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9846979478?profile=originalNesse episódio, a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Maria de Fátima Ávila Pires, dá dicas e informações sobre o queijo artesanal de Alagoa, suas características, qualidade e sobre o acompanhamento desse processo de produção pela Embrapa.

Confira esse e outros podcasts da Embrapa sobre as inovações da cadeia produtiva do leite! 

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Ficha Técnica:

Entrevistado: Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Maria de Fátima Ávila Pires

Entrevistadora e produção: Rosangela Zoccal e Eliane Hayami

Edição e produção de imagens: Eliane Hayami e Adriana Barros Guimarães

EaD Moodle e Repileite: Vanessa Maia Aguiar de Magalhães e Luiz Ricardo da Costa

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9846982670?profile=originalApós fechar 2018 praticamente estagnada (crescimento de 0,5%), a pecuária de leite não tem muitos motivos para se lamentar em 2019. Mesmo não sendo um ano de grande expansão do setor (o crescimento deve fechar entre 2% e 2,5%), o preço do leite pago ao produtor terminou o ano em torno de R$1,36, o que equivale a 0,33 centavos de dólar, com o câmbio a R$ 4,06 por dólar. Segundo o analista da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock esse é um preço razoável para o setor, equivalendo-se às cotações internacionais, o que não favorece a importação do produto. O analista informa que lá fora, a tonelada do leite está sendo vendida entre USD$ 3.100,00 e USD$ 3.300,00, abaixo do preço histórico de USD$ 3.700,00, o que mostra equilíbrio do mercado mundial em termos de oferta e demanda.

Ainda que os especialistas não vejam com euforia o ano que se inicia, os sinais de que a crise está ficando para traz ficam mais claros. “As previsões iniciais para o crescimento do PIB [produto interno bruto] em 2020 indicam alta de 2,3%, o que é baixo, mas é a melhor expansão dos últimos seis anos”, diz o também analista que integra a equipe de socioeconomia da Embrapa Gado de Leite Denis Teixeira da Rocha. Por esse motivo, espera-se uma recuperação um pouco mais forte do consumo, possibilitando algum repasse de preços ao longo da cadeia produtiva e melhores margens industriais. A retrospectiva do ano que se passou também mostra mais solidez da atividade leiteira.

2019 contou com preços superiores aos patamares históricos

O pesquisador da Embrapa Glauco Carvalho relata que o primeiro semestre de 2019 fechou com os melhores patamares de preços para os produtores de leite brasileiros, quando comparado a igual período dos últimos sete anos. “Além de receber preços melhores, houve um incremento importante na relação entre o preço do leite e o custo da alimentação dos animais”, afirma Carvalho. Na avalição dele, o milho e a soja, principais ingredientes utilizados na ração das vacas, permaneceram com preços relativamente baixos no primeiro semestre, o que segurou os custos de produção do leite.

A relação de troca ao pecuarista, medida pela quantidade de litros de leite necessária para comprar uma saca de 60 kg de concentrado, ficou em 34 litros, na média do primeiro semestre; queda de 24% em relação ao ano anterior. “Entretanto, no segundo semestre, essa trajetória foi se alterando, com um recuo nos preços do leite e o aumento no custo do concentrado”. Ainda assim, na média do ano, os preços pagos aos produtores em 2019 ficaram acima do patamar histórico, o que sustentou crescimento da produção.

Quanto à indústria, na visão de Carvalho, 2019 foi bem mais desafiador, sobretudo para aquelas empresas focadas em linhas tradicionais, como leite UHT, queijo muçarela e leite em pó. “O gargalo do ano tem sido o baixo nível do consumo doméstico e a dificuldade de repasse de preços ao longo da cadeia produtiva”, constata o pesquisador. Para ele, a elevada capacidade ociosa da indústria nacional leva a uma necessidade de maior captação para diluir os custos fixos, o que muitas vezes se traduz em focar mais na captação do que na própria margem de comercialização.

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Um outro ponto de estrangulamento, segundo o especialista, refere-se à fragmentação da indústria, que acaba dificultando uma estratégia de comercialização com o varejista para sustentar um patamar mais rentável de preços. “O fato é que as empresas estão trabalhando com margens bem apertadas. O pior cenário é o do leite UHT, em que a relação de preços entre o atacado e o produtor ficou quase 18% abaixo dessa mesma relação em 2018”.

Ano de 2020 traz incertezas nacionais e internacionais

Os especialistas da Embrapa avaliam que o ano que se inicia traz componentes de incerteza, tanto no ambiente interno quanto no externo. Internamente, pesa a articulação política e como o Governo vai tocar a agenda de reformas, que os analistas consideram fundamental para o Brasil retomar níveis melhores de crescimento econômico e distribuição de renda. No contexto internacional, a peste suína ocorrida em 2019 na China pode ter reflexos também em 2020 já que a doença está atingindo outros países asiáticos.

O problema na suinocultura chinesa, que reduziu em 40% o número de suínos naquele país, provocou o aumento das exportações de carne para a China – o que elevou a demanda por soja e milho na pecuária de carne. Os preços desses insumos tendem a se manter mais pressionados. Além disso, as exportações brasileiras de milho estão batendo recordes. Carvalho informa que se tem ainda uma nova demanda oriunda de plantas de etanol de milho no Centro-Oeste brasileiro. Todos estes fatores colocam uma pressão alta no milho e, consequentemente, no concentrado para as vacas. “Pode haver muita volatilidade nos preços do concentrado até que seja definida a safrinha de milho no meio do ano”.

Do ponto de vista da oferta e demanda, em linhas gerais, o mercado brasileiro de leite se mostra bem equilibrado. A expansão da produção nacional perdeu força no final do ano passado, na comparação com 2018. Além disso, o volume de importação está relativamente baixo e, apesar do consumo estar fraco, não há excedente de produção que possa levar a uma queda nos preços. Pelo contrário, as cotações se sustentaram no último trimestre do ano, quando geralmente os preços caem.

“Nesse cenário, a expectativa é que 2020 comece com os preços do leite ao produtor em patamares superiores ao registrado em janeiro de 2019 e com uma trajetória de elevação mais alinhada ao padrão histórico, que difere da precoce e expressiva alta registrada em fevereiro daquele ano”, diz Carvalho. Produtos lácteos cujo consumo está associado a rendas mais altas, como queijos e iogurtes, tendem a ter um crescimento melhor em 2020. Mas o mercado de UHT ainda deve continuar complicado.

O pesquisador acredita, no entanto, que as grandes apostas do setor foram adiadas para 2021, quando se espera que o Brasil tenha um crescimento mais robusto, gerando mais empregos e elevando o consumo familiar de leite e derivados.

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Rubens Neiva (MTb 5445/MG)
Embrapa Gado de Leite

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9846981259?profile=originalNesse episódio, o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Alexander Machado Auad, dá dicas e informações sobre o inseto praga Cigarrinha das Pastagens que, consequentemente, tem causado grandes danos na produção de leite e carne no Brasil.

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Ficha Técnica:

Entrevistado: Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Alexander Machado Auad

Entrevistadora e produção: Rosangela Zoccal e Eliane Hayami

Edição e produção de imagens: Eliane Hayami e Adriana Barros Guimarães

EaD Moodle e Repileite: Vanessa Maia Aguiar de Magalhães e Luiz Ricardo da Costa

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9846977256?profile=originalResumo ? O conhecimento do processo de produção do leite e fabricação do queijo é fundamental para padronização e qualidade do queijo artesanal. Com este objetivo, utilizando entrevistas estruturadas, foram identificadas as variáveis que compõem o sistema de produção de leite e as etapas do processo de fabricação do queijo artesanal de Alagoa-MG. Os parâmetros físicos (diâmetro e altura), físico-químicos (umidade, matéria gorda no extrato seco, proteína e cloretos) e sensoriais foram pesquisados nos queijos de seis produtores com 14 dias de maturação. A pesquisa de L. monocytogenes e Salmonella spp. e a contagem de Staphylococcus coagulase positiva (SCP) e coliformes foi realizada no leite cru, assim como no queijo recém-fabricado e após sete, 14, 21 e 28 dias de maturação dos mesmos seis produtores do município de Alagoa. A produção de leite no município de Alagoa se caracteriza por um sistema semiextensivo com suplementação no cocho durante todo o ano. A área de 90% das propriedades é inferior a 30 ha, sendo 2/3 destas áreas constituídas de pastagens [Urochloa (Brachiaria) decumbens cv. Basilisk] manejadas sem adubação. Os rebanhos são constituídos, na sua maioria, por vacas Girolando ou mestiças (58%), sendo que 42% das vacas em lactação produzem entre 11 e 15 litros leite/dia. Em 2015 90% das queijeiras produziram até 14.000 kg de queijo. As análises microbiológicas revelaram a presença de SCP e de coliformes totais e termotolerantes no leite cru e nos queijos, em contagens acima do limite máximo estabelecido pela legislação em algumas propriedades. O número total desses microrganismos apresentou uma tendência de queda com o decorrer da maturação do queijo. As análises da composição dos queijos indicam que o queijo artesanal de Alagoa pode ser classificado como de baixa umidade e gordo. Em relação às características sensoriais, os queijos apresentaram consistência tendendo a dura, textura tendendo a fechada sem olhaduras, cor interna amarelada, sabor moderadamente salgado e tendendo a picante, odor moderadamente pronunciado. Para a produção de queijos com qualidade e segurança microbiológica é necessária a implementação de boas práticas na produção de leite, incluindo programas de controle de mastite, brucelose e tuberculose, e de boas práticas na fabricação de queijos.

