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Hortas em pequenos espaços, Introdução a biofortificação e Controle de carrapato em bovinos de leite estão na lista dos 14 cursos gratuitos que estão com inscrições abertas este mês de abril na plataforma e-Campo da Empresa Brasileira de pesquisa agropecuária (Embrapa). Os conteúdos são elaborados por equipes técnicas da Empresa e os participantes que aproveitarem a quarentena do cornonavírus para se capacitar vão ter direito a certificado.
“O confinamento físico imposto pela Covid-19 tem feito crescer a procura por cursos online. Como forma de dar sua contribuição neste momento e manter a conexão com seus públicos, a Embrapa abrirá inscrições gratuitas para 14 capacitações nesta modalidade”, argumenta o secretário de Inovação e Negócios (SIN), Daniel Trento. Ele destaca a participação de oito centros de pesquisa da Embrapa na oferta das capacitações gratuitas.
A plataforma coordenada pela SIN é acessada principalmente por produtores rurais, técnicos e estudantes das regiões Sudeste, Sul e Nordeste e já conta com participantes de 15 países, da América latina em especial. Segundo levantamento da Secretaria, nos primeiros três meses deste ano o e-Campo registrou 14.799 inscrições. Desde o lançamento da plataforma, em 2018, já foram 130.558 inscritos nas quase 40 capacitações ofertadas pela Embrapa e parceiros.
Conteúdos
Os conteúdos são elaborados por equipes técnicas da Empresa e possuem linguagem e estratégia de ensino-aprendizagem adequados ao público-alvo e à modalidade a distância. Os cursos oferecidos via e-Campo abrangem diversas cadeias produtivas e temáticas, desde a recuperação de pastagens degradadas, passando por boas práticas agropecuárias à formação de facilitadores de aprendizagem, por exemplo. Entre as 14 capacitações disponíveis de forma gratuita no momento, cinco são destinadas à cadeia leiteira.
A Embrapa Gado de Leite irá disponibilizar ao longo do mês de abril os cursos: Controle de carrapato em bovinos de leite; Silagem de milho e sorgo para gado de leite; Silagem de capim para produção de leite de qualidade; Melhoramento genético e controle zootécnico de rebanhos leiteiros e ainda Amostragem, colega e transporte do leite. Já a Embrapa Milho e Sorgo disponibilizará versões gratuitas de duas capacitações de grande sucesso: Recuperação de Pastagens Degradadas (ABC) e IrrigaWeb (capacitação em uso e manejo de irrigação para uso racional da água).
Também estão disponíveis: Sistemas Agroflorestais para pequenas propriedades do semiárido brasileiro e O Potencial Agronômico de Dejetos de Suínos que são conteúdos abordados por técnicos da Embrapa Caprinos e Ovinos e da Embrapa Suínos e Aves, respectivamente. Já a SIN traz um tema de interesse de todas as cadeias produtivas, que é a Formação de facilitadores de aprendizagem.
Público urbano
Entre os cursos ofertados gratuitamente durante o período de quarentena, também o público urbano pode encontrar capacitações de interesse, como as abordagens dos cursos: Hortas em pequenos espaços, preparada pela Embrapa Hortaliças, e Compostagem, tema tratado por equipe da Embrapa Agrobiologia.
A biofortificação de alimentos é outro assunto com potencial de atrair a parcela da sociedade interessada em conhecer melhor como a ciência tem trabalhado para oferecer alimentos mais saudáveis à população - curso Introdução à biofortificação foi preparado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos. A temática ambiental também chama atenção do público urbano que tem a oportunidade de acompanhar a capacitação Biodiesel, da Embrapa Agroenergia, e entender como a pesquisa trabalha a questão.
Inscrição e Certificado
Para participar, basta se inscrever no curso do seu interesse e já começar a aprender. As capacitações têm cargas horárias específicas e, portanto, prazos distintos para conclusão. Todo participante que atender aos critérios mínimos fará jus a um certificado de conclusão.
Para mais informações: e-campo@embrapa.br
Valéria Cristina Costa (MTb. 15533/SP)
Secretaria de Inovação e Negócios (SIN)
Valeria.costa@embrapa.br
Telefone: 61 3448.4807
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Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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O novo coronavírus (COVID-19) veio para mudar a realidade de todos. A forma de viver que conhecíamos há alguns meses não corresponde mais às nossas atuais expectativas. Fomos forçados de uma hora para outra a mudar hábitos e rotinas, e adaptarmos à nova realidade que nos permeia. Isto fica claro nos grandes centros urbanos, onde as aglomerações e interações sociais foram praticamente interrompidas do dia a dia das pessoas.
Mas, e no meio rural, o que mudou? Tenho acompanhado relato de fazendas de produção de leite que também tiveram que tomar medidas para proteger a saúde de seus trabalhadores e, assim, manter o negócio viável e rodando. Afinal de contas, produzir leite é todo dia! Medidas sanitárias estão sendo adotadas e/ou reforçadas, como a higienização de veículos e pessoas que adentram a propriedade. Restrição de circulação e de aglomerações entre funcionários também estão entre as medidas, assim como a de visitação de parentes, amigos e fornecedores estão sendo restringidos e avaliados caso a caso. Escalas de trabalho estão sendo revistas para diminuir o número de funcionários que atendam à um mesmo setor no mesmo horário. Enfim, todo um modelo de operação e de negociação está sendo revisto. Como exemplo, o aumento de compras por meio digital parece ser uma tendência nesses novos tempos. Fornecedores e produtores estão desenvolvendo novas formas de interação, pois aquela visita presencial ainda continua sendo uma ameaça à saúde, pelo menos por enquanto. Obviamente, serviços essenciais, como de manutenção de equipamentos, continuam operando com todas as medidas de segurança que a situação requer.
É certo que esse ciclo pandêmico passará e a vida aos poucos tomará o seu curso normal. Será? Em parte, sim, mas acredito que algumas mudanças serão incorporadas e transformará a sociedade atual, imprimindo novos modelos de se fazer negócio, de se trabalhar, de pensar e reinventar. Talvez esse seja o maior desafio que a nossa geração está vivenciando, mas se podemos nos espelhar no passado os grandes desafios sempre moveram a sociedade, promovendo o desenvolvimento tecnológico, a evolução social e o dinamismo econômico. Acreditar e mudar são as palavras do momento!!!
Nesse contexto, gostaríamos de saber de você produtor, e profissionais relacionados à cadeia do leite, o que têm feito em relação ao combate do novo coronavírus para manterem os seus negócios rodando e saudáveis?
Quem puder contribuir nesta pesquisa. Está sendo feita pelo Luiz Gustavo Pereira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. O objetivo é identificar quais tecnologias estão sendo utilizadas no campo e direcionar e fomentar o desenvolvimento e o uso na pecuária leiteira. Os dados informados são confidenciais e não serão divulgados individualmente.
Para participar CLIQUE AQUI!
Tratamentos alternativos, como homeopatia e fitoterápicos, além de boas práticas em sistemas de produção animal, podem contribuir para redução do uso de antibióticos e antiparasitários. A utilização inadequada ou indiscriminada desses medicamentos pelo produtor rural aumenta as chances de surgimento e propagação de bactérias e parasitas resistentes.
No Sistema de Produção de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) está sendo usada a homeopatia para prevenção de algumas doenças comuns no rebanho leiteiro.
De acordo com a pesquisadora Teresa Alves, produtos homeopáticos são misturados à ração para diminuir problemas como diarreia em bezerros, carrapatos nos animais e sistema imunológico debilitado. Além disso, para prevenir a retenção de placenta, é usado um produto na forma de spray direto na vulva das vacas logo após a parição.
No caso da diarreia, as primeiras semanas de vida do animal são as mais críticas, porque a imunidade é baixa. A atenção do pecuarista na vida inicial do bezerro vai refletir no seu desenvolvimento produtivo e reprodutivo.
Já para o carrapato, todo o rebanho recebe a homeopatia. “Começamos com plano estratégico com uso de tratamento químico. Agora, a ideia é fazer a transição e manter apenas com a homeopatia”, conta.
Em relação ao fortalecimento, os animais que passam por alguma intervenção terapêutica recebem homeopatia. Teresa explica que nesse caso o homeopático agiria como um complexo vitamínico melhorando a imunidade.
Além da prevenção de doenças, o custo de tratamentos homeopáticos é relativamente baixo. A ideia, segundo Teresa, é que a homeopatia melhore a saúde animal e reduza o uso de antibióticos, diminuindo os riscos da resistência e contaminação ambiental.
