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Produzir alimentos, fibras e energia com o mínimo de emissão de carbono, especialmente na forma de gás carbônico (CO2), é o grande desafio para a moderna agricultura. Prática agrícola como o Sistema Plantio Direto é capaz de fixar quantidades significativas de CO2 no agroecossistema, contribuindo assim para a menor emissão desse gás para a atmosfera e, desta forma, mitigar o efeito estufa e o aquecimento global. Os sistemas de manejo do solo e de produção utilizados são fundamentais para a redução da emissão de CO2.

Em trabalhos já desenvolvidos pela Embrapa, fica evidente que, além de ser possível e viável o cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto, houve um incremento de 55% do teor de carbono nos primeiros cinco centímetros de profundidade do solo, e em 20% na camada até 40 cm de profundidade. Com isso, em áreas cultivadas com o algodoeiro, menos carbono é emitido para a atmosfera. Além do algodoeiro é possível a utilização de outras culturas, nesta modalidade de cultivo, como soja, milho, feijão, arroz, olerícolas, dentre outras.

No sistema de plantio direto, o solo não é revolvido, é utilizada a rotação de cultura e o solo permanece coberto com palha ou material em crescimento. Nesse modelo de produção, além da redução da emissão de CO2, tem-se significativa redução dos processos erosivos e maior estabilidade da produção. Outra prática que se reveste da maior importância, quando o assunto é redução da emissão de CO2, é a recuperação de pastagens degradadas. Dos quase 200 milhões de hectares cultivados com pastagens no Brasil, estima-se que algo ao redor de 60% apresenta algum grau de degradação, com ocorrência em todos os biomas brasileiros.

Estima-se que, somente no bioma cerrado, mais de 30 milhões de hectares de pastagem apresenta algum grau de degradação e, destes, estima-se que cerca de 14 milhões de hectares estejam em Mato Grosso do Sul. O que tem haver a pastagem degradada com emissão de CO2? Tem tudo, pois se as plantas crescem menos devido à degradação, elas fixam menos CO2 via processo de fotossíntese, mas não deixam de emitir CO2. Se a produção de forragem é menor devido à degradação da pastagem, os animais irão permanecer por mais tempo no pasto para ganhar peso, e assim mais equivalente CO2 é emitido. Em síntese, sob as condições de pastagem degradada tem-se maior emissão de CO2 e menor produtividade, caracterizando a atividade pecuária como de baixa eficiência e poluidora. Exatamente ao contrário do conceito de intensificação ecológica, em que se produz mais alimento por unidade de área e que, ao mesmo tempo os impactos ambientais são minimizados.

A Embrapa, os institutos de pesquisa, as universidades e as fundações de pesquisa desenvolveram sistemas capazes de melhorar a produtividade da pecuária bem como de grãos e fibras, além de diversificar a fonte de renda como o plantio de espécies florestais, através da Integração Lavoura Pecuária e Florestas (ILPF), podendo em uma mesma área cultivar soja, pastagem e floresta, embora seja possível a utilização de sistemas mais simples como a Integração Lavoura Pecuária (ILP). Quando se utiliza o ILPF ou o ILP, a produtividade de carne é significativamente aumentada e ainda possibilita a produção de grãos, caracterizando-se como um sistema de intensificação sustentável. Assim, é possível aumentar a produção de carne, sem que haja necessidade de aumentar o rebanho, liberando áreas para a agricultura e reduzindo a emissão de CO2.

A grande extensão de pastagens degradadas constituem verdadeiros passivos ambientais, além da sua capacidade de acelerar processos erosivos que muitas vezes vão impactar áreas distantes. O objetivo é melhorar a produtividade agrícola, da pecuária e o ambiente de produção, onde a integração e a intensificação dos sistemas de produção constituem a chave do processo. Temos no Brasil, a iniciativa da Marca Conceito Carne Carbono Neutro (CCN), que é uma carne produzida em um sistema de produção que possibilita a sua certificação.

O Brasil possui diferentes tecnologias para redução da emissão de gases de efeito estufa. Existem também políticas públicas que incentivam a produção agrícola, pecuária e florestal em bases sustentáveis, como podemos citar o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), executado pela Embrapa e pelo Senar. Com o objetivo de estimular a agricultura de baixo carbono, o Governo Federal criou no dia 21 de julho de 2020, a Comissão Executiva Nacional do Plano Setorial para Consolidação da Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura.

Tal iniciativa vem reforçar a preocupação e a importância que a sociedade brasileira dispensa ao tema.  No caso da região Centro-Oeste, existe disponibilidade de recursos financeiros via Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO), que financia iniciativas para recuperação de pastagens degradadas. No entanto, temos um grande desafio pela frente, que é demonstrar a possibilidade de se produzir soja, milho, café, algodão, feijão e carne em sistemas onde a emissão de CO2 é significativamente reduzida. Dessa forma, a recuperação das áreas com pastagem degradadas contribui para a melhoria da renda do produtor e para a diversificação da sua fonte de renda, além de melhorar a qualidade do ambiente.

Com isso é possível melhorar a qualidade de vida da população com a maior oferta de alimentos sem que para isso seja necessário a abertura de novas áreas agrícolas. O Brasil hoje ocupa posição de destaque na produção de grãos, carnes, fibras, celulose, suco de laranja, dentre outros produtos agrícolas. Continuar ocupando os mercados internacionais é um grande desafio que temos pela frente, pois os compradores externos estão cada vez mais exigentes no que se refere ao modelo de produção utilizado. Desta forma, não adianta apenas produzir mais, é preciso produzir com base sustentável. Temos tecnologias que, se incorporadas aos sistemas produtivos de grão, fibra, energia e carne, vão nos permitir aumentar a nossa produção, via aumento da produtividade e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Felizmente não são poucos os exemplos que temos deste modelo de produção no Brasil. Com isso precisamos melhorar, e podemos. Dada a importância deste assunto, está havendo conjugação de esforços entre entidades públicas, privadas e os agricultores para que a agricultura brasileira adote cada vez mais práticas que reduzam a emissão de CO2 nos sistemas de produção. 