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Ano de publicação: 2019

Tipo de publicação: Fascículos de periódicos

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Bem-estar animal, nutrição adequada e cuidados com a saúde são fatores que interferem nos resultados reprodutivos do rebanho leiteiro e, consequentemente, impactam na produção de leite e nos lucros do produtor.

Para o produtor melhorar os índices do rebanho, o veterinário Marco Aurélio Bergamaschi, da Embrapa Pecuária Sudeste, recomenda a adoção de boas práticas de manejo focadas em bem-estar, alimentação balanceada e sanidade animal. Para ele, a reprodução só ocorre quando todas as necessidades forem satisfeitas.

Conforme Bergamaschi, o ideal é que aos 24 meses de idade a fêmea tenha o primeiro parto. A reprodução das vacas precisa ser regular, buscando intervalo entre partos de 12 meses. Para o pecuarista otimizar os lucros é importante também que  a lactação se mantenha por 10 meses.

Em relação à saúde, o produtor precisa de um plano de prevenção de doenças por meio de vacinação. Segundo ele, essa estratégia também deve abranger as doenças reprodutivas, principalmente brucelose e leptospirose. No caso do bem-estar deve-se garantir uma convivência harmoniosa entre homem e animal. “Bater e gritar é inconcebível em um sistema de produção”, ressalta. O rebanho também necessita ter à disposição sombra, água de qualidade e em quantidade suficiente, local de descanso e corredores livres de sujeira, buracos, pedras e tocos. “Se um animal passa por estresse térmico, a perda pode ser entre 20 e 30% tanto na reprodução, como na produção de leite, dependendo do grau de estresse a que foi submetido”, conta o veterinário.

A falta ou excesso de nutrientes pode causar prejuízos sérios aos animais. Por isso, uma dieta balanceada de acordo com as necessidades nutricionais de cada estágio é fundamental.

O acasalamento pode ocorrer por monta natural ou inseminação artificial (IA), dependendo do nível tecnológico adotado pelo pecuarista. Quando é realizada a IA, o trabalho de identificação do cio é feito pelo homem. Dessa forma, o profissional deve ser capacitado e atento para identificar os sinais.

A grande vantagem de um sistema de produção de leite é que os animais em lactação são manejados pelo menos duas vezes ao dia, no momento da ordenha. Nesse período, principalmente, o produtor deve ficar alerta para identificação do cio.

Em um manejo eficiente, faltando 30 dias para o parto, a vaca deve ser colocada em piquete separado, chamado de maternidade, com disponibilidade de pasto, sombra e água.

As boas condições corporais antes do parto contribuem para uma melhor performance no pós-parto. A atenção com a nutrição e sanidade é importante para garantir o futuro reprodutivo do animal.

Ainda, Bergamaschi chama atenção para o gerenciamento das informações relativas ao rebanho (datas de nascimento, acasalamento, secagem e parição, pesagens e controle leiteiro). De acordo com ele, é importante anotar todos os eventos ocorridos. Manter um relatório completo de cada animal da fazenda é recomendável para estabelecer a programação dos manejos necessários, tais como, secagem, vacinações pré-parto e acompanhamento da parição.

É relevante ter um programa de avaliação na propriedade. Uma vez por mês aconselha-se que as vacas sejam examinadas por um veterinário. A ideia é avaliar cada uma em seu estágio de reprodução. “De forma geral, as novilhas com idade e peso para reprodução são examinadas para verificar a maturidade sexual; é feito o diagnóstico de gestação nas fêmeas inseminadas; observa-se nas recém-paridas a involução uterina e as vacas sem histórico de acasalamento ou vazias são examinadas para diagnosticar problemas que as impedem de ficarem prenhas novamente, como a presença de infecções ou cistos ovarianos”, explica Bergamaschi.

Outro aspecto importante é a seleção genética do rebanho. Descartar os animais inferiores ou que apresentam problemas reprodutivos contribui para melhorar a produtividade da fazenda.

Para o veterinário, a partir do momento que o produtor adotar o manejo reprodutivo na fazenda, ele consegue obter resultados em um tempo relativamente curto, cerca de um ano.

Gisele Rosso (MTb/3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

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A eficiência da vacina contra clostridioses, aplicada nos primeiros meses de vida das bezerras, está sendo prejudicada devido a uma prática de manejo comum entre os produtores de leite: a aplicação de várias vacinas ao mesmo tempo. É o que prova uma dissertação de mestrado em Zootecnia, pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizada no campo experimental da Embrapa Gado de Leite (MG).

O mestrando Hilton Diniz e a equipe de pesquisadores verificaram interferência na resposta vacinal dos animais imunizados contra brucelose e clostridioses, quando vacinados simultaneamente. De acordo com Diniz, “a vacinação simultânea resulta em decréscimo significativo nos títulos de anticorpos contra doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium”. Isso pode culminar em bovinos não protegidos contra essas afecções nas propriedades leiteiras. O mesmo estudo demonstra que a vacina contra brucelose não sofreu qualquer interferência na resposta imunológica, permanecendo eficaz.

Hipótese surgiu de relatos dos produtores

Segundo a professora da UFMG Sandra Gesteira Coelho, orientadora de Diniz nas pesquisas, a iniciativa para realização desse trabalho se deu a partir de alguns relatos de produtores de leite. “Quando visitamos fazendas, em várias regiões do Brasil, os produtores questionam a vacinação dos animais”, diz Coelho. De acordo com os pecuaristas, a vacinação costuma impactar negativamente no desempenho e saúde dos bovinos. “Isso tem feito com que algumas fazendas não realizem a vacinação.”

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Para a professora, situações como essa contribuem para “desacreditar” as vacinas. Algo semelhante tem acontecido na saúde humana. “Levados por notícias falsas e falta de informação, muitas pessoas têm deixado de vacinar as crianças, fazendo com que doenças que antes estavam controladas voltem a preocupar a população”, diz a especialista.

A pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Wanessa Araújo Carvalho destaca que o que foi observado acerca da vacinação concomitante contra brucelose e clostridioses contribui para reforçar a necessidade de informar e conscientizar os produtores rurais sobre o impacto da sanidade na maximização de ganhos a longo prazo. “Manter o rebanho vacinado, de acordo com o calendário do Ministério da Agricultura e órgãos regionais especializados, significa diminuir o risco de perdas produtivas, além de reduzir a disseminação de doenças entre o rebanho e as pessoas responsáveis pelo manejo, contribuindo para um ambiente mais saudável”, afirma a pesquisadora.

As duas vacinas devem ser aplicadas separadamente

Sandra Coelho e a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Mariana Magalhães Campos coordenam o projeto “Efeitos da vacinação na resposta imune, parâmetros hematológicos, desempenho e comportamento de bezerras leiteiras”, no qual os experimentos para a dissertação de mestrado estavam inseridos. O trabalho foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Campos diz que a prática de aplicar vacinas com diferentes antígenos de uma só vez é algo comum na pecuária: “A administração conjunta das vacinas facilita o manejo, diminui o estresse dos animais e economiza tempo e mão de obra. As campanhas de vacinação em crianças também seguem modelo semelhante”, compara Mariana.