Experimento
Uma pesquisa realizada em 2015 na Embrapa Pecuária Sudeste testou a homeopatia em bezerros de leite recém-nascidos até completarem 60 dias de vida. O tratamento mostrou-se eficaz para diarreia. Cerca de 25% dos animais tratados com homeopatia não tiveram nenhuma ocorrência de diarreia no período do experimento.
Além do tratamento alternativo, boas práticas de manejo animal ajudaram a reduzir a diarreia no Sistema de Produção de leite do centro de pesquisa.
Medidas simples como garantir que recém-nascido receba o colostro nas primeiras seis horas de vida, cuidados com a higiene do local onde os bezerros ficam, limpeza dos equipamentos usados para fornecimento de leite, comedouros e bebedouros sempre limpos, são eficientes e contribuem para o bem-estar e saúde animal.
Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste
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Localizada em Juiz de Fora (MG), a Embrapa Gado de Leite colocou à disposição do governo federal sua estrutura instalada para ajudar na realização de testes laboratoriais de identificação da Covid-19. Os testes serão realizados por meio do equipamento Real Time PCR, que obtém resultado com 99,6% de acurácia (precisão). Deverão ser recebidas amostras de Juiz de Fora e municípios próximos.
A Embrapa Gado de Leite possui três equipamentos RT-PCR e seis profissionais treinados para operá-los com o nível de segurança que a ação exige. A equipe deverá ser ampliada por meio de parceria com outras instituições da região. Assim, informa ter capacidade para realizar até 1.100 análises por dia, com escala de trabalho 24 horas.
Como os testes do Covid-19 serão feitos?
A Embrapa Gado de Leite irá se tornar uma importante aliada do sistema de saúde de Juiz de Fora e região. A missão da empresa de pesquisa será fazer o teste laboratorial que identifica a presença do Covid-19. Portanto, não caberá à Embrapa atender diretamente a população.
A coleta de amostras de saliva dos pacientes suspeitos continuará sendo feita pelo sistema de saúde. Em seguida, a amostra é processada para extrair uma parte do material genético, o RNA, que também é o tipo de informação genética que o vírus carrega.
A Embrapa Gado de Leite será responsável pela terceira etapa do processo, que é o testagem do RNA, utilizando o equipamento RT-PCR. Esse teste confirma a presença ou a ausência do Coronavírus, com 99,6% de acurácia (precisão). A técnica amplifica o RNA do Covid-19 nas amostras positivas.
O trabalho será feito por uma equipe de pesquisadores doutores, capacitada em universidades brasileiras e internacionais de referência. Outro fator importante para assegurar a acurácia dos resultados é o uso de equipamentos de última geração com a calibração correta.
Os resultados dos testes RT-PCR serão enviados às autoridades sanitárias de cada município para que os pacientes saibam se estão infectados ou não e para que ocorra o controle da doença na região.
Saiba mais clicando aqui
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa (Sire) / Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Gado de Leite
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Telefone: 32 3311-7548
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A gestão da água precisa estar inserida no dia a dia do produtor para uma pecuária cada vez mais sustentável e rentável. Neste domingo, 22, foi celebrado em todo o mundo o Dia da Água. A oferta e a qualidade dos recursos hídricos têm impacto direto na produção pecuária. O leite, por exemplo, contem em média 87% de água. Além disso, animais e serviços de rotina de produção necessitam desse recurso.
De acordo com o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), é preciso conhecer e medir o consumo de água nas fazendas para uma pecuária hidricamente mais eficiente e sustentável. Para isso, o produtor rural deve adotar boas práticas na propriedade e instalar equipamentos para medir o consumo, como os hidrômetros. “Se água é realmente importante, ela deve ser manejada todos os dias, assim como manejamos os animais, as pastagens, etc. Não podemos deixá-la em segundo plano. Se fizermos isso, corremos o risco de não tê-la em quantidade e com qualidade necessária em um futuro não muito distante. Algumas regiões do país já têm experimentado crises hídricas. Se internalizarmos o manejo hídrico, conseguiremos reduzir possíveis impactos negativos da atividade pecuária”, adverte Palhares.
O hidrômetro é um equipamento simples e com custo baixo. Segundo o pesquisador, essa ferramenta é importante para a preservação e conservação da água. A instalação de hidrômetros possibilita ao produtor saber quanto está sendo consumido e onde estão os desperdícios, contribuindo para a tomada de decisões e eficiência no uso da água.
A Embrapa Pecuária Sudeste trabalha desde 2011 em pesquisas para melhorar a gestão hídrica na produção de carne e leite. Há medidas simples para diminuir o consumo desse recurso e muitas delas não dependem de investimento. Práticas como raspagem do piso nas instalações animais, uso de água sob pressão, mangueira de fluxo controlado ao invés de fluxo contínuo e eliminação de vazamentos são eficazes e de baixo custo. Cisternas para captação de água da chuva, reuso da água de lavagem de instalações para fertirrigação, instalação de hidrômetros para monitoramento e irrigação noturna também são recomendados.
Para manter a qualidade da água dos animais e assim garantir sua saúde é importante manter os bebedouros limpos. O ideal é limpá-los diariamente. O intervalo de lavagem não deve ultrapassar a três ou quatro dias, conforme Palhares. Ele ainda recomenda que o pecuarista não permita que o gado beba água de rios, córregos, lagos e lagoas de forma direta. O produtor deve fornecer a água de uma fonte confiável.
Para discutir sobre a água na pecuária, nos dias 22 e 23 de outubro, a Embrapa Pecuária Sudeste realiza o Simpósio de produção animal e recursos hídricos (VI SPARH), que ocorreria em março. O evento alterou a data devido a epidemia de coronavírus no Brasil. “Vivemos um tempo de angústia com a situação de saúde que assola o mundo e nosso país (Covid-19). Devemos mudar nossas rotinas e repensar nossos hábitos para que a nossa saúde e a da humanidade seja preservada”, afirma Palhares, coordenador do SPARH.
Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste
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Celso L. Moretti*
A agricultura brasileira é movida a ciência. Poucos países podem afirmar o mesmo. Em pouco menos de cinco décadas o Brasil saiu da situação de importador para se tornar num dos maiores exportadores de alimentos, fibras e bioenergia do mundo. É uma história de sucesso, uma saga que todos os brasileiros, no campo e na cidade, devem conhecer. É motivo de orgulho neste 20 de março, em que comemoramos o Dia Mundial da Agricultura.
Com ciência, nas últimas cinco décadas, incrementamos a produção de grãos em cinco vezes com aumento correspondente de apenas duas vezes na área plantada. Elevamos a produção de leite de 5 para 35 bilhões de litros. Aumentamos a produção de trigo e milho em 250% e a de arroz em mais de 300%. A cafeicultura quadruplicou a produtividade nos últimos 25 anos. E a produção de carne de frango deu um salto magnífico: cresceu praticamente 65 vezes, saindo de 200 mil toneladas na década de 70 para 13 milhões de toneladas em 2018.
A transformação não ocorreu ao caso. Foi fruto de um robusto investimento em ciência, tecnologia e inovação, da parceria entre o setor público e o privado. Com ciência transformamos um passivo, os cerrados, com vegetação retorcida e solos ácidos e pobres, num dos maiores ativos do país. Celeiro de grãos, frutas, hortaliças e proteína animal, em 2019 os cerrados entregaram mais da metade da produção de grãos e cana de açúcar do país.
Com ciência, tropicalizamos grãos, como a soja e o trigo, forrageiras africanas e o gado europeu e indiano. A produção de trigo nos trópicos é inédita e já ocupa 130 mil hectares dos cerrados brasileiros. Pode chegar a dois milhões de hectares e tornar o Brasil autossuficiente na produção do grão.
Com ciência desenvolvemos novas raças bovinas, como a girolando, tão produtivas quanto as europeias e mais adaptadas aos trópicos. Foi também com ciência que o Brasil criou uma plataforma de produção agropecuária sustentável, com tecnologias como o plantio direto, a fixação biológica de nitrogênio, o controle biológico e a intensificação sustentável, com produção de grãos, proteína animal e florestas numa mesma área. Os sistemas integrados já ocupam 15 milhões de hectares.
