Todos os posts (1255)

Classificar por

9847006288?profile=originalO processo de urbanização brasileiro não é apenas um inchaço das cidades e esvaziamento dos campos. É muito mais do que isto, pois desencadeia fortes e nítidas mudanças, tanto nos aspectos sociais/educacionais, quanto nos econômicos e ambientais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em décadas sucessivas a relação população urbana versus população rural mostra uma grande inversão de cenários, causando inúmeras dificuldades para quem vive da agricultura, como os jovens rurais.

Assim, os autores desse estudo avaliaram a evolução dessa relação, utilizando material bibliográfico e documental de diferentes bases de dados, principalmente da Capes, IBGE e Embrapa, o que permitiu uma visão em diferentes contextos. O método adotado constou de análise, interpretação e dedução técnica sobre uma base descritiva, visando identificar os principais problemas relacionados, sobretudo com o “êxodo rural” e a educação de jovens rurais.

A partir do levantamento realizado pelo senso agropecuário do IBGE de 2017, foram encontrados em cinco milhões de estabelecimentos rurais os dados: escolaridade  – 1,2 milhões de estabelecimento com pessoas que não sabem ler e nem escrever; 3,8 milhões de estabelecimentos que sabem ler e escrever e, destes, apenas 116 mil possuem 2° grau completo/ensino médio; idade (gestor do estabelecimento)  – 535 mil são jovens com idade inferior a 35 anos; assistência técnica  – um milhão recebe assistência técnica direta ou indireta, enquanto quatro milhões não recebem nenhuma assistência técnica; origem da renda das famílias  – 2,9 milhões possuem renda das atividades agropecuárias menor que de outras rendas não agropecuárias, e 2,1 milhões possuem renda de atividade agropecuária maior que a outras rendas não agropecuárias.

Conforme os autores, mais dois fatos são igualmente preocupantes: um se deve ao nível de escolaridade que, sendo predominantemente baixa, impede ou limita fortemente o acesso às novas tecnologias e/ou pacotes tecnológicos, o que restringe a adoção de práticas agrícolas mais eficientes, resultando numa agricultura de baixa produtividade; o outro, é a carência de assistência técnica que atinge os estabelecimentos rurais, ou seja, cerca de 80% destes, não recebem o aporte de técnicas de uso e manejo, assim como de boas práticas agrícolas.

Há diversos fatores que contribuem para o problema do “êxodo rural” e do ensino dos jovens rurais. Como alternativas para minimizar e/ou contornar tais gargalos, recomenda-se, além da educação formal, ampliar o apoio de assistência técnica e promover cursos técnicos direcionados para os produtores e jovens rurais (focados em práticas conservacionistas do solo, técnicas de manejo, controle da erosão, entre outros).

Tudo isso combinado pode elevar o nível de escolaridade e tecnológico no meio rural, propiciar a efetiva sustentabilidade da agricultura, com ganhos econômicos, sociais e ambientais, além de melhorar a capacitação dos jovens rurais e fixar o homem à terra, enfatizam os cientistas.

Os autores do estudo são Lauro Pereira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente; Angélica Pagliarini Santos, estudante de agronomia da Universidade Tuiuti, PR; Andreia de Bem Machado, professora no Curso de Engenharia de Produção na UNIASSELVI e; Alessandra Pinezi, chefe de Unidade de Conservação na Fundação Florestal do Estado de São Paulo.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)

Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: 19-99262-6751

Saiba mais…

9847007264?profile=original

Milk Farm, com o aplicativo Eco Teste, foi a vencedora da final do Desafio de Startups da Embrapa Gado de Leite, disputando com outras 47 concorrentes e chegando à finalíssima com outras seis startups. O Eco Teste se apresenta como uma solução para o controle de resíduos de antibiótico no leite, oferecendo resultados em tempo real. Segundo Bruno Machado, um dos responsáveis pela Milk Farm, o Eco Teste é um equipamento automático para detecção de oito diferentes grupos de antibióticos, podendo ser operado por qualquer pessoa por meio de celular ou tablet. “Os benefícios do Eco Teste incluem a conectividade e rastreabilidade, garantindo a segurança alimentar em toda a cadeia produtiva do leite”, diz Machado.

As sete startups finalistas foram avaliadas por 128 especialistas no agronegócio. As demais vencedoras foram:

- 2ª colocada: Uai Cup – dispositivo para medir a qualidade do leite (contagem de sólidos e identificação de resíduos de antibióticos);

3ª colocada: Projeto Q – aplicativo que agiliza o processo de certificação de queijos, conectando produtores e órgãos de regulação.

As demais finalistas foram (em ordem alfabética): Cow company (participante da Angola), Moo pocket, Nutrilac QR cattle (acesse o site www.ideasformilk.com.br e veja as soluções apresentadas).

Prêmio Ideas for Milk de Inovação – A Embrapa Gado de Leite também premiou as empresas que apresentaram inovações de impacto em produtos ou em processos, que contribuíram para o dinamismo do Setor de Leite e Derivados, inseridos na ótica do FoodTech. Os processos premiados foram:

Laticínios Verde Campo – Processo que estabelece o pagamento aos produtores por quantidade de sólidos no leite, em vez da quantidade em litros. O diretor de captação da Verde Campo, Sávio Santiago, afirma que a empresa já tinha o projeto de realizar um pagamento ao produtor compatível com o rendimento industrial há algum tempo: “Vários países já adotam esse modelo e os primeiros produtores brasileiros a aderirem estão muito empolgados com o processo, com resultados bastante positivos”, diz Santiago.

Sooro Renner Nutrição SA – pela solução para o soro do leite, valorizando o produto e esclarecendo o público, por meio de um blog, sobre os suplementos proteicos feitos com o soro. O diretor comercial da empresa, Claudio Hausen, explica a solução: “Trata-se de um site no qual há um blog chamado “Mundo Whey” cuja grande finalidade é explicar para as pessoas o que são os concentrados proteicos de soro, conhecidos como Whey”.

Nestlé – pelo canal interativo de relacionamento com fornecedores (Canal Leiteria), surgido no início da pandemia para se comunicar com o produtor. Barbara Sollero, responsável pelo relacionamento e desenvolvimento dos produtores da Nestlé, afirma que “o objetivo do Canal é aproximar a empresa dos seus produtores, mas é um canal aberto ao público”. Ela completa dizendo que o prêmio Ideas for Milk de Inovação é extensivo aos produtores da Nestlé, “afinal de contas, é para eles que o Canal foi criado”.

Os produtos premiados foram:

Queijo fresco Camponesa – Primeiro queijo em caixinha do país, produzido pela Embaré. A gerente de Marketing da Embaré, Adriana Antunes fala sobre o produto: “O queijo fresco Camponesa alia duas características que os consumidores priorizam, o sabor e a saudabilidade. É um produto prático e seguro, com durabilidade de 60 dias, além de ser leve e sem conservantes, com embalagem 100% reciclável”.

Manteiga gourmet da Piracanjuba – Manteiga com cristais de flor de sal, que acentua o sabor do produto. A gerente de Marketing dos Laticínios Bela Vista, Lisiane Guimarães fala a respeito do produto: “A manteiga Piracanjuba foi nosso primeiro produto, lançado em 1955, e para nós, simboliza a tradição da marca. Com o novo lançamento, levamos ao consumidor um produto com um sabor diferenciado. Os cristais de flor de sal são sensorialmente percebidos pelo consumidor, numa manteiga tradicionalmente já saborosa”.

- Letti – A2 – Linha completa de derivados lácteos A2, cuja proteína A2 ajuda evitar desconfortos ao ser consumida. Diana Jank, gerente de marketing da Letti. Fala sobre a linha de produtos: “É uma linha completa de produtos, de fácil digestão, provenientes de vacas selecionadas para produzir leite A2A2. O mais importante para nós é receber o depoimento de pessoas que voltaram a consumir produtos lácteos a partir dos nosso produtos A2”.

Homenagens – Ao final do Desafio de Startups, a Embrapa homenageou as seguintes personalidades que contribuíram para a realização do Ideas for Milk: - Ariel Maffi  (vice-presidente da área de ruminantes da DSM no Brasil), Roberta Züge (diretora administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável) e Margarida Salomão (deputada federal).

Desafio de Startups marca o encerramento da quinta edição do movimento Ideas for Milk, que este ano foi realizado totalmente de forma digital, devido à pandemia de Covid-19. Além do Desafio, o Ideas for Milk é composto da Caravana 4.0, cuja missão é levar o debate sobre a criação de ideias inovadoras para agronegócio do leite para as universidades, e o Vacathon, que reúne equipes de universidades em um hackathon, apresentando soluções para os problemas do setor. A experiência digital fez com que a Embrapa Gado de Leite criasse este ano o Ideas for Milk Lives – lives transmitidas pelo Youtube, em que foram debatidas grandes questões do agronegócio do leite.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, a quinta edição do Ideas for Milk foi o movimento mais robusto realizado pela instituição, apesar da pandemia. “Houve uma intensa participação das universidades, inclusive de outros países (Angola e Argentina)”, diz Martins, que conclui: “As soluções apresentadas pelas startups foram maduras e em consonância com os problemas do setor”.

O Ideas for Milk é uma realização da Embrapa Gado de Leite, em parceria com Agripoint, Bovcontrol, Ciatécnica, Texto Comunicação. Conta com o Patrocínio Diamante do Sebrae; Patrocínio Ouro da Tetrapak, Boehringer Ingelheim, TIM; Lactalis. Patrocínio Prata da Vaccinar,FAEMG/Inaes, Sistema Ocemg, Sistema OCB, Silemg e Patrocínio Bronze da Nestlé, CLAAS, DSM/Tortuga, ABDI, JA Saúde Animal, Piracanjuba, Vivalácteos, Belgo Bekaert, SENAR/GO, ABIQ, Alta Genetics, Verde Campo e Vivare. Apoio da Microsoft, KER Innovation, Abraleite e Revista Balde Branco.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

Contatos para a imprensa


Telefone: (32) 99199-4757

Saiba mais…

2RHS2Nx?profile=RESIZE_710x

Em novembro, o custo de produção de leite apresentou um novo aumento, de 5,08%.