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No entanto, a pesquisadora alerta que o trabalho realizado pela UFMG em parceria com a Embrapa e a Universidade Federal de Lavras (Ufla) acende uma luz amarela em relação às vacinas contra brucelose/clostridioses. “Já é possível afirmar que elas não devem ser aplicadas conjuntamente”, enfatiza a pesquisadora. Nas conclusões da dissertação, Diniz afirma: “(...) a vacinação concomitante contra brucelose e clostridioses resultou em decréscimo significativo nos títulos de anticorpos contra Clostridium, o que resulta em animais não protegidos para essa afecção nas propriedades leiteiras (...) O protocolo sanitário das propriedades deve ser alterado, de forma que as vacinas contra brucelose e clostridioses sejam realizadas separadamente”.

Embora mais estudos sejam necessários para definir com segurança o intervalo adequado entre a aplicação de ambas as vacinas, a equipe sugere que o protocolo sanitário seja iniciado com a vacina contra clostridioses (com a bezerra aos três meses de idade). Um mês após, é realizada a segunda dose (reforço vacinal ou booster). Trinta dias depois, quando a bezerra alcançar cinco meses de idade, deve ser realizada a imunização contra brucelose. Essa recomendação atende às exigências do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estabelece como obrigatória a vacinação contra brucelose em todas as fêmeas bovinas, entre três e oito meses de idade. “Embora a mudança no manejo provoque o aumento de mão de obra, já que os animais precisam ser vacinados em tempos diferentes, é muito importante que o produtor siga essa recomendação para garantir a eficiência das vacinas”, diz Campos.

Outro dado da pesquisa toca diretamente nos resultados de desempenho dos animais, questionados pelos produtores. Segundo Diniz, a vacinação leva a um processo inflamatório local, que produz substâncias de ações sistêmicas, responsáveis pelo aumento da temperatura corporal e apatia nos animais. Por isso, os bovinos apresentam redução no consumo de alimento, resultante das alterações inflamatórias provocadas pela vacinação. Entretanto, elas são de curta duração (por volta de três dias) e não comprometem o desempenho dos animais. Ele é taxativo: “Não podemos deixar de vacinar os bovinos, precisamos controlar as principais enfermidades que acometem nossos rebanhos e evitar possíveis surtos, não existe perda de desempenho dos animais”.

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Rubens Neiva (MTb 5.445/MG)
Embrapa Gado de Leite

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Um dos primeiros estábulos construídos com a tecnologia “Compost Barn Túnel de vento”, foi visitado por um grupo de colegas da Embrapa Gado de Leite, professores do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Juiz de Fora, e técnicos da Emater-MG. Seu proprietário é um daqueles brasileiros que nos inspiram, unindo espírito empreendedor, paixão pelo que faz, e determinação para inovar. Melhor ainda, é um empresário que envolve sua família no empreendimento, demonstrando sua confiança no futuro.

Fomos conhecer mais da tecnologia “compost Barn”, o “estábulo-composto” na sua versão fechada, isto é, onde as vacas são mantidas sob um ambiente onde umidade, temperatura e luz são controladas. O que vimos foi um enorme galpão, 180 metros de comprimento, quase 20 metros de largura, contendo naquele momento 280 vacas holandesas, em pré-parto e nos diferentes estágios de lactação. O ambiente todo coberto por lonas translúcidas, numa das frentes uma parede de placas evaporativas, na outra extremidade um conjunto de exaustores, controlado por sensores de temperatura e umidade do ar no interior do galpão, mantendo a temperatura em 23oC. A cada 12 metros cortinas de lona penduradas no teto forçam a corrente de ar para próximo das vacas.

Ao caminharmos conversando com o proprietário e sua jovem equipe de técnicos, incluindo o casal de filhos, ao longo da área de “cama”, composta por serragem fina, percebemos que a vacada está limpa, calma, se alimentando, ruminando deitada, dormindo e algumas em atividade de manifestação de cio. O ambiente é praticamente inodoro.

Durante a visita, surgiram várias dúvidas, olhares de descoberta, pois o ambiente é também inusitado: a luz é artificial e relacionada aos indicadores reprodutivos. Na verdade, foi o consumo de energia elétrica o fator que decidiu em favor do uso do composto “fechado”, para reduzir em pelo menos à metade a conta da energia elétrica, quando comparado ao consumo de um composto “aberto”.

Mais ao final da visita, a grande questão: Estão arrependidos de usarem o composto fechado? Não! Sem essa escolha, a opção seria desistir da atividade leiteira. E como ocorre com todo empresário criterioso, vieram números, na forma de gráficos, tabelas e mesmo seu resultado financeiro. A propriedade ainda não alcançou seu equilíbrio, o rebanho precisa crescer; a genética está sendo adequada, assim como alimentação e reprodução, com consultoria profissional. Por outro lado, decisões para novos investimentos com recursos próprios já foram tomadas para a construção de uma nova sala de ordenha e mais um galpão. Os funcionários estão motivados com a nova tecnologia e contribuem de modo decisivo para manter os sinais vitais da parte mais sensível do sistema, depois das vacas: a atividade da cama, que tem que ser controlada diariamente, aerada com o implemento “Avassalador” para garantir temperatura e umidades corretas e com isso assegurar a higiene e o conforto aos animais.

No pouco tempo dessa visita, pudemos constatar que mais uma opção tecnológica se apresenta aos produtores profissionais de leite. A exemplo do que fizemos há mais de trinta anos com a tecnologia do estábulo Free Stall, a Embrapa Gado de leite estará se debruçando no desenvolvimento dessa nova tecnologia de produção intensiva de leite, associada à aplicação de tecnologias digitais e do conceito de internet das coisas. Mas, sem abdicar de estudos nos demais sistemas de produção, porque estaremos renovando nossas parcerias e abraçando novos parceiros. Queremos gerar indicadores tecnológicos que sejam adequados aos diferentes ambientes que temos no Brasil e com isso, reduzam o risco do investimento para os produtores, sempre em parceria, trazendo o futuro para o presente, oferecendo soluções para o leite 4.0.

Pedro Arcuri
Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

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9846990887?profile=originalA Embrapa Gado de Leite produz cartilhas com linguagem adaptada a públicos específicos. Como consequência, favorece o aprendizado, o desenvolvimento tecnológico do campo, valoriza a atividade agropecuária e influencia no produto de melhor qualidade.

O conteúdo é trabalhado para atender, prioritariamente, o produtor de leite.

Para conhecer a mais nova cartilha: Cultivo e manejo da gliricídea para formação de banco de proteína, CLIQUE AQUI.

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IN76 e IN77 são o “Mapa da Mina”

As Instruções Normativas 76 e 77, em vigor desde junho passado, são a evolução da IN 51/2002. As novas INs dão ordem e clareza aos regulamentos anteriores, e irão promover avanços maiores e mais rápidos para a melhoria da qualidade do leite brasileiro, sem perder de vista que os indicadores estabelecidos nas novas regras não são ainda os ideais, mas os possíveis na atualidade.

Surpreendentemente, alguns produtores e algumas indústrias, e mesmo algumas organizações de classe têm-se mostrado refratários àquelas INs, usando diferentes argumentos e posicionamentos para atrasar ou impedir a entrada em vigor dos níveis, dos indicadores mais básicos de qualidade, que são a contagem bacteriana total (CBT) e a contagem de células somáticas (CCS).  E mais, sem promoverem meios de financiamento e capacitação para diversas boas práticas, dentre eles o programa “Mais Leite Saudável” mantido pela Ministra Tereza Cristina, com o apoio e a participação da maior parte das indústrias.

Quem reclama de preços baixos, de bruscas oscilações no mercado, e acha que não podem haver importações de leite, deveria ser defensor da implantação das INS 76 e 77, como um passo importante para o equilíbrio do mercado.  Já deveria estar defendendo padrões máximos de CBT, por exemplo, de 100 mil UFC/mL e de CCS de 400 mil/mL, sem falar da defesa da redução de resíduos químicos no leite. Isso porque, somente com estes níveis, e produção a baixo custo, será possível nos considerarmos competitivos no mercado internacional de lácteos.

Produtos lácteos brasileiros de qualidade, disponíveis no tanto no mercado interno quanto exportados, promoverão mais estabilidade para aqueles que produzem, trazendo sustentabilidade para toda a cadeia produtiva. Certamente outros fatores devem ser levados em consideração, porém a qualidade da matéria prima é fundamental.