A fixação biológica de nitrogênio economiza para o país, anualmente, algo em torno de 13 bilhões de dólares que deixam de ser gastos com adubos nitrogenados, sobretudo importados. É um verdadeiro ovo de Colombo. De quebra, contribui para que aproximadamente 60 milhões de toneladas equivalentes de CO2 deixem de ser emitidas na atmosfera. Em 2019 o segundo ovo de Colombo foi lançado pela Embrapa: o BiomaPhos, um bioinsumo que atua sobre o fósforo aprisionado nos solos, tornando-o disponível para as plantas. O produto, que vem sendo pesquisado há 17 anos, já foi testado em mais de 300 áreas agrícolas no país. Para o milho trouxe elevação de produtividade da ordem de 10%. Vai contribuir para termos mais alimentos à mesa. E possibilitar que o Brasil importe menor fosfato.
O agro brasileiro é o setor mais competitivo e disruptivo da economia brasileira. É também um dos que menos recebe subsídio governamental. Responde 21% do PIB, um quinto de todos os empregos e quase metade das exportações brasileiras. Alimentamos um em cada cinco habitantes do planeta e fazemos isso de forma sustentável: protegemos, preservamos ou conservamos 66,3% da vegetação e florestas nativas. Os produtores preservam um quarto do território brasileiro dentro das propriedades rurais, sem receber nada por isso.
Com uma agricultura movida a ciência garantiremos o futuro e a segurança alimentar da população brasileira e mundial. É no banco genético da Embrapa, localizado em Brasília, DF, o 5o maior do mundo, que estão armazenadas mais de 120 mil amostras de animais, plantas e microrganismos, vindos de todas as partes do mundo. Há espaço para 700 mil amostras. Uma verdadeira Arca de Noé. É lá que buscaremos variabilidade genética para enfrentar novas pragas e doenças que poderão atacar plantações e animais em solo brasileiro. É uma questão de segurança nacional.
Nos próximos dez anos os desafios serão diversos e complexos. Em 2030 teremos 8,5 bilhões de pessoas. A demanda por alimentos aumentará 35%, enquanto a de energia e água crescerão 40 e 50%, respectivamente. Precisaremos de mais conhecimento, mais ciência e tecnologia. Edição genômica, gestão de riscos, agricultura digital, intensificação sustentável, bioinsumos e os microbiomas são temas que estarão no centro da agenda da ciência agrícola da próxima década. A conectividade no campo será crucial para que avancemos de forma consistente. Hoje, segundo dados do IBGE, mais de 70% das propriedades rurais não tem acesso à internet. A China já tem 95% do seu território conectado. Os EUA avançam a passos largos. A ausência de conexão no campo pode atrasar o desenvolvimento e reduzir a competitividade do agro brasileiro.
A ciência moveu a agricultura nas últimas cinco décadas. Seguirá tendo papel central na modernização do agro e no aumento da capacidade de produção, competitiva e sustentável, da agricultura brasileira.
Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 20 de março de 2020.
Celso L. Moretti é presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
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* Artigo publicado originalmente na Revista Balde Branco de fevereiro de 2020
Dando sequência à série especial sobre os resultados do último Censo Agropecuário do IBGE, nessa edição iremos analisar os dados estaduais relativos à atividade leiteira no Brasil. Para isso apresentamos quatro indicadores para os 10 principais Estados brasileiros: estabelecimentos agropecuários com produção de leite (Tabela 1); rebanho de vacas ordenhadas (Tabela 2); quantidade produzida de leite (Tabela 3) e produtividade animal (Tabela 4), com os dados de 2017 e sua variação em relação ao estudo censitário anterior de 2006.
Minas Gerais destacou-se como o estado número um do Brasil em número de estabelecimentos produtores, vacas ordenhadas e produção de leite. Em 2017, o estado concentrava 18% dos produtores, 26% do rebanho de vacas e 29% da produção nacional de leite. Na comparação com 2006 houve redução no número de produtores e de vacas ordenhadas, mas acompanhados de expressivo aumento da produção. Nesse período, a produção mineira cresceu mais de 3 bilhões de litros, volume maior que o total produzido em 2017 por Santa Catarina, que aparece em 4º lugar nesse ranking (Tabela 3).
Esse movimento de aumento da produção de leite em detrimento da redução do número de produtores e de vacas ordenhadas foi a tônica da maioria dos estados brasileiros no período. Tanto que, somente o estado da Paraíba, 19º maior produtor nacional, apresentou redução na produção de leite entre 2006 e 2017. No outro extremo, os estados da região Sul apresentaram expressivos aumentos de produção (próximos a 1,4 bilhão de litros em cada um), mas acompanhados das maiores reduções no número de produtores. Entre 2006 e 2017, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina reduziram o número de estabelecimentos produtores em 75 mil, 32 mil e 17 mil, respectivamente. Essa diminuição da quantidade de estabelecimentos que produziam leite ocorreu em 17 estados brasileiros. Entre os 10 maiores, somente Goiás e Rondônia registraram aumentos nesse indicador (Tabela 1).
Já o aumento do rebanho foi ainda menos frequente, com apenas 8 estados apresentando crescimento, sendo três dentre os 10 maiores (Santa Catarina, Rondônia e Pará). Destaque para Santa Catarina que apresentou o maior aumento de rebanho com 109 mil vacas a mais no período. As maiores reduções ocorreram em Goiás, São Paulo e Minas Gerais que tiveram seus rebanhos diminuídos em mais de 200 mil vacas ordenhadas (Tabela 2).
Ao analisar a representatividade dos 10 Estados primeiros colocados em 2017 para cada um desses três indicadores observa-se que eles concentravam 75% do número de estabelecimentos produtores de leite, 80% das vacas ordenhadas e 87% da produção brasileira de leite.
O último indicador analisado foi a produtividade animal, expressa em litros de leite/vaca ordenhada/ano (Tabela 4). O aumento da produtividade foi responsável por garantir que o Brasil alcançasse uma produção de leite maior, mesmo com menor número de produtores e de vacas ordenhadas, refletindo a evolução da atividade no período. Destaque para os estados sulistas que registraram os maiores aumentos de produtividade no período, superiores a 1.600 litros/vaca, mesmo já tendo as maiores produtividades em 2006. A produtividade média por vaca nesses três estados em 2017 foi mais de 1.000 litros/vaca superior à produtividade de Minas Gerais, estado 4º colocado nesse indicador. Importante ressaltar que a produtividade animal é reflexo de um conjunto de fatores como sistema de produção, uso de tecnologias e genética animal. Portanto, ganhos de produtividade ajudam a aumentar a competitividade no leite, o que deve ser perseguido por todos os produtores e em todos os estados brasileiros. Exemplo disso é a maior produtividade no Sul que ajuda a explicar sua forte expansão e o protagonismo que a região vem demonstrando no leite brasileiro.
Lista dos 10 Estados primeiros colocados em 2017 e a variação em relação a 2006 referentes a quatro indicadores da atividade leiteira (produtores, rebanho, produção e produtividade).
Fonte: IBGE (Censos Agropecuários)
Autores:
Denis Teixeira da Rocha – Analista da Embrapa Gado de Leite
Glauco Rodrigues Carvalho – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
João Cesar de Resende – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Angela da Conceição Lordão - Gerente de Pecuária do IBGE
Cultivar desenvolvida pela Embrapa, apresenta maior produção de matéria seca e um menor custo em relação ao milho e a cana-de-açúcar. Esse valor é 57% inferior ao custo de produção da silagem de milho, 42,3% da cana-de-açúcar e 43,7% do sorgo. A silagem deste capim constitui uma alternativa mais barata para suplementação do pasto no período da seca. Confira!
Durante o Workshop “Tudo sobre a Cadeia do Leite para Comunicadores” realizado pela Embrapa Gado de Leite em SP (09), nós do portal AGRONEWS BRASIL tivemos a oportunidade de aprofundar ainda mais sobre o setor leiteiro no país. Esta foi a nossa primeira parada prevista no roteiro do 14º Road-show para Jornalistas e influenciadores do Agro, uma iniciativa da Texto Comunicação Corporativa. O Workshop contou com a participação de vários especialistas, em diversas áreas, que abordaram temas de grande relevância e novidades para toda a cadeia do leite. Uma das apresentações que nos chamou a atenção foi realizada pelo pesquisador, Paulino José Melo Andrade, que tratou sobre a alimentação de bovinos. Segundo afirmação do pesquisador, a alimentação adequada auxilia no aumento da produção de leite e aliada com matéria seca de alto rendimento, pode baratear significativamente os custos de produção. Confira abaixo a entrevista que fizemos com o pesquisador.