No acumulado de janeiro a novembro de 2020, o custo de produção já acumula alta de 19,92%, com a alimentação concentrada sendo a principal responsável, com aumento de 43,63% no período.

Veja a análise completa na nova edição do boletim ICPLeite/Embrapa, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. No informativo estão apresentadas as variações para cada grupo componente do custo de produção. Confira!

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

Saiba mais…

9846993090?profile=original

As importações brasileiras de leite continuam em patamares elevados. Nos últimos três meses, os volumes importados ficaram acima dos 180 milhões de litros, que correspondem a 8,6% da produção inspecionada em cada mês. 
 
Veja essa análise, além de dados de preços do leite no mercado nacional e internacional  e de relação de troca no Boletim Indicadores Leite e Derivados em sua edição de dezembro no site do Centro de Inteligência do Leite.
 
Acesse o site do Centro de Inteligência do Leite e aproveite.
Saiba mais…

9847005082?profile=original

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estabeleceu o dia 5 de dezembro como o Dia Mundial do Solo. Podemos nos perguntar por que celebrar o solo? Muitas pessoas ainda não conhecem ou percebem a importância dos solos, e não sabem os riscos que correm se este recurso não for conservado. Para começar, o solo é um recurso natural não renovável. Ou seja, o solo que estamos perdendo por erosão, desertificação ou salinização não recuperamos mais, pois o processo de formação do solo é muito lento.

Normalmente nos preocupamos muito com a disponibilidade e qualidade da água, com a qualidade do ar, mas não podemos esquecer do solo! Esta fina camada que recobre a Terra é a responsável pela produção da maior parte do nosso alimento, das fibras e da bioenergia. Além disso, o solo tem funções básicas e muito importantes para nossos ecossistemas.

O solo fornece nutrientes essenciais para as nossas florestas e lavouras, filtra a água e ajuda a regular a temperatura e as emissões dos gases de efeito estufa. Os solos das florestas e das nossas pastagens e lavouras têm o potencial de contribuir para mitigar as emissões por meio do sequestro de carbono da atmosfera na forma matéria orgânica. Os solos são um grande reservatório global de carbono, armazenando mais carbono orgânico do que a vegetação. 

Mas, infelizmente, os solos nem sempre são manejados da maneira mais adequada para favorecer o clima e a qualidade da água. Muitos solos que poderiam sequestrar o carbono da atmosfera estão liberando-o, adicionando dióxido de carbono na atmosfera e intensificando as mudanças climáticas. Mas o solo contém cerca de três vezes mais carbono do que a atmosfera, o que significa que fazer mudanças estratégicas na forma como os sistemas de solo são usados pode desempenhar um papel importante no combate às mudanças climáticas. Além disso, solos bem manejados têm sua estrutura preservada, favorecendo a infiltração de água, aumentando a recarga dos lençóis freáticos e evitando o escorrimento superficial e enxurradas, levando à diminuição das enchentes e da erosão.

O solo em sua condição natural exerce muito bem estas funções. E o grande desafio está em preservar o meio ambiente (e o solo é parte dele), garantindo a produção de alimentos, fibras e bioenergia para uma população que cresce e se torna cada vez mais exigente em qualidade.

Preocupada com isso, e equipe de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) tem desenvolvido estudos para indicar as melhores práticas de manejo dos sistemas de produção agropecuários, que possam juntar altas produções com a preservação ambiental e com o bom funcionamento do solo. Para isso, a recuperação de pastagens degradadas é um dos pontos chave, pois pastagens mal manejadas levam a perdas de qualidade, produtividade, deixam o solo exposto e abrem caminho para a degradação pela erosão.

A integração lavoura-pecuária-floresta é um sistema de cultivo em consórcio ou rotação que permite o cultivo de culturas anuais (como soja, milho, por exemplo), com pastagens e com árvores, tudo na mesma área e na mesma safra. Vários resultados de pesquisa indicam que estes sistemas são tecnicamente adequados e podem contribuir com a intensificação sustentável. Mas nossas pesquisas estão indo além, e estamos unindo os princípios da física, biologia e química para entender como os solos funcionam com estas novas formas de cultivo.

Para desenvolver estas pesquisas multidisciplinares foram feitas parcerias com UFSCar, USP, UFPR e CENA, além de outros centros de pesquisa da Embrapa, como a Embrapa Florestas e Instrumentação. Os resultados têm mostrado que os solos sob sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) podem incorporar grande quantidade de carbono na forma de matéria orgânica, e esta matéria orgânica tem excelentes características químicas que indicam que está estocada de forma estável com poucas chances de perda.

As pesquisas com a biologia do solo indicam que há grande diversidade de organismos nos solos de cultivos integrados. Estudos da área de física têm demonstrado que estes solos apresentam uma excelente estrutura, proporcionando infiltração de água em quantidade e, com isso, reduzindo o potencial de erosão do solo. Há melhoria na química do solo, especialmente por esse maior conteúdo de matéria orgânica, com maior disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Todas estas propriedades indicam que, sob cultivos integrados, há solos de qualidade e saudáveis, pois estão desempenhando todas as suas funções e ainda garantindo a produção de plantas, animais e a o abastecimento de seres humanos. Mas, além das pesquisas, é necessário também divulgar estes resultados para a os produtores, técnicos e para sociedade.

Por isso, a Embrapa Pecuária Sudeste tem atuado fortemente na capacitação técnica, por meio de cursos, palestras e dias de campo para demostrar estes resultados. E na quinta-feira (03/12) realizamos mais uma etapa da capacitação de técnicos da Cocamar (Maringá-PR) e o tema abordado foi a “Qualidade do solo em sistemas ILPF”, para celebrar a data e despertar, cada vez mais, a importância de cuidarmos dos nossos solos. 

Alberto Bernardi

Embrapa Pecuária Sudeste

Contatos para a imprensa
Mais informações sobre o tema

Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…

9847004685?profile=original

Promover a geração de renda na propriedade durante o ano inteiro é objetivo da família Kudiess, em Chiapetta, no noroeste do RS, que aposta na Integração Lavoura-pecuária-floresta (ILPF) para otimizar a estrutura produtiva. A área também vai gerar resultados de pesquisas para orientar a adoção dos sistemas integrados.

Desde a fundação na década de 60, a propriedade da família Kudiess trabalha de forma integrada com lavoura de grãos e pecuária em Chiapetta, no Rio Grande do Sul. Nos anos 2000, os irmãos Manfred e Ruben Kudiess passaram a atuar no mercado de sementes, como primeiros multiplicadores do trigo de duplo propósito, com cultivares desenvolvidas pela Embrapa destinadas ao pastejo dos animais com posterior colheita de grãos. O uso da tecnologia exigiu a profissionalização para trabalhar com sistemas integrados, com a atualização constante dos conhecimentos diante da necessidade de validar o produto para os clientes da Sementes Cometa.

Após quase 20 anos trabalhando com integração lavoura-pecuária (ILP), o produtor Ruben Kudiess decidiu apostar também no componente florestal e, em 2019, destinou 54 hectares para integrar lavoura de grãos com engorda de bovinos e produção de madeira. O sistema ILPF corresponde a 5% da propriedade e conta com 18 renques de árvores, cada renque com três fileiras de eucaliptos, totalizando 600 árvores por hectare.

No primeiro ano, a integração iniciou no verão, com milho para grãos e engorda dos animais com pastagem perene de Aruana (espécie de Panicum maximum). No inverno, o produtor investiu em pastagem de trigo duplo propósito e trevo vesiculoso em sobressemeadura no Aruana. “A ideia é utilizar a área com ILPF principalmente no verão, trazendo os animais para a pastagem com conforto térmico das árvores e liberando as outras áreas para a lavoura de soja. No inverno, vamos aproveitar a integração para produzir pasto, ajudando também a reduzir o vazio forrageiro nos meses de primavera e outono. É um planejamento que movimenta toda a propriedade”, conta Ruben.

No total dos 54 hectares com ILPF, 14% da área foi destinada às árvores, cobrindo cerca de 8 ha. A aposta do produtor no eucalipto se deve ao maior conhecimento sobre o manejo da espécie e ao crescimento rápido da árvore. A partir do quinto ano, deverá começar o raleio com a extração de lenha, que deverá suprir parte do secador de grãos, com excedente para comercialização.

O potencial de produção de lenha foi estimado em 80 m³/ha/ano, mas como a lenha representa menor valor agregado, grande parte das árvores serão manejadas visando qualidade na produção da madeira. “O principal desafio no componente florestal é o manejo, de forma a equilibrar a penetração da luz para o desenvolvimento das pastagens”, conta Kudiess, lembrando que o trabalho de raleio deve se intensificar entre o quarto e o quinto ano.

Entre as vantagens do sistema ILPF, Ruben Kudiess faz questão de destacar o bem estar-animal: “O gado gosta de SPA: Sombra, Pasto e Água. Em função do conforto térmico, estimo o aumento no ganho de peso dos animais entre 15 a 20%, melhorando também a conversão alimentar”.

O microclima criado pelas árvores favorece tanto o solo quanto os animais, protegendo das geadas no inverno e do sol no verão. “Com as árvores atuando como quebra-vento e sombra, a umidade do solo também deve melhorar, o que pode representar um aumento de até 60% no crescimento das pastagens, especialmente em anos de estiagem”, estima o produtor. Segundo ele, o benefício também pode ser observado no inverno, quando as árvores podem reduzir o impacto das geadas, garantindo a oferta de pastagens por mais tempo.

Conheça o trabalho de ILPF no vídeo com o produtor Ruben Kudiess:

Interação no aprendizado

O trabalho do produtor é acompanhado por uma equipe da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS). A base de conhecimentos é a Rede ILPF, que reúne profissionais das mais diversas especialidades com o objetivo de acelerar a adoção das tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta por produtores rurais visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

“Cada propriedade tem particularidades de solo, clima, perfil de produção que exigem a adaptação dos conhecimentos sobre sistemas integrados. A participação ativa e até a ousadia do produtor são decisivos nesse processo de adoção do ILPF, já que não existe receita pronta, é experimentar e ajustar o que temos disponível para cada região de forma a atender as necessidades do produtor”, explica o pesquisador Renato Fontaneli.

