamente o uso de fertilizantes nitrogenados. Neste caso, a recomendação é realizar o plantio das gliricídias obedecendo a linha principal de plantio do coqueiro, de forma que as entrelinhas possam ficar livres para plantio com outras culturas compondo assim um sistema ILF. Nos primeiros anos de plantio, que correspondem em média a quatro a seis anos de idade, não há possibilidade de introdução de animais tendo em vista os danos que podem ser provocados às folhas dos coqueiros. Durante a fase adulta, no entanto, os animais poderiam ser introduzidos para consumir a vegetação natural com suplementação proteica da  gliricidia (20  a 30% de PB).  O grande desafio seria portanto avaliar quais combinações de culturas podem ser utilizadas de forma que possamos obter ganhos econômicos e ambientais significativos. Pela sua capacidade de adaptação à diferentes condições ambientais, e pela sua característica de apresentar produção contínua ao longo do ano, o   coqueiro desponta como uma cultura de alto potencial e que poderá constituir-se  portanto em uma grande alternativa para compor os sistemas integrados de produção na região Nordeste.

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Estudos da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) indicam que a leguminosa forrageira popularmente conhecida como erva-de-ovelha (Stylosanthes humilis) tem potencial para incrementar a produção animal no Semiárido brasileiro. Presente em quase todos os estados do Nordeste, além de Amazonas, Pará, Goiás, Mato Grosso e sudeste de Minas Gerais, é uma boa alternativa para a alimentação dos rebanhos caprinos, ovinos, bovinos, equinos e muares porque possui alto valor nutritivo e garante o aporte de proteína de que os animais necessitam, além de auxiliar na fixação de nitrogênio no solo, tornando-o mais fértil.

Na Região Nordeste, a erva-de-ovelha ocorre em quase todos os estados, nos chamados tabuleiros, que são áreas naturalmente abertas dentro da vegetação da Caatinga. Nelas predominam os planossolos, solos que apresentam média e baixa fertilidade e normalmente encharcam com facilidade e apresentam fissuras após secar, em virtude da elevada quantidade de argila. O zootecnista da Embrapa Caprinos e Ovinos Éden Fernandes afirma que a planta tem grande importância para a produção animal, principalmente nos sistemas extensivos. “Ela é um componente-chave dessa atividade em uma região que tem um volume anual de chuvas muito baixo, mesmo para os padrões nordestinos, como é o caso do município de Irauçuba (CE)”, explica. 

Experimentos na década de 1990

O engenheiro agrônomo Fabiano Carvalho, professor do curso de Zootecnia da Universidade Vale do Acaraú (UVA), também acredita na importância da espécie para a pecuária na região semiárida. “Claro que existe hoje uma degradação muito grande, são quase 500 anos de exploração principalmente pela pecuária, então as principais forrageiras desapareceram.” Ele conta que, na década de 1990, foram feitos dois experimentos com a erva-de-ovelha. No primeiro, foi feita a exclusão de algumas áreas praticamente desertas, sem nenhuma vegetação, para impedir o acesso dos animais. Nelas foram plantadas outras espécies nativas como jurema-preta, sabiá, catingueira e pau-branco. 

Na segunda experiência, houve apenas a separação sem a introdução de outras plantas. Após dois anos, o primeiro experimento resultou na recomposição da vegetação dessas áreas que estavam praticamente limpas; no segundo, observou-se elevado crescimento apenas da erva-de-ovelha nas áreas separadas, atingindo de 20 cm a 30 cm de altura. Carvalho conclui que o superpastejo, elevado número de animais por hectare, é um dos maiores problemas da pecuária na região. 

Desconhecida dos produtores

Mas, apesar de seu valor para a pecuária da região, a herbácea nem sempre é reconhecida pelos agricultores e alguns até ignoram sua existência. Francisco das Chagas de Souza, 45, é agricultor da comunidade Pé de Serra Cedro, em Sobral (CE). Ele mora na comunidade desde que nasceu e afirma que somente há cerca de seis anos observou a existência da erva-de-ovelha. “Ela se alastrou no nosso campo de futebol e os animais gostaram muito. Quando o gado começou a comer foi que começamos a reparar nela. Oito dias depois das primeiras chuvas, o campo já vira um tapete verde. Se deixarmos, chega a 30 cm. Dependendo das chuvas, em 15 dias já está no ponto de o animal pegar. A gente acredita que o animal come e faz bem porque mesmo os bezerros novos comem e nunca tiveram nenhum problema, como tosse ou diarreia”, complementa. O zootecnista Éden Fernandes explica que não existem relatos na literatura científica sobre danos aos animais causados pela erva-de-ovelha. “Por isso, podemos afirmar que a planta não é tóxica”, garante. 