BRS Capiaçu: cultivar de capim-elefante de alto rendimento para produção de silagem
O BRS Capiaçu é um capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum), porém é mais produtivo que outras cultivares semelhantes. Nos testes realizados pela Embrapa, ele produziu 30% a mais em termos de volume de massa verde (50t/ha/ano) em comparação a outras cultivares utilizadas para produção de biomassa energética. “Depois das análises, identificamos que o Capiaçu também é mais nutritivo, ele tem mais proteína, ele tem mais energia e a qualidade de fibra dele é diferenciada.”, avalia Paulino Andrade. O grande destaque desta cultivar é justamente o custo-benefício, devido a sua produtividade (cerca de 30% a mais) aliada ao seu valor nutritivo. “Quando colocamos na ponta do lápis, o Capiaçu se torna mais barato que opção de milho, mais barato que opção de sorgo, cana-de-açúcar então nem se compara. O produtor que faz contas vai acabar optando pelo BRS Capiaçu por causa destas condições: MAIS PRODUTIVO – BASTANTE NUTRITIVO – E DE AMPLA ADAPTAÇÃO NO BRASIL.“, explica Paulino.
Garantia de produção
Comparando-se o cultivo de Capiaçu com o cultivo de milho por exemplo, existem muitas variáveis que podem prejudicar a produtividade dos grãos, já no capim-elefante Capiaçu, estes efeitos são minimizados. Uma das interferências comuns, são os veranicos nas fases inicial e reprodutiva na produção de matéria seca de milho e sorgo, que podem ocasionar baixa produtividade. No caso do BRS Capiaçu, este fica estagnado no período seco e quando chove ele volta com força novamente. “Quando a gente compara a questão da colheita, de novo o BRS Capiaçu sai na frente. A janela de colheita do milho para silagem é muito pequena se comparada a do Capiaçu. Se precisarmos atrasar uns 15 dias a colheita do capim por algum motivo, isso não trará tanto impacto quanto no caso do milho.“, esclarece o pesquisador.
Custos da matéria seca – comparativo
A estimativa do custo médio da matéria seca da silagem de BRS Capiaçu, considerando-se três colheitas/ano, é de R$ 130,85/tonelada. Esse valor é 57% inferior ao custo de produção da silagem de milho, 42,3% da cana-de-açúcar e 43,7% do sorgo. Devido à alta produtividade da BRS Capiaçu, a silagem produzida com este capim apresenta menores custos de produção por hectare, conforme podemos observar na tabela abaixo:
Adaptação no Centro-Oeste brasileiro
Segundo o pesquisador, hoje, a recomendação do MAPA para o uso do BRS Capiaçu, fica restrita somente à região de Mata Atlântica – faixa da costa brasileira, do Sul ao Nordeste, mas isso não impede o seu cultivo em outras regiões. Conforme relatos de produtores, a variedade do capim elefante já é cultivada do Sul ao Norte do país, incluindo Região de Cerrado, com respostas interessantes. “Nós temos algumas informações de Mato Grosso e MS, com uma aceitação muito grande por parte dos produtores. Pelo que percebemos, o Capiaçu se encontra bastante difundido pelo Brasil Inteiro.”, afirma Paulino.
Alto desempenho, mas com os devidos cuidados
Para se garantir a excelente produtividade e valor nutricional do BRS Capiaçu, é importantíssimo que a pastagem seja tratada de fato como uma cultura. Esta cultivar tem porte alto (até 4,20 metros de altura), se destacando pela produtividade e pelo valor nutritivo da forragem quando comparada com outras cultivares de capim-elefante, mas isso exige alguns cuidados. “É impossível se conseguir uma massa dessas (com alto valor nutritivo), sem dar nada em troca. Então o que nós recomendamos é um cultivo bem feito, análise de solo, fazer a correção, entrar com Fósforo no plantio e depois fazer as coberturas (com Nitrogênio e Potássio). Essa adubação, pode ser também uma adubação orgânica, pois o produtor já tem o esterco na propriedade e pode usá-lo para baratear os custos, sendo usado parcial ou integralmente dependendo do tipo de esterco. O importante é ele repor estes nutrientes no solo.“, finaliza Paulino Andrade.
Quer saber mais sobre o BRS Capiaçu? Então clique aqui para baixar o comunicado técnico sobre esta cultivar de capim-elefante.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL
fazer a correção, entrar com Fósforo no plantio e depois fazer as coberturas (com Nitrogênio e Potássio). Essa adubação, pode ser também uma adubação orgânica, pois o produtor já tem o esterco na propriedade e pode usá-lo para baratear os custos, sendo usado parcial ou integralmente dependendo do tipo de esterco. O importante é ele repor estes nutrientes no solo.“, finaliza Paulino Andrade.
Quer saber mais sobre o BRS Capiaçu? Então clique aqui para baixar o comunicado técnico sobre esta cultivar de capim-elefante.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL
Pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) verificaram que vacas Gir Leiteiro que tiveram acesso a áreas com sombra de eucalipto produziram quatro vezes mais embriões durante o período mais quente do ano e, ao longo do período do estudo (33 meses), 22% a mais de leite. A comprovação reforça a importância de oferecer aos animais condições confortáveis para o bom desempenho reprodutivo. Os resultados também estimulam o uso dos sistemas integrados com floresta, pois mantêm árvores nas pastagens.
De janeiro de 2017 a setembro de 2019, especialistas de diferentes áreas da Embrapa e da Universidade de Brasília (UnB) se dedicaram ao projeto “Conforto térmico, produtividade de leite e desempenho reprodutivo de vacas de raças zebuínas em sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Cerrado”.
“Identificamos que o uso da ILPF com vacas zebuínas leiteiras pode ser recomendado, pois além de aumentar a produtividade de leite e a quantidade de embriões produzidos, também melhora a qualidade do produto e do pasto, o valor nutritivo da forragem e os parâmetros fisiológicos e comportamentais das vacas”, afirma a pesquisadora Isabel Ferreira, líder do projeto.
Mais leite de melhor qualidade
Os estudos foram conduzidos no Centro de Tecnologia de Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL), localizado na região administrativa do Recanto das Emas (DF) e ligado à Embrapa Cerrados. Durante os 33 meses de experimento, os especialistas mediram o desempenho produtivo e reprodutivo de vacas Gir Leiteiro a pasto com a presença e ausência de sombra.
Eles observaram que em dias quentes os animais têm estresse por calor, o que compromete a produção e a composição do leite, a reprodução, a temperatura superficial e o comportamento ingestivo (ingestão, ruminação e repouso). A pesquisa identificou que o ambiente sombreado reduziu a temperatura da superfície corporal das vacas em diferentes pontos em até 3%.
Além de aumentarem a produção de leite, as vacas Gir Leiteiro que tiveram acesso às áreas com sombra de árvores de eucalipto proporcionada pelo sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta também melhoraram a qualidade do produto, com 6% a mais de extrato seco desengordurado (extrato seco total, menos o teor de gordura), quando comparado ao que foi produzido pelos animais submetidos a pleno sol. “A presença das árvores melhora a rentabilidade do produtor de leite, tanto por causa do aumento da quantidade do produto, quanto pela possibilidade de melhor remuneração dos sólidos totais pelos laticínios e pela venda da madeira para diferentes usos”, enfatiza a especialista.
Quatro vezes mais embriões
Esse ambiente específico proporcionado pela sombra e a consequente diminuição da temperatura corporal dos animais impactou também na melhoria dos índices de reprodução dessas vacas em relação aos animais que estavam expostos ao sol. “Os animais que ficaram à sombra também produziram 16% mais folículos na superfície dos seus ovários, e 75% a mais de ovócitos totais foram recuperados pela aspiração folicular. O número de ovócitos viáveis aumentou em 81%, e o de embriões em quatro vezes. Consideramos uma diferença bastante importante”, afirma o pesquisador Carlos Frederico Martins.
Outro fator relevante identificado pelos especialistas foi que, com a sombra, o tempo de ruminação dos animais aumentou em 32%. Segundo Isabel Ferreira, essa elevação é desejável, pois quanto mais tempo o animal fica ruminando, mais ele divide as partículas de forragem e as deixam expostas para a fermentação animal. “Além disso, produzir mais saliva tem um efeito tampão no rúmen, o que favorece a digestão das fibras e disponibiliza mais nutrientes aos animais”, explica.