Fernando Mendes Lamas (Pesquisador)
Embrapa Agropecuária Oeste


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Aumento da demanda faz preço do leite subir

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O Setor de lácteos no Brasil vem obtendo resultados positivos e, apesar da pandemia de Covid-19, a demanda segue em alta. Isso é que concluiu os especialistas do Centro de Inteligência do Leite (CILeite), da Embrapa Gado de Leite, em sua reunião mensal de conjuntura, realizada na primeira quinzena de agosto. A pressão da demanda teve como consequência o aumento de preços de diversos produtos. Segundo Kennya Beatriz Siqueira, pesquisadora da instituição, a valorização se deu de forma generalizada e o volume de vendas de lácteos cresceu 5,3% no primeiro semestre, conforme dados da Nielsen.

O leite UHT (de caixinha), por exemplo, atingiu de R$ 3,42 no atacado em São Paulo (a média histórica do preço é de R$ 2,82). A muçarela foi o produto que mais valorizou. No início da pandemia, houve uma retração do preço devido ao fechamento de pizzarias e restaurantes, com o quilo da muçarela sendo vendido a R$ 17,00, em média, no atacado. Hoje, pode chegar a R$ 27,00 o quilo (a média histórica é de R$ 19,50). No segmento da indústria, o mercado “spot” (leite negociado entre laticínios) era vendido no início de agosto acima de R$ 2,50/litro. Denis Rocha, especialista da Embrapa Gado de Leite, lembra que, no início do ano, o litro do leite spot foi vendido a R$ 1,37, em Minas Gerais.  “Desde então, o leite spot quase dobrou de preço, com valorização de 87%”, calcula Rocha.

A entressafra da produção de leite começou em abril e vai até setembro, período em que os preços ao consumidor ficam mais caros. Para o produtor, este é o período em que se consegue a melhor valorização do produto. O litro de leite na fazenda foi vendido em julho a R$ 1,76, na média nacional. Mas, em plena safra, no início do ano, a indústria estava pagando R$ 1,37. Agora, a preocupação do produtor se volta para os custos de produção. Segundo Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, o preço do milho está subindo em plena colheita da safrinha. Além disso, as exportações de soja estão mais aquecidas, o que deve manter elevados os custos de concentrado neste segundo semestre. O produtor também está pagando mais pelo concentrado. Na média de janeiro a julho, foram necessários 45 litros de leite para comprar 60 quilos de concentrado a base de milho (70%) e farelo de soja (30%). Historicamente, são necessários 41 litros de leite para a mesma compra.

Carvalho explica que a situação positiva do setor leiteiro se deve, principalmente, ao auxílio emergencial, concedido pelo governo, injetando, até o momento, R$ 152 bilhões na economia. “A ajuda do Governo Federal representa de 9% a 97% na renda de algumas famílias”. Para o pesquisador, pessoas que estavam na extrema pobreza tiveram um grande impacto com o auxílio e passaram a consumir mais. As famílias com o poder aquisitivo mais elevado também transformaram o que não foi gasto com lazer em compras nos supermercados, o que fez as vendas do setor supermercadista crescerem 16% no período da pandemia, enquanto o varejo total recuou 26%, segundo levantamento da Cielo. O cenário macroeconômico também possui expectativas mais favoráveis hoje, na comparação com o início da pandemia. As previsões de queda do PIB, que chegaram próximas a 10%, se estabilizaram na faixa de 5%.

“É impossível fazer previsões de longo prazo em um cenário tão complexo da economia como esse”, afirma Carvalho, mas alguns fatores preocupam o setor. Entre eles, está o fim do auxílio emergencial. O governo ainda não tem uma posição sobre a continuidade do benefício. “O fim da entressafra é outro fator que irá embaralhar um pouco o mercado, com a redução dos preços pagos ao produtor”. Carvalho reflete, porém, sobre a competitividade da importação neste momento: “O leite importado está chegando ao mercado brasileiro com os preços em torno de R$ 2,10 por litro; bem abaixo do que está se pagando no mercado spot nacional (R$ 2,50), o que incentiva a importação”. Nos primeiros sete meses do ano, a importação de leite teve uma queda de 193 milhões de litros, mas julho já registrou um crescimento de 62% sobre junho, com compras equivalentes a 95 milhões de litros. E a importação continua mostrando fôlego em agosto. A questão cambial tem poder para frear esse movimento, como conclui o pesquisador: “O câmbio tem se mostrado muito instável na pandemia e ele é um dos fatores com grande capacidade de influenciar o mercado”.

Para informações sempre atuais do mercado de leite e derivado, acesso o link do Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa Gado de Leite: www.cileite.com.br.

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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A mastite é uma inflamação na glândula mamária do animal, que prejudica a qualidade e a quantidade de leite produzido. Em geral, o produtor rural reconhece visualmente a doença em sua forma clínica ao observar inchaço e vermelhidão nas glândulas mamárias de vacas leiteiras e/ou alterações na coloração do leite. No entanto, há um tipo de mastite que não pode ser diagnosticada de forma visual: é a subclínica, em que o animal não apresenta alterações no leite nem na glândula mamária.

De acordo com o pesquisador Luiz Francisco Zafalon, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), quando diagnosticada a mastite clínica, o rebanho tem uma proporção bem maior de animais com a mastite “invisível”.

O diagnóstico, segundo ele, pode ser feito com vários tipos de testes disponíveis aos produtores. Um deles, conhecido como CMT (California Mastitis Test), utiliza um reagente que, em contato com o leite de uma glândula mamária com mastite subclínica, produz uma mistura viscosa a partir do leite recém-ordenhado, devido ao aumento de células somáticas do leite.

Outro exame possível é o de condutividade elétrica, que aponta aumento de cloretos e de sódio no leite. De acordo com Zafalon, esses testes podem apresentar resultados alterados se forem feitos na fase final de lactação ou se as amostras incluírem o colostro (leite fornecido naturalmente pelos mamíferos aos seus filhotes nos primeiros dias da amamentação).

HOMEOPATIA

A Embrapa Pecuária Sudeste aplica uma metodologia para a investigação de bactérias do gênero Staphylococcus (um dos patógenos mais comuns do ser humano) produtoras de biofilmes isolados no leite de vacas. Biofilmes podem ser entendidos como uma capa protetora que impede o acesso de substâncias que poderiam eliminar essas bactérias. Seria uma espécie de autoproteção.