Para o setor produtivo, a IN 77 esclarece e orienta a respeito dos programas de autocontrole (PAC). Várias empresas e órgãos públicos oferecem cursos e assistência para a efetiva implantação dos PACs. Estes devem ser encarados como investimentos, pois permitem a produção de lácteos que atendam às exigências dos consumidores, por produtos de melhor qualidade e nutricionalmente saudáveis. Ainda de acordo com a IN 77, análises devem ser realizadas diariamente, na recepção do leite cru, permitindo tomadas de decisão para que medidas corretivas sejam adotadas. Nesse sentido, equipamentos para tais análises, de fácil manuseio e de custo acessível, automatizados, com tecnologia digital nacional, já podem ser comprados no mercado, ressalvando que as análises devem seguir o Manual de Métodos Oficiais para Análise de Alimentos de Origem Animal, publicado pelo MAPA.

Resultados na melhoria da qualidade do leite vão depender da tomada de decisões, dos produtores aos laticinistas e distribuidores, pela implantação de programas de qualidade e treinamentos, para o exercício de controles nos processos e se necessário, para a adoção de medidas corretivas. A melhoria na qualidade do leite exige que a produção de leite e lácteos “da fazenda até o consumidor” seja praticada de fato como um processo contínuo, dependente de diferentes profissionais ao longo da cadeia produtiva e de suas decisões diárias. Portanto, todos permanentemente comprometidos com o objetivo de garantir a entrega de produtos ao elo seguinte desta cadeia com a qualidade recebida do elo que o antecedeu, mais o valor agregado pela sua contribuição. As INs 76 e 77 são o “mapa da mina” para o melhor funcionamento desse processo contínuo.

Pedro Braga Arcuri
Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

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A eficiência da vacina contra clostridioses, aplicada nos primeiros meses de vida das bezerras, está sendo prejudicada devido a uma prática de manejo comum entre os produtores de leite: a aplicação de várias vacinas ao mesmo tempo. É o que prova uma dissertação de mestrado em Zootecnia, pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizada no campo experimental da Embrapa Gado de Leite (MG).

O mestrando Hilton Diniz e a equipe de pesquisadores verificaram interferência na resposta vacinal dos animais imunizados contra brucelose e clostridioses, quando vacinados simultaneamente. De acordo com Diniz, “a vacinação simultânea resulta em decréscimo significativo nos títulos de anticorpos contra doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium”. Isso pode culminar em bovinos não protegidos contra essas afecções nas propriedades leiteiras. O mesmo estudo demonstra que a vacina contra brucelose não sofreu qualquer interferência na resposta imunológica, permanecendo eficaz.

9846981453?profile=originalHipótese surgiu de relatos dos produtores

Segundo a professora da UFMG Sandra Gesteira Coelho, orientadora de Diniz nas pesquisas, a iniciativa para realização desse trabalho se deu a partir de alguns relatos de produtores de leite. “Quando visitamos fazendas, em várias regiões do Brasil, os produtores questionam a vacinação dos animais”, diz Coelho. De acordo com os pecuaristas, a vacinação costuma impactar negativamente no desempenho e saúde dos bovinos. “Isso tem feito com que algumas fazendas não realizem a vacinação.”

Para a professora, situações como essa contribuem para “desacreditar” as vacinas. Algo semelhante tem acontecido na saúde humana. “Levados por notícias falsas e falta de informação, muitas pessoas têm deixado de vacinar as crianças, fazendo com que doenças que antes estavam controladas voltem a preocupar a população”, diz a especialista.

A pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Wanessa Araújo Carvalho destaca que o que foi observado acerca da vacinação concomitante contra brucelose e clostridioses contribui para reforçar a necessidade de informar e conscientizar os produtores rurais sobre o impacto da sanidade na maximização de ganhos a longo prazo. “Manter o rebanho vacinado, de acordo com o calendário do Ministério da Agricultura e órgãos regionais especializados, significa diminuir o risco de perdas produtivas, além de reduzir a disseminação de doenças entre o rebanho e as pessoas responsáveis pelo manejo, contribuindo para um ambiente mais saudável”, afirma a pesquisadora.

As duas vacinas devem ser aplicadas separadamente

Sandra Coelho e a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Mariana Magalhães Campos coordenam o projeto “Efeitos da vacinação na resposta imune, parâmetros hematológicos, desempenho e comportamento de bezerras leiteiras”, no qual os experimentos para a dissertação de mestrado estavam inseridos. O trabalho foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Campos diz que a prática de aplicar vacinas com diferentes antígenos de uma só vez é algo comum na pecuária: “A administração conjunta das vacinas facilita o manejo, diminui o estresse dos animais e economiza tempo e mão de obra. As campanhas de vacinação em crianças também seguem modelo semelhante”, compara Mariana.

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No entanto, a pesquisadora alerta que o trabalho realizado pela UFMG em parceria com a Embrapa e a Universidade Federal de Lavras (Ufla) acende uma luz amarela em relação às vacinas contra brucelose/clostridioses. “Já é possível afirmar que elas não devem ser aplicadas conjuntamente”, enfatiza a pesquisadora. Nas conclusões da dissertação, Diniz afirma: “(...) a vacinação concomitante contra brucelose e clostridioses resultou em decréscimo significativo nos títulos de anticorpos contra Clostridium, o que resulta em animais não protegidos para essa afecção nas propriedades leiteiras (...) O protocolo sanitário das propriedades deve ser alterado, de forma que as vacinas contra brucelose e clostridioses sejam realizadas separadamente”.

Embora mais estudos sejam necessários para definir com segurança o intervalo adequado entre a aplicação de ambas as vacinas, a equipe sugere que o protocolo sanitário seja iniciado com a vacina contra clostridioses (com a bezerra aos três meses de idade). Um mês após, é realizada a segunda dose (reforço vacinal ou booster). Trinta dias depois, quando a bezerra alcançar cinco meses de idade, deve ser realizada a imunização contra brucelose. Essa recomendação atende às exigências do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estabelece como obrigatória a vacinação contra brucelose em todas as fêmeas bovinas, entre três e oito meses de idade. “Embora a mudança no manejo provoque o aumento de mão de obra, já que os animais precisam ser vacinados em tempos diferentes, é muito importante que o produtor siga essa recomendação para garantir a eficiência das vacinas”, diz Campos.

Outro dado da pesquisa toca diretamente nos resultados de desempenho dos animais, questionados pelos produtores. Segundo Diniz, a vacinação leva a um processo inflamatório local, que produz substâncias de ações sistêmicas, responsáveis pelo aumento da temperatura corporal e apatia nos animais. Por isso, os bovinos apresentam redução no consumo de alimento, resultante das alterações inflamatórias provocadas pela vacinação. Entretanto, elas são de curta duração (por volta de três dias) e não comprometem o desempenho dos animais. Ele é taxativo: “Não podemos deixar de vacinar os bovinos, precisamos controlar as principais enfermidades que acometem nossos rebanhos e evitar possíveis surtos, não existe perda de desempenho dos animais”.

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Rubens Neiva (MTb 5.445/MG)
Embrapa Gado de Leite

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Daqui a dez anos

Em junho as instruções Normativas 76 e 77 do MAPA entraram em vigor e, após quase vinte anos de negociações, os governos dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) assinaram no dia 28, um acordo de livre comércio com os países da União Europeia. O Presidente Jair Bolsonaro definiu o acordo como “Histórico”.

No documento do governo brasileiro que resume o acordo, estão listados vários produtos que, em dez anos, terão acesso ampliado ao mercado europeu por meio de quotas: serão 30 mil toneladas de queijos (exceto mussarela); 10 mil toneladas de leite em pó, e 5 mil toneladas de fórmula infantil.

As primeiras reações ao acordo foram de cautela. No Senado Federal, declarações na primeira semana de julho realçavam a necessidade de “discutir a questão com associações de produtores rurais e de trabalhadores”, devido aos subsídios praticados pelos países europeus. Representantes da indústria consideraram a necessidade de rever tarifas para exportação e se reposicionar, criando novas estratégias de negócios. Pelo lado europeu, as principais entidades agrárias, como sindicatos e cooperativas, e dezenas de eurodeputados consideraram que o mesmo poderá afetar o setor agrícola de modo dramático, inclusive, desestimulando a sucessão familiar no meio rural.

A União Europeia é composta por 27 países que, juntos, são o maior produtor e um dos maiores exportadores de lácteos do mundo, com elevado consumo per capita de lácteos. Os dois blocos somados representam mercado de 780 milhões de pessoas, mais de 200 milhões no Brasil. Aqui, o consumo per capita é ainda baixo e isso atrai as grandes empresas laticinistas.
Há benefícios para produtores e indústria brasileiros? Sim, poderão acessar o rico mercado europeu, e com isso, qualquer outro mercado. Considerando o enorme mercado interno brasileiro, este estaria então garantido para aqueles produtores de leite de baixa qualidade? Não, porque o acordo estabelece que os países do Mercosul, por sua vez, irão liberar 91% das importações originárias da União Européia, permitindo que produtos europeus cheguem ao consumidor brasileiro com preços competitivos. Afinal, este é o interesse dos governos: garantir a entrega de alimentos seguros e de qualidade para os consumidores.