Árvores também beneficiam a pastagem
Os pesquisadores identificaram, ainda, que a qualidade da forragem também é impactada pela presença das árvores no pasto. A proteína bruta do capim no pasto com árvores foi 30% superior quando comparada à do capim do pasto solteiro, e a digestibilidade in vitro do capim sombreado foi 6% superior. Isso se deve principalmente, segundo os especialistas, à intensificação da degradação da matéria orgânica e da reciclagem de nitrogênio no solo sob influência do sombreamento e ao prolongamento do período juvenil da planta forrageira, o que permite maior tempo para a manutenção de níveis metabólicos mais elevados e, consequentemente, dos nutrientes disponíveis aos animais pelo pastejo.
Também participaram da pesquisa Álvaro Fonseca Neto, Artur Muller, Fernando Macena, Gustavo Braga, Heidi Cumpa, Juliana Caldas, Karina Pulrolnik, Roberto Guimarães e Sebastião Pedro, além da professora da UnB Concepta McManus.
Juliana Caldas (MTb 4861/DF)
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O campo experimental da Embrapa Gado de Leite passará a contar com um sistema de produção intensiva de leite em Compost barn – estábulo cuja principal característica é possuir uma ‘cama’ de material orgânico que realiza a compostagem das fezes e urina dos animais e proporciona maior conforto. A inauguração do sistema ocorrerá às 10h desta quinta-feira, em Coronel Pacheco-MG, município próximo a Juiz de Fora, onde está localizada a sede da Embrapa Gado de Leite. Entre as presenças confirmadas para o evento estão o presidente da Embrapa, Celso Moretti, e dirigentes de entidades do setor.
Conforto animal – O Compost Barn da Embrapa leva o nome de “Vacas e Pessoas Felizes”. "Um animal feliz é bem alimentado, sadio, está num ambiente agradável e é bem tratado", explica o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins. Segundo o chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da unidade, Pedro Arcuri, além de promover o bem-estar animal, devido a um ambiente seco e climatizado, também proporciona uma rotina de trabalho mais confortável para produtor e empregados. “Há muita tecnologia embarcada no sistema que a Embrapa está entregando. Câmeras e diversos sensores monitoram todo o ambiente, fornecendo informações sobre a temperatura, a atividade das vacas, iluminação etc. Nosso foco será a produção de conhecimento”. Tudo isso, segundo Arcuri, favorece o trabalho dos profissionais envolvidos e facilita a tomada de decisão do produtor.
A adoção do Compost Barn tem crescido entre os produtores nacionais. Já são mais de dois mil em funcionamento, mas há poucos resultados de pesquisa sobre a tecnologia. O sistema Embrapa tem capacidade para receber 100 vacas das raças Holandês e Girolando, além de um composto convencional para recria. Segundo Arcuri, a estrutura será fonte de pesquisas, gerando indicadores sobre a sua utilização em ambiente tropical, preenchendo uma importante lacuna.
Parcerias
A Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) é parceira no sistema de produção intensiva de leite da Embrapa. Agora, a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH) também se torna parceira e será dado início à avaliação genômica, o que irá impactar a predição de animais da raça e também da raça Girolando. Para que este Compost Barn se tornasse realidade, a instituição também contou com uma série de outros parceiros, entre eles empresas como a Microsoft e a TIM e três startups que participaram do Desafio de Startups do Ideas for Milk, provido pela instituição: Cowmed, Onfarm e Bionexus.
Rubens Neiva
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O sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) implantado em apenas 15% da área de produção já é o suficiente para compensar todas as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) gerados pelos animais e pela pastagem, deixando um saldo positivo de carbono na fazenda. Esse resultado foi registrado em pesquisas conduzidas pela Embrapa Cerrados (DF), e comprovou que a produção de animais, árvores e lavouras/pastagem em um mesmo local tem um elevado potencial de gerar saldos positivos de carbono.
O estudo procurou averiguar a capacidade de o sistema ILPF compensar os GEEs emitidos pela atividade agropecuária, principalmente pela pecuária. O estudo utilizou duas áreas experimentais, com medições de balanço de carbono. Publicados em circular técnica, os resultados mostram que o componente arbóreo é fundamental para aumentar o estoque de carbono na propriedade.
Um sistema de ILPF com uma população de 417 árvores de eucalipto por hectare - distribuídas na forma de renques (linhas) em apenas 15% da área da propriedade - tem potencial para neutralizar as emissões de metano (CH4), produzido por fermentação entérica dos bovinos, e de óxido nitroso (N2O), proveniente do solo e das excretas (urina e fezes) dos animais.
“Para que haja a compensação das emissões de gases de efeito estufa, uma propriedade com mil hectares de pastagem, por exemplo, deve destinar 150 ha ao sistema ILPF com 417 árvores/ha e taxa de lotação de 1,7 cabeça/ha”, detalha o pesquisador da Embrapa Kleberson de Souza. Caso o sistema seja de integração lavoura-pecuária (sem as árvores), o produtor teria de destinar 850 hectares da mesma propriedade para conseguir a neutralização das emissões, considerando uma taxa de lotação de três cabeças por hectare.
O especialista observou também que a quantidade de árvores pode ser menor, desde que o sistema ILPF seja adotado na área total de produção. Nesse caso, é possível manter aproximadamente 70 árvores por hectare, com taxa de lotação de 1,7 cabeça/ha, isto é, 0,7 unidade animal (UA). A taxa de lotação diz respeito ao número de unidades animais (UA) que pode ser colocado por hectare e cada UA corresponde a 450 kg de peso vivo.
Os estudos foram realizados em experimento com ILPF implantado em 2009 na Unidade da Embrapa localizada em Planaltina (DF). Na área, foram feitas as medições de emissão de gases do solo, emissão de metano (CH4) por fermentação entérica dos animais e estoque de carbono do solo e da biomassa vegetal. As excretas dos animais emitem óxido nitroso (N2O) após serem depositadas no solo e, por isso, contribuem para aumentar as emissões de gases de efeito estufa na atividade pecuária. Embora tenha menor concentração na atmosfera, o óxido nitroso apresenta potencial de impacto 310 vezes maior quando comparado ao dióxido de carbono (CO2), além do tempo de permanência na atmosfera, de 150 anos.
A importância das árvores no balanço
Os estudos comprovaram que para que se tenha um saldo positivo significativo de carbono é preciso que o componente florestal seja inserido no sistema de produção agrícola. Isso porque as árvores têm grande capacidade de armazenar carbono. “São menos comuns os casos em que os estoques de C no solo sob os sistemas agrícolas superam os estoques da vegetação nativa adjacente. Ou seja, é difícil obter saldo positivo de carbono caso o componente florestal não seja inserido no sistema de produção agrícola”, afirma o pesquisador Kleberson de Souza.
No experimento de ILPF da Embrapa Cerrados, uma única árvore do híbrido de Eucalyptus urograndis, com sete anos de idade, foi capaz de acumular, em média, 30,2 kg de C/ano (considerando 45% de C da massa seca de biomassa aérea da planta). Isso equivale ao sequestro de 110,5 kg de CO2/ano da atmosfera por cada árvore inserida no sistema. No sistema ILP, esse tipo de sequestro de carbono ocorre, em grande parte, devido ao sistema de raízes da pastagem e da palhada depositada sobre o solo, e tende a se estabilizar com o tempo.
Segundo os especialistas, se por um lado é possível dizer que um sistema ILPF será mais produtivo para sequestrar carbono da atmosfera quanto mais árvores por hectare o sistema tiver, por outro lado o produtor deve ter cautela para que um número excessivo de árvores não impacte negativamente os demais componentes, “especialmente a pastagem, devido à competição por luz, água e nutrientes”, ressalta a pesquisadora Karina Pulrolnik, também da Embrapa Cerrados.
Também participaram dos estudos os pesquisadores Roberto Guimarães Júnior, Robélio Marchão, Lourival Vilela, Arminda de Carvalho, Giovana Maciel, Sebastião Pires e Alexsandra Duarte.
