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9846992461?profile=originalA Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) renovou a acreditação do Laboratório de Qualidade do Leite (LQL) da Embrapa Gado de Leite. Essa é a terceira vez consecutiva que a acreditação é renovada.

Segundo o analista Anderson Christ, gestor do Laboratório, essa renovação consolida a confiança de produtores e laticínios pelos serviços prestados: “Ela vem num momento importante, de transformação do LQL. O Laboratório passa por uma nova fase em seus trabalhos, com o fornecimento de resultados de caseína e nitrogênio ureico”.

Christ prossegue: “O laboratório também se torna um instrumento de transformação dos clientes, oferecendo soluções nas questões relacionadas a qualidade do leite, seja por meio de cursos EAD, boletins mensais de conjuntura e webinars técnicos”. Segundo o gestor, está sendo desenvolvido um novo software que permitirá maior integração com os clientes trazendo maior agilidade nas informações.

Outra mudança importante foi a ampliação do relacionamento com a indústria, com o recém-implementado sistema de coleta das amostras de leite diretamente nos laticínios, em veículo próprio refrigerado e com monitoramento em tempo real. O processo contribui para evitar o descarte de amostras por problemas de conservação em razão de temperatura fora do padrão.

A nova modalidade também permite a rastreabilidade de toda a logística, desde o laticínio até o LQL. “O processo de coleta está na fase inicial, com os ajustes necessários a um sistema dessa complexidade, com quase 10.000 quilômetros em quatro rotas distintas”, diz. O LQL da Embrapa atende cerca de 150 clientes, com um total estimado de 30.000 amostras, abrangendo quase 120 cidades em quatro estados (MG-BA-RJ-ES).

A auditoria externa foi realizada pelo Inmetro em novembro do ano passado e a próxima avaliação para manutenção da certificação ainda não foi agendada, mas deve acontecer somente no final do próximo ano.

Rubens Neiva e Marcos La Falce

Embrapa Gado de Leite


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Duas portarias do Governo de Minas Gerais, editadas no mês passado, reconheceram dez municípios localizados na Serra da Mantiqueira como regiões produtoras de queijo artesanal. As portarias atendem aos produtores da cidade de Alagoa, cujo queijo tem seu nome como marca (“Queijo Artesanal de Alagoa”) e das cidades de Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto, cujos queijos são comercializados com a marca “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”.

Segundo o técnico da Emater-MG, Júlio César Seabra, "a publicação das portarias é o penúltimo passo de uma longa caminhada para que o queijo artesanal produzido na Mantiqueira saia da informalidade". O passo final será publicação do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo. A expectativa dos produtores é que ele seja aprovado em agosto. Com o Regulamento, os queijeiros que cumprirem todas as normas poderão obter o SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal) ou o Selo ARTE. Ambos permitem a venda do produto em todo o território nacional.

Pesquisa – O périplo dos produtores da Mantiqueira, cujo queijo já era famoso nos mercados das grandes cidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, começou há cerca de dez anos, com a parceria entre os queijeiros da região, a Emater-MG, a Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) e a Embrapa Gado de Leite. As instituições estruturaram um projeto de pesquisa para levantar dados que fundamentassem a regulamentação, primeiramente do queijo de Alagoa; em seguida, dos outros nove municípios mineiros da Serra da Mantiqueira.

Segundo Maria de Fátima Ávila Pires, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite e coordenadora do projeto que envolveu 25 profissionais, o primeiro passo foi caracterizar o sistema de produção. Foram selecionados 50 produtores, identificados do ponto de vista econômico e social. “Traçamos o perfil do produtor da região e resgatamos os aspectos históricos e culturais da produção do queijo nos municípios”, conta Maria de Fátima.

Entre as contribuições do trabalho estava a de estabelecer um protocolo de maturação para o queijo, que ainda não contava com um prazo definido para essa etapa de produção. Os pesquisadores também fizeram diversos estudos que envolveram o solo e a água (aspectos físicos, químicos e microbiológicos), a alimentação das vacas e as análises do leite e do queijo.

Os estudos incluíram o levantamento de informações sobre o processo de produção do leite e da fabricação do queijo, caracterizando o “saber fazer” das comunidades, ou seja, como os produtores construíram as tradições que resultaram no modo próprio de fazer seu queijo artesanal. Agora, toda a pesquisa, reunida em um documento, será essencial para definição do Regulamento Técnico de Identidade.

Bom momento – Apesar do Covid-19, a publicação da portaria e a expectativa da aprovação do Regulamento Técnico de Identidade, chegam em um bom momento para os queijeiros da Serra da Mantiqueira. “Nas primeiras semanas após anunciada a pandemia, as vendas de queijo caíram a quase zero”, lembra Seabra. Os produtores se mobilizaram e adotaram os conceitos de marketplace na internet, utilizando plataformas de venda e redes sociais para comercializar o queijo. “Hoje, está difícil comprar queijos produzidos em Alagoa”, comemora Seabra.

O Brasil produz um milhão de toneladas de queijo por ano, e um quinto desse total é feito artesanalmente, com leite cru – que não passou pelo processo de pasteurização. A pesquisa sobre o leite da Mantiqueira reuniu 30 queijeiros de Alagoa e outros 20 queijeiros nas demais cidades. Os produtores são de base familiar, com a produção variando de cinco a mais de 50 quilos de queijo por dia. As fazendas são pequenas (cerca de 18 hectares) e o relevo acidentado da Serra da Mantiqueira limita o uso da pastagem. Capim verde picado, cana-de-açúcar, silagem de milho e concentrado representam boa parte da alimentação das vacas. O rebanho é predominantemente mestiço (Holandês/Gir Leiteiro).

Rubens Neiva (MTb 5445)

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A pandemia do novo coronavírus tem desafiado a cadeia produtiva de lácteos que, segundo os especialistas, passa por movimentos bruscos. Primeiro, houve elevação nos preços dos produtos lácteos devido aos movimentos de consumo logo após o início do isolamento social. Para o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Glauco Carvalho, assim que a crise teve início, ocorreu uma elevação na demanda, aumentando os preços do leite UHT e do leite em pó, que durou até o fim de março. Em um segundo momento, que perdurou até meados de maio, ocorreu a regularização do consumo e a reorganização da captação e do mix de produtos pelos laticínios, privilegiando o leite UHT e o leite em pó, segundo Carvalho. “A indústria agiu rapidamente e os preços se normalizaram, mas depois começaram a cair”, conta.

Os derivados do leite seguiram caminhos diferentes. O analista da Embrapa Denis Rocha informa que produtos como a muçarela e diversos tipos de queijo, cujo  consumo depende muito de estabelecimentos comerciais como restaurantes, bares e pizzarias, foram fortemente afetados pelo fechamento dos canais de alimentação fora do lar. “A consequência foi a queda de preços desses produtos, puxando para baixo o mercado 'spot' (comércio de leite entre laticínios) e até mesmo o leite UHT foi afetado”, relata Rocha.