Um exemplo: em utensílios domésticos que entram em contato com alimentos e que vão ficando desgastados com o passar do tempo, bactérias podem se alojar em ranhuras e biofilmes podem ser formados, protegendo esses micro-organismos. No caso do leite, a higienização e o manejo adequados antes, durante e após a ordenha são fundamentais para que bactérias produtoras desses biofilmes não permaneçam no interior das glândulas mamárias, causando mastites que podem se tornar crônicas no rebanho e dificultando o tratamento.

A metodologia foi utilizada durante um projeto de pesquisa relacionado com o tratamento da mastite com homeopatia. Os princípios ativos recomendados por veterinários homeopatas foram administrados na alimentação animal e a presença dos micro-organismos foi notada nos animais tratados e não tratados, que serviram como um grupo “controle”, que não recebeu tratamento.

A pesquisa não testou outras formas de administração da homeopatia, como sprays no nariz ou na vulva nas vacas. “O fato de esse tratamento homeopático não ter evitado a permanência de bactérias patogênicas no interior da glândula mamária é um indicador de que devemos ir atrás de outras formas de controlar a doença”, afirmou o pesquisador.

A mastite subclínica pode evoluir para quadros clínicos da doença, quando o ideal é fazer o diagnóstico microbiológico para conhecer os micro-organismos que estão causando a mastite, e orientar sobre os medicamentos a serem utilizados. “Mas em geral esse retorno dos laboratórios não é rápido e o produtor tem pressa”, disse Zafalon. Outro problema é que os princípios ativos antimicrobianos podem atuar bem sobre as bactérias dentro do laboratório, mas no campo nem todos vão funcionar, já que uma série de fatores pode interferir no sucesso do tratamento.

Por isso, a melhor forma de controlar a doença é evitar uma grande quantidade de casos subclínicos no rebanho, que, segundo Zafalon, são impossíveis de serem erradicados. Deve-se evitar ao máximo a transmissão dos micro-organismos durante a ordenha. Lembrando que a mastite subclínica é responsável por aproximadamente 70% das perdas relacionadas a essa doença e que a vaca infectada pode deixar de produzir até três litros de leite por dia.

Ana Maio (Mtb 21.928)

Embrapa Pecuária Sudeste

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A adoção de tecnologias em propriedades rurais tem contribuído com o desenvolvimento regional no Centro-Oeste de Minas. Um projeto da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) promove a aplicação de resultados de pesquisas em fazendas da região de Abaeté-MG. 

O trabalho é realizado em parceria com o Sicoob Credioeste e apoio da Emater-MG. A partir da análise de demandas locais dos produtores, são identificadas tecnologias relevantes para melhorias nas propriedades. “Estamos inseridos em uma região onde a pecuária de leite é a principal atividade econômica e, como toda atividade, possui desafios que precisam ser vencidos”, afirma Débora Britto, agrônoma do Sicoob Credioeste e coordenadora da cooperação técnica na região. Ela explica que o projeto busca auxiliar os produtores no desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis, visando a aplicação adequada do crédito rural.

Sinval Lopes, agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo, explica que têm sido realizadas ações de transferência de tecnologia com foco em inovação. “O trabalho vem contribuindo com a produtividade, o lucro, as operações de negócios e, principalmente, com a sustentabilidade. O modelo focado em boas práticas agrícolas em propriedades rurais conecta a agricultura ao conceito saúde”. 

Uma das tecnologias com importantes resultados na região é o controle biológico. “O uso de insetos que são inimigos naturais de pragas permitiu restabelecer o equilíbrio natural nas propriedades, com ganhos qualitativos e quantitativos dos sistemas de produção”, comenta Sinval.  

O controle biológico foi adotado em quatro propriedades, duas em Abaeté-MG, uma em Paineiras-MG e uma Quartel Geral-MG. “A tecnologia favoreceu a multiplicação de importantes insetos benéficos, reduzindo o uso de defensivos agrícolas e diminuindo o custo de produção da lavoura”, afirma a agrônoma Débora.

Uma das propriedades acompanhadas pelo projeto foi a fazenda São Simão de Baixo, em Abaeté. A produtora Conceição Aparecida Gomes conta que um dos motivos que a levou a optar pelo controle biológico foi a questão da mão de obra, que é escassa na região. “Eu mesma faço. Isso me facilita muito. Vou na lavoura todos os dias. Não tenho preguiça de andar, de olhar, e observo bem. Você tem de saber o que é praga e o que não é. Então, eu monitoro de perto”, conta. 

Conceição acredita que o controle biológico é uma tendência que pode valorizar a produção. “A gente produz alimento para o gado sem impacto, assim pode também produzir leite de melhor qualidade e até agregar valor”. 

Sérgio Luiz Ferreira, da fazenda Lagoa de Santa Maria, também em Abaeté, é mais um produtor que aprovou a tecnologia. “Gostei muito pelo fato de ser mais econômico e de fácil aplicação. Acho que só temos a ganhar. O inseticida químico, quando é usado de maneira incorreta, acaba descontrolando a natureza”.

Sérgio produziu sorgo BRS 658 para silagem e acredita na importância dos insetos benéficos em sua propriedade para a proteção das plantas. “Tive vizinho que perdeu a lavoura com pulgão, e a minha não foi afetada”.

Ivan Cruz, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, desenvolve trabalhos há vários anos com controle biológico e explica a vantagem da prática. “Não estamos colocando nada de anormal na natureza. Produzimos e orientamos os agricultores a utilizarem corretamente um inimigo natural de várias pragas de importância econômica. Trata-se da vespinha Trichogramma, um inseto benéfico diminuto, porém muito eficiente por parasitar os ovos da praga e impedir, portanto, a eclosão da larva, evitando danos às plantas da lavoura. A liberação da vespinha no tempo certo e na quantidade adequada reduziu o nível populacional da principal praga de milho e de sorgo, a lagarta-do-cartucho, e permitiu ganho significativo de produtividade das lavouras dos agricultores que usaram a tecnologia". 