Para Ilvandro Barreto de Melo, engenheiro agrônomo da Emater/RS, as dificuldades do produtor em trabalhar com sistemas integrados também representam oportunidades de aumentar a renda: “Tiramos as árvores para a entrada das lavouras no RS na década de 1950, mas não abandonamos o gado. Agora precisamos recolocar as árvores, tanto por demanda legal quanto pela consciência dos benefícios do componente florestal para o sistema. Mas trabalhar de forma integrada aumenta os desafios no manejo. Não basta entender só de lavoura, ou só de árvores ou só de pastagens. É preciso ver a propriedade no todo, um sistema produtivo mais complexo, mas também com maior possibilidade de ganhos e maior estabilidade financeira, já que não depende de apenas um fator de produção”.

 

Impactos no solo

Uma das atividades de acompanhamento da pesquisa na área com ILPF na propriedade da família Kudiess busca avaliar possíveis alterações na qualidade do solo ao longo dos anos.Definido como marco zero na implantação do sistema ILPF, em julho de 2020, foi realizada a amostragem em 12 trincheiras abertas no solo para coletas estratificadas de 5 em 5 cm até 40 cm de profundidade. As análises apontaram um solo já com boa qualidade, presumidamente em função da integração da lavoura com pecuária que já era realizada nesta área.

“Observamos nas amostras bons índices para nutrientes importantes como potássio, cálcio, magnésio e fósforo”, conta o analista de transferência de tecnologias Marcelo Klein. As coletas deverão ser realizadas novamente no período de cinco anos para avaliar os atributos de fertilidade que sofreram alterações na área: “Acreditamos que os ácidos orgânicos gerados pelo esterco e pela urina dos animais serão capazes de neutralizar o alumínio tóxico do solo, aumentando a saturação de bases e dispensando correções com calagem. Vamos tentar confirmar esta hipótese com este experimento de ILPF nas condições de clima e solo do noroeste do Rio Grande do Sul”.

Conheça mais produtores que estão investindo em ILPF no site https://www.redeilpf.org.br/index.php/quem-ja-usa

Joseani Antunes (MTb 9693/RS)

Embrapa Trigo

Contatos para a imprensa

Telefone: +55 54 3316-5800

Mais informações sobre o tema

Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…

9847000896?profile=original

O Ideas for Milk 2020 - Desafio de Startups entra em sua fase final com a disputa de 7 finalistas de 4 estados brasileiros e Luanda, na Angola. A competição foi acirrada! Os 181 avaliadores, representantes de toda a cadeia do leite brasileira, analisaram 47 projetos, vindos de 13 estados brasileiros, além de propostas da Argentina e Angola. Os selecionados disputarão o título de melhor solução para a cadeia do leite na final da competição que acontecerá dia 10 de dezembro, no canal da Embrapa no Youtube, em transmissão ao vivo, às 15h. Conheça os finalistas:

 

A equipe Enactus propõe um site que funcione como ponte entre produtores de queijo e órgãos de regulamentação. A ideia é facilitar o acesso à informação e reduzir o tempo de certificação de 5 para 2 anos. Já a UAICUP é uma caneca para análise da qualidade do leite. O dispositivo faz a contagem de células e ainda identifica a presença de resíduos de antibióticos. Também para controle da qualidade do leite, o Milk FARM ECO Teste tem foco no controle de resíduos de antibiótico. O equipamento detecta 8 diferentes grupos de antibióticos com alta sensibilidade e é controlado por aplicativo que guarda dados na nuvem. Nutrilac é um app que elabora uma formulação de dieta específica para o rebanho e calcula as quantidades cada alimento e o custo. A MooPocket é um app capaz de extrair medidas biométricas de bezerros e novilhas a partir de imagens, estimar o seu peso, e transmitir os dados ao sistema de gestão da fazenda. Já o QR Cattle é um software que faz a biometria sem contato. O programa é capaz de identificar o animal por meio da leitura dos pontos nodais do focinho e funciona como o CPF do animal. De Luanda, na Angola, veio a Cows Company, um sistema integrado para melhorar a organização dos produtores de leite e promover a criação de associações comunitárias de monitoramento do gado de leite.

 

O Ideas for Milk é uma realização da Embrapa Gado de Leite, em parceria com Agripoint, Bovcontrol, Ciatécnica, Texto Comunicação. Conta com o Patrocínio Diamante do Sebrae; Patrocínio Ouro da Tetrapak, Boehringer Ingelheim, TIM; Patrocínio Prata da Vaccinar,FAEMG/Inaes, Sistema Ocemg, Ssistema OCB, Silemg e Patrocínio Bronze da Nestlé, CLAAS, DSM/Tortuga, ABDI, JA Saúde Animal, Piracanjuba, Vivalácteos, Belgo Bekaert, SENAR/GO, ABIQ, Alta Genetics, Verde Campo e Vivare. Apoio da Microsoft, KER Innovation, Abraleite e Revista Balde Branco.

Imprensa Ideas For Milk:

Élida Ramirez

Fone: (31) 9 9526-0189

9847001487?profile=original

Saiba mais…

9847002254?profile=original9847003071?profile=original

Cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) aprimoraram um método capaz de detectar múltiplos resíduos de produtos químicos por meio de uma única análise. O procedimento é voltado a identificar a presença e a quantidade de herbicidas usados para controlar plantas daninhas em cultivo de capim-elefante. Conhecida por produzir grande quantidade de biomassa, a gramínea é usada na geração de energia e muito empregada na alimentação de gado leiteiro. Por isso, é importante saber se os animais estão consumindo alimento seguro. De olho nessa aplicação, o método deve ser empregado em um projeto em parceria com a Embrapa Gado de Leite (MG).

Publicado em uma edição especial sobre herbicidas do periódico internacional Austin Environmental Science, o método multiresíduo é capaz de detectar resíduos dos sete herbicidas estudados (metsulfurom-metilico,atrazina, clorimurom-etilico, halossulfurom-metilico, metsulfurom-metilico, nicossulfurom e S-metolacloro). “Pelo que sabemos, esse é o primeiro artigo sobre a determinação de resíduos desses herbicidas nesse tipo de planta. O método poderá ser utilizado por cientistas que trabalham nessa linha de pesquisa,” conta a analista da Embrapa Marcia Assalin.

O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) é uma forragem tradicionalmente utilizada na alimentação animal e matéria-prima na produção de álcool, carvão e geração de eletricidade, devido ao fato de sua biomassa possuir elevado poder energético. 

9847003489?profile=original

9847004468?profile=original

O desenvolvimento

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Alexandre Brighenti, a produtividade e a qualidade da forragem de capim-elefante são afetadas diretamente pela interferência de plantas daninhas. Essa perda pode chegar a 42% de matéria seca, caso não sejam empregadas as práticas adequadas de controle de plantas daninhas. Embora o controle químico, utilizando herbicidas, seja uma das estratégias eficientes para o controle das plantas daninhas, não existem produtos registrados específicos para capim-elefante no Brasil. 

Por isso, pesquisas visando o controle químico de espécies infestantes em cultivos desse capim são extremamente importantes a fim de evitar perdas de produtividade e de qualidade de forragem. Além disso, esses estudos poderão subsidiar os trabalhos visando a obtenção de registros de herbicidas para capim-elefante no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Entretanto, quando se faz a aplicação de herbicidas no campo, há a necessidade de realizar o monitoramento de seus resíduos nas pastagens para evitar a possível contaminação de alimentos derivados da pecuária, como leite e carne, afirma a pesquisadora da Embrapa Sonia Queiroz. Além disso, o uso inadequado deagroquímicos é uma ameaça potencial ao meio ambiente e a organismos não alvo, reforçando a necessidade de pesquisas para conhecer o destino desses produtos e estabelecer doses seguras de aplicação.

A maioria dos herbicidas avaliados nesse estudo é aplicada sobre o solo (pré-emergentes) e não diretamente sobre o capim-elefante. Isso, de acordo com a pesquisadora, implica menor risco de deixar resíduos em comparação aos herbicidas pós-emergentes, que são aplicados diretamente sobre as culturas. A aplicação de herbicidas sobre o solo possibilita que as moléculas sejam degradadas, principalmente por microrganismos. 

Além disso, existe um intervalo de aproximadamente 120 dias entre a aplicação dos herbicidas e a colheita do capim-elefante. Queiroz explica que, durante esse período, outros processos de degradação dos herbicidas, além do microbiano, estariam também atuando. Desse modo, as chances de não mais haver resíduos são grandes. Por outro lado, caso algum resíduo de determinado herbicida ainda persista nas plantas no momento da colheita, o método desenvolvido irá revelar a quantidade presente do químico, sendo possível avaliar se é segura para o consumo animal.

De acordo com a Assalin, o objetivo foi otimizar e validar um método multiresíduo confiável para a  determinação e quantificação de resíduos de herbicidas em capim-elefante utilizando cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas de alta resolução (LC-QTof-MS). A implementação de um método analítico envolve um processo de avaliação que estima a sua eficiência na rotina do laboratório e assim garante que as análises reproduzam valores consistentes se comparadas a um valor de referência.

Segundo os parâmetros de validação avaliados no estudo, o método mostrou ser adequado para a determinação dos resíduos dos herbicidas estudados. Para o metsulfurom-metílico, o método mostrou ser capaz de determinar quantidades menores que o limite máximo de resíduos (LMR) estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 0,1 mg/Kg, sendo esse o único que apresenta registro para aplicação em pastagem no Brasil. 

Assim, foi possível analisar amostras de capim-elefante coletadas no campo experimental após a aplicação dos produtos e, com isso, selecionar os herbicidas mais eficientes e que deixam menos resíduos na planta. Isso permitiu o controle das plantas daninhas com segurança em relação ao consumo de alimentos de origem bovina.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)

Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: (19) 99262-6751

Mais informações sobre o tema

Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…

9846995086?profile=original

Para saber se a água é utilizada de maneira eficiente no meio rural, a Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) reuniu seus pesquisadores Maria Sônia Lopes, Rachel Bardy Prado e Silvio Lucena Tavares em live transmitida no dia 18 de novembro. A moderação ficou a cargo de Fabrício De Martino, consultor em inovação e criatividade O evento foi a quarta edição da série Diálogos para Conservação do Solo e da Água, e a última de 2020.