Portanto, a nova realidade está definida por normas para a qualidade do leite, mais um acordo de livre comércio com uma das maiores regiões exportadoras. Adequar a esta realidade começa exatamente com produtores e indústrias atingindo os indicadores de qualidade das INs e estabelecendo índices mais rigorosos para os próximos dez anos. Um primeiro exemplo: aumentando as exigências quanto às boas práticas, para evitar o uso indiscriminado de antibióticos e antiparasitários. A indústria pode apoiar os produtores na seleção dos medicamentos e na sua aplicação, via planos de qualificação e assistência técnica, para garantir que os seus produtos serão aceitos em mercados mais exigentes, ao mesmo tempo criando relações transparentes e fidelização de produtores e consumidores.

Para encerrar, mais uma data recente: dia 10 de julho, Dia da Pizza! Não é em Roma onde se consome mais pizzas no mundo, mas em Nova York, seguido por São Paulo. Esta é a dimensão do nosso mercado de lácteos. Para mantê-lo, em condições de competir globalmente, é necessário o cumprimento das INs, evoluirmos nos seus indicadores e integrando os elos da cadeia produtiva do leite. Assim, forneceremos produtos de melhor qualidade para os consumidores brasileiros, e ainda, daqui a dez anos, além das exportações para Rússia, Chile e países da África que ocorrem hoje, estaremos exportando para o mundo todo, Europa incluída.

O Mercosul é o principal fornecedor de produtos agrícolas, com a participação de 32% da pauta exportadora brasileira ou, cerca de14 bilhões de dólares em 2018. Do outro lado, a União Europeia é o maior investidor nos países do Mercosul.

Pedro Braga Arcuri
Pesquisador
Chefe Adjunto de Pesquisa Embrapa Gado de Leite

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9846986292?profile=originalBRS Capiaçu surpreende por elevada produção de biomassa e é considerada um grande sucesso pelos produtores de leite

Rubens Neiva

Lançada pela Embrapa Gado de Leite em outubro de 2016, a cultivar de capim-elefante BRS Capiaçu ainda vai completar três anos, mas já tem colhido frutos importantes na pecuária de leite nacional. Quem a adota só tem elogios à qualidade da forrageira, conhecida pela versatilidade no uso (pode ser fornecida picada verde no cocho ou na forma de silagem) e pela alta produção de matéria seca (chega a produzir 50 toneladas de matéria seca por hectare/ano). Segundo o pesquisador, Francisco Lédo, “a BRS Capiaçu é o maior lançamento da história do programa de melhoramento de capim elefante da Embrapa”. Para ele, que fez parte da equipe que desenvolveu a cultivar, a grande inovação do produto é o fato da gramínea poder ser utilizada para silagem a um baixo custo.

O material se adapta aos diferentes tipos de solo e tolera as variações climáticas, diminuindo os riscos na alimentação do rebanho. “A BRS Capiaçu é bastante eficiente no uso da água e é tolerante a veranicos”, diz Lédo. Essas características favorecem sua adoção em diferentes regiões do país. Mas, por enquanto, a cultivar foi registrada junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) apenas para uso no Bioma Mata Atlântica. No entanto, há produtores utilizando o capim próximo aos biomas da Caatinga, da Amazônia e, principalmente, do Cerrado. O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, informa que já está em andamento os ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) para que seja recomendada também para uso no Bioma Cerrado. “Há ainda demanda para que o capim seja implantado em outros países da América Latina, com estudos avançados junto a República Dominicana”, revela Carvalho.

O interesse generalizado pela cultivar se deve aos seus índices nutricionais e produtivos. A produção de cerca de 50 toneladas de matéria seca por hectare/ano (30% maior do que outras cultivares disponíveis) faz jus ao nome: “Capiaçu”, em tupi-guarani, significa “capim grande”, podendo chegar a cinco metros de altura. “O resultado é alta produção de biomassa, sendo essa a melhor característica da BRS Capiaçu”, afirma o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Antônio Vander Pereira, que coordenou os trabalhos de desenvolvimento da cultivar. Além do tamanho, o teor de proteína também é considerado ótimo pelo pesquisador (veja tabela 1).

Utilizado para cultivo de capineiras e fornecido como picado verde, o capim apresenta maior valor nutritivo, conforme explica o também pesquisador da Instituição, Mirton Morenz: “Cortado aos cinquenta dias, pode chegar a 10% de proteína bruta. Mas para a produção de silagem, é preciso que o material seja cortado com idade entre 90 e 100 dias, o que implica na redução dos teores de proteína para aproximadamente 6%” (veja tabela 2). Morenz completa: “Embora apresente valor nutritivo menor quando comparada à silagem de milho, a silagem da BRS Capiaçu é de baixo custo, sendo uma alternativa para a alimentação do rebanho leiteiro”.

A palavra de quem usa – A qualidade do capim, associada às tecnologias digitais, tem feito multiplicar o interesse pela BRS Capiaçu. Há no WhatsApp um grupo de produtores que trocam informações sobre a cultivar. São 256 inscritos, número máximo permitido pelo aplicativo. Wellington José Brandão, um dos administradores do grupo, diz que há produtores do Rio Grande do Sul à Rondônia e tem sempre gente querendo entrar nas discussões. Brandão, junto com a esposa, Dayane Savagin, possui uma propriedade de cinco hectares em Sengés, cidade paranaense próximo à Castro, município que mais produz leite no Brasil.

Entre vacas secas e em lactação, o rebanho de Brandão é formado por 56 animais em regime de confinamento, que produzem uma média de 500 litros de leite por dia. Os gastos com a alimentação do rebanho giram em torno de R$ 30.000.00 por ano (safra e safrinha de milho). Segundo ele, com as altas e baixas no preço do leite, fica difícil alimentar as vacas com silagem de milho. Para contornar o problema, seu projeto é cultivar a BRS Capiaçu e fornecer como verde picado e na forma de silagem. “Confiamos tanto na produção de leite que minha esposa abriu mão de trabalhar como farmacêutica para me ajudar na propriedade”, diz Brandão, que já encomendou as primeiras mudas da nova cultivar.

Enquanto o paranaense se enche de expectativas, em Minas Gerais já tem pecuarista colhendo os resultados da BRS Capiaçu. Victor Hugo Ventura tem uma propriedade em Santo Antônio do Aventureiro – MG. O relevo bastante irregular da região de montanhas, com várzeas encharcadas, dificultava a cultura do milho. Ventura, que começou na atividade há cerca de quinze anos, tinha poucas vacas (16) e picava capim todos os dias para tratar do rebanho. Antes de utilizar o BRS Capiaçu, ele testou algumas alternativas para aumentar a produção. Investiu em piquete rotacionado e comprou vacas. Mas o piquete, juntamente com cana-de-açúcar e ureia, não era suficiente e ele sempre tinha que comprar silagem de milho para inteirar a alimentação do rebanho. Chegou a melhorar os resultados da propriedade produzindo o capim-elefante Cameron, com o qual também fazia silagem.

Recentemente, Ventura deu uma guinada no projeto inicial, investindo em compost barn e adotando a BRS Capiaçu. Hoje, possui 120 vacas em lactação (98 delas no compost barn) produzindo, cada uma delas, uma média de 30 litros de leite por dia em três ordenhas. Várias vacas do seu primeiro lote chegam a produzir 50 litros de leite/dia. “Esta história de que silagem de capim é para vacas de pequena produção é folclore”, afirma Ventura. O projeto dele para o ano que vem é ter 200 vacas em lactação, produzindo seis mil litros de leite diários (500 litros/hectare/dia). Para sustentar essa produção, serão cultivados doze hectares de BRS Capiaçu.