Na região de Abaeté, também houve recuperação de áreas degradadas, implantação de curvas de nível e de barraginhas para conservação do solo, e adoção da integração lavoura-pecuária (ILP) utilizando sorgo (BRS 658) e braquiária (BRS Piatã). 

Segundo Débora Britto, a técnica de ILP também teve um destaque significativo. “Conseguimos um aumento de produtividade, além de melhorar a qualidade da silagem, o que consequentemente favoreceu um acréscimo da quantidade de leite produzida nas propriedades”.

A agrônoma Débora conta ainda que é possível notar as melhorias na região. “Podemos observar a transição do sistema produtivo convencional para o integrado, garantindo uma produção sustentável”.

Para o agrônomo Sinval, a interseção de diferentes tecnologias tem contribuído com o desenvolvimento regional. “Podemos dizer que a rentabilidade das propriedades é proporcional à quantidade de conhecimento aplicado por hectare”, afirma. 

A realidade da fazenda São Simão de Baixo comprova as mudanças. A produtora Conceição conta que a integração lavoura-pecuária tem permitido o aumento de matéria orgânica no solo. Além disso, foram construídas barraginhas para captação da água de chuva e controle de erosão na propriedade. “A umidade fica mais tempo. O resultado tem sido muito bom. Muda bastante a condição da pastagem, dura mais tempo. Mesmo no período bem seco, estamos com gado na área que teve recuperação com ILP, barraginhas e curva de nível”. 

Frederico Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, ressalta que o trabalho está em sintonia com o papel da instituição. “Como empresa de ciência, a Embrapa gera conhecimentos, e, de forma compartilhada com as áreas pública e privada, busca produzir efeitos no campo, visando produtividade e sustentabilidade”. 

Confira o vídeo que mostra o trabalho desenvolvido na região Centro-Oeste de Minas Gerais. Para assistir, clique aqui

Marina Torres (MTb 08577/MG)

Embrapa Milho e Sorgo

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9846979252?profile=originalInformativo Especial de Preços desta semana mostra que desde o início do Covid-19, em fevereiro, os preços de leite e derivados registraram valorização. Mas a alta não foi linear, podendo ser dividida em três ondas: pânico, normalidade e desbalanço. A onda do pânico foi até março, com o início da quarentena, fechamento do foodservice e corrida aos supermercados. Com exceção do queijo muçarela, os demais produtos analisados se valorizaram neste período.

Veja essa análise completa na nova edição do Informativo Especial de Preços, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

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9846984867?profile=originalO Centro-Oeste concentra grandes condições para a expansão dos sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Os mais de 31 milhões de hectares de pastagens degradadas (60% da área de todo o Brasil) podem ser a principal contribuição da região para alcançar a meta estabelecida pela Rede ILPF para 2030 – ter no País 30 milhões de hectares com o sistema.

Atualmente a estimativa é que esse número esteja por volta de 15 milhões. O primeiro levantamento realizado, na safra 2015/2016, apontou a adoção do ILPF em 11,5 milhões de hectares. Desses, 40% estavam localizados no Centro-Oeste e ainda há grande potencial para elevar esse número, uma vez que a região lidera a produção de grãos e a atividade pecuária no Brasil.

“Nós temos uma grande oportunidade de expansão, sobretudo quando olhamos para as áreas de pastagem. Se começarmos a incorporá-las no processo de recuperação com sistemas de integração lavoura-pecuária, vamos atingir facilmente esses 30 milhões previstos”, garante Lourival Vilela, pesquisador da Embrapa Cerrados (DF). Ele foi um dos debatedores na live "Oportunidades do uso do ILPF na região Centro-Oeste", transmitida pelo canal da Embrapa no YouTube.

Os participantes da mesa redonda apostam no aumento da adoção dos sistemas integrados pelas diversas vantagens que eles oferecem. Vilela explica que a introdução de um sistema pode reduzir o custo da recuperação de pastagens. Ele conta que no Oeste da Bahia, em área de solos arenosos, os produtores têm conseguido aumentar a produção de soja em seis a dez sacos por hectare com a rotação lavoura-pasto. “Eu diria, sou muito otimista, que esse é um caminho sem volta. O agricultor que hoje não trabalhar com a construção do perfil de solo e com manejos eficientes, não só para pastagem, mas para produção de grãos, é um indivíduo que, com o tempo, se não se adequar, ele sai do negócio”, acredita.

Júlio César Salton, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (MS), fala de uma nova fronteira agrícola a ser desenvolvida no estado. Trata-se de uma vasta área de solos arenosos, hoje ocupados com pastos degradados. “Falando em números, apenas no Mato Grosso do Sul, nós chegamos a valores de 2 a 3 milhões de hectares. Então é muita área disponível e em condições de ser transformada economicamente e transformar toda essa grande região que necessita de opções econômicas”, conta. Salton reforça que o Mato Grosso do Sul conta com infraestrutura, logística e serviços estruturados para que os produtos agropecuários cheguem aos mercados internos ou sejam destinados à exportação.

Para além dessas vantagens, a introdução da floresta no sistema ainda parece ser uma dificuldade para os produtores. Gabriel Faria, jornalista da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) e moderador do debate, apresentou o dado de que cerca de 80% dos sistemas integrados são compostos por lavoura e pecuária (ILP). Maurel Behling, pesquisador desse centro de pesquisa, explica que o componente arbóreo aumenta a eficiência dos sistemas, que terá melhor aproveitamento dos recursos da área, principalmente da adubação realizada.

Ele acrescenta: “[Com a adoção do ILPF], passamos a ver o solo com outro olhar, pensando na construção de um perfil de solo, e aí tem a braquiária exercendo um papel fundamental já consolidado na construção desse perfil, com suas raízes buscando nutrientes que antes eram perdidos em profundidade, retornando com eles para a superfície e devolvendo principalmente vida para esse solo, porque solo vivo é um solo produtivo. [O componente arbóreo] traz propriedades emergentes que alavancam o sistema e possibilitam produtividades superiores daquelas com monocultivos”.