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A erva-de-ovelha é resistente ao pisoteio, à seca, a solos encharcados e a solos ácidos. Não tolera fogo e frio e precisa de um índice pluviométrico variando de 400mm a 1.500 mm para completar seu ciclo, dependendo da localização e tipo de solo. O crescimento e o desenvolvimento dessa espécie estão associados ao regime de chuvas. Ela floresce com as águas e no período de estiagem fecha seu ciclo lançando as sementes no solo como uma forma de se perpetuar de um ano para o outro. 

Os pesquisadores comprovaram que é uma forrageira muito produtiva, especialmente para a pecuária leiteira. Não apresenta uma produção elevada de biomassa porque ocorre em pequenas manchas de solo. Segundo Carvalho, é diferente das cultivadas, como Mineirão e Campo Grande, que preferem solos de textura média, um pouco mais arenosos, e têm produção muito elevada, chegando a seis toneladas por hectare. “Em Irauçuba, quantificamos que o total de matéria seca por hectare fica em torno de 1.600 kg, no máximo, nos tabuleiros. Existe essa limitação porque normalmente são áreas de pastejo extensivo”, explica. 

Manejada com adubação correta, a erva-de-ovelha responde bem, melhora a produção, índices proteicos e a digestibilidade. Ela atende à necessidade de proteína dos animais, fornecendo de 20% a 22% do necessário, dependendo do estágio em que se encontra (à medida que vai secando, o teor de proteína diminui), assim é considerada uma boa leguminosa para a produção de leite. O professor acrescenta que o importante é que a herbácea produza sementes, caso contrário, no ano seguinte a produção será menor. Por isso, o agricultor deve evitar “limpar” o terreno por meio da queima da vegetação, o que causa a diminuição do banco de sementes. 

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Adriana Brandão (MTb 1.067/CE)
Embrapa Caprinos e Ovinos

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Produtores do cinturão do milho sergipano, conglomerado de municípios do Agreste com destaque regional e nacional em produção e produtividade, bem como dos Tabuleiros Costeiros e Agreste de Alagoas e Bahia, já podem realizar o plantio do milho consorciado com braquiária, permitindo acesso aos programas de seguro agrícola.

Isso é possível graças à publicação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) das portarias de números 385386 e 393, de 23 de dezembro de 2019, que aprovam o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a cultura de milho consorciado com braquiária nos três estados, no ano-safra 2019/2020.

O zoneamento para a combinação dessas duas culturas era um anseio antigo dos produtores em diversas regiões do país. Sem esse instrumento, os bancos públicos e os programas federais de seguro agrícola ficavam impedidos de oferecer linhas de financiamento e contratos de seguro para o plantio consorciado do grão com a forrageira, tradicionalmente considerada uma competidora prejudicial no campo.

Desenvolvido pela Embrapa e parceiros, o ZARC é um método aplicado no Brasil por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que proporciona a indicação de datas ou períodos de plantio/semeadura por cultura e por município, considerando as características do clima, o tipo de solo e ciclo de cultivares, de forma a evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis das culturas, minimizando as perdas agrícolas.

Além de Sergipe, Alagoas e Bahia, o ZARC para milho com braquiária foi aprovado para diversos estados do Nordeste e outras regiões, em áreas que apresentavam aptidão para cultivo de grãos. A aprovação foi fruto de uma grande força-tarefa de apresentação e validação do ZARC para esse consórcio em diversos estados coordenada pelo pesquisador Fernando Macena, da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), que se reuniu localmente e por videoconferências com agentes públicos e produtores.

No Agreste de Sergipe, o período mais favorável para o plantio e com menor risco de perda vai do início de abril até meados de junho, com preferência tradicional dos produtores por variedades de ciclo precoce – cerca de 100 a 110 dias da germinação até o ponto de colheita. Destacam-se municípios como Carira, Poço Verde, Simão Dias, Pinhão e Nossa Senhora Aparecida.