Juliana Caldas (MTb 4861/DF)
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Após fechar 2018 praticamente estagnada (crescimento de 0,5%), a pecuária de leite não tem muitos motivos para se lamentar em 2019. Mesmo não sendo um ano de grande expansão do setor (o crescimento deve fechar entre 2% e 2,5%), o preço do leite pago ao produtor terminou o ano em torno de R$1,36, o que equivale a 0,33 centavos de dólar, com o câmbio a R$ 4,06 por dólar. Segundo o analista da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock esse é um preço razoável para o setor, equivalendo-se às cotações internacionais, o que não favorece a importação do produto. O analista informa que lá fora, a tonelada do leite está sendo vendida entre USD$ 3.100,00 e USD$ 3.300,00, abaixo do preço histórico de USD$ 3.700,00, o que mostra equilíbrio do mercado mundial em termos de oferta e demanda.
Ainda que os especialistas não vejam com euforia o ano que se inicia, os sinais de que a crise está ficando para traz ficam mais claros. “As previsões iniciais para o crescimento do PIB [produto interno bruto] em 2020 indicam alta de 2,3%, o que é baixo, mas é a melhor expansão dos últimos seis anos”, diz o também analista que integra a equipe de socioeconomia da Embrapa Gado de Leite Denis Teixeira da Rocha. Por esse motivo, espera-se uma recuperação um pouco mais forte do consumo, possibilitando algum repasse de preços ao longo da cadeia produtiva e melhores margens industriais. A retrospectiva do ano que se passou também mostra mais solidez da atividade leiteira.
2019 contou com preços superiores aos patamares históricos
O pesquisador da Embrapa Glauco Carvalho relata que o primeiro semestre de 2019 fechou com os melhores patamares de preços para os produtores de leite brasileiros, quando comparado a igual período dos últimos sete anos. “Além de receber preços melhores, houve um incremento importante na relação entre o preço do leite e o custo da alimentação dos animais”, afirma Carvalho. Na avalição dele, o milho e a soja, principais ingredientes utilizados na ração das vacas, permaneceram com preços relativamente baixos no primeiro semestre, o que segurou os custos de produção do leite.
A relação de troca ao pecuarista, medida pela quantidade de litros de leite necessária para comprar uma saca de 60 kg de concentrado, ficou em 34 litros, na média do primeiro semestre; queda de 24% em relação ao ano anterior. “Entretanto, no segundo semestre, essa trajetória foi se alterando, com um recuo nos preços do leite e o aumento no custo do concentrado”. Ainda assim, na média do ano, os preços pagos aos produtores em 2019 ficaram acima do patamar histórico, o que sustentou crescimento da produção.
Quanto à indústria, na visão de Carvalho, 2019 foi bem mais desafiador, sobretudo para aquelas empresas focadas em linhas tradicionais, como leite UHT, queijo muçarela e leite em pó. “O gargalo do ano tem sido o baixo nível do consumo doméstico e a dificuldade de repasse de preços ao longo da cadeia produtiva”, constata o pesquisador. Para ele, a elevada capacidade ociosa da indústria nacional leva a uma necessidade de maior captação para diluir os custos fixos, o que muitas vezes se traduz em focar mais na captação do que na própria margem de comercialização.
Um outro ponto de estrangulamento, segundo o especialista, refere-se à fragmentação da indústria, que acaba dificultando uma estratégia de comercialização com o varejista para sustentar um patamar mais rentável de preços. “O fato é que as empresas estão trabalhando com margens bem apertadas. O pior cenário é o do leite UHT, em que a relação de preços entre o atacado e o produtor ficou quase 18% abaixo dessa mesma relação em 2018”.
Ano de 2020 traz incertezas nacionais e internacionais
Os especialistas da Embrapa avaliam que o ano que se inicia traz componentes de incerteza, tanto no ambiente interno quanto no externo. Internamente, pesa a articulação política e como o Governo vai tocar a agenda de reformas, que os analistas consideram fundamental para o Brasil retomar níveis melhores de crescimento econômico e distribuição de renda. No contexto internacional, a peste suína ocorrida em 2019 na China pode ter reflexos também em 2020 já que a doença está atingindo outros países asiáticos.
O problema na suinocultura chinesa, que reduziu em 40% o número de suínos naquele país, provocou o aumento das exportações de carne para a China – o que elevou a demanda por soja e milho na pecuária de carne. Os preços desses insumos tendem a se manter mais pressionados. Além disso, as exportações brasileiras de milho estão batendo recordes. Carvalho informa que se tem ainda uma nova demanda oriunda de plantas de etanol de milho no Centro-Oeste brasileiro. Todos estes fatores colocam uma pressão alta no milho e, consequentemente, no concentrado para as vacas. “Pode haver muita volatilidade nos preços do concentrado até que seja definida a safrinha de milho no meio do ano”.
Do ponto de vista da oferta e demanda, em linhas gerais, o mercado brasileiro de leite se mostra bem equilibrado. A expansão da produção nacional perdeu força no final do ano passado, na comparação com 2018. Além disso, o volume de importação está relativamente baixo e, apesar do consumo estar fraco, não há excedente de produção que possa levar a uma queda nos preços. Pelo contrário, as cotações se sustentaram no último trimestre do ano, quando geralmente os preços caem.
“Nesse cenário, a expectativa é que 2020 comece com os preços do leite ao produtor em patamares superiores ao registrado em janeiro de 2019 e com uma trajetória de elevação mais alinhada ao padrão histórico, que difere da precoce e expressiva alta registrada em fevereiro daquele ano”, diz Carvalho. Produtos lácteos cujo consumo está associado a rendas mais altas, como queijos e iogurtes, tendem a ter um crescimento melhor em 2020. Mas o mercado de UHT ainda deve continuar complicado.
O pesquisador acredita, no entanto, que as grandes apostas do setor foram adiadas para 2021, quando se espera que o Brasil tenha um crescimento mais robusto, gerando mais empregos e elevando o consumo familiar de leite e derivados.
A crise e o ajuste da pecuária de leite no Brasil
Em 2018, a produção total de leite no Brasil cresceu 1,6%, com as regiões Sul e Sudeste respondendo, cada uma, por 34% da oferta nacional, estimada em 33,8 bilhões de litros. Aquele foi o primeiro ano de crescimento da produção desde 2014, quando foram produzidos 35,1 bilhões de litros. Em relação a 2017, o número de vacas recuou 2,9% enquanto a produtividade subiu 4,7%, chegando a 2.068 litros anuais por animal. Apesar de a produtividade brasileira continuar em patamar ainda relativamente baixo, houve um aumento importante desse indicador.
Existem mais de 350 municípios do País com produtividade média superior à da Nova Zelândia, de 4.000 litros por vaca. Em alguns desses municípios, essa produtividade atingiu volumes acima de 6.000 litros/vaca, o que equivale ao padrão europeu. Com o atual volume de produção, o Brasil já figura entre os três maiores produtores mundiais, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Para a equipe de Socioeconomia da Embrapa Gado de Leite, serão os avanços em competitividade que irão melhorar o posicionamento do País no mercado internacional.
No caso do leite inspecionado, segundo os pesquisadores, a produção de 2018 atingiu 24,4 bilhões de litros, o que correspondeu a 70% da produção total. Em relação a 2017, houve crescimento de apenas 0,5%. Os índices de 2019 ainda não vieram à tona, mas esse crescimento deverá ser superior, embora com um perfil de expansão distinto entre o primeiro e o segundo semestre. No primeiro semestre houve um aumento de 5% no volume de leite sob inspeção em relação ao mesmo semestre de 2018. Esse crescimento foi influenciado pela greve dos caminhoneiros, que afetou a produção em maio de 2018, mas também pela boa relação de troca ao produtor quando se analisa os preços de leite e de concentrado, o que estimulou a produção.
Quando os números do ano que se passou forem apresentados, o segundo semestre não deve registrar uma expansão sobre volume produzido em igual período de 2018. Isso se deve a três fatores. O primeiro é estatístico e refere-se à base de comparação: a produção do segundo semestre de 2018 foi um recorde histórico. O segundo é uma piora na relação de troca e das margens dos produtores, fator que desestimula a produção. Além desses influenciadores, o desempenho do período foi afetado pelo clima. O setor sofreu uma seca prolongada, a ocorrência de geadas no inverno e chuvas irregulares e abaixo da média em algumas regiões do Sudeste e Centro-Oeste, que devem comprometer a retomada da produção no pós-entressafra.
Rubens Neiva (MTb 5445/MG)
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*Artigo publicado originalmente na Revista Balde Branco na edição de jan/2020
O IBGE divulgou recentemente os resultados definitivos do último Censo Agropecuário referentes ao ano de 2017. A partir dessa edição iremos apresentar algumas análises dos principais resultados desse levantamento de modo a construir um retrato atual do leite no Brasil, além de demonstrar sua evolução em relação ao estudo censitário anterior realizado em 2006.