Apesar de aumentar a complexidade do manejo da propriedade, o pesquisador informa que a floresta pode adicionar renda ao sistema. Ele explica que no passado, houve uma grande oferta de eucalipto, o que desestimulou a atividade. Hoje, Behling garante que o cenário é muito positivo: “Atualmente, esse cenário mudou totalmente com a questão das usinas de etanol de milho. Mato Grosso tem uma perspectiva, para os próximos dez anos, de aumentar em torno 500 mil hectares de eucalipto só para atender essas usinas de etanol. Estão surgindo muitas oportunidades em muitas regiões, muitos nichos com potencial para produção de biomassa. Isso cria muita oportunidade para o componente florestal. Aqui no Mato Grosso, foi anunciada, também recentemente, no Vale do Araguaia, uma planta de celulose que vai demandar em torno de 200 hectares de eucalipto”.

Ainda que haja um mercado crescente para biomassa, o especialista lembra que ela não é tão bem remunerada como a teca, por exemplo, espécie que tem se destacado no estado em sistemas agrossilvipastoris e pode ser destinada à produção de madeira, possibilitando cobrir os custos da propriedade. Portanto, a recomendação é sempre verificar a existência de mercado para o produto.

Salton fala da implantação de sistemas integrados em pequenas propriedades. Ele conta sobre o acompanhamento de uma área destinada ao cultivo de mandioca, onde foi feito o plantio direto das manivas na pastagem dessecada. Os resultados foram espetaculares, segundo o pesquisador, não só em relação à produtividade, mas também em termos de redução dos custos com as capinas. O pesquisador conta que esse consórcio, com o uso do plantio direto, reduziu o problema da erosão do solo, muito comum em áreas de plantio de mandioca, onde o solo fica muito exposto.

Várias perguntas foram feitas pelo público no chat da live. Um dos espectadores, Ronaldo Trecenti, questionou se a Bioanálise de Solo (BioAS), tecnologia lançada há uma semana pela Embrapa Cerrados, pode estimular a adoção da ILP e da ILPF. Em relação à questão, Vilela explica que essa é uma ferramenta importante, que pode ajudar muito os produtores na condução e avaliação dos sistemas integrados: “Algumas vezes, a análise química não explica a produtividade. A atividade enzimática é uma forma de o produtor perceber se o sistema dele está indo no caminho certo ou no caminho errado com relação à melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicos do seu solo. É uma grande ferramenta para esses sistemas”.

Sistemas integrados como futuro da produção de alimentos

Segundo Lourival Vilela, o ILPF é um sistema conservacionista e como tal, é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como estratégia-chave para garantir a segurança alimentar no futuro, sem prejudicar o ambiente. 

“Quando nós começamos, no passado, eu fazia um plantio de soja por ano. Depois veio um plantio de safrinha. Há muitas regiões em que você planta cinco anos e colhe dois – tem prejuízo em três anos. Com a introdução da pecuária hoje, eu consigo produzir o ano todo e o boi sanfona desapareceu nessas áreas.”, conta.

Outro ponto que torna o Centro-Oeste um potencial para a expansão dos sistemas integrados é o conhecimento técnico que já se tem na região, segundo Vilela: “Temos produtores e técnicos bem preparados e temos produtores que estão buscando melhorar seus sistemas de produção o tempo todo. Se nós tivermos um mercado comprador demandando essa produção de grãos e carne, hoje há uma demanda grande por proteína no mundo, nós estamos com a faca e o queijo na mão em termos de potencial de expansão da ILP e ILPF na região Centro-Oeste”. 

O debate da situação dos sistemas integrados no Centro-Oeste faz parte de um ciclo de cinco lives, uma por região, que está sendo organizada pela Rede ILPF. A próxima discutirá as oportunidades para o Sudeste será na quarta-feira (5 de agosto), às 19h, no canal da Embrapa no YouTube

A live completa "Oportunidades do uso do ILPF na região Centro-Oeste" está disponível no linkhttps://www.youtube.com/watch?v=Ml_t9D8HOjQ.

Juliana Miura (8570/99 DF)

Embrapa Cerrados

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O leite UHT e o queijo muçarela continuam com mercado aquecido. O leite UHT teve alta de 2% na semana, enquanto que a muçarela registrou a 11ª semana consecutiva de valorização.

Veja essa análise completa na nova edição do Informativo Especial de Preços de 27 de julho, disponível no novo site do Centro de Inteligência do Leite.

No informativo também estão apresentados os dados mais atuais de diversos produtos de interesse para cadeia do leite, além de produtos agrícolas de importância para o Brasil.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.


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Muito se fala que a cadeia produtiva do leite passou por uma grande transformação nos últimos anos. Mas você conhece os principais indicadores que demonstram essa evolução?

No site do Centro de Inteligência do Leite (CILeite) está disponível o "Leite em Números". São informações gerais da cadeia produtiva com séries históricas de Produção e produtividade; Preços e custos; Balança comercial e; Consumo. Navegue, visualize os gráficos e faça download dos dados.

Acesse o site do Centro de Inteligência do Leite e aproveite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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Por causa do coronavírus, Mapa suspende previsão da retirada da vacina em diversos estados9846983691?profile=original

BELO HORIZONTE (17/7/2020) - A retirada da vacinação contra a febre aftosa prevista para 2021 foi suspensa pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em razão da pandemia do coronavírus. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), informa que das 42 ações estabelecidas pelo Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), 28 já foram cumpridas por Minas Gerais, restando apenas 14 em andamento, cujo plano de ação foi enviado ao Mapa.

O cenário anterior ao enfretamento da Covid-19 indicava ser favorável à retirada da vacina em 2021, haja vista que as determinações do PNEFA estavam sendo cumpridas pelo estado em tempo hábil e dentro do previsto. Minas Gerais possui cerca de 23 milhões de bovinos e bubalinos e é detentor do segundo maior rebanho do Brasil.

O novo status sanitário, o de área livre de febre aftosa com vacinação para área livre da doença sem a vacina, é almejado por 11 estados que compõem o bloco IV do PNEFA. Estes estados correspondem a 70% de toda a bovinocultura do país, são eles: Minas Gerais, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Em videoconferência ocorrida na quarta-feira (15/7) entre membros do PNEFA foram estabelecidos novos planejamentos e análises para a realização do calendário oficial de vacinação para 2021, assim como a apresentação de futuras deliberações.