Essa dinâmica de preços se refletiu no pagamento do leite ao produtor, que caiu 5% em maio. Para atenuar o impacto negativo sobre a rentabilidade, naquele mês também houve uma ligeira queda nos custos de produção (veja quadro abaixo). Já na segunda quinzena de maio, Rocha relata que “o mercado virou novamente, com forte valorização de preços, que vem se sustentando até este momento”. Para o especialista, isso se deve, principalmente, à baixa disponibilidade interna de leite e ao aquecimento da demanda, fortalecida pela liberação do auxílio emergencial do governo, beneficiando mais de cinquenta milhões de brasileiros, cujos recursos recebidos foram usados basicamente para a alimentação. “Tal valorização refletiu positivamente no pagamento de junho e nova alta deverá ocorrer em julho,” acredita Carvalho.

Menos leite 

Em meio à desorganização provocada pela pandemia, o pesquisador alerta que alguns fatores devem ser monitorados: “Estimativas do Banco Central apontam queda de cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Já são visíveis os reflexos negativos sobre os empregos e a renda da população, o que pode estabelecer um teto no preço de lácteos ao consumidor”. Rocha completa: “Ainda há grandes incertezas quanto à retomada da atividade econômica no País, o importante agora é manter a cautela na tomada de decisões”.

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Fora a pandemia, o fato de haver menos leite no mercado também influencia na direção em que os preços devem seguir. A nota de conjuntura publicada em junho pelo Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa aponta quatro fatores que contribuem para a baixa disponibilidade do produto no mercado: o período de entressafra na produção nacional; a piora na rentabilidade do produtor (que faz com que descartem vacas e reduzam a produção); problemas climáticos; e queda nas importações.

O primeiro fator se deve a razões sazonais. Os meses de maio a junho são o período de menor produção de leite no Brasil. O volume de leite produzido diariamente em maio fica em torno de 10% menor que a média anual. Neste ano, a produção ainda está sendo penalizada pela alta nos custos, puxados principalmente pelos gastos com concentrado. 

Quanto ao clima, o Rio Grande do Sul sofreu com eventos de seca no início do ano, comprometendo a produção. Já a respeito do volume das importações, os índices estão 39% mais baixos que em 2019 e a balança comercial de lácteos representa uma queda na oferta de quase 200 milhões de litros de leite. Portanto, o momento econômico dificulta estabelecer horizontes mais claros, mas não é exclusivo da cadeia produtiva do leite. 

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Rubens Neiva (MTb 5.445/MG)
Embrapa Gado de Leite

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Uma ideia simples e barata pode ajudar os produtores de ovinos na hora do aleitamento artificial de cordeiros. Um suporte para mamadeiras foi adaptado pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), para amamentar os filhotes.

Para executar a ideia foi necessário apenas o uso de madeira, corrente e tinta. O pecuarista pode fazer na própria fazenda se souber conceitos básicos de marcenaria.

A época de nascimentos dos ovinos é mais um desafio a ser enfrentado pelos pecuaristas, considerando a escassez de mão de obra no campo.

O pesquisador Sérgio Novita Esteves e a doutoranda Isabella Barbosa dos Santos, da UNESP de Jaboticabal, já vinham pensando em formas para otimizar o aleitamento artificial dos cordeiros. Com a covid-19, a ideia foi colocada em prática e foi desenvolvido o suporte de mamadeira.

O equipamento tem capacidade para alimentar até oito cordeiros ao mesmo tempo. Segundo Novita, o suporte, adaptado de outros modelos, tem como principal funcionalidade aleitar vários cordeiros de uma vez, diminuindo a mão de obra utilizada. “Como temos um rebanho grande, algumas vezes há casos de ovelhas que têm pouco leite ou com mastite no úbere, temos que suplementar a dieta dos cordeiros com leite. Assim, facilitou e agilizou esse processo de aleitamento”, explica o pesquisador.

Partos duplos ou triplos podem gerar cordeiros mais frágeis. Muitas vezes pode haver necessidade do pecuarista fazer a suplementação com leite, devido a produção insuficiente da mãe.

Outro ponto positivo é que a altura pode ser ajustada de acordo com o crescimento dos animais. “Ele não é fixo na parede. É pendurado por meio de correntes e podemos regular a altura conforme o tamanho dos cordeirinhos”, conta Isabella.

O produto não é comercial. É uma adaptação feita pela Embrapa para otimizar o trabalho de aleitamento artificial.

Gisele Rosso (Mtb 3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

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pecuaria-sudeste.imprensa@embrapa.br

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9846987262?profile=originalHigiene. Esse é um dos principais motivos que conduziu a Embrapa Tabuleiros Costeiros e Embrapa Gado de Leite, a realizarem vídeo, em animação gráfica, que mostra o passo a passo na produção artesanal de queijo coalho e ricota com mais sabor, maior tempo de vida útil e muito mais qualidade.

“O vídeo é muito importante para padronizar o processo de produção desses queijos e, principalmente, por reforçar a importância das boas práticas de fabricação de queijo coalho, que precisa de cuidados extras, por esse alimento ser feito com leite cru”, afirma Marcio Roberto Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite na área de epidemiologia aplicada ao controle de zoonoses e segurança do alimento.

“O objetivo é auxiliar o produtor de queijo a conquistar o consumidor, em mercado cada vez mais competitivo, oferecendo alimento artesanal saudável e muito saboroso, como também colaborar com a dona de casa, ao incentivar a produção do queijo coalho e ricota, deliciosos e de qualidade para a família.”, destaca Karina Neoob, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, que coordenou tecnicamente a realização.

Em oito passos, o vídeo mostra as boas práticas de produção dos queijos coalho e ricota

 

Passo a passo
Em oito passos, e de forma lúdica, o vídeo mostra as boas práticas de produção dos queijos, a começar pelo leite de boa procedência (rebanho livre de brucelose e tuberculose, com mastite controlada).

O vídeo destaca a importância de produzir os queijos coalho e ricota em ambiente limpo, arejado, livre de insetos, com utensílios higienizados, onde o manipulador também se higieniza e usa vestimentas adequadas, como gorro, máscara, luvas, avental ou jaleco.

“Alguns produtores acreditam que a produção artesanal pode ser conduzida sem maiores critérios. No entanto, como geralmente os queijos artesanais são feitos a partir de leite cru, os cuidados higiênicos e a fiscalização têm que ser mais intensos, de modo a proteger a saúde do consumidor de várias doenças veiculadas pelo leite sendo muitas delas zoonóticas, como a brucelose e a tuberculose”, adverte o pesquisador Marcio.