Em 2006, o Brasil contava com 1,351 milhão estabelecimentos agropecuários que produziam leite. A produção era de 20,6 bilhões de litros a partir de um rebanho de 12,7 milhões de vacas ordenhadas, o que representava uma produtividade animal de 1.618 litros/vaca. Onze anos depois, em 2017, o número de estabelecimentos reduziu em mais de 174 mil (- 12,9%), chegando a marca de 1,176 milhão de produtores. O rebanho também reduziu, atingindo 11,5 milhões de vacas ordenhadas, queda de 1,2 milhão de animais (- 9,5%). A despeito do número de produtores e do rebanho terem reduzido, a produção de leite caminhou em sentido oposto, superando os 30,2 bilhões de litros (+ 46,6%), graças ao aumento da produtividade animal que cresceu em mais de 1.000 litros no período, registrando 2.621 litros/vaca (+ 62%). Neste período, outro fator que se alterou bastante foi o tamanho médio das fazendas. A produção diária passou de 42 litros para 70 litros/dia por estabelecimento (+ 67%). Por outro lado, o tamanho médio do rebanho, medido em vacas ordenhadas/estabelecimento, pouco se alterou, saindo de 9,4 para 9,8 animais/estabelecimento de 2006 para 2017. Portanto, o ganho observado na produção diária dos estabelecimentos foi sustentado por um aumento na produtividade dos animais e não pelo aumento de animais.
Em relação às regiões brasileiras, o Nordeste detém o maior número de estabelecimentos produtores de leite, enquanto o Sudeste apresenta a maior produção e também o maior rebanho de vacas ordenhadas no País. Já o Sul é campeão em produtividade animal. O Norte, por sua vez, é a região menos leiteira do Brasil, com os menores indicadores regionais nos quesitos produtores, vacas ordenhadas, produção e produtividade animal.
Apesar de serem responsáveis por 70% do leite brasileiro, as regiões Sul e Sudeste detêm 49% dos produtores e 56% do rebanho de vacas ordenhadas. Esses números resultam na maior produtividade animal encontrada nestas duas regiões, sendo também as regiões nas quais este indicador mais cresceu entre 2006 e 2017. No Sudeste, o número de produtores reduziu nesse período, assim como o número de vacas. Já no Sul, que apresentou a maior redução no número de produtores, o rebanho subiu um pouco no período, mostrando um aumento no tamanho médio das fazendas. No Nordeste, o número de produtores e o rebanho reduziram, enquanto que no Norte o movimento foi em sentido contrário, com aumentos nesses dois indicadores. No Centro-Oeste, o número de produtores teve pequena elevação, ao passo que o rebanho reduziu. Apesar dessas diferenças em termos de produtores e rebanho, em todas as regiões a produção de leite cresceu, assim como a produtividade animal, confirmando a tendência de evolução tecnológica pela qual a atividade leiteira nacional vem passando.
Autores:
Denis Teixeira da Rocha – Analista da Embrapa Gado de Leite
Glauco Rodrigues Carvalho – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
João Cesar de Resende – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Angela da Conceição Lordão - Gerente de Pecuária do IBGE
Estamos na segunda quinzena de fevereiro e muitos pecuaristas estão preparando silagem de milho para alimentar o rebanho durante a seca. O pesquisador André Pedroso, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), faz algumas recomendações técnicas sobre esse processo, mas antes demonstra uma preocupação básica que os produtores devem levar em conta: vale a pena investir nesse tipo de alimento?
Ele explica que a silagem é uma das forragens mais caras e sua produção precisa ser planejada com muito critério. “Às vezes não se justifica. Depende do tamanho e nível de produção do rebanho, da topografia, da capacidade de investimento em máquinas, entre outros fatores”, afirmou. Para tomar a decisão correta, é preciso fazer contas.
De acordo com André, há situações em que é mais vantajoso o pecuarista optar pela cana-de-açúcar ou outro volumoso de custo mais baixo, priorizando uma alimentação de menor risco e menor custo. “Não adianta produzir silagem, que é cara, com qualidade ruim”, alerta.
Como fazer
Nesta época do ano, o pecuarista que planejou a produção de silagem está colhendo o milho que foi plantado há aproximadamente cem dias. De acordo com o pesquisador, é muito importante que se pense no processo todo, e não apenas na colheita, picagem e no armazenamento. “O pecuarista precisa ter consciência e produzir uma lavoura de boa qualidade, como se fosse para a produção de grãos mesmo. Uma lavoura de milho de baixa qualidade vai afetar a produtividade da silagem, aumentando o custo final do produto”, explicou André.
Um cuidado que deve ser tomado é a definição do ponto de colheita. "O milho deve ser colhido quando a metade superior dos grãos está no ponto farináceo e a metade inferior ainda leitosa. Isto geralmente ocorre 30 dias após o ‘ponto de pamonha’, sendo que as palhas externas das espigas normalmente já se encontram amareladas e os grãos do meio das espigas estão dentados", disse o pesquisador.
Segundo ele, para descobrir o ponto ideal o produtor deve partir algumas espigas ao meio e apertar os grãos medianos com os dedos, ou fazer um corte transversal no grão, para poder avaliar.
“O ponto de colheita não deve ser determinado pelo aspecto visual da lavoura. Uma eventual deficiência de potássio no solo, por exemplo, pode fazer o pé de milho secar na parte baixa. O produtor acha que está na hora de colher, mas não está”, afirmou. Em casos de lavouras grandes, o ideal é fazer o plantio escalonado para que a colheita ocorra no momento certo ou optar por variedades mais precoces conjugadas às mais tardias.
De acordo com o pesquisador, depois de definido o ponto de colheita, o produtor precisa estar atento ao maquinário que vai utilizar. “As máquinas devem estar bem reguladas para uma picagem uniforme. O tamanho das partículas deve ser entre 0,5cm e 1cm. Por isso as lâminas devem estar bem amoladas.”
O enchimento e a compactação do silo devem ocorrer da forma mais rápida possível. A distribuição da silagem precisa ser constante, bem como a compactação de camadas finas. As camadas de milho picado devem ter no máximo 30cm a 40cm de espessura e todas precisam estar bem compactadas.
“Em silos tipo ‘trincheira’, a compactação deve ser feita com tratores de pneu, sendo que o efeito da compactação é efetivo apenas na camada superior, de 30cm a 40 cm de espessura, de forma que a compactação deve ser feita de forma constante, à medida que a forragem é colocada no silo. É praticamente impossível melhorar a compactação de uma camada que não tenha sido compactada adequadamente, e que já tenha sido coberta por camadas subsequentes. A velocidade de chegada de forragem ao silo deve ser compatível com a capacidade de compactação. Silos que não possam ser fechados no mesmo dia devem ser enchido pelo ‘sistema de rampa’ para que as camadas de forragem que vão sendo compactadas no silo sejam isoladas do ar o mais rapidamente possível”, explica André.
Após o fechamento com lona de dupla face – branca na parte exposta e preta na parte de baixo, que fica em contato com a silagem –, começa o processo natural de fermentação e a produção de ácidos a partir de açúcares presentes na forragem ensilada. O pesquisador da Embrapa explica que o abaixamento do pH para aproximadamente 4 e a ausência de ar permite a conservação da silagem por período indeterminado. “Há casos de silagens mais antigas, bem conservadas, que têm mais qualidade do que silagens novas.”
A lona de dupla face evita a incidência de raios ultravioletas. Os produtores devem tomar cuidado para que animais não caminhem em cima dos silos, danificando as lonas.
Qualidade
Como produzir uma silagem de alta qualidade? Conforme André Pedroso antecipou, não adianta investir em silagem se a lavoura de milho não tiver qualidade técnica. O processo de produção começa bem antes, com a análise de solo e um bom preparo da terra. Em seguida, o produtor deve escolher variedades de milho híbrido de alta produtividade.
“Sempre recomendo que o produtor tenha a assistência de um técnico capacitado, principalmente se for a primeira vez que vai produzir silagem”, disse André.
Problemas
Entre os problemas mais frequentes na produção de silagem está o uso de milho colhido antes da hora. Nessa situação, ocorre um processo conhecido como fermentação butírica, com um odor forte característico e corrimento de efluentes. As proteínas e energia da silagem se perdem e o animal não consome o alimento como deveria.