Para Rachel, que é especialista em planejamento e gerenciamento de águas, com mais de 20 anos de experiência, não andamos cuidando bem da nossa água, “talvez até pela abundância de recursos hídricos do Brasil”. Alguns números atestam isso: 16% da população não tem água tratada e 47% não possui acesso à rede de esgoto. “A questão do saneamento no nosso País é muito séria, com reflexos na qualidade da água. É inadmissível que na era da informação em que vivemos ainda vejamos tanta erosão e pastagens degradadas”.

Então quais seriam as soluções, como cuidar da água? Em primeiro lugar, é necessário lembrar que manejo do solo e qualidade da água andam juntos. “Práticas conservacionistas da terra, como plantio em nível, bacias de contenção de sedimentos e terraceamento, por exemplo, resultam em uma diminuição de processos erosivos e em uma maior infiltração da água nas bacias hidrográficas”, salienta Rachel.

Falando sobre recursos hídricos na agricultura, não podemos deixar de lado o tema irrigação. Vale lembrar que existem quatro métodos de fazê-la: por aspersão, gravidade, pivô central e localizada. 40% da comida que chega às nossas mesas vem da agricultura irrigada, usando apenas 16% da terra. “A situação no Brasil não é a ideal, mas nossa média de eficiência, que chega quase a 60%, é superior a mundial, que é de 37%”, revelou Silvio Tavares, especialista em engenharia de irrigação. “Se você melhorar em 1% a eficiência no uso da água, você gera uma economia enorme para expandir as áreas irrigadas e o tempo de irrigação”.

Uma das “armas” desenvolvidas pela Embrapa Solos para tornar a irrigação mais eficiente é o Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI), que define o potencial do ambiente para desenvolver culturas sob determinado tipo de irrigação.

O SiBCTI procura classificar as terras segundo a interação de vários planos de informação, de modo que o ambiente seja avaliado de forma integrada, maximizando o manejo da agricultura irrigada.

O Sistema evita que terras que não possuem aptidão para irrigação sejam incluídas no processo produtivo, minimizando o impacto ambiental e perda de recursos financeiros, ele também possibilita o uso racional da água, além de prevenir a salinização dos solos manejados, grave problema ambiental e econômico, principalmente no bioma semiárido.

Barragem subterrânea

Um importante aliado do pequeno produtor na captação de água também no semiárido é a barragem subterrânea, uma tecnologia de captação e armazenamento da água de chuva para produção de alimentos. Ela possui a função de reter a água da chuva que escoa em cima e dentro do solo, por meio de uma parede impermeável construída dentro da terra e que se eleva a uma altura de cerca de 50 cm acima da superfície, no sentido contrário à descida das águas. A barragem subterrânea forma uma vazante artificial temporária na qual o terreno permanece úmido por um período de dois a cinco meses após a época chuvosa, permitindo a plantação mesmo em época de estiagem. A barragem é uma tecnologia popular, a Embrapa começou a pesquisá-la mais a fundo a partir dos anos 80 do século passado.

“As barragens têm proporcionado a estocagem de água para uso das famílias após o período chuvoso. Até seis meses após o fim das precipitações o agricultor ainda consegue tirar seu cultivo”, afirma Maria Sônia, uma das maiores autoridades do Brasil no tema.

A barragem foi uma das práticas finalistas da primeira edição do prêmio Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) Brasil e a primeira entre as 28 técnicas selecionadas pela Embrapa para participar da premiação.

Um pouco de arte

Nas lives promovidas pela Embrapa Solos procura-se trazer também um pouco de arte. O mapa mental que ilustra a matéria foi elaborado pela artista plástica Milena Pagliacci, durante o evento.  

A íntegra da live pode ser assistida aqui.

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)

Embrapa Solos

Contatos para a imprensa

Telefone: (21) 2179-4578

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…

9846994494?profile=original

O movimento Ideas for Milk 2020 só se encerra no dia 11 de dezembro, quando serão realizados o Desafio de Startups e a entrega do prêmio Ideas for Milk de Inovação. No entanto, a última reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite em 2020, realizada na semana passada, teve como destaque o movimento, idealizado pela Embrapa e realizado de forma totalmente virtual, devido à pandemia de Covid-19. O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, apresentou à Câmara os números dos eventos Caravana 4.0 Vacathon, que integram o movimento.

A Caravana 4.0 tem a missão de debater a necessidade da criação de tecnologias inovadoras, por meio da reunião de competências de diferentes áreas de conhecimento das instituições de ensino e pesquisa. Num só lugar, são reunidos estudantes e professores dos cursos de agronomia, medicina veterinária, zootecnia, biologia, ciência da computação, engenharias, economia, administração, nutrição e outras. O propósito é mostrar as oportunidades para empreender que a cadeia produtiva do leite oferece para a criação de soluções inovadoras e resultante de conhecimentos multidisciplinares. Neste ano, chegou a oito estados de quatro regiões do país: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pernambuco. No Brasil, 27 universidades foram “visitadas” pela Caravana, que também chegou a instituições de outros dois países: Argentina e Angola. Diferente das outras edições, quando as instituições eram visitadas de forma presencial.

Este ano, com a pandemia, para criar um ambiente de mobilização, o movimento teve se adaptar e criou o Ideas for Milk Lives, transmitindo doze lives inspiradoras pelo Canal da Embrapa no Youtube, que reuniram 40 especialistas dos Estados Unidos, Portugal, Angola, Argentina e Brasil, tratando de assuntos relacionados a todos os elos da cadeia produtiva. As lives já somam 18.900 visualizações. Foram realizadas também lives orientadoras: Como convencer alguém a acreditar no meu negócio; Design Sprint: da ideia ao propósito; Esse tal negócio de thinking e Criando modelos inovadores e conscientes. A audiência média de cada live ficou em torno de mil internautas.

Vacathon digital – O Vacathon, que em anos anteriores reunia, durante uma semana, mais de 100 estudantes e professores de várias as partes do país, acampados nas dependências da Embrapa Gado de Leite, em regime de imersão total, também teve que ser virtual neste ano de pandemia. “Mas não foi menor”, garante Martins: “Pela primeira vez tivemos participação internacional, com representantes de três universidades argentinas e uma angolana, totalizando 30 universidades entre nacionais e internacionais”. O evento trouxe como novidade o Milktube, uma coletânea de 57 vídeos curtos temáticos, gravados por 37 pesquisadores da Embrapa Gado de Leite e da Epamig/ILCT, que tem o propósito de inspirar os jovens empreendedores, que desejam gerar soluções para o setor de lácteos.

“Pessoas proeminentes, que representam importantes instituições do agronegócio, enviaram mensagens para os participantes do Vacathon, entre eles os que o movimento denominou de ‘os três tenores do agronegócio nacional’: Alysson Paulinelli, Roberto Rodrigues e José Luiz Tejon (dois ex-ministros da agricultura e uma das maiores autoridades do marketing em agronegócio no Brasil)”. Entre os “presentes” no Vacathon, também estavam três diretores da Embrapa e um secretário de estado de agricultura (Goiás), além de várias entidades como, ABIQ, ABDI e os presidentes da Câmara Setorial do Leite e Derivados do Mapa e o presidente da Aliança Láctea Sul Brasileira.

Martins resume assim, os números do movimento Ideas for Milk, que ainda não acabou: 106 mentores voluntários, 126 avaliadores efetivos, nove entidades participantes e o apoio de empresas de sete segmentos da cadeia. “Reunimos nesta edição o primeiro time do leite brasileiro, percorrendo três grandes trilhas: foodtech, transformação digital e empreendedorismo e inovação”. A final aconteceu no dia 30 de outubro ao longo do dia e já somou 9638 visualizações no Canal Embrapa do Youtube.

Próximos eventos – No próximo dia 11, o Desafio de Startups e a entrega do Prêmio Ideas for Milk de Inovação encerram a edição 2020 do movimento. Participarão do Desafio empreendedores que desenvolveram soluções inovadoras, focadas em recursos digitais (softwares, hardwares, IOT e sensores) e não digitais (design industrial ou de embalagens, equipamentos, processos, tratamento ou aproveitamento de resíduos, etc). A finalíssima será transmitida ao vivo no canal do Youtube da Embrapa e no Repileite (rede social da Embrapa Gado de Leite). O evento é uma importante vitrine para as startups participantes: “Trata-se da melhor oportunidade do empreendedor apresentar sua solução para a sociedade e os tomadores de decisão da cadeia produtiva do leite”, diz Martins. Já o prêmio de inovação visa reconhecer produtos e processos de empresas com propósitos alinhados ao desejo do novo consumidor e que estão inseridas na ótica do foodtech.

 O Ideas for Milk é uma realização da Embrapa Gado de Leite, em parceria com Agripoint, Bovcontrol, Ciatécnica, Texto Comunicação. Conta com o Patrocínio Diamante do Sebrae; Patrocínio Ouro da Tetrapak, Boehringer Ingelheim, TIM; Patrocínio Prata da Vaccinar, FAEMG/Inaes, Sistema Ocemg, Sistema OCB, Silemg e Patrocínio Bronze da Nestlé, CLAAS, DSM/Tortuga, ABDI, JA Saúde Animal, Piracanjuba, Vivalácteos, Belgo Bekaert, SENAR/GO, ABIQ, Alta Genetics, Verde Campo e Vivare. Apoio da Microsoft, KER Innovation, Abraleite e Revista Balde Branco. Além do Ideas for Milk Lives, o evento é formado pela Caravana 4.0, Vacathon, Desafio de Startups e pelo Prêmio Ideas for Milk de Inovação.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

Contatos para a imprensa

Telefone: (32) 99199-4757

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…

9846995897?profile=original9846996475?profile=original

Quatro anos após o seu lançamento, em 2016, a nova variedade de capim-elefante BRS Capiaçu, desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite (MG), já garantiu o seu lugar na preferência dos pecuaristas de leite de norte a sul do Brasil (veja mais detalhes no quadro abaixo). Essa expansão em tempo recorde se deve, em grande parte, à parceria com redes de viveiristas credenciados, que garantem o fornecimento da cultivar aos produtores nacionais, além de contribuir para combater a pirataria de mudas. 