Ele acrescenta ainda que muitas pessoas acham que o queijo com furinhos é mais gostoso. “Na verdade, no caso do queijo coalho, boa parte desses furos podem ser formados pela presença de gases produzidos por bactérias que indicam contaminação fecal, por exemplo, sendo um sinal de que as boas práticas agropecuárias ou de fabricação não foram cumpridas integralmente e que podem transmitir doenças para quem consumi-los.” complementa o pesquisador.

Nova Legislação
É importante que os produtores atentem à nova legislação aprovada em 2019, que dispõe sobre a fiscalização na produção de produtos alimentícios de origem animal produzidos de forma artesanal.

Além de fiscalizar, o decreto nº 9.918, de 18 de julho de 2019, legisla sobre o selo Arte, onde os serviços municipais e estaduais de fiscalização devem verificar os requisitos de boas práticas de fabricação e emitir o selo. 

“Vale a pena para o produtor formalizar e obter o selo Arte, que atesta a qualidade do produto e diferencia-o no mercado”, aconselha Rodrigo Lopes de Almeida, auditor fiscal e coordenador de produção artesanal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Com o decreto, os estados estão autorizados a conceder o selo Arte, que é uma garantia de higiene e qualidade”, complementa.

Mercado competitivo
A agricultura familiar responde por, aproximadamente, 64% do leite de vacas produzido, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017.

“O produtor de queijo, que pretende manter-se em mercado competitivo como o atual, precisa garantir a oferta de produto que, além de saboroso e nutritivo, seja seguro para o consumidor” acrescenta a pesquisadora Karina.

“Essas características são importantíssimas para conquistar o consumidor que, muitas vezes, elege um único fornecedor de queijo coalho artesanal, pois faz questão de oferecer à sua família alimento saudável”, complementa.

Ivan Marinovic Brscan (1634/09/58/DF)

Embrapa Tabuleiros Costeiros

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O Sumário 2020 do Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para Leite (PNMGuL) será lançado virtualmente. Nesta terça-feira (30), às 19h, a Embrapa Gado de Leite vai apresentar o documento em uma live transmitida simultaneamente pela RepiLeite (http://www.repileite.com.br), e pelos canais da instituição no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=wtGMFDxUTeg) e no Facebook (https://www.facebook.com/100905931659134/videos/787333652010527/).

 A apresentação será iniciada por Carlos Fernando Fontenelle Dumans, diretor-presidente do Centro Brasileiro de Melhoramento Genético do Guzerá (CBMG²) e por Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, e seguirá com o pesquisador Frank Ângelo Tomita Bruneli. A decisão pelo lançamento virtual visa evitar aglomerações em tempos de pandemia.

Essa é a 21ª edição do sumário do PNMGuL. Segundo Bruneli, a publicação traz o mérito genético de 754 touros para características de leite e corte, além das 529 matrizes Guzerá com maior mérito genético para produção de leite em 305 dias de lactação. “Para este ano, contamos com cerca de 18 mil dados de produção de leite de mais de 11 mil vacas puras e mestiças que passaram por controle leiteiro oficial, a partir de uma base de dados de 28 mil animais”, diz o pesquisador.

A realização do presente trabalho é fruto da parceria de sucesso entre a Embrapa Gado de Leite e o CBMG². Participam também renomadas instituições nacionais e estaduais de ensino e pesquisa, de empresas públicas e privadas voltadas ao Agro e de diversas fazendas leiteiras colaboradoras do teste de progênie.

O PNMGuL está em execução há 26 anos. “Desde 2000, o sumário é publicado anualmente e é uma importante ferramenta para o contínuo melhoramento deste recurso genético animal nos trópicos” afirma Bruneli. A raça Guzerá se destaca por sua dupla aptidão, atraindo cada vez mais produtores que se interessam por utilizar tanto animais puros da raça quanto seus cruzamentos, com o objetivo de aumentar a lucratividade nos sistemas de produção de leite, de carne e de duplo propósito.

Paulo do Carmo Martins diz que o Guzerá produzido no Brasil “vem atraindo inclusive os olhares da pátria-mãe da raça, a Índia”. As instituições daquele país têm buscado no Brasil parcerias e material genético para melhorar o Guzerá indiano. “A raça milenar chegou ao Brasil no século XIX, graças ao engajamento e à resiliência dos criadores, técnicos e pesquisadores que apostaram em seu melhoramento genético”, conclui Martins.

A partir do lançamento, o sumário poderá ser acessado por criadores e aficionados pela raça através dos sites:

https://www.embrapa.br/en/gado-de-leite/guzera-2020

https://www.cbmgguzera.com.br/sumariospnmgul/sumarios.html

Rubens Neiva (MTb 5445)

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Mercado atual reflete desajuste entre oferta e demanda de leite

Pelo lado da oferta são quatro os principais fatores que contribuem para a baixa disponibilidade interna de leite nesse momento: 1) Entressafra da produção nacional; 2) Piora na rentabilidade do produtor; 3) Problemas climáticos; 4) Queda nas importações de leite e derivados.

Pelo lado da demanda, os movimentos de consumo após o início do isolamento social têm levado a intensas variações nos preços dos produtos lácteos no mercado.No período mais recente, o mercado tem vivenciado forte valorização de preços que tem se sustentado nesse início de junho.

Veja essa análise completa na Nota de Conjuntura de junho de 2020, disponível no novo site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Aumento da ocorrência de inimigos naturais, ausência de cigarrinha na pastagem e de lagarta desfolhadora no eucalipto são algumas das diferenças em sistemas integrados de produção agropecuária quando comparadas a sistemas solteiros de cultivo.  As observações são resultado de pesquisas conduzidas na Embrapa Agrossilvipastoril (MT). Elas mostram mudanças na dinâmica de insetos em função da interação entre duas ou mais espécies e da estratégia de ILPF adotada.

Essa alteração no comportamento e na ocorrência de pragas traz benefícios tanto na diminuição dos custos com o controle quanto na redução dos riscos envolvendo perdas de produção. 

Em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), a modalidade de integração mais utilizada no País, quando a estratégia envolve a rotação anual, com lavoura no verão seguida de pastagem no inverno, não há a ocorrência da cigarrinha. A praga é uma das mais relevantes para as forrageiras. O inseto adulto suga a seiva da folha e libera enzimas que causam o amarelamento e posterior morte das folhas do capim. Com isso, o pasto perde produtividade e a capacidade de suporte de animais.

De acordo com o pesquisador Rafael Pitta, como nessa estratégia de ILP a pastagem é semeada entre fevereiro e março, a forrageira terá maior volume de massa já no fim do período chuvoso, o que não dá tempo para o desenvolvimento da praga devido a suas características biológicas. 

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“Quando começam a reduzir as chuvas, a cigarrinha (foto à esquerda) deposita o ovo no solo e ele fica em estágio de hibernação esperando as próximas chuvas. O ovo de março, abril, só vai eclodir em setembro e outubro, quando começa novo período de chuvas. Nesse momento, o capim já está sendo dessecado para servir de palhada para a lavoura”, explica Pitta.

