As oito novilhas com melhor desempenho leiteiro na 5ª edição da Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto do Zebu Leiteiro da Embrapa Cerrados foram premiadas nesta segunda-feira (13). Mais que o troféu, os produtores que tiveram suas vacas avaliadas saíram com a garantia de que há uma boa genética em seus rebanhos.
Os dois animais que apresentaram os melhores índices gerais pertencem ao rebanho do Centro de Tecnologia em Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL), fazenda experimental da Embrapa Cerrados (DF). A BRGY 87 Freda da Cerrados, que ficou em primeiro lugar, com uma produção de 3,7 mil litros de leite em 305 dias, além de vários outros atributos com a avaliação positiva. A média de produção do Gir leiteiro foi de 3,6 mil quilos nesse período, o que corresponde a três vezes a média nacional, atualmente de 1,2 mil quilos.
A Freda da Cerrado é filha de um animal já avaliado na prova e com boa produção. “Nós vemos que houve um ganho genético nessa linhagem”, destaca a pesquisadora Isabel Ferreira, supervisora do CTZL. A segunda colocada, BRGY 77 Fortuna da Cerrados, também se destacou em persistência de lactação e menor escore de células somáticas.
Essa é a única prova de leite a pasto de todo o Brasil. O objetivo é identificar animais geneticamente superiores para produção de leite. Para Sebastião Pedro, chefe-geral da Embrapa Cerrados, o leite produzido a pasto é o mais sustentável do mundo. “O Brasil precisa de genética melhorada própria para as condições dos trópicos [...] Esse é o quinto passo nessa direção de identificar animais com genética para esse desafio de produção de leite a pasto no Cerrado”.
Durante os 305 dias que os animais ficam no pasto, mês a mês, é feito o controle leiteiro, seguindo as normas da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Um diferencial da prova é que as mensurações são feitas sem uso de fármacos exógenos para indução da lactação. A lactação é estimulada apenas pela presença do bezerro.
Além da produtividade, outros atributos são considerados: persistência da lactação; conformação racial; teores de proteína e gordura no leite; contagem de células somáticas; idade ao primeiro parto; intervalo entre parto e concepção. Também é feita a genotipagem dos animais para alelos A1 e A2 da beta caseína para os pecuaristas que têm interesse em produzir a bebida com menos teor alergênico.
A pesquisadora explica ainda que apesar de a prova ter o foco principal na quantidade de leite produzido, esses outros parâmetros também são muito importantes para o pecuarista. Por isso, além das novilhas com o melhor desempenho na produção de leite, foram destacadas as que apresentaram maior persistência de lactação, menor idade do primeiro parto, maiores teores de sólidos totais do leite e menor intervalo entre parto e concepção.
Animais com classificação elite e superior
Seu Hamilton Nunes é participante assíduo da prova de leite organizada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Associação dos Criadores de Zebu do Planalto (ACZP). Para o pecuarista de Luziânia (GO), o diferencial dessa atividade é que a Embrapa avalia parâmetros que os criadores não conseguem avaliar na fazenda. Ele explica que só a observação não é suficiente: “Em geral, avaliamos os animais pela sua cor, pela aparência física. Mas a filha da melhor vaca, às vezes, não é o que a gente espera”. Ele aconselha todos os produtores a testarem seus animais para garantir bons resultados econômicos em sua atividade. “Tem gente que desiste da atividade porque falta uma avaliação técnica e responsável”, lamenta.
Ele conta ainda que depois que começou a participar da prova passou a valorizar mais seus animais e entendeu que o gado rústico é o melhor para produção de leite a pasto na região. Na 4ª edição da prova, que foi finalizada em 2020, sua novilha, a Caiana, terminou em segundo lugar, com classificação Elite.
Após a premiação, Marcelo de Toledo, superintendente técnico da ACZP, conduziu o público até o curral, onde explicou os critérios relacionados à conformação racial. “Se a gente pensa em produzir leite a pasto, vamos necessariamente precisar desse material genético”, afirma, apontando para as novilhas premiadas. E completa: “Temos que seguir selecionando essa base, nas condições dos trópicos, para ter um leite economicamente viável e sustentável”.
José Eduardo dos Anjos, produtor rural e veterinário, participante da 5ª edição da prova, lembra que o importante nessa avaliação é descobrir e multiplicar a boa genética. “A Embrapa consegue disponibilizar para os pequenos, médios e grandes produtores uma avaliação com dados fidedignos”, o que possibilita a melhoria dos rebanhos da região.
Assista aqui ao evento de premiação na íntegra.
Expoabra 2021
A apresentação dos resultados da prova de leite ocorreu durante a Expoabra Digital 2021, que acontece entre os dias 13 e 18 de setembro, em Brasília (DF), realizada pelo Parque de Exposição Granja do Torto. O evento marcou a reabertura desse espaço.
Durante a solenidade de abertura, Alysson Paolinelli destacou o potencial brasileiro no cenário agropecuário, afirmando que a agricultura brasileira é a mais competitiva e mais produtiva que o mundo tem hoje.
O superintendente Federal de Agricultura do Distrito Federal, William Barbosa, enfatizou a boa fase da agropecuária da região: “Nós estamos vivendo um momento muito especial no Distrito Federal, com projetos acontecendo, com avanços que estão acontecendo. Hoje o Ministério da Agricultura vê o Distrito Federal como uma grande vitrine tecnológica para todos os outros estados da federação”.
Já Sebastião Pedro, chefe-geral da Embrapa Cerrados, ressaltou a importante função desse tipo de evento: “Exposições agropecuárias são veículos de transferência de tecnologia, de troca de ideias e, através delas, a agropecuária evolui”. Ele enfatiza que a função da Empresa é transferir tecnologias e levar ao setor produtivo soluções tecnológicas que proporcionem sustentabilidade. “Dentro das fazendas, precisamos ter [sustentabilidade]; no mercado, precisamos demonstrar e provar que temos”.
O secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Candido Teles, informa sobre os andamentos do plano de desenvolvimento rural sustentável para o Distrito Federal para os próximos 20 anos e da revitalização da cadeia leiteira. Segundo Teles, é um projeto audacioso, que tem a participação da Embrapa e de todas as entidades ligadas à agricultura. “Como diz o Sebastião [Pedro], nós temos tecnologia para produzir quase todas as commodities no Brasil, mas infelizmente não somos autossuficientes no leite. E agora com esse projeto que é nosso [...], Brasília certamente será uma vitrine. Eu acredito na ciência, na biotecnologia, eu acredito na inovação, eu sei que a Embrapa tem essa tecnologia [...]”.
Assista aqui à solenidade de abertura.
A programação da Expoabra conta atividades virtuais e presenciais, como palestras e painéis, mini cursos, a Semana Nacional de Orgânicos e provas equestres. Para participar ou assistir aos eventos é preciso preencher um cadastro no site. https://expoabra.com.br/
Juliana Miura (MTb 4563/DF)
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