Benefícios da braquiária
A gramínea braquiária tem sido cada vez mais vista como um verdadeiro “capim-santo” para as culturas de grãos na região dos Tabuleiros Costeiros e Agreste da nova região do SEALBA – que compreende áreas de alto potencial em Sergipe, Alagoas e Bahia. 

Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa na região têm apontado resultados surpreendentes, tanto na conservação e melhoria de solos em áreas nativas e cultivadas como na produtividade das culturas de grãos, que a cada ano ganham mais força em diversas áreas.

Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) observaram que a braquiária exerce um importante papel na suavização tanto dos efeitos do excesso de chuvas quanto da estiagem.

Os experimentos mostraram que, comparativamente a áreas cultivadas com milho sob preparos de solo convencional, cultivo mínimo e plantio direto, áreas com cobertura de braquiária apresentaram, em média, 68% de aumento na taxa de infiltração de água no solo, após sete anos da introdução da gramínea.

Estudos realizados pelos pesquisadores em anos anteriores têm demonstrado as propriedades da braquiária na melhoria do solo. “Numa região de chuvas irregulares como os Tabuleiros Costeiros do Nordeste, o uso da braquiária nesses sistemas de grãos pode auxiliar atuando como cobertura morta na retenção de umidade no solo em um ano seco, bem como na prevenção de encharcamentos em anos chuvosos pelo fato de sua raiz atuar descompactando o solo” explica Edson Patto. 

O gênero Brachiaria é bastante amplo, com mais de 80 espécies, em sua maioria de origem africana. Estudos indicam que a primeira introdução oficial no Brasil foi da Brachiaria decumbens na década de 1950. A partir dos anos 60, a gramínea passa a ser mais amplamente reconhecida, a partir das importações de grandes quantidades de sementes das espécies ruziziensis e brizantha e introdução em áreas da Amazônia, Centro-oeste e Sudeste do país. 

Desde então, as diversas espécies de braquiária têm sido bastante usadas em todo o mundo tropical, pois são adaptadas a solos ácidos e de baixa fertilidade, apresentado boa tolerância a alto teor de alumínio e a baixos teores de fósforo e cálcio no solo.

Acesso a programas governamentais
Para ter acesso ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar as recomendações desse pacote tecnológico. Além disso, alguns agentes financeiros já estão condicionando a concessão do crédito rural ao uso do zoneamento.

No Brasil, mais de 40 culturas já foram contempladas com o ZARC. A ferramenta é utilizada em apoio à tomada de decisão para o planejamento e a execução de atividades agrícolas, para políticas públicas e para a seguridade agrícola, as principais culturas agrícolas brasileiras já estão contempladas no zoneamento.

Saulo Coelho (MTb/SE 1065)

Embrapa Tabuleiros Costeiros

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Publicação da Embrapa aborda uso das tecnologias de agricultura e pecuária de precisão

O uso de tecnologias de pecuária de precisão pode auxiliar no desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis e de uma pecuária mais competitiva. Essas ferramentas, como identificação animal automatizada, dispositivos eletrônicos de pesagem, colares com sensores, bebedouros e cochos automáticos, termografia infravermelha e estações meteorológicas automáticas, ampliam a capacidade de observação do rebanho.

Seu uso possibilita identificar e medir consumo de alimentos e água, comportamento alimentar, frequência cardiorrespiratória, temperatura corporal, atividade e posição dos animais. Os dados trazem indicadores produtivos, comportamentais e fisiológicos em benefício da saúde, produtividade e bem-estar dos animais.

A publicação “Potencial de uso das tecnologias de agricultura e pecuária de precisão e automação” traz conceitos, ferramentas e usos, mostrando seu potencial para inserir a agropecuária em um novo patamar tecnológico, tornando-a mais eficiente. O documento está disponível gratuitamente no site da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP).

De acordo com o pesquisador Alberto Bernardi, um dos autores, a utilização da pecuária de precisão pelo produtor permite aumentar a eficiência do uso de insumos, reduzir as perdas, elevar a qualidade dos produtos agropecuários, diminuir esforços e otimizar o trabalho, refletindo em melhores condições de vida no campo. Os reflexos também atingem o meio ambiente, com mitigação de gases de efeito estufa, principalmente pela utilização eficiente dos insumos agropecuários e redução do consumo de água e energia elétrica para irrigação.