Com a ausência da praga, os produtores deixam de ter de fazer o controle químico da cigarrinha. Em áreas de pastagens solteiras, são necessárias, em média, duas aplicações de inseticidas a cada período chuvoso, custando cerca de R$ 80 por hectare somente em produtos. 

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ILPF

Em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta com eucalipto, com renques de linhas triplas, a pesquisa mostrou que a lagarta desfolhadora (Glena unipennaria) não ocorre nos sistemas integrados. A praga é comum em sistemas de monocultivo de eucalipto e causou cerca de 50% de desfolha, no mesmo experimento, em áreas de controle cultivadas somente com a árvore. 

Conforme a pesquisa, a praga não foi encontrada em áreas de integração de árvores com lavoura (ILF) nem em sistemas silvipastoris (IPF). Como o mesmo ocorre na bordadura de monocultivos de eucalipto, pesquisadores chegaram à conclusão de que a incidência de luz é a responsável pela mudança no comportamento.

“Observamos isso em sistemas com linhas triplas de eucalipto. Talvez em áreas com maior número de linhas esse efeito da bordadura possa não ser observado em todas as árvores”, pondera o cientista.

A lagarta desfolhadora do eucalipto é uma praga de grande impacto na cultura, sobretudo em regiões com maior cultivo da espécie, como Minas Gerais e São Paulo. O controle pode ser feito com produtos químicos ou biológicos e é caro, uma vez que depende de maquinário específico e com grande consumo de água. 

Diversidade biológica na ILPF

A integração de lavoura com árvores também resultou em maior diversidade de espécies de insetos no sistema produtivo. A pesquisa mostrou que a biodiversidade presente nos monocultivos de eucalipto e de soja se somam nesses sistemas. Essa variedade aumenta a resiliência do sistema.

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Na lavoura de soja essa biodiversidade é maior ainda. Isso é importante pois, em um possível ataque de alguma praga, a existência de inimigos naturais reduz os danos que poderiam ser causados. Essa biodiversidade reduz o risco do produtor”, afirma Pitta.

Comportamento semelhante também já foi observado em pesquisas analisando os microrganismos do solo em sistemas ILPF. Nesse caso, a maior diversidade de organismos antagônicos, ou seja, que controlam agentes causadores de doenças, pode reduzir a incidência de fitopatologias.

"Os sistemas integrados mostram uma resiliência maior na manutenção desses inimigos naturais. Na nossa visão, trata-se de um sistema produtivo que favorece esses inimigos naturais, podendo torná-lo menos suscetível às doenças", avalia o pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agrossilvipastoril, Anderson Ferreira.

Mudança de comportamento

Outra variável encontrada nos sistemas de integração lavoura-floresta é o comportamento de alguns insetos-praga. Na lavoura de soja, os percevejos marrons demonstraram maior ocorrência na faixa que não é afetada pela sombra das árvores. Já os percevejos barriga verde tiveram comportamento oposto, preferindo as áreas que ficam sombreadas em parte do dia.

De acordo com Pitta, essa informação é relevante para direcionar a forma de amostragem no campo antes de decidir pelo controle da praga. Uma amostragem privilegiando áreas com sombra, ou a faixa central dos renques, pode não refletir a real situação do talhão. 

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Gabriel Faria (MTb 15.624/MG)
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Na fase de planejamento da semeadura do milho da safra de verão, a Embrapa Milho e Sorgo (MG) acaba de publicar o documento Sementes de milho: nova safra, novas cultivares e continua a dominância dos transgênicos. De autoria dos pesquisadores Israel Alexandre Pereira Filho e Emerson Borghi, a publicação apresenta o levantamento das cultivares de milho disponíveis no mercado, trabalho realizado há 13 anos pela Embrapa.

O objetivo, segundo os autores, é auxiliar o produtor na fase de planejamento deste importante insumo agrícola, que é a semente. “Neste ano agrícola 2019/2020 são ofertadas 196 opções, para diferentes finalidades e regiões de cultivo”, resume um trecho. De acordo com os pesquisadores, as informações foram organizadas para evidenciar as principais características agronômicas das cultivares, assim como dados quanto ao comportamento dos materiais genéticos em relação às principais doenças que podem ocorrer nas regiões produtoras de milho no Brasil.

A publicação chega em um momento em que o Brasil se revela como recordista na produção de grãos. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em seu último levantamento realizado em maio de 2020, a estimativa nacional de semeadura do milho, considerando primeira, segunda e terceira safras, na temporada 2019/20, está em 18,5 milhões de hectares e produção de 102,3 milhões de toneladas. “Notadamente, esses resultados expressivos são produto dos avanços genéticos por eras, em que se empregam modernas técnicas de manejo e melhoramento de plantas”, interpretam os pesquisadores.

Ainda segundo os autores, a biotecnologia agrícola destaca-se como importante ferramenta no desenvolvimento de híbridos de milho com genética superior, como o Bt e o RR, que contribuem para a redução da pressão sobre os recursos naturais, permitindo práticas agrícolas mais sustentáveis. “A expectativa é que esta publicação possa atender os diferentes profissionais e públicos que cultivam este importante produto agrícola brasileiro, cultivado em todos os biomas e estados, responsável por 41,5% de toda a produção de grãos do país nesta atual safra”, afirma Frederico Ozanan Machado Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo.

Predomínio dos transgênicos e otimismo cauteloso

Analisando as informações coletadas nos portfólios das empresas produtoras de milho no Brasil, os pesquisadores reforçam que as cultivares de milho transgênico têm dominado o mercado nas últimas safras, e que a adoção por parte do produtor está em nível bastante elevado, principalmente no cultivo do milho após soja, chegando a 93% da área cultivada. “A tendência no futuro é que a participação de cultivares transgênicas deve aumentar ainda mais, com adição de eventos transgênicos em cultivares já existentes, o que não implicará aumento no número de cultivares no curto prazo”, analisam.

Em relação ao cenário econômico para 2020, os pesquisadores revelam-se otimistas, mas reforçam que a expectativa de produção na casa das 100 milhões de toneladas sofrerá ajustes ao longo dos próximos meses. Há uma série de interrogações que podem afetar negativamente o mercado de milho no segundo semestre, na visão de Rubens Augusto de Miranda, pesquisador da área de Economia, principalmente a questão da crise provocada pela Covid-19, que tem afetado severamente vários setores da economia, inclusive a produção de combustíveis. “No mercado externo, a expectativa de safra recorde nos Estados Unidos pode afetar negativamente os preços internacionais do milho e, consequentemente, as exportações brasileiras”, analisa. (ouça podcast sobre o assunto acima).