Pandemia 

Por conta da Covid-19, diversas medidas foram desaceleradas, tornando-se inviável o prosseguimento das ações necessárias à retirada definitiva da vacina em todos os estados que buscam o novo status.

Além do enfrentamento da Covid-19, entre os principais desafios de Minas Gerais está a finalização do georreferenciamento das propriedades rurais e o aumento no número de vigilâncias ativas e passivas realizadas pelo IMA, sendo esta última dependente do engajamento do produtor rural que é o notificante principal da suspeita da enfermidade. Outra questão importante é a estrutural e funcional, além de fortalecer a sustentabilidade financeira para as ações de Defesa Agropecuária.

Esforço e parceria

O diretor-geral do IMA, Thales Fernandes, reforça que “em razão da pandemia, o Mapa manifestou preocupação com a condição de avançar nas ações previstas, em especial pela queda da arrecadação e poder de investimentos dos estados”. Fernandes reconhece o esforço do Governo de Minas, Faemg e Sindicatos Rurais lembrando que até o momento da suspensão da vacina contra a febre aftosa, agora sem data prevista, é importante os produtores continuarem imunizando o rebanho.

“Considerando os novos encaminhamentos, vamos rever nosso planejamento, buscando atingir, de forma completa, todas as ações previstas o mais breve possível. Seguimos aguardando novas determinações e análises”, argumenta Fernandes, reforçando que a futura conquista do novo status sanitário beneficiará principalmente o produtor rural mineiro. “Ganhará também a pecuária mineira, abrindo novos mercados, além de toda a cadeia produtiva, não apenas o mercado de carne bovina, como também os de suínos e de aves”, projeta. 

 

Fonte: Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)

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Artigo - Novo cenário para a agricultura

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Com o aumento populacional e melhoria da renda das pessoas, especialmente em países populosos, como a China e a Índia, aumenta a demanda por maior oferta de alimentos e, por conseguinte, são postos novos desafios à agricultura. 

Aumentar a produção de alimentos, fibras e energia, por meio do aumento de produtividade é o grande desafio para os países produtores, como é o caso do Brasil. Assim, não será necessário abrir novas áreas. Isso poderá ser alcançado com a incorporação de tecnologias, algumas muito simples, e muitas com custo praticamente zero. Semear na época certa não tem custo algum. No entanto, quando o agricultor realiza a semeadura na época mais indicada, ele está minimizando os riscos e, também, poderá ter ganhos de produtividade. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é uma política pública, disponível e ao alcance da maioria dos agricultores brasileiros. Neste novo cenário, intensificar e integrar são ferramentas fundamentais para o aumento da produtividade. Não somente a produtividade física, mas também de todos os fatores de produção. Como exemplo, a integração lavoura-pecuária (ILP) é uma estratégia para recuperar pastagens degradadas e, por conseguinte, melhorar a produtividade da pecuária de corte, além de liberar área para cultivo de grãos, fibras e energia. Juntamente com a melhoria da produtividade que, de uma maneira geral, se dará pela intensificação de tecnologias que permitirão maior controle do processo de produção, como a digitalização da agricultura. 

A melhoria da produtividade é a melhor estratégia para garantir a segurança alimentar. Essa exige a disponibilidade quantitativa e qualitativa dos alimentos, mas isso somente não será suficiente. É preciso que o alimento atenda às exigências dos consumidores. Se, de um lado, a sociedade tem a sua demanda por alimentos, fibras e energia aumentada, por outro lado, ela também exige que sejam produzidos de forma sustentável. Sustentabilidade aqui vista como a forma ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável para se produzir alimentos, fibras e energia. Modelos de produção que priorizem o uso mais racional dos recursos naturais, especialmente o solo e a água, terão maior aceitação por parte dos consumidores. Sistemas de produção com maior diversidade de espécies, que degradem menos o solo e que contaminem menos o ambiente, são aqueles mais indicados. Assim, o sistema plantio direto, onde práticas como a rotação de culturas, o não revolvimento do solo e cobertura permanente do solo, é o mais indicado do que aquele sistema em que se cultiva poucas espécies, o solo é revolvido por meio do uso de arados e grades e, na maioria das vezes, permanece descoberto. 

Com o revolvimento do solo, especialmente em ambientes tropicais como o nosso, onde se tem temperaturas elevadas e umidade, a matéria orgânica é mais facilmente queimada, consequentemente a capacidade produtiva do solo é reduzida. Em alguns casos, o efeito da movimentação do solo é tão perverso, que pode levar à degradação. Solos degradados, além de terem a sua capacidade de produção reduzida, devido aos processos erosivos, contribuem para o assoreamento de cursos de água e para a emissão de gases de efeito estufa. Quando se considera os fatores de produção, os custos de produção e as demandas da população, chega-se à conclusão sobre o tamanho dos desafios para a agricultura. Ao agricultor, independente da área cultivada, para que ele possa continuar produzindo e auferindo lucros, é imperioso o aumento da produtividade e a redução dos custos. Para reduzir custos é preciso aprimorar os processos de gestão, de tal forma que, ao final, o produtor saiba, com segurança, quanto lhe custou produzir um litro de leite, um saco de milho ou um saco de feijão. Além, é claro, de quanto lhe custa uma hora máquina para cada operação realizada da semeadura até a colheita. 

Com essas informações, o produtor poderá identificar pontos que são passíveis de melhorias para incrementar a produtividade dos fatores de produção. Além de aumentar a produtividade, é preciso considerar a sustentabilidade, a possibilidade de rastreabilidade e de certificar a qualidade sanitária e nutricional do que é produzido. Aspectos que serão cada vez mais exigidos pelos consumidores. Considerando que muitos compradores somente se interessam por grandes quantidades de um determinado produto, o produtor, para fazer frente a esse desafio, com padrão de qualidade, terá que necessariamente se organizar em cooperativas e ou associações ou ainda fortalecer as já existentes. Aumentar a produtividade dos fatores de produção e das espécies cultivadas, incorporando ao processo produtivo às novas exigências do consumidor, é decisivo para a agricultura atender aos desafios que lhe são postos.