Outro benefício da aplicação da tecnologia é manter ou, ainda, atrair à área rural os mais jovens, já que o uso desses equipamentos exige conhecimento e habilidades de informática, eletrônica, mecânica, robótica, comunicação, além do conhecimento tradicional de agronomia, veterinária e zootecnia. “Esses conhecimentos multidisciplinares são necessários para que os dados de monitoramento e controle, individual ou em grupo, dos vários sensores disponíveis, sejam efetivos e possam orientar as decisões de manejo mais adequadas”, conta Bernardi.

O pesquisador alerta que a pecuária de precisão não é a solução de todos os problemas. “O seu uso será mais eficiente, quanto mais eficiente for o sistema em que está sendo empregado. E um bom modelo agropecuário é aquele em que as boas práticas estão sendo utilizadas, e todos os conhecimentos agronômicos e zootécnicos aplicados da forma mais acertada”, destaca.

Muitos produtores acreditam que a tecnologia é só para grandes pecuaristas e é baseada em máquinas caras e sofisticadas. Alberto Bernardi explica que o mais importante é a gestão da propriedade, com   coleta e interpretação dos dados e informações. Se o produtor e o técnico fazem a gestão da fazenda e dos animais, observam, coletam e organizam dados e informações, eles já utilizam a pecuária de precisão. “Por exemplo, se o produtor faz o controle leiteiro individualizado e a partir desta informação regula o fornecimento de concentrado para os animais, ele está fazendo um manejo mais preciso. É lógico que se os animais tiverem identificação eletrônica, o controle leiteiro for automático, houver um sistema de banco de dados e um sistema para interpretar estes dados de forma automática, a operação será muito mais rápida, com menor possibilidade de erros e dará mais autonomia para o produtor ou técnico”, esclarece.  

No Brasil, ainda existem desafios em relação ao acesso à rede de comunicação e à disponibilidade de tecnologias, desde a geração de energia para manter a rede ativa até o alto custo de sensores e equipamentos. Mesmo assim, a pecuária de precisão está chegando às propriedades e estará cada vez mais presente. Há também uma tendência de redução de custo da tecnologia com o passar do tempo. Para Bernardi, é fundamental que essas ferramentas sejam vistas como uma forma de ajudar o produtor a ser mais eficiente, e não apenas como mais um custo no sistema de produção.

Pesquisa

A Embrapa coordena uma rede de pesquisa em Agricultura e Pecuária de Precisão que vem atuando em várias frentes.

A Embrapa Pecuária Sudeste, segundo Bernardi, fez grandes avanços na identificação eletrônica de animais, no monitoramento do consumo de alimentos e água, no estudo do comportamento animal, acompanhamento automático do clima. Outra linha importante trabalha com sensores e mapeamentos para melhorar o manejo das pastagens.

Também houve progresso na implantação de uma rede wi-fi alimentada por energia solar para captar e transmitir os sinais dos sensores dos animais no campo. Ainda, estão previstos ordenha robotizada e novos sistemas de monitoramento de gado.

Todas essas tecnologias já são utilizadas por pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste para dar respostas aos produtores rurais em relação a sistemas de produção pecuários mais eficientes, sustentáveis e competitivos.

Informações

Também estão disponíveis para consulta nota técnica sobre Aplicação da agricultura e pecuária de precisão na Embrapa Pecuária Sudeste e vídeos relacionados ao tema no canal da Embrapa no youtube - Pecuária de precisão e Conectividade no Campo.

Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Impactos da pandemia no mercado brasileiro de leite

No mercado brasileiro, o abastecimento, por enquanto, segue normal, mas vários desafios têm surgido diariamente. O setor alimentício será um dos menos afetados pela pandemia, inclusive por sua característica essencial.

Por outro lado, o produtor de leite tem sentido o incremento no custo de produção, principalmente do concentrado. É neste cenário que surge a pandemia.

Ressaltamos pelo menos quatro impactos: 1) efeito pânico; 2) fechamento de canais de food service; 3) queda do PIB e redução da renda da população; 4) consolidação setorial.