A publicação está disponível de forma gratuita para download e pode ser consultada em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/213423/1/doc-251.pdf. O aplicativo Doutor Milho, disponível nas plataformas Android e iOS, também traz essas informações. Baixe aqui para Android e aqui para iOS.

Guilherme Viana (MTb 06.566/MG)

Embrapa Milho e Sorgo

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A pandemia de Covid-19 tem capacidade de promover uma revolução silenciosa nas fazendas de leite. Alguns produtores passaram a adotar medidas de segurança antes comuns a outros sistemas de produção, como suínos e aves. O maior rigor na biosseguridade pode ser um legado positivo que os procedimentos atuais devem deixar nas propriedades leiteiras. Os pesquisadores da Embrapa veem esse movimento com bons olhos, embora vacas não contraiam nem transmitam a doença (veja quadro). Os especialistas acreditam que o novo coronavírus ajudou a dar à biosseguridade uma nova dimensão nas fazendas de leite. Esse conceito, que envolve tanto a saúde dos animais quanto a do ser humano, é o conjunto de procedimentos adotados para lidar com os desafios que os agentes patogênicos impõem à produção animal.

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Márcio Roberto da Silva (veja entrevista abaixo), os estudos de transmissão da Covid-19 por animais ainda não são muito amplos, embora haja registros de transmissão do ser humano para outras espécies como felinos (tigres, leões e gatos). Há ainda um caso relatado em que um cão se infectou na Coreia do Sul. “Por enquanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ser humano é o principal reservatório da doença”, relata Silva. Mas isso não significa que as fazendas de leite estejam livres do problema. Pelo contrário. Os cuidados no campo devem ser redobrados.

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O vírus se espalha principalmente por contato direto de pessoa para pessoa, entre indivíduos que estão próximos, por meio de gotículas respiratórias, ou de forma indireta, por contato com superfícies contaminadas. Silva alerta que essas duas formas de contágio são possíveis na lida diária com o rebanho. Em uma sala de ordenha, por exemplo, há equipamentos cujas superfícies aumentam a sobrevida do vírus. É o caso de plásticos e aço inoxidável, onde o novo coronavírus permanece ativo por até três dias (veja quadro ao lado). A própria vaca pode se tornar um vetor mecânico de transmissão da doença. Imagine uma situação na qual o animal esteja sendo ordenhado por um vaqueiro contaminado; essa pessoa espirra ou tosse próximo à vaca e o vírus se impregna na pelagem do bovino. Outras pessoas correm o risco de adoecer ao manusear a região contaminada dessa vaca e levar as mãos ao rosto. Por isso, Silva é taxativo: “Os mesmos cuidados, como o uso de máscaras e higiene das mãos e ambientes, amplamente divulgados para a sociedade, devem ser tomados pelos trabalhadores numa propriedade leiteira. E até acentuados, pois além da própria saúde, o trabalhador está lidando com a produção de alimentos que outras pessoas irão consumir”.

Boas práticas

A adoção de boas práticas agropecuárias já oferece segurança para quem lida com a produção de leite. “A vaca pode transmitir outras doenças como tuberculose, brucelose, leptospirose e raiva”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Alessandro de Sá Guimarães. Segundo ele, no ambiente rural há também animais silvestres que veiculam zoonoses, como o javaporco (cruzamento do javali com o porco), que se tornou uma praga em muitas regiões e deve ser controlada. “O produtor de leite está despertando para a questão da biosseguridade; muitas propriedades tornaram-se mais rigorosas com o acesso de pessoas e veículos à fazenda, exigindo jalecos adequados e propé (sapatilhas descartáveis para evitar que os sapatos contaminem o local).” Essa é uma prática comum em unidades de produção de suínos e aves, que o produtor de leite está incorporando.

“A única forma de prevenção da Covid-19 é o fortalecimento das medidas de biosseguridade”, afirma o pesquisador da Unidade Guilherme Nunes. Ele é um dos autores de um documento de 2018 com orientações para ampliar as barreiras sanitárias na bovinocultura leiteira, evitando a disseminação de doenças parasitárias, bacterianas e virais. Uma medida ideal de controle seria o produtor rural monitorar a temperatura e condições de saúde dos empregados na chegada à propriedade, afastando por duas semanas ou mais os trabalhadores com sintomas da doença. O afastamento também é recomendado para quem vive na mesma casa de uma pessoa infectada e aqueles que pertencem a grupos de risco para a Covid-19.

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Roupas limpas e mãos higienizadas são cuidados essenciais para uma ordenha higiênica e segura, que também exigem saúde do trabalhador e sanidade da vaca, além do controle da mastite para a obtenção de um leite de qualidade e seguro”, confirma a também pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Wanessa Araújo Carvalho. A Unidade elencou dez medidas de prevenção a serem adotadas na rotina das propriedades rurais para evitar a disseminação do novo coronavírus (veja quadro).

Práticas higiênicas, ainda que não eliminem completamente o vírus, podem fazer com que o trabalhador tenha contato com uma menor carga viral, caso se contamine em alguma circunstância. “Ainda existem poucos estudos a respeito, mas uma baixa carga viral tende a influenciar na gravidade da doença”, conta Carvalho. A pesquisadora conclui que a pandemia vai mudar o mundo, valorizando a biosseguridade e levando a mais investimento em tecnologias renováveis e sustentabilidade. “Tudo leva a crer que o novo coronavírus surgiu numa feira de animais silvestres. Já avançamos demais sobre a natureza e é hora de retroceder, aplicando mais recursos na ciência para a adoção de tecnologias limpas e seguras para a humanidade.”

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Rubens Neiva (MTb 5445/MG)
Embrapa Gado de Leite

Carolina Rodrigues (MTb 11.055/MG)

Embrapa Gado de Leite

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9846979252?profile=originalInformativo Especial de Preços desta semana mostra que os preços de leite e derivados registraram valorização nas últimas semanas. O período abril-junho é o de menor produção nacional e o volume importado segue recuando, o que tem afetado a disponibilidade per capita.

O leite UHT registrou importante valorização na 2ª quinzena de maio devido a demanda firme nos supermercados e oferta limitada pela entressafra.

Veja essa análise completa na nova edição do Informativo Especial de Preços, disponível no novo site do Centro de Inteligência do Leite.

No informativo também estão apresentados os dados mais atuais de diversos produtos de interesse para cadeia do leite, além de produtos agrícolas de importância para o Brasil.

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O produtor rural que optar pela integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) deve ter bem delineado o mercado que pretende atender com a madeira que vai produzir. A inclusão de árvores integradas à lavoura e à criação de animais é uma decisão importante por se tratar de um componente não muito conhecido de grande parte dos produtores. Mas existem agropecuaristas que estão investindo nos sistemas integrados completos com sucesso.