Recentemente, com a inclusão de mais quatro viveiristas credenciados, a BRS Capiaçu passa a contar com fornecedores certificados pela Embrapa em toda a região do bioma Mata Atlântica. A Região Nordeste, que não tinha nenhum viveirista, passou a ter (veja relação dos viveiristas credenciados ao fim desta reportagem). O pesquisador da Embrapa Gado de Leite Samuel Oliveira diz que a instituição está fazendo um esforço para disponibilizar viveiristas em todas as regiões do País. “Isso ainda não foi possível porque dependemos da conclusão do teste de Valor de Cultivo e Uso (VCU) para estender a recomendação da cultivar para os biomas Cerrado e Amazônia, questão que em breve estará resolvida”, diz.

O teste VCU é uma das exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o registro de novas cultivares. Os registros são feitos por biomas. Até  agora, a cultivar BRS Capiaçu só possui o VCU para o bioma Mata Atlântica, embora já existam viveiristas interessados em comercializá-la nos estados do Cerrado e da Amazônia.

“A BRS Capiaçu é um grande sucesso entre os produtores de leite. Além de já estar sendo cultivada em todo o Brasil, a forrageira vem despertando também o interesse de produtores de fora do País. Recentemente, um pecuarista da Angola, na África, berço da maior parte das gramíneas usadas em nossa pecuária, adquiriu o produto”, conta Oliveira. 

Segundo o chefe-adjunto de Transferência e Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, há também demanda para que o capim seja introduzido em outros países da América Latina, com negociações avançadas junto à República Dominicana.

“Com o bônus do sucesso, surge também o ônus da pirataria”, preocupa-se Oliveira. Segundo ele, há um comércio de mudas sendo vendidas por pessoas que não têm qualquer registro ou autorização da Embrapa. Ele chama a atenção para o problema: “A Embrapa Gado de Leite não se responsabiliza por mudas de BRS Capiaçu que não foram adquiridas por viveiristas credenciados”. O produto pode ser adquirido de três formas diferentes: mudas em estacas, germinadas ou micro propagadas (feitas a partir de tecido da planta). Quanto ao preço, isso irá depender do tipo de muda e dos ditames do mercado.

9846997079?profile=original

Viveiristas: produção e combate à pirataria de norte a sul do País 

Os viveiristas desempenham importante papel ao fazer com que as cultivares da Embrapa cheguem ao mercado, atuando indiretamente no combate à pirataria de mudas. É o que faz o pequeno produtor de leite na região do Vale do Paraíba José Cabello, que testou na propriedade dele a BRS Capiaçu como alternativa para alimentar o gado durante o inverno. A tecnologia o ajudou a descobrir uma nova atividade econômica: a de produtor de mudas. Para saber mais sobre a forrageira, manteve contatos com a equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite. Ao identificar o potencial da cultivar decidiu integrar a lista de licenciados para produção e comercialização de mudas e hoje já vai para a quarta safra, que ocupa cerca de cinco hectares da fazenda.

“Muitas mudanças ocorreram desde o plantio das primeiras mudas: do manejo correto até a embalagem e o atendimento de pós-venda aos clientes”, conta Cabello, da Mater Genética, localizada em São José dos Campos (SP). O produtor abandonou a venda de leite e agora comercializa bezerros, tendo como atividade principal a de viveirista. E não reclama: “A demanda tem sido crescente ano a ano e 2020 superou as expectativas nos meses de junho e julho, costumeiramente mais fracos de venda”, relata, destacando também os bons resultados com a silagem utilizada para alimentar o rebanho.  “Nossa relação com a Embrapa é bastante sólida. Recebemos o apoio técnico quando precisamos e levamos o nome da Empresa e a tecnologia a todos que procuram pela cultivar”, acrescenta.

Com um jardim clonal de cerca de 600 metros quadrados, credenciado desde 2016, a Agro Comercial Afubra vende mudas da BRS Capiaçu de norte a sul do País. Embora localizada em Rio Pardo (RS), região que fica com 70% da produção, o viveiro comercializa o produto em 16 estados brasileiros, informa o gerente do departamento de produção agroflorestal da empresa, Juarez Pedroso Filho. “Nos surpreendemos com o aumento da demanda, que começou a chegar de Roraima, Tocantins, Amazonas e estados do Nordeste e Centro-Oeste. Na última safra, atendemos cerca de 300 agricultores familiares com a produção de 60 mil mudas rastreadas de ponta a ponta, com nota fiscal e atestado de origem genética para assegurar que estão recebendo uma cultivar da Embrapa”, diz.

Casos de compra e venda de mudas da BRS Capiaçu sem a mediação de um licenciado como a Afubra começam a acontecer. “Clientes contam até sobre venda de sementes da cultivar, coisa que não existe no mercado”, diz o engenheiro florestal. O viveiro atende sob encomenda e não ampliou a área de multiplicação de mudas, a despeito da demanda crescente pela cultivar e dos bons resultados comerciais. 

“O agricultor está habituado a chegar no balcão e pedir um saco de sementes. A muda não está na prateleira e isso é uma mudança de paradigma à qual o produtor precisa se adaptar. A cada cliente que nos procura, explicamos que a entrega não é imediata, que a produção respeita os ciclos da planta e reforçamos ainda a importância de conhecer a origem da cultivar. Esse boca a boca é a nossa contribuição contra a biopirataria”, destaca Pedroso. 

9846998269?profile=original

Potencial de produção e valor nutritivo

A BRS Capiaçu se destaca pela alta produtividade e qualidade da forragem, quando comparada a outras cultivares de capim-elefante. Veja abaixo os índices de produção e nutritivos para plantas com 60 dias de crescimento:

9846999882?profile=original

Silagem - A silagem da cultivar BRS Capiaçu apresenta valor nutritivo comparável ao do milho, com menor valor energético. É indicada para vacas secas e animais jovens. Se utilizada para animais em lactação, a alimentação deve ser suplementada com uma fonte de energia, de acordo com a produção da vaca.

9847000077?profile=original

9847000291?profile=original

Rubens Neiva (MTB 5445/MG)
Embrapa Gado de Leite

Contatos para a imprensa
Valéria Cristina Costa (MTb. 15533/SP)

Secretaria de Inovação e Negócios (SIN)

Contatos para a imprensa

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…

2RHS2Nx?profile=RESIZE_710x

Em outubro, o custo de produção de leite apresentou um novo aumento, de 2,21%. Os grupos ligados à alimentação do rebanho tiveram as maiores altas no mês.

Em 12 meses, o custo de produção já acumula alta de 16,38%, com a alimentação concentrada sendo a principal responsável, com aumento de 35,74% no período.

Veja a análise completa na nova edição do boletim ICPLeite/Embrapa, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. No informativo estão apresentadas as variações para cada grupo componente do custo de produção. Confira!

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

Saiba mais…

9846994058?profile=original

O Programa Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável divulgou na primeira semana de novembro o Boletim Técnico 2020 da Unidade de Referência Tecnológica (URT) localizada no município de Batalha, em Alagoas. Elaborado pela Embrapa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, documento visa fornecer informações que auxiliem o produtor rural a escolher as plantas forrageiras mais adequadas para o seu sistema de produção.

O boletim sugere um cardápio forrageiro elaborado a partir das características físicas e químicas do solo e da avaliação do clima durante os últimos dois anos. Leva em consideração a precipitação, temperatura e umidade relativa do ar, além do teor de água no solo. O cardápio engloba três elementos principais: reserva forrageira (silagem), área de pasto resistente à seca e poupança forrageira na forma de palma. A combinação pode conter, ainda, árvores que servem de alimento e sombra para os animais.

As opções de forrageiras são apresentadas aos assistentes técnicos, extensionistas e produtores por meio de publicações como o boletim e visitas técnicas às URTs. O pesquisador Rafael Dantas, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), lotado na Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), apresentou o cardápio de forrageiras na unidade de Batalha. Ele integra a equipe de pesquisas em Integração Lavoura - Pecuária - Floresta (ILPF) para a Região Nordeste.

“A utilização do cardápio forrageiro traz como vantagens a ampliação da quantidade de forragem disponível na propriedade, fazendo o melhor aproveitamento da área; o aumento na qualidade da forragem por meio do uso de fontes ricas em proteína e materiais que mantém esse qualidade mesmo na época seca; e a redução de risco de perda de lavoura forrageira por ataques de pragas e doenças, diante da diversidade de épocas e tipos de cultivos”, explica Luana Torres, engenheira agrônoma do Senar Alagoas.

“Aproveitar o melhor de cada grupo de plantas, cujas potencialidades se somam permitindo autonomia dos produtores no processo de produção do alimento é a contribuição mais relevante para viabilizar a pecuária em qualquer sistema de produção do semiárido, independentemente do tamanho da propriedade”, ressalta Alexis Wanderley, responsável técnico pela URT de Batalha.

Cardápios forrageiros
Ao todo, 16 plantas foram testadas – seis para produção de silagem, outras seis para a implantação de pasto e quatro tipos de palma para poupança forrageira. Para os sistemas mais extensivos, em que a propriedade tem por base grandes áreas de pastagem e o foco é aumentar a produção do pasto, mas há pouca disponibilidade de área com condições ideais para plantio de forrageiras, ou o produtor não dispõe de recursos financeiros, maquinário e nem mão de obra suficiente para investir na produção de forragem, o estudo recomenda a utilização do Milheto BRS 1501 para silagem, Búfell Áridus para implantação de pasto e Orelha de Elefante Mexicana para poupança forrageira.

Para sistemas semi-intensivos, em que a propriedade realiza a manutenção do rebanho no pasto apenas no período chuvoso e faz o confinamento na estiagem, com alimentação do rebanho à base de silagem e fornecimento de palma forrageira no final da época seca, o boletim técnico recomenda a utilização de Sorgo Ponta Negra para silagem, Andropogon para pasto e Ipa Sertânia para poupança forrageira.

Já no caso dos sistemas intensivos, que utilizam o pasto, mas não dependem dele, pois são produzidos grandes volumes de silagem ou dispõe-se de um palmal extenso e adensado, o estudo recomenda a utilização de Milho BRS 2022 para silagem, capim Massai para pasto e palma Miúda para poupança forrageira.