Ventura faz uma comparação bastante convincente em favor da nova cultivar. Segundo ele, a produção por hectare de milho gira em torno de 80 toneladas/ano. Com o capim Cameron, a produção sobe para 180 toneladas/ano. “Já, com a BRS Capiaçu, é possível colher 280 toneladas/ano”, comemora. O custo do plantio é de R$ 3 mil por hectare e, quando bem manejada, a lavoura chega a durar cerca de 15 anos. A receita de Ventura para a silagem de Capiaçu é a seguinte:

- O ponto de corte do capim, grande responsável pela conversão da silagem em leite, está entre 90 e 100 dias;

- No preparo da silagem, são adicionados 8% de fubá. Ventura explica: “A silagem de capim costuma ser mais úmida e o fubá contribui para reduzir essa umidade; além disso, o fubá entra na dieta como ‘grão úmido’, melhorando a qualidade da forragem”;

- Deve ser usado inoculante para evitar a proliferação de bactérias e o material precisa ser muito bem compactado no silo.

Tecnologia democrática – O pesquisador Antonio Vander Pereira conclui dizendo que o custo elevado da silagem de milho é o que a torna inacessível a muitos produtores. A BRS Capiaçu vem resolver essa questão, unindo grandes e pequenos pecuaristas em torno de uma mesma tecnologia. “A tecnologia mais barata e acessível é uma cultivar melhorada. Podemos dizer que acertamos em cheio com a BRS Capiaçu que é, no mínimo, 30% mais produtiva do que as outras variedades e a chave do seu sucesso é a versatilidade”, afirma Pereira.

Mas esse sucesso tem cobrado um preço: a pirataria. Por ser de propagação vegetativa (reprodução assexuada feita por meio do plantio de pequenas estacas do caule da planta), o produto tem sido pirateado com facilidade. Viveiristas não cadastrados pela Embrapa têm anunciado o produto em sites de vendas online. “Em condições assim, não há certeza que o comprador está adquirindo o produto correto”, adverte o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho. Ele ratifica que a Embrapa só garante a procedência do produto por viveiristas credenciados (veja a relação dos viveiristas credenciados pela Embrapa).


Como adquirir mudas da BRS Capiaçu

Há pessoas não autorizadas que utilizam a internet para vender mudas piratas da BRS Capiaçu e o produtor corre o risco de comprar gato por lebre. A Embrapa só garante a procedência do produto quando adquirido de viveiristas credenciados. São sete os viveiristas autorizados a comercializar a cultivar no Brasil. Veja onde eles estão e o telefone para contato:

9846986900?profile=original- ES – Água Doce do Norte: (27) 9-9605-8500
- MG – Lavras (Promudas): (35) 9-9817-0001
- MG – Pará de Minas (Agromudas): (37) 9-9997-6652
- MG – Teófilo Otoni (AGS): (33): 9-9110-0172
- RS – Santa Cruz do Sul (Afubra): (51) 9-9812-4641
- SP – São José dos Campos (Mater Genética): (12) 9-8820-6224
- SP – Vargem Grande do Sul (Recando da Prainha): (19) 9-9267-0498

O que é a cultivar BRS Capiaçu?

→ A BRS Capiaçu é um clone de Capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) de propagação vegetativa. Apresenta porte alto e se destaca pela alta produtividade e valor nutritivo da forragem, quando comparada com outras cultivares de Capim-elefante.


→ Caracteriza-se por apresentar touceiras densas e colmos eretos (facilitando a colheita mecânica), folhas longas, largas e de cor verde. Possui boa tolerância ao estresse hídrico, mas é susceptível às cigarrinhas das pastagens.

→ É recomendada para cultivo de capineiras, visando a suplementação volumosa na forma de silagem ou picado verde.

→ Devido ao seu elevado potencial de produção que chega a 50t de Matéria Seca por hectare/ano, pode também ser utilizada para a produção de biomassa energética.

→ Lançada no final de 2016, com a disponibilização das primeiras mudas aos interessados em 2017, a BRS Capiaçu despertou enorme interesse dos produtores de todo o Brasil.

→ A tecnologia BRS Capiaçu é voltada a todos os produtores de leite ou de carne, que façam uso de volumoso conservado em forma de silagem ou fornecido fresco. (Também está sendo usado para equinos).

Tabela 1:
Potencial de produção e valor nutritivo

A BRS Capiaçu se destaca pela alta produtividade e qualidade da forragem, quando comparada a outras cultivares de capim-elefante. Veja abaixo os índices de produção e nutritivos para plantas com 60 dias de crescimento:

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Tabela 2:
Silagem de Capiaçu

A silagem do capim-elefante, cultivar BRS Capiaçu, apresenta valor nutritivo comparável ao do milho, com menor valor energético. É indicada para vacas secas e animais jovens. Se utilizada para animais em lactação, a alimentação deve ser suplementada com uma fonte de energia, de acordo com a produção da vaca.

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Volutech é o nome da Startup vencedora do Ideas for Milk 2019, evento realizado pela Embrapa Gado de Leite que culmina com a final do Desafio de Startups. A solução apresentada pela startup vencedora afere o volume e a temperatura de tanques de resfriamento de leite. O equipamento, instalado na tampa de abertura dos tanques, também envia alertas para o produtor, em caso de alterações no resfriamento do leite que possam interferir na qualidade do produto. A solução apresentada por estudantes da Universidade Federal de Viçosa também permite à indústria monitorar a qualidade do produto, permitindo uma melhor rastreabilidade do leite.

A final do Desafio de Startups foi realizada no Cubo, espaço de empreendimentos do Banco Itaú, em São Paulo – SP. Participaram oito competidores (veja box nesta matéria) das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. A Volutech foi concebida na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Segundo Sávio Filho, estudante de medicina veterinária da UFV e um dos idealizadores do equipamento, a solução substitui as réguas usadas por produtores para medir o volume do leite. “Estas réguas estão sujeitas a erros e a Volutech vem para agregar precisão e qualidade ao leite produzido”.

A solução apresentada pela startup vencedora vêm sendo desenvolvida há um ano, desde que a equipe da UFV participou do Vacathon realizado pela Embrapa em 2018. “Ao longo desse ano, nós nos preparamos especificamente para o Desafio de Startups e fomos aprimorando nosso produto”, diz Sávio. Segundo ele, a startup tem "um equipamento bem formado e robusto, pronto para ganhar o mercado".

Das oito concorrentes, cinco soluções estão voltadas para a melhoria da qualidade do leite. A segunda colocada trabalhou nesta linha: a Bionexus, com origem no estado de São Paulo, desenvolveu uma ferramenta que monitora a qualidade do produto da plataforma de recebimento do leite até o processo de pasteurização. A terceira foi a Cria Tech Intergado, plataforma que monitora a cria e recria de bezerras.

Esta foi a quarta edição do Desafio de Startups. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, o Ideas for Milk tem apresentado um crescimento substancial: “Este ano, o evento contou com o apoio e participação de 146 empresas. As propostas apresentadas pelas startups estão cada vez mais maduras e voltadas para a solução de importantes problemas da cadeia produtiva do leite”, comemora.

As startups que participaram da final do Desafio, em ordem alfabética, foram as seguintes:

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Ideas for Milk  Além do Desafio de Startups, o Ideas for Milk compreende a Caravana 4.0, quando pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite fazem palestras em instituições de ensino e eventos de inovação, entre outros – A Caravana tem como objetivo fomentar o surgimento de um ecossistema, reunindo empresas, universidades, pesquisa agropecuária e setor produtivo, onde possam surgir novas startups para a cadeia produtiva do leite. Há também um hackathon, (batizado de Vacathon, num trocadilho com a palavra “vaca”), que reúne dezenas de estudantes numa maratona de programação, acampados na sede da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora – MG). Este ano, o Vacathon foi realizao dos dias 28 de outubro a primeiro de novembro.

 

Parceiros – O Ideas for Milk é realizado pela Embrapa em parceria com Agripoint, BovControl, Carrusca Innovation, Kick, Qranio e Texto Comunicação. Tem correalização do Sebrae e conta com o patrocínio das seguintes instituições: Alta Genetics, Bayer Saúde Animal, Belgo Arames, Ceitec, CRMV/MG, Danone, FAEG/Senar-GO, Faemg/Inaes, MSD Saúde Animal, Nestlé, Senar-RN, Silemg, Sistema OCB, Start Química, Tortuga/DSM, Tim, Viva Lácteos e Vivare. Também são parceiros da iniciativa Cisco, IBM e Microsoft.

 

Rubens Neiva (MTb 5445)
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Produção de leite de qualidade é o novo curso disponibilizado na plataforma E@D Leite. Esse curso tem como objetivo abordar os principais conceitos relacionados à composição, qualidade microbiológica e higiênico-sanitária do leite, sobre os principais resíduos químicos e contaminantes, evolução da legislação relacionada ao leite cru no Brasil, e os impactos de se obter uma matéria prima de alta ou baixa qualidade para o produtor, consumidores e laticínios.