Veja essa análise completa na Nota de Conjuntura de abril de 2020, disponível no novo site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Em entrevista coletiva online, pesquisador da Embrapa diz que por enquanto o abastecimento está garantido, mas que as mudanças na cadeia produtiva do leite serão profundas

 

Quando a pecuária de leite no Brasil ensaiava uma ligeira recuperação, surgiu o novo coronavírus. As perspectivas para o setor, segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, não são muito diferentes do resto da economia. "É difícil prever o que irá acontecer pois não sabemos nem quanto tempo deve durar esse contexto, mas a expectativa é de retração". O setor vinha sofrendo desde 2013 com o cenário econômico ruim, A produção brasileira ficou praticamente de lado nos últimos ano e 2020 iniciou com baixo crescimento devido à seca na Região Sul do pais."Começamos agora a entressafra, que prometia melhores ganhos para os produtores, mas toda a cadeia produtiva terá que se ajustar ao novo cenário", diz Carvalho.

Entre os consumidores, o efeito imediato da crise, desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia, foi de correria às padarias e supermercados. É o que Carvalho chama de "efeito pânico", com as pessoas comprando produtos estocáveis, como o leite UHT e leite em pó. Mas na medida em que a população percebeu que o abastecimento não seria comprometido, as compras voltaram ao normal. O que preocupa Carvalho é um terceira onda: a queda no poder aquisitivo da população, que tem efeito direto no consumo de produtos lácteos.

Na visão de Carvalho, isso pode ser muito prejudicial para o setor e terá como consequência uma reorganização da cadeia, com a redução do número de produtores e laticínios maiores absorvendo os menores. "Haverá uma maior concentração", explica, "produtores podem sair do mercado, com os mais estabilizados ocupando o espaço deixado, o que já vem ocorrendo de forma natural nas últimas décadas, mas que deve se intensificar". O mercado global também passará por sensíveis mudanças e grandes exportadores como Austrália, Nova Zelândia e Uruguai podem sofrer importantes impactos com o recuo do comércio. Existem riscos de revés na globalização e abertura de mercados. Todos estão olhando para dentro neste momento e a economia mundial pode encolher. Neste aspecto, o Brasil tem suas vantagens, por ter uma grande população e disponibilidade de insumos produtivos .

Se há algo menos negativo na pandemia é que a indústria de alimentos sofre menos, já que não pode haver um lockdown na produção agrícola (as pessoas precisam se alimentar). Houve também uma redução no preço de alguns insumos como o milho na última semana e do farelo de soja, mas ainda seguem em valores historicamente altos. O recado final do pesquisador aos produtores é que eles cortem custos. "Sempre há gorduras para cortar", ressalta. A pecuária de leite tem como característica uma recuperação lenta. O rebanho que for reduzido hoje para se adaptar à nova realidade de mercado pode demorar até quatro anos para ser recomposto. "Cautela, organização e cuidados com a própria saúde", é o que recomenda Carvalho.

A entrevista coletiva do pesquisador está disponível no Youtube. Clique aqui. Acesse também a nova plataforma do Centro de Inteligência do Leite, onde estão disponíveis indicadores econômicos, informações e análises de mercado produzidas pela Embrapa Gado de Leite. Toda semana,  serão disponibilizados novos boletins com ênfase nos impactos da pandemia de Covid-19. Acesse os boletins desta semana: Efeitos do Covid-19 nos Preços e Indicadores Leite e Derivados.

Rubens Neiva

Embrapa Gado de Leite

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O Centro de Inteligência do Leite/Embrapa Gado de Leite disponibiliza o novo Informativo Especial de Preços. O objetivo é acompanhar os efeitos da pandemia do Covid-19 sobre alguns preços de produtos de interesse para cadeia do leite, além de diversos produtos agrícolas de importância para o Brasil no mercado nacional e internacional. De periodicidade semanal, o informativo trará sempre os dados mais atuais desses indicadores destacando sua variação em relação a média do fevereiro de 2020 (mês em que foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil) e ao valor da semana imediatamente anterior ao último dado divulgado.
Para ter acesso ao Informativo, clique na imagem abaixo. Caso não consiga abrir, copie e cole o endereço no seu navegador de internet: http://cileite.com.br/especial_coronavirus9846983468?profile=original
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Saiba como fazenda de leite orgânico
elevou índice em quase 9 vezes

Acaba de ser publicado pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) o e-book “Fazenda Nata da Serra, Serra Negra, SP: descrição de caso de sucesso na produção orgânica de leite”. O livro, assinado por seis autores, descreve como a propriedade do interior paulista conseguiu intensificar a atividade leiteira, elevando a produtividade em praticamente nove vezes mesmo dentro de um sistema orgânico.