Além das informações detalhadas sobre solo, clima e desempenho de todas as plantas testadas na URT de Batalha, o Boletim Técnico 2020 do Programa Forrageiras para o Semiárido traz orientações sobre preparo de solo, época de plantio, de colheita e tratos culturais, entre outras. Para acessar o documento na íntegra, clique aqui.

Aplicativo
O Programa Forrageiras para o Semiárido é uma iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – por meio do Instituto CNA – e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As pesquisas acontecem em 13 Unidades de Referência Tecnológicas distribuídas no semiárido Brasileiro, o que inclui todos os estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais.

Em Alagoas, o projeto conta com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal –, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar AL – e do Governo do Estado, que cedeu uma área do Parque de Exposições Mair Amaral, em Batalha, para a realização das pesquisas.

O projeto avalia o potencial produtivo e a adaptação das plantas forrageiras às condições climáticas do semiárido para recomendação de novas opções de fonte de alimento para os rebanhos. Além disso, oferece o aplicativo Orçamento Forrageiro, ferramenta móvel que auxilia o produtor no processo de planejamento alimentar dos recursos forrageiros dos diversos sistemas de produção. O aplicativo está disponível nas plataformas Android e IOS.

 

Texto e fotos por Álvaro Müller para o Senar-AL, com edição de Saulo Coelho.

Saulo Coelho (MTb/SE 1065)

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Contatos para a imprensa

Telefone: (79) 4009-1381

Saiba mais…

2RHS2Nx?profile=RESIZE_710x

Em outubro, os preços do leite ao produtor registraram nova alta.

Entretanto, milho e soja tiveram aumentos bem mais expressivos e pioraram a relação de troca ao produtor de leite.

Veja essa análise completa na edição de novembro do boletim Indicadores Leite e Derivados, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. No informativo estão apresentados os dados mais atuais de preço do leite ao produtor e ao consumidor no Brasil, preços internacionais do leite em pó e balança comercial de leite e derivados. 

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

Saiba mais…

2RHS2Nx?profile=RESIZE_710x

Essa publicação apresenta resultados mais detalhados da pesquisa sobre o consumo de lácteos durante a pandemia realizada entre abril e maio de 2020.

Os novos resultados foram estratificados por classes de renda e regiões do Brasil e mostraram diferenças importantes entre os grupos analisados.

Veja a análise completa no relatório "Consumo de lácteos na pandemia: uma análise das variações de consumo entre as classes de renda e regiões do Brasil", disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.
 

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

Saiba mais…

9847011283?profile=original

Embrapa  e representantes do setor produtivo participam dos trabalhos do Comitê 


Na última Assembleia-Geral da Federação Internacional do Leite/International Dairy Federation (FIL/IDF), realizada em 2 de novembro, foi eleito Piercristiano Brazzale, membro do Comitê Brasileiro FIL/IDF (CB FIL/IDF), para exercer a Presidência Mundial da FIL/IDF (FIL/IDF), numa gestão pelos próximos quatro anos. 

 
É a primeira vez na história que um país latino-americano elege um presidente para FIL/IDF. Junto a mais de uma centena de partícipes do setor produtivo, a Embrapa participa ativamente dos trabalhos do CB FIL/IDF, contribuindo de forma decisiva para chancelar programaticamente os trabalhos do Comitê, especialmente sob a dimensão científica. Os objetivos do CB FIL/IDF alinham-se diretamente aos objetivos globais da organização, que consistem na busca constante de soluções para a qualidade, integridade, segurança e sustentabilidade de toda a cadeia de lácteos, em suas diversas dimensões, fornecendo ao consumidor leite e produtos lácteos nutritivos e de alta qualidade. A participação ativa do Brasil na mais importante organização global de lácteos não somente contribui para a agenda técnica, científica e estratégica do setor em todo o mundo, mas o país e a pesquisa nacional são, em contrapartida, beneficiados pelo acesso à ciência, tecnologia e estratégia de ponta. 
 
Segundo o diretor-técnico-científico do Comitê Brasileiro da FIL/IDF, Marcelo Bonnet, analista da Embrapa Clima Temperado, a conquista inédita da ocupação do Brasil na  Presidência da FederaçãoFIL/IDF é um fato histórico notável. “Em 118 anos de história desta entidade sem fins lucrativos, a Presidência Mundial é um alcance importantíssimo para agenda brasileira junto ao setor lácteo global, especialmente quando se considera a filiação recente do Brasil na FIL/IDF, em 2019, quando o Comitê Brasileiro foi reconhecido oficialmente, com liderança da Embrapa Clima Temperado. Apesar de tão jovem e dos desafios que ainda enfrenta pela falta de apoio financeiro e estratégico do governo e de algumas empresas, o Comitê Brasileiro FIL/IDF já é considerado um dos mais ativos do mundo, e essa conquista coroa esse reconhecimento”, ponderou.


Bonnet ainda afirma que a ocupação do País neste Comitê é prova da viabilidade de integração público-privada de alto impacto, visto que as taxas anuais de participação do Brasil na FIL/IDF são totalmente custeadas por parte do setor produtivo, sem qualquer contribuição financeira governamental. “Os diversos Subcomitês do CB atuam de forma extremamente dinâmica e integrando governo, indústria e produtores, nas mais diversas áreas do conhecimento, em uma arquitetura sem precedentes no país. Talvez seja um exemplo a ser considerado pelas demais cadeias produtivas de alimentos, e o colega Piercristiano Brazzale é um excelente representante desse ideal, agora como Presidente da FIL/IDF”, completou.

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)

Embrapa Clima Temperado

Contatos para a imprensa

Telefone: (053) 3275-8508

Saiba mais…

A água é bem utilizada no campo?

9846993060?profile=original

A série Diálogos para Conservação do Solo e da Água chega à quarta edição no dia 18 de novembro (quarta-feira), às 17h (não é necessária inscrição). A live abordará o uso eficiente dos recursos hídricos no meio rural A transmissão poderá ser acompanhada aqui, com direito a perguntas dos espectadores. Os convidados são os pesquisadores da Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ), Rachel Bardy Prado e Silvio Lucena Tavares, e a também pesquisadora da Embrapa Solos UEP Recife (PE), Maria Sônia Lopes. A moderação ficará a cargo de Fabrício De Martino, consultor em inovação e criatividade, enquanto a artista plástica Milena Pagliacci vai elaborar o mapa mental do encontro. 

A série Diálogos para a Conservação do Solo e da Água tem o objetivo de sensibilizar o público em geral sobre a necessidade de ampliar as ações que potencializam o uso adequado dos recursos solo e água. Saiba um pouco mais sobre a área de atuação de cada cientista convidado para a reunião:

Rachel Bardy Prado: Especialista em Planejamento e Gerenciamento de Águas. Atualmente atua na área de monitoramento e planejamento dos serviços ecossistêmicos, com destaque para os recursos hídricos. É presidente do Portfólio de Projetos da Embrapa de Serviços Ambientais. E participa da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).

Silvio Lucena Tavares: Especialista em Engenharia de Irrigação. Trabalha na área de Agronomia, com ênfase em Física, Manejo e Conservação do Solo e da Água, atuando principalmente nos temas irrigação e drenagem; transporte de solutos; agricultura de precisão e sensores de umidade do solo.

Maria Sônia Lopes: Agrônoma, atua principalmente nas linhas de pesquisa: manejo agroecológico do solo; captação, armazenamento e manejo da água de chuva em áreas de escassez hídrica.

Na live saberemos se a irrigação no Brasil (em relação ao uso da água) é eficiente, como a barragem subterrânea tem contribuído para o uso eficiente da água pelas famílias agricultoras do semiárido brasileiro, quais pesquisas a Embrapa Solos desenvolve visando o uso eficiente da água em sistemas irrigados, se a pesquisa também pode apoiar as políticas públicas relacionadas ao uso eficiente da água, quais as tecnologias de irrigação que podem otimizar o uso da água da barragem subterrânea e a possibilidade de prospectar regiões para implantação das barragens subterrâneas em outras áreas do Brasil, entre outras questões.

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)

Embrapa Solos

Contatos para a imprensa

Telefone: (21) 2179-4578

Saiba mais…

9847012077?profile=original

Quando se fala em ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), o produtor rural e técnicos que atuam em propriedades ainda apresentam muitas dúvidas em relação ao componente arbóreo no sistema integrado. Para ajudar a esclarecer e até a “popularizar” as vantagens das árvores junto às áreas de pecuária e agricultura, a Embrapa Pecuária Sudeste e a Esalq/USP estão promovendo o 6º Simpósio de ILPF do Estado de SP. O evento, gratuito e online, acontece nos dias 19 e 20 de novembro, das 16h às 19h, pelo canal da Embrapa no YouTube.

O Painel “Árvores no Sistema ILPF” começa às 17h30 de quinta (19) e terá a participação dos pesquisadores Marcelo Dias MullerMaurel BehlingVanderley Porfírio da Silva e José Ricardo Pezzopane. Após a palestra dos três primeiros, Pezzopane coordena uma mesa redonda com todo o grupo.

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA

Porfírio, da Embrapa Florestas (Colombo-PR), vai abordar o tema “Importância da Estratégia ILPF na obtenção de outros produtos (e serviços) nas florestas plantadas”. Segundo ele, a importância da estratégia ILPF é a de proporcionar a produção de mais produtos na mesma área. “Por exemplo, uma área de pastagem, ao ser convertida em silvipastoril, mediante a adequada introdução de árvores na pastagem, poderá produzir madeira além do produto animal, como carne, leite, couro, bezerros”, explicou.

Ainda segundo o pesquisador, ao mesmo tempo o silvipastoril provê melhoria das condições ambientais para o conforto térmico animal com reflexo positivo sobre o desempenho produtivo. E a presença das árvores, ao capturarem carbono atmosférico, pode proporcionar valoração ambiental do sistema de produção pecuário com reflexo positivo na imagem, no negócio pecuário. “A integração lavoura-pecuária-floresta é estratégica para a intensificação do uso da terra com sustentabilidade”, descreveu Porfírio.