Além disso, aos poucos cresce o número de técnicos capacitados para orientar produtores em ILPF. A Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) tem um programa de capacitação continuada que já treinou em quase cinco anos 39 técnicos e atualmente capacita mais 30 profissionais da Cocamar (Cooperativa Agroindustrial de Maringá). De acordo com Hélio Omote, da área de Transferência de Tecnologia do centro de pesquisa da Embrapa, esse treinamento da Cocamar em ILPF é teórico e, dentre outras tecnologias, apresenta aos técnicos a possibilidade de uso das árvores em sistemas de integração. A Rede ILPF, uma associação formada por empresas que apoiam a adoção da tecnologia, tem fomentado esses treinamentos em várias regiões do país.

QUALIDADE DA MADEIRA

O pesquisador José Ricardo Pezzopane, da Embrapa Pecuária Sudeste, disse que um dos aspectos a serem considerados pelo produtor é a qualidade da madeira que ele pretende comercializar. “Quando o preço da madeira de baixa qualidade está baixo, é preciso considerar a possibilidade de suprir o mercado de madeira de qualidade superior para compensar o investimento”, disse.

Essa orientação, segundo ele, passa por duas situações: a escolha do tipo de árvore e o manejo. Cuidados no plantio, definição de espaçamentos, controle de formigas, desrama e desbaste são algumas etapas que precisam ser cumpridas.

“O primeiro passo é o produtor verificar se as condições de clima e solo da propriedade são favoráveis para a espécie arbórea escolhida. Um exemplo, o Estado de São Paulo é limítrofe para a espécie Teca, que é muito valorizada, por condições de clima. Para eucaliptos existem diversas literaturas com recomendação de espécies/clones para as regiões. Outra premissa é mercadológica. Existem regiões com mercado ávido por determinados tipos de madeira em função da presença de indústrias moveleiras, celulose etc.”, disse Pezzopane.

NOVA FONTE DE RENDA

O consultor José Henrique Bazani, sócio da empresa de tecnologia florestal Geplant, acompanha uma propriedade em Macaé (RJ) que adotou a IPF (Integração Pecuária-Floresta), também chamada de sistema silvipastoril. Seus clientes queriam diversificar e estabelecer uma nova fonte de renda sem afetar a produção atual de carne.

Em 2017 foi implantada uma área piloto de 25 ha na fazenda para validação. “Como a região tinha pouca tradição florestal e é carente de informações sobre crescimento de árvores, implantamos também um teste de espécies de cultivares em uma área de aproximadamente 5 ha. O objetivo é gerar informação, ao longo do tempo, sobre a adaptação e desempenho das melhores essências florestais para aquela região”, afirmou Bazani.

De acordo com o consultor, a iniciativa está dando certo e a projeção é que a propriedade tenha 1.000 ha de área de sistema integrado pecuária-floresta. Para Bazani, a experiência tem sido desafiadora porque o conceito é novo para todos os envolvidos. “Nós, técnicos florestais, precisamos levar em consideração a presença do animal e do capim convivendo no meio das árvores. E o produtor passou a se preocupar com questões que, até então, não existiam na rotina da fazenda”, disse.

Bazani contou que as árvores foram plantadas com a operação de reforma da pastagem, que já estava prevista. “A gente aproveitou a oportunidade para ganhar tempo no isolamento das áreas até a entrada dos primeiros animais.”

Os eucaliptos foram plantados em linhas simples, com espaçamento de 15 m entre as árvores. Foram feitos o preparo do solo e a fertilização. Até o final do primeiro ano, houve a preocupação de manter as linhas de plantio das árvores livres de plantas daninhas e de capim. “Tivemos uma atenção especial com o controle de formigas, uma prática que nunca havia sido trabalhada dentro da propriedade. Hoje há um monitoramento semanal para evitar prejuízo futuro.”

Um ponto importante destacado por Bazani é a genética das árvores, ou seja, a definição da variedade que será introduzida no sistema. “Isso tem que ser pensado com muita responsabilidade porque o retorno é de longo prazo. No nosso caso, estamos falando em um corte final 15 e 18 anos de idade.

Como o volume de madeira será menor do que em uma plantação florestal pura, é preciso planejar os ganhos em relação à qualidade deste produto. “Ganhar em qualidade está associado a árvores de grandes dimensões e madeira de qualidade superior. É importante que se conheça qual o mercado que se pretende atingir no futuro? Quais as características que esse mercado exige da madeira? Quais as opções disponíveis?”, coloca Bazani.

Segundo ele, dentro do gênero eucaliptus há grande variedade de espécies e cultivares. Outras essências, como espécies do gênero Pinus, Teca e outras podem ser usadas no sistema. “Definir o mercado alvo é fundamental para escolher a espécie que vai usar, a característica da madeira que se quer produzir e qual o manejo será adotado”, conclui.

POUPANÇA DE MOGNO

Na região do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, um produtor decidiu fazer uma poupança para sua aposentadoria plantando mogno africano em um sistema integrado com pecuária. Felipe Melhado, técnico da CDRS (Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável) da região de Presidente Prudente, tem acompanhado a propriedade.

Trata-se da fazenda Ribeirão Claro, no município de Piquerobi, onde 100 alqueires, da área total de 223 alqueires, foram ocupados por uma floresta de mogno africano. De acordo com Felipe, são oito talhões, cada um com 10 mil a 15 mil árvores.

A ideia inicial era plantar eucalipto, mas na feira Agrishow o produtor conheceu o mogno africano. “Foi amor à primeira vista. Ele buscava uma cultura que fosse uma aposentadoria para ele. Não queria retorno imediato. Está apostando na madeira nobre, na movelaria de alto custo”, conta Felipe.

Mesmo sabendo que o eucalipto tem rotatividade maior – durante uma colheita do mogno poderia colher três vezes o eucalipto – o produtor apostou na rentabilidade da madeira para movelaria de alto valor.

A fazenda tem oito talhões e todo ano é plantado um novo. Ainda não foi feita nenhuma colheita e a previsão é que as árvores sejam colhidas quando tiverem entre 13 e 15 anos. “Estamos fazendo os inventários florestais e a empresa que acompanha essa parte informou que nossa floresta está acima da média de crescimento. A floresta mais velha tem seis anos e a previsão é colher de 12 mil a 15 mil árvores/ano.”

Os talhões têm espaçamentos variados. A partir do terceiro ano entra o gado de corte para se alimentar do capim (braquiária). São vacas de cria da raça Nelore, com bezerro ao pé. Felipe conta que uma das dificuldades enfrentadas é o interesse dos animais pela casca do mogno africano, “altamente palatável” para essas vacas. “Elas não podem ficar muito tempo na floresta, apesar de ser um ambiente que não traz estresse e de ter capim de boa qualidade.”