Fernando Mendes Lamas (Pesquisador)

Embrapa Agropecuária Oeste

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9846980252?profile=originalBoas Práticas Agropecuárias (BPAs) para a produção de leite de cabra podem garantir qualidade do produto e seus derivados e, ainda, prevenir contra doenças como a mastite. Essas recomendações serão tema da palestra sobre Controle da Qualidade do Leite, que será ministrada pela pesquisadora Viviane Souza, da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), na próxima sexta-feira (24), às 18 horas, no Dia D. O evento, promovido pela Fazenda Carnaúba (Taperoá-PB) acontecerá, neste ano em edição online, com acesso pelo site: https://diadfazendacarnauba.com/.
 
O conjunto de Boas Práticas envolve recomendações e técnicas de manejo relacionadas não somente à ordenha, mas também a sanidade animal, alimentação, cuidados com instalações e conservação do leite. “Essas medidas terão impacto significativo em relação à aceitação do consumidor e à segurança alimentar, uma vez que haverá melhoria na qualidade do leite produzido”, destaca Viviane.

A pesquisadora ressalta também que essas medidas podem prevenir e controlar a mastite, inflamação nas tetas das fêmeas que, além de afetar qualidade do leite, traz perdas produtivas para rebanhos de caprinos leiteiros. “Essas medidas estão relacionadas, principalmente, aos aspectos higiênicos das glândulas mamárias durante a ordenha e das pessoas envolvidas no processo de obtenção do leite. Com aplicação de boas práticas agropecuárias, haverá diminuição da incidência de mastite e aumento da produção de leite”, frisa ela.
 
Um conjunto de Boas Práticas Agropecuárias na produção do leite caprino deve observar cuidados que já começam antes mesmo da ordenha, para respeitar higiene e bem-estar animal. A recomendação é que as instalações, a água fornecida aos animais e os baldes para guardar o leite estejam limpos. A condução de animais para a ordenha deve ser feita de forma tranquila, para evitar estresse e lesões às cabras utilizadas na produção.

Os cuidados com higiene são extensivos aos ordenhadores, que devem sempre lavar as mãos com água, sabão comum ou detergente neutro. Os cabelos devem estar presos, com boné ou touca, as unhas curtas e as vestimentas higienizadas. Ordenhadores que estiverem doentes ou com ferimentos, principalmente nas mãos, não devem retirar o leite dos animais, passando, se possível, o serviço para outra pessoa. Dicas para higiene de ordenhadores podem ser vistas no vídeo a seguir: https://youtu.be/211bbrbVS1s 

Cuidados na ordenha

No processo de ordenha, deverão ser ordenhadas, inicialmente cabras sadias, que nunca apresentaram inflamação nas mamas. Em seguida, passa-se para aquelas que já tiveram este tipo de inflamação, mas que agora não apresentam mais inchaços. Na sequência, podem ser ordenhadas cabras com inflamação, mas o leite deve ser descartado, principalmente se estiver talhado ou com cor diferente da normal. Também deve ser descartado leite de cabras em tratamento com antibióticos.

Ainda na ordenha, é recomendável lavar as tetas com água clorada, antes de iniciar o processo, com secagem feita com papel toalha. Outro procedimento importante nesta etapa, para identificar as cabras que apresentam a mastite clínica [aquela em que sintomas são perceptíveis] é o teste com caneca telada ou de fundo escuro.
 
Neste teste, são ordenhados os primeiros jatos de leite, fazendo descarte em balde apropriado. Em seguida, deve-se observar, no leite, a presença de grumos [aspecto semelhante ao do leite coalhado], pus ou sangue. Se isso acontecer, a mastite pode ser detectada e essas cabras retiradas do rebanho e tratadas, sempre com orientação de médico veterinário. Veja dicas de como fazer o teste no vídeo a seguir: https://youtu.be/H6MtpQx0Fso

A ordenha manual deve ser realizada com movimentos lentos, para ajudar o estímulo e a descida do leite, além de evitar lesões que possam machucar o animal. Após a ordenha, aplica-se nas tetas uma solução de iodo a 0,5% com glicerina, que permite a formação de um tampão no orifício da teta, impedindo a entrada de microrganismos. No caso de ordenha mecânica, recomenda-se observar o manual do fabricante do equipamento.

Uma solução recomendada pela Embrapa é o Kit Embrapa de Ordenha Manual para Caprinos Leiteiros. Sua montagem e seu uso são explicados neste vídeo: https://youtu.be/OYImTAEGRI8

Após a ordenha, é recomendada a manutenção dos animais de pé após a ordenha, para que o orifício da teta se feche e evite a entrada de micróbios para o úbere. Uma alternativa para isso é disponibilizar alimentos no cocho. Finalizado o processo, recomenda-se a lavagem dos utensílios e equipamentos com água corrente, preferencialmente clorada, fazendo uso de escova e de detergente neutro. Após a lavagem, todos os utensílios devem permanecer emborcados para descida da água e resíduos, além de proteção contra insetos, ratos e baratas.

Já o leite ordenhado deve ser filtrado em coador limpo e armazenado em baldes fechados. Depois, é recomendado o resfriamento do leite, em temperatura igual ou inferior a 4°C, logo após o término da ordenha, para inibir a multiplicação de micróbios e conservar a qualidade do leite. 

Dia D

O evento promovido pela Fazenda Taperoá acontecerá de 24 a 26 de julho e reúne criadores, expositores e pesquisadores, sendo voltado para a geração de negócios e troca de experiências. O Dia D também traz a programação de palestras e capacitações profissionais. Para participar, é só fazer o credenciamento pelo site do evento:  https://diadfazendacarnauba.com/. Mais informações pelos telefones: (83) 98795-1857 / 98878-3343 ou pelo e-mail: contato@fazendacarnauba.com

Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)

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9846977883?profile=originalA Nota de conjuntura deste mês analisa a alta no preço do leite ao produtor em junho levou o valor recebido para um patamar 18% superior ao padrão histórico considerando os últimos 10 anos. Essa melhora na receita amenizou a elevação de custos que o produtor vem enfrentando.

Veja essa análise completa na nota de conjutura - mercado de leite e derivados de 22 de julho, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

Informativo periódico de divulgação de publicações técnicas do Centro de Inteligência do Leite - CILeite.
Equipe: Alziro Carneiro, Denis Teixeira, Fábio Diniz, Glauco Carvalho, João César de Resende, José Luiz Bellini, Kennya Siqueira, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Oliveira, Walter Magalhães Júnior.
O conteúdo do CILeite pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte da publicação.