Outro problema comum é a colheita tardia, quando o milho apresenta teor de matéria seca excessivo. “Nesse caso haverá dificuldade na compactação, e muitas vezes a presença de bolsões de ar. Pode ocorrer a formação de mofo – visível ou não”, afirma André. Outro indicador desse problema é o aquecimento além do normal da silagem, provocando um processo chamado de “caramelização” do açúcar presente na forragem. Há alteração na cor – a silagem fica escura e exala um odor agradável, semelhante a chocolate. “Mas a qualidade é ruim”, reforça o pesquisador.
Ana Maio (Mtb 21.928)
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Feira aumenta espaço para Agro 4.0 e Embrapa leva Ideas for Milk ao evento pelo segundo ano consecutivo.
O Ideas for Milk estará presente na Expodireto 2020, que será realizada de dois a seis de março, na cidade de Não me Toque-RS. Representantes da Embrapa Gado de Leite, idealizadora da iniciativa com foco no Agro 4.0 que fomenta o surgimento de um ecossistema favorável ao desenvolvimento de startups para o agronegócio do leite, atenderão o público no Pavilhão Sete da feira. Junto com a Embrapa, participarão cinco startups que foram reveladas pelo Ideas for Milk:
- Bionexus: Plataforma de monitoramento e gestão diária da qualidade do leite;
- Intergado Criatech: Destinado aos produtores que fazem cria e recria, realiza o monitoramento diário de bezerras e novilhas;
- Volutech: Equipamento que monitora volume e temperatura do leite em tanques de resfriamento;
- Z2S: Conjunto de sistemas que promovem a limpeza automática dos equipamentos de ordenha;
- Zeit: Dispositivo portátil para rastreabilidade e medida da qualidade do leite em campo.
Para as startups, esta é uma excelente oportunidade de fazer negócios. A Cowmed, que monitora nutrição, saúde e reprodução do gado de leite, uma das vencedoras do Desafio de Startups do Ideas for Milk, participou da Expodireto 2019 e foi contratada pela Cotrijal (Cooperativa Agropecuária e Industrial). Este ano, a startup irá expor, no Pavilhão Cinco da feira, os resultados das ações que conduziu.
Junto aos produtores de leite, a Cotrijal investe no Programa 4.0, do qual fazem parte a startup Cowmed. Em cinco meses, a cooperativa já colhe frutos na melhoria da qualidade do leite, aproveitamento de cios e redução da mastite. “Após um período de ‘choque’, as propriedades absorveram a tecnologia e os filhos dos produtores assumiram as responsabilidades na condução do Programa 4.0”, diz Renne Granato, gerente Coorporativo de Negócios da Cotrijal.
O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, ressalta que “a Cotrijal, junto com outras cooperativas, está abrindo as portas para a agricultura digital, agregando ao setor soluções em softwares, aplicativos mobile, internet das coisas, etc.” Um exemplo é a CCGL (Cooperativa Central Gaúcha), que irá repetir em 2020 o evento realizado no último ano no espaço da Cooperativa na Expodireto. As cinco startups do Ideas for Milk farão uma apresentação direcionada a técnicos e produtores da CCGL na tarde de quarta-feira (4/03).
Fórum Estadual do Leite – Cerca de 250 participantes são esperados no Fórum que irá ocorrer no Auditório Central na manhã do terceiro dia da Expodireto (quarta-feira, dia 4). A proposta é debater sobre as inovações para a produção leiteira. O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, apresenta às 10h a palestra “Como será a produção de leite no Brasil em 2030".
Soluções para o leite – O Ideas for Milk é uma inciativa da Embrapa Gado de Leite surgida em 2016 apenas com o Desafio de Startups. Em sua segunda edição, incorporou um hackaton, que leva o nome de Vacathon, reunindo estudantes de várias instituições de ensino. Também faz parte do Ideas for Milk a Caravana 4.0, na qual pesquisadores e analistas da Embrapa percorrem universidades em todo o país, realizando palestras sobre empreendedorismo, transformação digital e o negócio do leite, estimulando os jovens a formarem startups para atuar no segmento. Cerca de três mil estudantes de cursos como Agronomia, Veterinária, Zootecnia, Engenharias, Ciência da Computação, Matemática, Química, Administração e Economia são impactados anualmente.
A feira – A Expodireto é reconhecida como uma feira que reúne o que tem de mais atual em termos de máquinas e implementos agrícolas, produção vegetal e animal e serviços, facilitando o acesso do produtor. Nos 98 hectares, também abre espaço para a agricultura familiar, discute os principais temas de interesse do Agro, através de fóruns e palestras em dois auditórios, e aproxima empresas estrangeiras e brasileiras, com ampla programação na Área Internacional. Cerca de 300 mil pessoas devem visitar a feira este ano.
Rubens Neiva
Embrapa Gado de Leite
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
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Boa pessoal,
Segue link sobre esta publicação da qual a Embrapa Gado de Leite teve a honra de participar. Belo resultados sobre esta tecnologia que cresce a cada dia.
No nosso capítulo, analizamos a economia de dois sistemas de ILPF instaladas em uma propriedade leiteira no município de Coronel Xavier Chaves.
Boa leitura
O WebAmbiente, sistema de informação interativo e gratuito que auxilia na tomada de decisão do produtor na adequação ambiental da paisagem rural e apoia a implementação de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente, como o Programa de Regularização Ambiental (PRA), está com uma nova funcionalidade.
Além de abrigar o maior banco de dados já produzido no País sobre espécies vegetais nativas (cerca de 780) e de apresentar estratégias de plantio para recomposição ambiental, permitindo simulações online, a plataforma agora conta com a Biblioteca Digital. A nova seção reúne informações sobre experiências, manuais e guias, além de conteúdos multimídia e outras publicações sobre ações de recuperação ambiental já disponíveis.
Na Biblioteca Digital, as experiências se referem a publicações de estudos específicos sobre recuperação de áreas degradadas. Ao fazer uma consulta, o usuário pode realizar a busca de experiências utilizando filtros por bioma, por tipo de área a ser recuperada de acordo com a legislação, por estratégia e por técnica de plantio. No momento, mais de 230 experiências estão disponíveis e podem ser baixadas gratuitamente em arquivos no formato pdf, assim como os manuais e guias técnicos.
Segundo o pesquisador Felipe Ribeiro, da Embrapa Cerrados (DF), a expectativa com os novos conteúdos é complementar a oferta de informações do WebAmbiente. “A plataforma fornece as espécies vegetais, as estratégias e, agora, acrescentamos um acervo de informações de experiências de grupos de pesquisa que já fizeram plantios usando essas espécies e estratégias”, explica.
A analista da Embrapa Meio Ambiente (SP), Maria de Cléofas Alencar, ressalta que a equipe que trabalha diretamente na alimentação e no planejamento da plataforma convive com grande expectativa sobre a possibilidade de expansão do sistema. “Somente para exemplificar a amplitude, atualmente trabalhamos com 238 experiências de recuperação de áreas degradadas, em diversas estratégias de recomposição florestal, mas há centenas de testes e dissertações que ainda são passíveis de serem inseridas, uma vez que também são experiências”, diz.
Para Cléofas Alencar, ampliar a plataforma aumenta a possibilidade de orientação e sugestão ao produtor quanto aos caminhos a serem seguidos no planejamento da execução da recuperação ambiental das propriedades.
Sobre o WebAmbiente
Lançado em 2018 pela Embrapa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Meio Ambiente, a plataforma WebAmbiente envolve o trabalho de oito unidades de pesquisa, além de universidades e órgãos ambientais, que levantaram informações sobre espécies que ocorrem em cada bioma brasileiro e estratégias de recuperação ambiental.
O analista da Embrapa Informática Agropecuária (SP), Alan Nakai, lembra que o WebAmbiente é voltado principalmente a produtores e técnicos de extensão rural. "Não é necessário conhecimento técnico específico para fazer simulações na plataforma. Mas se o usuário tiver alguma dúvida, o próprio sistema vai fornecer informações para auxiliá-lo", explica. Mais informações aqui.
Por meio do Serviço Florestal Brasileiro, o WebAmbiente também auxilia no cumprimento do Novo Código Florestal e apoia os Programas de Regularização Ambiental nos estados. No momento, está em discussão a inclusão desse conteúdo no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar).
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
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