O técnico falou ainda que, futuramente, o sombreamento vai impedir o desenvolvimento do capim. “Mas o foco está na produção de mogno africano para o futuro.” Segundo ele, fazendo as contas, a rentabilidade do mogno africano daqui a alguns anos, se continuar como hoje, é muito positiva comparado com outro empreendimento.

Hoje metade da propriedade tem o mogno africano e a previsão é plantar mais 30 mil árvores. Nas outras áreas, o proprietário tem pasto rotacionado e está renovando a pastagem com plantio de milho e capim. Ou seja, além da IPF, a propriedade também faz a chamada ILP (Integração Lavoura-Pecuária). “A água da fazenda melhorou, as curvas de nível estão mais protegidas. A floresta traz benefícios para a conservação do solo”, finaliza.

Ana Maio (Mtb 21.928)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Pessoal, compartilho mais alguns vídeos com esta excelente experiência conduzida pela Epagri no Estado de Santa Catarina.

A adoção e condução do sistema silvipastoril ou integração pecuária-floresta, em propriedades leiteiras familiares.

Com boa orientação e empreendedorismo a produção de leite em bases sustentáveis ganha novo rumo.

Árvores e Pastagens

sistema silvipastoril

silvipastoril

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Selo vai agregar valor ao queijo do Marajó

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O queijo do Marajó, que já é uma tradição para os paraenses, deverá em breve ser reconhecido pelo mundo inteiro. Isso porque o processo de Indicação Geográfica (IG) do produto caminha para a sua finalização.

Emanuel Lopes é produtor da CoopMarajó, uma cooperativa de produtores de leite e derivados da região, e vai ser um dos beneficiados com a Indicação Geográfica do queijo do Marajó. Mesmo com a produção reduzida nesta época de pandemia, ele continua abastecendo municípios do arquipélago marajoara.

 

 

A Indicação Geográfica é uma marca que atribui valor e identidade própria a um produto, evidenciando características como o local de onde vem, o solo e clima onde foi cultivado, o tratamento que foi dado, a cultura envolvida. Tudo isso com a garantia da origem e produção, que conferem ao produto uma qualidade única em relação aos outros semelhantes disponíveis no mercado. E é essa marca que o queijo do Marajó vai ter em breve.

A Associação dos Produtores de Queijo e Leite do Marajó (APQL Marajó) foi a responsável por fazer o pedido de Indicação Geográfica junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, INPI. Não é um processo simples, que exigiu a parceria de diversas instituições, como o Sebrae, a Embrapa Amazônia Oriental, Secretarias de Governo, Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Estado do Pará, entre outros.

O selo do queijo do Marajó vai beneficiar não somente os produtores vinculados diretamente à associação, mas também todos aqueles que estão na região delimitada pela IG e que cumprirem as exigências técnicas de fabricação do produto.

Para Emanuel Lopes, o selo de Indicação Geográfica do queijo do Marajó vai trazer mais valor à bubalinocultura, mais reconhecimento aos produtores, mais turismo e mais desenvolvimento à região.

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Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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O Manual para Elaboração do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL) além de conter tópicos relacionados à Boas Práticas Agropecuárias (BPA) e pontos fundamentais para o atendimento às Instruções Normativas n° 76 e 77/2018 do Ministério da Agricultura (MAPA) inclui recomendações e exemplos práticos que visam auxiliar empresas, técnicos e produtores na aplicação dos requisitos previstos nesta nova legislação, que com certeza irão ser definitivos para a melhoria do leite nacional.

No item 4.1 Ferramentas para o diagnóstico de situação há um guia contendo perguntas de orientação para elaboração do plano onde uma das questões é a 4.7 A qualidade da água fornecida aos animais é boa?

A avaliação de quais parâmetros devem ser considerados a fim de estabelecer se uma água é boa ou não requerem algumas observações, percepções e análises do contexto geral da água de cada propriedade.

No mesmo documento, ainda no capítulo 4, ocorrem as seguintes perguntas no item 5 do check list:

9846977858?profile=original5. Qualidade da água

5.1 As fontes de captação de água são devidamente isoladas?

5.2 Os reservatórios de água são periodicamente higienizados?

5.3 Há registro da higienização dos reservatórios de água?

5.4 A água utilizada na limpeza de equipamentos é potável?

5.5 São realizadas análises para avaliação da qualidade da água?

5.6 Existe algum tratamento da água?

O documento ainda verifica que há pontos importantes a serem enfatizados nos quesitos planejamento, gestão, monitoramentos, ações e verificações e auditorias.

 Quadro 1. Ações importantes para implantação e avaliação contínua do PQFL no quesito água.

ITEM

AÇÃO

Planejamento

·      Enfatizar a realização de análise da qualidade da água (semestral ou anual) coletando amostras em três pontos na propriedade (fonte, caixa e sala de ordenha).

·      Enfatizar a importância do abastecimento em quantidade e qualidade.

Gestão

·      Práticas de proteção de nascentes.

·      Analisar qualidade da água e ter procedimento para melhoria.

·      Ter mecanismos para garantir potabilidade e eficiência de limpeza de equipamentos.

Monitoramento

·      Avaliar os resultados da qualidade da água e correlacioná-los com os parâmetros de qualidade de leite.

·      Analisar dados de dureza, pH, coliformes a 30 e a 45º graus Celsius.

·      Checar a frequência de limpeza das caixas d’água.

Ações corretivas e verificação

·      Realizar tratamentos da água conforme necessidade (fltração, cloração, entre outras).

·      Verificar o teor de cloro e outros indicadores.

·      Verificar captação e limpeza da caixa.

Auditorias

·      Prever a realização de auditorias.

·      Definir a frequência das auditorias e a descrição dos registros.

·      Rever o percentual de atendimento após a auditoria e se preciso, refazer o planejamento.

Fonte: Manual para Elaboração do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL)

 

Fundamentado nestes pontos destacados por profissionais do setor leiteiro, que se ampararam em normas e legislação vigente como às Instruções Normativas n° 76 e 77/2018 do Ministério da Agricultura (MAPA), elaboramos um questionário com 10 perguntas que avaliam exatamente os estes pontos.

O questionário contém 10 perguntas com respostas de múltiplas escolhas, sendo que 9 focam nos requisitos do manual e uma é de identificação. A identificação é importante caso o produtor ou a empresa queira receber uma avaliação de suas respostas, quão próximo está do ideal, o que precisa fazer para se adequar e como ele está quando comparado com os demais produtores que responderam. O sistema informa que quem respondeu dedicou em média 2 minutos para concluir a pesquisa.

 

Caso seja um profissional do setor, de uma cooperativa ou empresa produtora de leite, ou mesmo de um seguimento ligado ao setor leiteiro, ajude a divulgar o link para acesso a pesquisa:  Entre nesse link https://pt.surveymonkey.com/r/WZZ5TYX

 

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Prezados,

A Embrapa Gado de Leite em parceria com a Embrapa Solos, em seu Campo Experimental Fazenda Santa Mônica, localizado em Valença/RJ, está instalando um grande laboratório de pesquisas em sistemas de integração Lavoura-pecuária-floresta, como vitrine de tecnologias do Programa ABC. O projeto conta com o apoio da Associação Rede ILPF e teve seu início em novembro de 2019.