O pesquisador espera que o evento coopere para a promoção e difusão dos conceitos acerca da integração lavoura-pecuária-floresta. O componente arbóreo é o que tem despertado maior curiosidade por parte dos produtores, por ainda não ser adotado de forma ampla por pecuaristas e agricultores. A popularização do uso da árvore em ILPF vai passar por vários caminhos, segundo Porfírio.

“Eventos como este, focados nos aspectos conceituais e práticos, disciplinas ministradas em cursos acadêmicos (ainda são poucos os cursos das ciências agrárias que tratam do tema) para promover o aumento de massa crítica dos profissionais que atuam no campo, engajamento de instituições de Assistência Técnica e Extensão Rural e cooperativas, eventos específicos de capacitação profissional para a difusão e desmistificação de conceitos e práticas, são algumas veredas que podem ser trilhadas para ‘popularizar’ o tema e promover a transferência de conhecimento e tecnologias sobre essa estratégia de uso da terra. Porém, vale lembrar que não é uma panaceia”, afirmou.

REGIONALIZAÇÃO

Pezzopane disse que a mesa redonda terá três especialistas da Embrapa que trabalham com árvores em sistemas integrados em diferentes regiões do país. “Teremos um enfoque sobre a presença e o manejo das árvores no sistema ILPF nas diferentes regiões e as diversas finalidades que esse produto pode ter quando é inserido num sistema de integração”, explicou.

“Será ainda uma oportunidade de mostrar quais desafios a pesquisa tem trabalhado para tornar a presença do componente arbóreo o mais rentável possível, seja na obtenção de outros produtos ou mesmo no aspecto de serviços ecossistêmicos”, disse ele, que atua na equipe de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP).

Pezzopane lembrou que o evento em formato virtual é uma nova realidade que as instituições de pesquisa e acadêmicas estão experimentando em função da pandemia. Essa forma de transmissão permite que a discussão seja acompanhada em todo o país. “Em geral, temos observado nesse tipo de evento uma grande presença de público. O fato de eles ficarem gravados também permite acessos posteriores. Além disso, temos uma expectativa positiva em função dos quatro painéis programados para o evento”, falou. 

Os temas do simpósio abordam assuntos relativos às características de produção, serviços ambientais, características de comercialização de produtos de sistemas ILPF, buscando experiências de diversas instituições e diversas regiões do país. “Os sistemas integrados apresentam uma dinâmica muito interessante em função das características de cada região, em aspectos ligados ao solo, ao clima, à comercialização.”

Pezzopane também vê na presença da árvore o maior desafio para a ILPF. “Esse componente traz maiores necessidades de manejo e representa mais novidade para os pecuaristas. A gente está desenvolvendo tecnologias exatamente para ampliar esse uso, para tornar a presença da árvore mais rentável, buscar os maiores benefícios e abrir novos caminhos para a comercialização dos produtos via cadeias de certificação”, afirmou.

Para levar informações e tecnologias ao público de interesse, esse tipo de evento é um dos caminhos, de acordo com o pesquisador. Outra forma de popularizar os sistemas integrados é por meio da condução de unidades de referência tecnológica e de pesquisa (URTPs), implantadas pela Embrapa e outras instituições para aproximar esses sistemas de produção dos atores que vão trabalhar com isso, sejam eles produtores ou técnicos da extensão rural e consultores.

“Esses experimentos de longa duração e treinamentos de técnicos são ações que a gente faz no nosso dia a dia para tentar tornar esse tema mais conhecido e mostrar aos produtores os benefícios que a presença da árvore traz ao sistema de produção, tanto na pecuária de corte como na de leite”, concluiu.

Confira mais sobre o evento aqui.

Ana Maio (Mtb 21.928)

Embrapa Pecuária Sudeste

Saiba mais…

As pesquisas sobre eficiência alimentar em bovinos de leite avançam no Brasil. Recentemente, a Embrapa Gado de Leite concluiu seus primeiros estudos com fêmeas da raça Girolando. Outro trabalho vem sendo desenvolvido com fêmeas da raça Gir Leiteiro em lactação. Essas são pesquisas pioneiras em bovinocultura de leite no país (há estudos recentes sobre eficiência alimentar em bovinos de corte). Para o produtor de leite, “eficiência alimentar” pode parecer confuso, mas o significado é simples e de grande interesse do setor: vacas comendo menos e produzindo mais. É possível? “Com toda certeza”, garante a pesquisadora da Embrapa, Mariana Magalhães Campos, coordenadora das pesquisas. “Na sociedade humana, há pessoas que comem menos do que outras e ganham mais peso; com as vacas é a mesma coisa. Algumas podem apresentar melhores resultados, em termos de produção, alimentando-se em menor quantidade ou igual às outras”, completa.

Os estudos possuem aspectos complexos, mas em linhas gerais, o que os pesquisadores fizeram, num primeiro momento, foi observar as características dos bovinos que apresentavam potencial para produzir mais, com menos alimento. A essas características observáveis, dá-se o nome de “fenótipo”. Em uma segunda etapa, os fenótipos serão associados aos genótipos, que são as características genéticas determinantes do fenótipo. As pesquisas com marcadores genéticos darão à ciência as condições necessárias para se obter vacas mais eficientes, possibilitando uma nutrição de precisão com animais selecionados.

Conforme explica a pesquisadora, “a identificação de fenótipos qualificados para eficiência alimentar de fêmeas leiteiras nas fases de cria, recria, pré-parto, lactação e período seco, permitirá a geração de uma base de dados consistente, possibilitando a identificação de características genéticas que poderão ser incluídas nos programas de melhoramento de bovinos de leite”. Em outras palavras, o produtor poderá encontrar, nas centrais de inseminação e produção de embriões o material genético (sêmen ou embrião) que lhe garanta um rebanho com a melhor relação consumo de alimentos/produção de leite. Isso já é possível com outras características, também genéticas, como resistência a endo e a ectoparasitas, problemas de cascos, conformação, produção de sólidos no leite, etc.

Resultados – Um dos primeiros resultados do projeto foi provar que as diferenças de eficiência alimentar podem ter início já na fase de aleitamento das bezerras. Segundo Mariana Campos, “foi possível, de forma pioneira, realizar essa avaliação para diferentes índices como consumo alimentar residual, ganho de peso residual e consumo e ganho residual”. O consumo foi dividido entre o esperado e o observado. Animais com consumo menor que o estimado são considerados mais eficientes comparados aos animais com consumo maior que o estimado. Essa característica foi denominada “consumo alimentar residual”.

Mariana explica que a digestibilidade de um alimento é medida pela diferença entre os nutrientes consumidos subtraídos daqueles que foram excretados nas fezes, ou seja, são os nutrientes de fato utilizados. Nos experimentos, ao avaliar as bezerras mais eficientes para consumo alimentar residual, os pesquisadores verificaram diferenças na digestibilidade de nutrientes, fazendo com que algumas vacas obtivessem maior digestibilidade da dieta. Também foram encontradas diferenças no metabolismo das proteínas, na fase de aleitamento.

Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores monitoraram 80 bezerras Gir e Girolando. Duas ferramentas de pesquisa utilizadas durante a avalição foram:

- Máscara facial – máscara facial acoplada ao animal para mensurar trocas gasosas (consumo de oxigênio e produção de metano e gás carbônico). A máscara foi utilizada por 20 a 30 minutos, três horas após a alimentação da manhã. Os animais foram avaliados por dois dias consecutivos. Essa ferramenta estimou a diferença de calor produzido por bezerras mais e menos eficientes. As bezerras mais eficientes produziram menos calor.

- Termografia infravermelha (TIV) – método não invasivo utilizado para indicar alterações biométricas térmicas no metabolismo animal, resultantes do aumento da temperatura corporal e alterações no fluxo sanguíneo em resposta a condições ambientais ou fisiológicas. A aplicação da TIV em ensaios de eficiência alimentar ė baseada na teoria de que animais mais eficientes tem menor requerimento de energia basal. Diferenças em temperatura superficial mensuradas por TIV parecem estar relacionadas com índices de eficiência alimentar.

Os estudos levaram seis anos para ser concluídos. Segundo a pesquisadora Fernanda Samarini os projetos contaram diretamente com 47 pessoas (15 pesquisadores, 15 bolsistas, sete mestrandos e 10 doutorandos). “A rede de parceiros continua aumentando”, diz Fernanda, que completa: “esse tipo de pesquisa envolve uma série de experimentos com animais e dá muito trabalho, mas na velocidade com que avançam as tecnologias em genética molecular, poderemos obter resultados práticos em poucos anos”.

Benefícios para o produtor e para o meio ambiente

“A seleção de animais com maior eficiência alimentar contribuirá para a sustentabilidade dos sistemas de produção” é o que garante Thierry Ribeiro Tomich, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Os bovinos são emissores de metano (CH4) na atmosfera, um dos gases com maior potencial de provocar as mudanças climáticas. “Uma produção mais eficiente diminui a emissão desse gás”, afirma o pesquisador.

Diferente dos animais monogástricos (que possuem apenas o estomago), a digestão dos ruminantes utiliza a fermentação, possibilitando o aproveitamento da celulose como alimento. Em contrapartida, há produção de CH4. “A nutrição de precisão visa também mitigar essas emissões, já que quanto mais eficiente na conversão do alimento e na produção de leite e carne for o bovino, haverá menos emissão de CH4 por produto gerado”, constata Tomich.

O pesquisador destaca ainda que, além da sustentabilidade ambiental, a otimização da nutrição animal pode influenciar de forma expressiva na viabilidade econômica do sistema de produção. Segundo dados da Embrapa, a alimentação representa o principal custo da atividade leiteira (entre 50% e 60%), reduzindo a margem de lucro dos pecuaristas. “Vacas que utilizam os alimentos de forma mais eficiente, consomem menos para atingir o mesmo nível de produção e, dessa forma, são mais lucrativos e produzem mais leite por área cultivada”, conclui.