O curso ensinará como obter um leite com baixa contaminação bacteriana ao abordar temas como rotina padronizada de ordenha, verificações diárias e manutenção preventiva do equipamento de ordenha mecânica e seus procedimentos de higienização. Por fim, você aprenderá sobre a importância do correto dimensionamento do tanque para a rápida refrigeração do leite na fazenda e sua higienização. Este curso é ministrado por técnicos e pesquisadores da Embrapa.

Para mais informações: Clique aqui!

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Faça a sua parte

Existe alguma diferença entre o leite longa vida produzido a partir de leite cru com baixas contagens de bactérias e células somáticas, comparado com aquele que foi obtido de leite cru com altas contagens? Sim! e são críticas para a qualidade do produto que vai ser vendido ao consumidor. E este, está cada vez mais atento ao que ele compra.

Leite de boa qualidade tem: (i) baixas contagens de células somáticas, isto é, células do próprio animal presentes no leite, que indicam que a vaca está sã, sem infeções no úbere, e (ii) baixas contagens de bactérias totais, indicando que a ordenha na propriedade foi feita de modo higiênico, seguindo regras que no conjunto são chamadas de “Boas Práticas de Produção”, ou “Boas Práticas na Fazenda”.

Ocorre que para que o leite seja processado, envasado e posto numa prateleira de supermercado para ser vendido, ele deve manter características que o consumidor aceite. No caso do leite cru de baixa qualidade, as indústrias acrescentam ao leite produtos químicos chamados de estabilizantes, que comprovadamente não causam problemas para a saúde dos consumidores, mas garantem a estabilidade das proteínas do leite durante o processamento e evitam a ocorrência de sedimentação na embalagem. A adição de estabilizantes como citrato de sódio e monofosfato de sódio deve estar estampada na embalagem do leite. E então, o consumidor ao ler esta informação, pode se recusar a comprar, alegando que o leite “está cheio de química”...

Conhecedoras dessa situação, algumas empresas, tradicionais no mercado, já produzem leite sem estabilizantes, como demonstrou uma reportagem recente do jornal Valor Econômico. Mas isso só é possível se o leite cru entregue no laticínio for de boa qualidade. Portanto as indústrias investem no treinamento em Boas Práticas de Produção e dividem com os produtores os custos de treinamentos, cursos, assistência técnica, e realizam a análise do leite regularmente, por algum laboratório da Rede Brasileira de Qualidade do Leite. Ao vender, a indústria apresenta a diferença de um produto para o outro como “mais natural”, “sem aditivos”, “não contém estabilizantes”, e o consumidor escolhe então esse produto, mesmo que seu preço seja um pouco acima da concorrência.

O produtor deve esperar que o comprador do seu leite exija a adoção de boas práticas de produção? É o que ocorre em geral, mas o produtor consciente, interessado em ter seu leite mais valorizado, que é a forma da indústria reconhecer um parceiro importante, deve começar a fazer a sua parte. Leite de boa qualidade significa lucro, rebanho produtivo, porque os animais não estarão doentes. Significa também que as atividades de ordenha e armazenamento do leite são realizadas corretamente.

Nos Estados Unidos a qualidade do leite cru é tal que o leite pasteurizado, e não o longa vida é o de maior consumo. A embalagem mais conhecida é um galão de quase quatro litros, porque o leite dura mais de uma semana na geladeira. Ainda vai demorar para chegarmos a este nível, mas como a tendência do Brasil é de se tornar um país exportador de lácteos, a qualidade é uma parte importante que necessita da contribuição de cada um dos produtores para alcançarmos esse objetivo. Faça sua parte! Procure se atualizar nas boas práticas para utilizá-las na sua propriedade. Várias oportunidades de treinamento existem nas indústrias, cooperativas, e nas organizações do setor, sem falar na internet. Seu custo será praticamente o tempo investido no treinamento, e o lucro virá no aumento do valor do seu leite.

Pedro Braga Arcuri
Pesquisador da Embrapa Gado de leite

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400 em 1 e o 1 em 400

Os preços para manteiga na bolsa de mercadorias de lácteos denominada Global Dairy Trade (GDT) aumentaram 42% desde o início deste ano, sem que os preços do leite tenham acompanhado esse aumento. De fato, a demanda por gordura de leite tem aumentado regularmente. Um fator de aumento da procura por manteiga é o enorme mercado consumidor chinês, ainda relativamente novo, com renda per capita e poder de compra crescentes. Porém, diversos analistas de mercado reconhecem que a maior demanda pela manteiga é resultante da tendência global dos consumidores por dietas que retomem produtos naturais. Sai a margarina, volta a manteiga.

Que diferença no comportamento dos consumidores! A razão original para essa mudança de comportamento são os resultados de pesquisas científicas sofisticadas que demonstram os benefícios da gordura do leite à saúde humana, publicadas por diferentes equipes de pesquisadores em todo o mundo.  Os resultados surpreendem, porque durante muitos anos, os órgãos de saúde pública, acompanhados por indústrias de alimentos e pela maioria dos profissionais de saúde, recomendavam uma alimentação com teores reduzidos de gorduras, especialmente do colesterol. No passado, quaisquer gorduras de origem animal, mesmo em pequenas quantidades causariam doenças, especialmente as cardiovasculares. Hoje sabemos que não é bem assim, ao contrário: a manteiga, dentre outros componentes do leite, protege a saúde humana.

Estudos vêm demonstrando que o consumo de produtos lácteos ricos em gordura, como leite integral, queijos e manteiga, sempre associado a outros hábitos como o consumo de fibras, a prática regular de exercícios físicos, não fumar, etc. pode na verdade, proteger o organismo humano contra doenças vasculares, diabetes tipo 2 e contra tipos de câncer. Uma das razões é a composição da manteiga, que contém mais de 400 tipos de ácidos graxos, o nome técnico para gorduras. Manteiga é o alimento “400 em 1”! Tem a composição mais complexa das gorduras do que qualquer outro alimento. Um dos seus componentes mais estudado é o ácido linolêico conjugado, ou CLA. É o componente “1 em 400”, por se destacar quanto aos efeitos benéficos na saúde humana.

O CLA é produzido principalmente pela fermentação da forragem no rúmen e passa para o leite durante sua síntese. Por causa disso, animais alimentados com forragens, especialmente a pasto, produzem leite com maior teor de CLA. O tipo de forragem e certas alterações na dieta da vaca permitem aumentar a sua concentração, como foi demonstrado pela equipe da Embrapa Gado de leite, seus parceiros, e por outros pesquisadores. Importante para os produtores brasileiros, é que forrageiras tropicais têm potencial de aumentar a concentração deste componente. E ainda, as raças zebuínas e seus mestiços podem produzir mais CLA.

Várias pesquisas estão em curso, desde a seleção genética para indicar animais produtores de maiores teores de sólidos no leite, e na sua gordura, maiores teores do componente “1 em 400”; até aquelas que visam entregar aos produtores brasileiros boas práticas de produção de leite que seja naturalmente enriquecido com os componentes desejáveis para a saúde humana, associando genética animal e manejo da alimentação, incluindo forragens, óleos e aditivos naturais.

Afinal, a tendência detectada pelos analistas do mercado de lácteos pelo consumo de produtos naturais vai além daqueles tradicionais, pois muitos consumidores estão dispostos a pagarem mais por produtos denominados funcionais, ou ainda, nutracêuticos.  Por outro lado, a legislação brasileira ainda não permite que a manteiga, ou outro produto sejam vendidos com a alegação de conter mais CLA.  Como é uma tendência dos consumidores, a regulamentação ocorrerá no futuro.  Fica a dica, conheça mais e prepare seu rebanho e sua propriedade para esse futuro.

Pedro Braga Arcuri
Pesquisador
Chefe Adjunto de Pesquisa Embrapa Gado de Leite

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Podcast – episódio 9 – Conjutura do leite

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Nesse nono episódio, João César de Resende, engenheiro agrônomo com mestrado em Economia Rural e doutorado em Produção Animal, fala sobre a atual conjuntura do leite.

Aproveite a oportunidade para se reciclar, acessando os nossos Podcasts e Vídeos que estão disponíveis em nossa plataforma da Repileite e nos cursos de EAD!

A Embrapa contribuindo na transformação da cadeia produtiva do leite!

Para ouvir: Clique aqui!