Estão sendo instalados uma série de experimentos a fim de se avaliar diversas alternativas de sistemas para atender os diferentes perfis de produtores de leite em áreas sob domínio da Mata Atlântica.

Confira na reportagem:

https://www.girodoboi.com.br/videos/confira-lista-de-vantagens-dos-sistemas-integrados-na-pecuaria-leiteira/

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Prezados, compartilho vídeo exibido pelo MG Rural sobre a adoção de sistemas de Integração Lavoura-pecuária-floresta em propriedades leiteiras na região do Campo das Vertentes-MG.

Em pauta uma das inúmeras propriedades que adotou o conceito de integração e mudou sua história.

https://globoplay.globo.com/v/6730792/

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Por causa da Covid-19, os tradicionais "dias de campo" foram, temporariamente, interrompidos nos campos experimentais da Embrapa Gado de Leite, mas o produtor continua tendo acesso às pesquisas geradas pela instituição. Pesquisadores estão se aliando às novas tecnologias, que permitem o contato remoto com o setor produtivo. Uma dessas tecnologias é o podcast: informações disponibilizadas em formato de áudio, semelhante ao rádio, mas que fica disponível para o ouvinte a qualquer hora.

A série de podcasts da Embrapa Gado de Leite se chama "Milkcast" e pode ser acessada no Spotify ou no site da instituição (também na Repileite). Segundo o chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, esse canal de comunicação com o produtor é abastecido com as demandas do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), que recebe perguntas de produtores de todo o país. "Também utilizamos temas de palestras e novas tecnologias geradas para produzir os áudios, muitos deles feitos em forma de entrevista com pesquisadores", diz.

A analista Eliane Hayami, umas das produtoras do material, informa que já existem 25 áudios disponíveis, tratando dos mais variados temas (veja a lista no final desta matéria), "O podcast procura dar um sentido prático à tecnologia apresentada", diz a analista. Os temas disponibilizados são perenes, e podem ser acompanhados em qualquer momento.

A instituição, que já conta com uma plataforma de EAD (Ensino à Distância), está agora trabalhando na produção de videcast (informações disponibilizadas em formato de vídeo). "A pandemia de Covid-19 tem nos ensinado novas formas de trabalhar e entregar para a sociedade o resultado das pesquisas que desenvolvemos", afirma Carvalho. "Acreditamos que muita coisa irá mudar nas relações humanas e a principal delas será a migração para o universo digital", conclui.

Temas disponíveis no Milkcast:

  • Boas praticas agropecuárias
  • Queijo artesanal
  • Silagem de Milho
  • Pastejo rotacionado (1 e 2)
  • O leite no sistema ILPF
  • Melhoramento de forrageiras
  • Cigarrinhas das pastagens (1 e 2)
  • Queijo artesanal de Alagoa
  • Leite A2A2
  • Genômica
  • Alimento funcional
  • ILPF
  • Taxa de prenhez
  • Eficiência reprodutiva
  • Conjuntura do Leite (1 e 2)
  • Redução de CBT no leite
  • Silagem de Capim
  • IN 76 e IN 77
  • Melhoramento genético
  • BRS Capiaçu
  • Leite 4.0
  • Ideas for Milk


Rubens Neiva
Embrapa Gado de Leite

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Leite de descarte - o que fazer?

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Responder à essa pergunta requer uma análise de alguns aspectos envolvidos na produção, como, por exemplo, fatores sanitários e econômicos. O grande problema, é que em grande parte das fazendas brasileiras, o fator econômico normalmente se sobrepõe ao sanitário, o que pode no médio e longo prazo comprometer a saúde e a produtividade do rebanho. Temos que priorizar o uso de estratégias para redução de doenças e o uso de antibióticos de maneira adequada reduzindo a produção de leite de descarte nas fazendas. É fato também que existem poucas pesquisas a esse respeito, o que tem dificultado o produtor de leite a tomar decisões baseadas em resultados científicos.

O leite de descarte é por definição todo leite que não pode ser consumido pelo ser humano, ou seja, o colostro, o leite de transição (primeiras ordenhas pós-parto), e o leite proveniente de animais em tratamento com antibiótico (e/ou período de carência de medicamentos), nesse último caso, o mais comum é o uso do antibiótico para o tratamento da mastite.

Então, o que fazer com o leite de descarte produzido? Bom, o colostro e o leite de transição devem ser avaliados quanto à sua qualidade e serem fornecidos às bezerras, pois são excelentes alimentos. Já o leite proveniente de vacas em tratamento com antibiótico deve ser descartado. Porém, o descarte não deve ser feito de qualquer forma, pois há o risco de contaminação ambiental. Dessa forma, o descarte seguro em local apropriado como em estações de tratamento de dejetos, seria a opção mais indicada.

Mas porque ainda muitos produtores destinam o leite de descarte às suas bezerras? Simplesmente por uma questão econômica, pensando em “economizar” no fornecimento de leite às bezerras. Mas será que realmente estão economizando ou criando um problema para sua fazenda? Quais as possíveis implicações dessa prática? Ao fornecer um leite de baixa qualidade e contaminado com antibiótico e patógenos, estamos fornecendo um produto com variação no valor nutricional, pois normalmente o leite de descarte apresenta alterações na sua composição devido ao processo de mastite, por exemplo. A presença de antibiótico tem potencial para alterar o desenvolvimento normal da flora bacteriana do sistema digestivo das bezerras, podendo comprometer a sua eficiência na transformação e absorção de nutrientes. Outros aspectos importantes são contaminação bacteriana, possível transmissão de doenças e resistência a antimicrobianos com impacto direto em relação a saúde animal e humana. Nesse contexto, adotar opções de fornecimento de leite mais seguras e nutritivas às bezerras seria o melhor caminho, afinal as bezerras de hoje serão as vacas do futuro.

A Embrapa, em parceria com a UFMG, UFJF, Epamig, UFLA e West, conduziram um experimento financiado pela Fapemig: "Efeito do fornecimento de leite cru e de leite de descarte cru ou pasteurizado sobre o desempenho e a saúde de bezerras leiteiras e a resistência a antimicrobianos" e em breve serão divulgados os resultados.

E você produtor, como tem tratado essa questão na sua fazenda? Quais as principais dificuldades enfrentadas para contornar esse problema? Deixe aqui a sua resposta pois o debate e a busca de soluções para esse tema interessa a todos nós!!

Autores: Cláudio Antonio Versiani Paiva e Mariana Magalhães Campos

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