Parceira com a Universidade de Nottingham, no Reino Unido

Os trabalhos realizados pela Embrapa Gado de Leite despertaram o interesse da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, que possui linha de pesquisa semelhante, estudando raças de clima temperado. A parceria com a Embrapa irá incorporar as raças de clima tropical. Foram assinados dois contratos de cooperação científica. A articulação entre as instituições foi coordenada pelo Labex Europa, que durante dois anos coordenou a preparação do acordo firmado no âmbito do Future Food - Beacon of Excellence, parte de um programa de investimento nas áreas de ciência das plantas e dos animais. Além da Embrapa Gado de Leite, outras unidades (Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Trigo) foram beneficiadas pelo projeto.

Segundo o coordenador do Labex Europa, Vinícius Guimarães, a negociação trouxe oportunidades para a pesquisa, mas demandou esforço na articulação, envolvendo dois coordenadores do Labex, o anterior e o atual. “Trabalhamos juntos no alinhamento às exigências contratuais até a liberação dos recursos no Brasil, por meio da Fundação Arthur Bernardes – Funarbe”, explica. “Apesar de todas as dificuldades, continuaremos em estreita relação com essa importante instituição”. Segundo Guimarães, o apoio financeiro internacional tem sido fundamental para as pesquisas neste momento de restrição orçamentária.

A assinatura dos contratos foi concluída em outubro. O primeiro deles tem como objetivo estabelecer as relações entre eficiência alimentar e emissões de metano de animais Girolando, do nascimento ao final da primeira lactação. Os pesquisadores também pretendem correlacionar a emissão de metano, os índices de eficiência alimentar e o desempenho animal ao sequenciamento genético do microbioma ruminal, além de identificar os biomarcadores para animais mais eficientes.

O segundo contrato prevê a avaliação da associação da eficiência alimentar e o status imunológico, o microbioma ruminal, vaginal e do leite de bovinos leiteiros da raça Holandesa (realizado no Reino Unido) e da raça Gir Leiteiro (realizado na Embrapa Gado de Leite). Prevê ainda comparar microbiomas e fenótipos de vacas Gir Leiteiro em condições climáticas tropicais e vacas holandesas em condições temperadas, identificando similaridades e diferenças entre as raças europeia e indiana. Como no primeiro projeto, espera-se identificar biomarcadores para animais mais eficientes. Os projetos têm a duração de dois anos.

Instituições parceiras

Além da Universidade de Nottingham, no Brasil as pesquisas contam com as seguintes instituições parceiras:

- Universidade Federal de Minas Gerais

- Universidade Federal de Viçosa

- Universidade Federal do Sudoeste da Bahia

- Universidade Federal de Juiz de Fora

- EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

- Associação Brasileira dos Criadores de Girolando

- Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro

- Fazenda Canoas

- Intergado

- Allflex

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

Mais informações: https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/56921569/rebanhos-produzindo-mais-leite-com-menos-alimento-sao-a-nova-fronteira-da-pesquisa-agropecuaria

Saiba mais…

9847002283?profile=original9847004052?profile=original

Cientistas brasileiros e americanos conseguiram aperfeiçoar a técnica de fermentação líquida submersa (FLS), visando à produção em escala industrial de biomassa de fungos filamentosos, usados na composição de pesticidas biológicos para a proteção de culturas. O método é voltado especialmente aos fungos entomopatogênicos e micoparasitas de importância agrícola.

A produção de fungos por meio da fermentação líquida foi aprimorada durante a realização de doutorado do analista da Embrapa Meio Ambiente (SP) Gabriel Mascarin, nos Estados Unidos, em 2015, orientado pelo pesquisador Mark Alan Jackson, do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ARS-USDA). A pesquisa obteve sucesso com os fungos Beauveria bassiana e Trichoderma.

As pesquisas culminaram no registro de duas patentes de uso comum nos países. A técnica também pode ser adaptada para produção de outros fungos benéficos, como Cordyceps (Isaria), Akanthomyces (Lecanicillium), Hirsutella e Metarhizium, entre outros.

Mascarin destaca o valor estratégico do novo sistema para a indústria, pois torna possível a produção rápida e econômica de altas concentrações de células fúngicas mais tolerantes à dessecação, mais estáveis e infectivas que aquelas obtidas pelo processo que a indústria tem usado, ou seja, o sistema de fermentação sólida-estática (FSE). Nesse segundo sistema, grãos umedecidos de cereais são comumente usados como substratos para obtenção de conídios, porém é um processo caro, moroso, de difícil controle de qualidade e que demanda muita mão de obra.

“Acreditamos que o avanço gerado pode revolucionar a indústria de bioinsumos, uma vez que a tecnologia abre o caminho para substituição dos processos na planta industrial, que atualmente estão calcados na fermentação sólida, um método oneroso e economicamente menos eficiente.” 

9847004877?profile=original

Capaz de revolucionar a indústria de bioinsumos

O cientista explica que com a fermentação sólida, os conídios exigem até 20 horas para germinarem, após a reidratação. Com a fermentação líquida, os blastosporos de Beauveria, por exemplo, alcançam um índice germinativo de até 90% em apenas sete horas. Também é possível produzir esses blatosporos em apenas dois ou três dias com a FLS, enquanto na fermentação sólida, a produção leva mais de dez dias.

No caso da produção dos microescleródios de Trichoderma, a biomassa fúngica é obtida no período de três a cinco dias, enquanto a fermentação sólida-estática pode levar mais de sete dias. “Outro destaque é o fato de os microescleródios consistirem em uma estrutura de resistência nunca antes descrita para Trichoderma. Sua formação é inédita sob condições de fermentação líquida submersa. Por esse motivo, esses microescleródios são ideais para tratamento de sementes e aplicação no solo”, revela. 

Mascarin ainda ressalta que o domínio tecnológico do processo vem demonstrando capacidade em atender a uma demanda da indústria de defensivos biológicos, que anseia pelo desenvolvimento de métodos mais eficientes e de baixo custo, capazes de viabilizar economicamente a produção em larga escala desses fungos, usados no biocontrole de pragas e doenças como alternativa ao uso de pesticidas químicos.

Ele conta que a nova tecnologia nasceu da necessidade de superar as barreiras limitantes impostas pelo método de fermentação sólida. “A nossa pesquisa conseguiu demonstrar a viabilidade técnica e econômica de produção dessas estruturas e, no caso particular de Trichoderma e Beauveria, é a primeira vez que isso ocorre. Entendemos como uma contribuição da ciência para a sociedade, com enorme potencial de impactar positivamente todo o setor de biodefensivos, com reflexos igualmente grandes no mercado”, prevê Mascarin.

Para Amália Borsari, diretora-executiva de biológicos da CropLife Brasil,  associação que representa os diversos setores que compõem o agronegócio, como a proteção de culturas, sementes, biológicos e biotecnologia, “toda tecnologia que reduz o custo de produção, otimizando a eficácia do ativo biológico, é muito bem-vinda para as indústrias de biodefensivos”. Borsari pontua que a maior parte das empresas viabilizam sua produção de fungos via fermentação em meio sólido, porém necessitam de mais mão de obra, espaço físico, tempo de fermentação, além de um maior rigor no controle de contaminantes e de qualidade. “Essa nova tecnologia da Embrapa é bastante promissora para o setor industrial, se for capaz de reduzir esses fatores adversos.” Ela lembra ainda que é importante a validação da tecnologia na indústria para ajustes, a depender do ativo biológico e do isolado. 

Automação do processo diminui custos

A pesquisa destaca a FLS como mais moderna, flexível e aderente à realidade industrial brasileira, uma vez que é superior em relação ao método convencional. Na FLS, o ambiente se apresenta mais homogêneo e uniforme quanto à distribuição e disponibilização dos nutrientes do meio ao crescimento do fungo. Essa homogeneidade é possível porque o sistema é operado em biorreatores automáticos e controlado por computadores.

Mascarin destaca que esse conjunto de características do método culmina na facilidade de controlar as variáveis físico-químicas do processo, que podem ser ajustadas aos melhores valores, resultando em maior eficiência, qualidade e produtividade de biomassa fúngica, mesmo quando produzida em grandes volumes. 

9847004669?profile=original

Parceria com setor privado

Empresas do setor de biopesticidas têm procurado a Embrapa para desenvolver projetos de otimização de FLS para fungos biocontroladores de insetos, fitopatógenos e nematoides. “Nesse modelo de parceria público-privada, conseguimos realizar estudos desde pequenos volumes – em escala de mililitros – usando frascos agitados, até com alguns litros, em biorreatores de bancada, sempre buscando meios nutritivos de baixo custo que proporcionem maior eficiência e alto rendimento na produção do propágulo de interesse. Além disso, é fundamental que o propágulo produzido seja testado quanto à sua atividade biológica contra o alvo a que se destina o uso”, ressalta Gabriel Mascarin. 

O próximo passo consiste em validar o processo fermentativo junto à empresa em sua planta-piloto, a fim de ajustar os parâmetros da produção à realidade industrial, atrelado ainda ao desenho de estratégias de formulação após a produção do propágulo fúngico. 

9847005259?profile=original9847005501?profile=original

 

Pesquisa e inovação

Para o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, que foi coordenador do Grupo de Trabalho em Controle biológico do Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul (Cosave), este é um momento muito especial.

“O Brasil é líder no desenvolvimento de tecnologias para a agricultura tropical e possui conhecimento e estrutura para despontar no cenário mundial como um grande inovador no desenvolvimento de produtos biológicos, especialmente por sua riqueza em biodiversidade. O País se tornou um dos pioneiros em todo o mundo na produção e uso de agentes de controle microbiano e inimigos para controlar pragas e doenças em milhões de hectares. O mercado brasileiro de agentes de biocontrole tem crescido e se diversificado significativamente nos últimos anos”, afirma Morandi.

"O controle biológico há muito deixou de ser o 'patinho feio' da sanidade vegetal. É hoje uma ciência robusta e reconhecida. Soluções tecnológicas para os desafios da implementação do controle biológico no campo estão em pleno desenvolvimento nas instituições de pesquisa e nas empresas. O desenvolvimento e o domínio da técnica de fermentação líquida submersa (FLS) é um marco nesse processo. Tem o potencial de revolucionar a produção de agentes fúngicos de controle, dando maior escala e qualidade aos produtos”, conclui.

9847006089?profile=original

Marcos Vicente (MtB 19.027/MG)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: (19) 3311 2611 e (19) 98396 7764

Mais informações sobre o tema

Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Saiba mais…