Ficha Técnica:

Entrevistado: Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João César de Resende

Entrevistadora: Rosângela Zoccal

Produção: Rosângela Zoccal, Eliane Hayami e Leonardo Venâncio

Edição: Eliane Hayami e Leonardo Venâncio

Criação: Adriana Barros Guimarães e Leonardo Venâncio

EaD Moodle e Repileite: Luiz Ricardo da Costa e Vanessa Maia Aguiar de Magalhães

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Cooperar no Leite

Dados da Aliança Cooperativa Internacional, no seu site na internet, indicam que pelo menos 12% da população mundial é membro de algum tipo das mais de 3 milhões de cooperativas que existem no mundo, hoje. Das 7,7 bilhões de pessoas, somos 924 milhões de cooperados! Se cada um dos cooperados tiver três dependentes, chega a quase 3 bilhões o número de pessoas com algum vínculo com cooperativas. Destes, 40 milhões são brasileiros, aproximadamente 20% da nossa população.

De acordo com o ex-Ministro da Agricultura, Professor Roberto Rodrigues, as pessoas se unem em cooperativas pela necessidade de serviços de interesse comum. Mas alerta que cooperativas bem-sucedidas se alicerçam em três condições: Primeira, que os participantes reconheçam a necessidade de se associarem para obter melhores serviços que garantam seu progresso social, ou econômico, ou ambos, que dificilmente conseguiriam obter individualmente. A segunda condição é ter viabilidade econômica, porque cooperativa é empresa, tem que buscar resultados econômicos para se sustentar. E a terceira condição, é que os participantes devem escolher sua liderança.

O Cooperativismo do leite brasileiro foi estudado numa parceria entre a Organização de Cooperativas do Brasil, OCB e a Embrapa Gado de Leite em duas ocasiões: inicialmente em 2002 e novamente a partir de 2015, com resultados divulgados em 2017.  Do último censo foi possível constatar que, no período de 2013 e 2015, o número de associados que entregavam leite nas cooperativas diminuiu em dez por cento, de pouco mais de 77 mil, para 70.483. Em Minas Gerais, por exemplo, no início dos anos 2000 existiam mais de 180 cooperativas de leite, que em geral buscavam soluções isoladamente, sem estratégias coletivas. Hoje, existem cerca de 80.

 

Apesar da drástica redução no número de cooperativas e de cooperados, o volume recebido pelas cooperativas em 2015 nas nossas maiores bacias leiteiras, foi de 23,4 milhões de litros de leite por dia; 47% desse volume proveniente da região Sul e 40% da região Sudeste.  A maior captação de leite reflete a tendência das propriedades leiteiras aumentarem sua escala de produção, mas também o maior profissionalismo das lideranças das cooperativas de leite, que por meio de gestão eficiente, focada em resultados, estão conseguindo atenuar os impactos dos custos elevados de insumos, da oscilação dos preços do leite e de lácteos, dentre outros resultados econômicos, desta forma garantindo ao produtor seu progresso social e econômico.

 

Além disso, as lideranças compromissadas com o sucesso das cooperativas estão viabilizando seu fortalecimento, ao se unirem em federações e à OCB, sem que cada cooperativa perca sua identidade. São “cooperativas de cooperativas”, que juntam o que cada uma tem de melhor, desta forma valorizando a colaboração, o uso eficiente das instalações e reduzindo custos, com resultados positivos para todos os seus cooperados.

 

Num balanço, os produtores de leite brasileiros têm mais exemplos de êxito econômico ao se organizarem em cooperativas do que trabalhando isoladamente.  Na repetição desse raciocínio, as cooperativas podem manter sua identidade e se congregar para formarem federações de cooperativas. Além de benefícios econômicos as cooperativas unificam a posição dos produtores em assuntos complexos como a importação e exportação de lácteos, barreiras sanitárias, rotulagem dos lácteos e tantos outros que vêm sendo tratados nesta coluna. E mais, podem explorar melhor os mercados e vender melhor seus produtos.

Unificando esforços e com instituições voltadas para as condições de sucesso do Professor Roberto Rodrigues, que também é Embaixador Especial para o Cooperativismo da ONU/FAO, os produtores de leite estarão solidamente representados para obter importantes conquistas para o segmento. Sejamos COOP!

Pedro Braga Arcuri
Pesquisador
Chefe Adjunto de Pesquisa Embrapa Gado de Leite

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Nesse oitavo episódio, o médico veterinário da Embrapa Gado de Leite, Cláudio Antonio Versiani Paiva, fala sobre a Redução da CBT do leite, trazendo informações e dicas com a finalidade de melhorar a qualidade da produção do leite.

Confira esse e outros episódios em nosso canal de Podcast da Embrapa Gado de Leite.

A Embrapa contribuindo na transformação da cadeia produtiva do leite!

Para ouvir: Clique aqui!

Ficha Técnica:

Entrevistado: Médico Veterinário da Embrapa Gado de Leite, Cláudio Antonio Versiani Paiva 
Entrevistadora: Rosângela Zoccal
Produção: Rosângela Zoccal e Eliane Hayami
Edição: Eliane Hayami e Leonardo Venâncio
Criação: Adriana Barros Guimarães
EaD Moodle e Repileite: Luiz Ricardo da Costa e Vanessa Maia Aguiar de Magalhães

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Desafio de Startups

Provavelmente você recebeu esta edição da Balde Branco, alguns dias antes de 22 de outubro. Portanto, poderá agendar esta data para acompanhar, de onde estiver, a edição 2019 do Desafio de Startups, que ocorrerá no Cubo-Itaú em São Paulo.

Serão apresentadas soluções que incorporam a transformação digital, a informática, suas ferramentas e processos para aumentar a precisão e rapidez na tomada de decisões pelos agentes da cadeia do leite. Produtores, indústrias, investidores, pesquisadores, imprensa estarão presentes neste que será o encontro mais importante do ano para o ecossistema de inovação do Leite, o Leite 4.0.

Soluções para problemas são sempre muito bem-vindas, especialmente quando a cadeia produtiva do leite segue em crescimento e ganhando novos mercados. Dados recentes divulgados pela Associação VivaLácteos indicam que a estratégia “GoodDairy” elaborada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações, APEX, resultou em aumento nas exportações de queijos. A base dessa estratégia foi a constatação de que lácteos brasileiros com maior valor agregado seriam competitivos em mercados específicos. Esta estratégia deu certo! De 15 países que importavam lácteos há cinco anos, hoje são 50, com algumas situações surpreendentes: somos o segundo maior exportador de queijo tipo Gorgonzola para a Rússia. Chile e México são importadores significativos dos produtos brasileiros.

Soluções para problemas são igualmente bem-vindas, quando há ainda muito a ser feito internamente, em especial para superar as graves deficiências que temos em infra-estrutura. Para citar um caso crítico para o leite: ter energia elétrica em quantidade e com a garantia do fornecimento constante e estável, é um pré-requisito para a entrega de leite fluido com qualidade. Qualidade da matéria prima, por sua vez, é a base de qualquer estratégia de competitividade. A geração de energia solar fotovoltaica é hoje uma alternativa para a distribuição convencional de energia elétrica. O ensolarado Brasil precisa de mais energia solar fotovoltaica, porém, na contra mão dessa tendência, em outubro passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL encaminhou proposta ao Congresso Nacional que aumenta a cobrança de taxas no mercado de energia solar!

Este é o Brasil, de muitos contrastes: No Desafio de Startups, dia 22 de novembro, iremos discutir e promover o Leite 4.0, fortalecendo a cadeia para nos tornarmos exportadores competitivos de lácteos, ao passo que nas propriedades existem dificuldades, como a precariedade do fornecimento de energia elétrica que nos remetem a 40 anos atrás, talvez mais. Pensar e agir no mundo 4.0, buscando soluções para problemas antigos, uma realidade 2.0, do tempo que o novo era a energia elétrica! E ainda preocupados com articulações que podem retardar as inovações, a exemplo da proposta de taxas elevadas para a energia solar fotovoltaica.

“O importante não é vencer, o que importa é competir”, é a máxima do espírito Olímpico. Por analogia, não importa qual será a proposta vencedora do Desafio de Startups no próximo dia 22 de novembro. O mais importante, demonstrando o acerto da proposta da iniciativa Ideas for Milk, é participar do ecossistema de inovação na pecuária leiteira. Este é a vanguarda da transformação digital no agro brasileiro, para reduzir o custo Brasil pela solução de problemas e promoção da competitividade da cadeia do leite.

Pedro Braga Arcuri
Pesquisador
Chefe Adjunto de Pesquisa Embrapa Gado de Leite

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