O cálculo considera a produção anual de leite dividido pela área total da propriedade utilizada no processo produtivo, demonstrando o efeito “poupa solo” do trabalho que é acompanhado pela Embrapa desde 2007. “A produtividade obtida em 2018 é comparável às melhores propriedades leiteiras convencionais, que têm a oportunidade de utilizar toda a gama de insumos existentes”, dizem os autores.

O primeiro autor e pesquisador da Embrapa Artur Chinelato foi o idealizador do Programa Balde Cheio, implementado no país em 1998 e que passou a envolver uma rede de centros de pesquisa da Embrapa a partir de 2017. Esse programa tem o objetivo de capacitar técnicos ligados à extensão rural “quanto ao entendimento e à aplicação dos conceitos envolvidos em qualquer produção leiteira intensiva, eficiente, rentável, sustentável sob o prisma ambiental, e passível de ser empregada por todos os produtores de leite que assim desejarem”.

É uma forma de levar tecnologias ao pecuarista de leite para que ele aumente sua produtividade, incremente a renda, os cuidados com o ambiente e o bem-estar animal. Como “efeito colateral”, o Balde Cheio proporciona melhora na autoestima do produtor e o faz sentir parte de um arranjo local normalmente estabelecido para fomentar as ações. A experiência do Balde Cheio na Nata da Serra é relatada no livro.

O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo, conta no e-book que em 2007, quando fez a primeira visita à fazenda, observou três fatores marcantes que definiram toda a trajetória tecnológica adotada: o perfil tecnificado do proprietário da Nata da Serra, Ricardo Schiavinato; a visão empresarial do produtor em relação à cadeia de lácteos; e a falta de controles zootécnicos e produtivos da produção animal [a fazenda produzia hortaliças e frutas orgânicas com altíssima eficiência].

“Toda a tecnologia e eficiência observada na agricultura passava longe da produção animal da Fazenda Sula [nome oficial da propriedade]. Os indicadores zootécnicos e produtivos das vacas eram trágicos, porém, não muito diferentes da grande maioria dos produtores de leite no Brasil. As causas também eram conhecidas: baixa qualidade de alimentos volumosos, baixa fertilidade de solo, pastagens degradadas, manejo deficiente, ausência de controles econômicos e zootécnicos, entre outros. Enfim, nem parecia a mesma fazenda”, escreveu André no prefácio.

Todo o trabalho técnico desenvolvido pela Embrapa na propriedade é explicado em detalhes no livro, recheado com fotografias, tabelas e gráficos. Também são coautores Marco Aurélio Bergamaschi e Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, Fernando Campos Mendonça, professor da Esalq em Piracicaba, e o agrônomo Ricardo Schiavinato, proprietário da fazenda.

O e-book pode ser consultado gratuitamente no site da Embrapa, clicando aqui.

Ana Maio (Mtb 21.928)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Karina Neoob*

No Brasil, a agricultura familiar responde por, aproximadamente, 64% do leite de vacas produzido, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017. As tendências do setor leiteiro vem mostrando um cenário diferenciado, onde o consumidor, hoje mais informado e exigente, preocupa-se com a saúde de sua família e busca produtos de melhor qualidade. Por sua vez, o produtor que pretende manter-se num mercado competitivo como o atual, precisa garantir a oferta de um produto, que além de saboroso e nutritivo, seja seguro para o consumidor. Portanto, o produtor de leite, de forma indireta, pode ser considerado como um “agente de saúde pública”, uma vez que o leite e seus derivados são consumidos por uma grande parte da população nacional, e, caso sejam produzidos com qualidade poderá levar saúde a seus consumidores, sendo o inverso também verdadeiro. 

Nos últimos anos, houve um aumento expressivo do volume total de venda de queijos no Brasil. Eles atraem o consumidor pelos sabores, praticidade, por ser um alimento nutritivo e, muitas vezes, pela tradição e vínculo cultural que esse alimento carrega como memória do território de origem, de uma boa parte da população brasileira, que tornou-se urbanizada. Em nosso país continental, existem diversos tipos de queijos artesanais tradicionais, cuja prática cultural de produção foi repassada por antepassados e, historicamente, muitas dessas práticas eram formas de conservação da matéria-prima leite. Na região Nordeste, a produção artesanal de queijo coalho é uma atividade de grande importância para agregação de valor e geração de renda para agricultores familiares e caracteriza a identidade sociocultural de sua população. 

O queijo artesanal é aquele elaborado por métodos tradicionais, com vinculação e valorização territorial, regional ou cultural, com emprego de boas práticas agropecuárias e de fabricação, sendo produzido com leite cru. E, de acordo com a lei 13.860/2019, o queijeiro artesanal é responsável pela identidade, pela qualidade e pela segurança sanitária do queijo por ele produzido e deve cumprir os requisitos sanitários estabelecidos pelo poder público. Portanto, para responder pela qualidade do queijo é imprescindível observar a qualidade do leite, pois mesmo que as boas práticas de fabricação sejam seguidas à risca, caso o leite não seja de boa procedência, o queijo também terá sua qualidade comprometida, tornando-se inadequado para o consumidor, podendo causar prejuízos à sua saúde. Então, a produção de queijo saudável começa, antes de tudo, no curral, no comprometimento do produtor para uma produção de leite também saudável.

Para produção de queijo coalho artesanal de qualidade e saudável o leite deve ser de propriedade livre de tuberculose e brucelose, conforme Programa Nacional de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose Animal ou controlada para tuberculose e brucelose pelo órgão estadual de defesa sanitária animal. 

A propriedade fornecedora do leite deve participar de programa de controle de mastite, com realização de exames para detecção de mastite clínica e subclínica, inclusive análise periódica do leite da propriedade. Um programa de boas práticas agropecuárias na produção leiteira também deve ser implantado. Além disso, deve haver controle e monitoramento da potabilidade da água utilizada nas atividades relacionadas à ordenha e implementação da rastreabilidade de produtos.

Importante lembrar que, o período de carência dos medicamentos administrados às vacas de leite e rebanho como um todo, deve ser obedecido. Ou seja, após o tratamento das vacas com os medicamentos ou produtos veterinários, o leite deve ser descartado durante os dias indicados pela bula destes produtos. A presença de resíduos no leite e derivados pode prejudicar a saúde do consumidor. Vale ressaltar que alguns medicamentos são proibidos em vacas em lactação e, portanto, não devem ser utilizados neste grupo de animais. Isso vem claramente descrito nas bulas de cada medicamento ou produto veterinário, e deve ser seguido de forma rigorosa.

As boas práticas de fabricação de queijo coalho artesanal são um conjunto de medidas simples, que tem como base essencial a higiene. Quanto maior o cuidado com a higiene, menor a contaminação microbiana, o que levará a melhor qualidade, melhor sabor e maior tempo de vida útil do queijo coalho. Essas características são importantíssimas para conquistar o consumidor, que muitas vezes, elege um único fornecedor de queijo coalho artesanal, pois faz questão de dar à sua família um alimento saudável, no qual ele confia. Quando se fala em higiene na produção de queijo, primeiramente deve se pensar num ambiente limpo, arejado e livre de insetos. Igual importância tem também a higienização dos utensílios utilizados na produção do queijo, além da higiene pessoal prévia do manipulador, que deve vestir-se devidamente com gorro, máscara, luvas e avental ou jaleco. Para que a higiene seja realizada de forma adequada é necessário verificar a qualidade da água disponível para todo esse processo. 

Competirá às entidades de defesa sanitária e de assistência técnica e extensão rural, orientar o queijeiro artesanal na implantação dos programas de boas práticas agropecuárias de produção leiteira e de fabricação do queijo artesanal. Vale lembrar que, o leite utilizado na produção deste queijo deve ser de produção própria ou de origem determinada.

*Médica-veterinária - Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros

Artigo publicado na edição 14 da Revista da Associação de Engenheiros-Agrônomos de Sergipe (AEASE)

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