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9846979252?profile=originalO mercado do leite continua aquecido, com os preços registrando elevação na última semana. Os preços do leite UHT e do queijo muçarela já acumulam aumentos superiores a 30% desde fevereiro, periodo pré-Covid. O leite em pó fracionado (sachê) também se valorizou com alta de 17% sobre a média de fevereiro. Esses movimentos de alta no atacado refletiram em nova valorização do leite no mercado Spot que já subiu 51% desde fevereiro.

Veja essa análise completa na nova edição do Informativo Especial de Preços de 20 de julho, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

No informativo também estão apresentados os dados mais atuais de diversos produtos de interesse para cadeia do leite, além de produtos agrícolas de importância para o Brasil.

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9846978296?profile=originalA indústria de laticínios parece não ter sentido o golpe do novo coronavírus. Apesar de alguns produtos mais elaborados apresentarem menor demanda desde que a crise teve início, o que pode ser explicado pelo fechamento dos foodservices (refeições fora do lar), o setor continua aquecido. O preço no mercado de leite spot (leite negociado entre laticínios), por exemplo, teve um aumento de 46% em junho, comparado ao mês anterior. O leite UHT, que chegou a faltar nas gôndolas dos supermercados no início da pandemia, teve o preço elevado em 18% e o queijo muçarela aumentou 23% no mercado atacadista. Já para os consumidores esses aumentos foram amenizados, com o indicador oficial de inflação (IPCA) registrando alta de 2,33% para o leite UHT e de 2,48% para o queijo. Essa inflação segmentada mostra que a cadeia produtiva está se movimentando e que a demanda continua firme.

Além da essencialidade do setor alimentício (a agroindústria não pode parar com a pandemia), pesquisadores e analistas do Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa Gado de Leite, afirmam que o auxílio emergencial do Governo, que irá vigorar por mais dois meses, foi fundamental para garantir o poder de compra dos brasileiros mais afetados pela crise. “Com a continuidade dos auxílios de renda, esse aquecimento do mercado deve se manter, pelo menos por mais um período, permitindo que os laticínios alcancem margens de lucro melhores do que no ano passado”, diz Denis Rocha, técnico da Embrapa.

“Com o consumo se mantendo em alta, os preços dos produtos lácteos devem continuar valorizados pelo menos até o mês de agosto, quando a produção leiteira retoma seu crescimento com o avanço da safra no Sul e, posteriormente, no Sudeste e Centro-Oeste”, diz João César Resende, pesquisador da Embrapa. Mas a expectativa geral é que não haja desabastecimento. O Brasil está bem próximo de atingir a autossuficiência na produção de leite, o que dá mais tranquilidade ao país. Segundo o técnico Lorildo Stock, a importação brasileira de leite esse ano está em torno de 2% da produção nacional, bem abaixo de anos anteriores. Um fato que pode gerar algum ânimo nos anseios exportadores do setor é que, com a desvalorização do dólar, o leite brasileiro se tornou mais competitivo internacionalmente. “O preço do litro de leite ao produtor aqui dentro está a menos de 29 centavos de dólar, abaixo dos preços internacionais, que se posicionam acima dos 30 centavos de dólar”.

O leite na pandemia – O Brasil começou o ano com perspectiva de crescimento do PIB acima dos 2,0%, que seria o maior crescimento dos últimos seis anos. Mesmo que lentamente, a economia apresentava sinais de recuperação e sugeria uma melhoria na situação de consumo e investimentos. Com esse cenário, a expectativa era de crescimento mais consistente no consumo de lácteos, que vinha patinando nos últimos anos. Essas eram as expectativas antes da Covid-19.

Quando a Organização Mundial de Saúde anunciou a pandemia, houve um susto generalizado, que também atingiu a cadeia produtiva do leite. A produção nacional iniciava a entressafra, que foi ainda potencializada pela seca na Região Sul, com alta nos custos de produção e a queda nas importações. “Esses fatores reduziram bastante a disponibilidade interna de leite”, diz Rocha. Mas, segundo ele, mesmo com a redução na oferta, o setor conseguiu se organizar rapidamente de forma a não faltar produtos para o consumidor. “Neste momento, a produção já começa a acelerar no Sul e, a partir de outubro, teremos a safra no Sudeste e no Centro-Oeste, que devem ser estimuladas pela valorização recente nos preços recebidos pelos produtores”. Diante disso, Rocha afirma que não haverá problemas de desabastecimento de produtos lácteos e que é possível ver inclusive um crescimento no horizonte.

Mas a pandemia também trouxe sobressaltos, como explica Rocha: “Com o início do isolamento social, no final de março, o consumo de lácteos viveu três ondas distintas, que afetaram de forma diferenciada seus principais produtos”. Segundo ele, a primeira onda de consumo durou um curto período no final de março, elevando os preços do leite UHT e do leite em pó devido à corrida dos consumidores aos supermercados. A segunda onda, que perdurou por todo o mês de abril até meados de maio, foi caracterizada pela regularização do consumo e reorganização da captação e do mix de produtos pelos laticínios, privilegiando o leite UHT e o leite em pó. Nesse período, a muçarela, fortemente afetada pelo fechamento dos canais de alimentação fora do lar aprofundou a queda de preços iniciada na primeira onda e puxou também o mercado Spot para baixo. Essa dinâmica de preços refletiu no preço do leite recebido pelo produtor, que caiu em maio referente ao leite entregue em abril.

Vivemos agora, segundo Rocha, a terceira onda, iniciada na segunda quinzena de maio, com uma forte valorização de preços. “A demanda foi fortalecida pela entrada dos recursos do auxílio emergencial do Governo, que já beneficiou mais de 60 milhões de brasileiros, que têm utilizado os recursos basicamente para alimentação refletindo positivamente no preço do leite pago ao produtor”. Para Rocha, o somatório desses movimentos tem sido bastante positivo para o consumo de lácteos que, segundo dados de algumas consultorias de mercado, aumentou de forma consistente no primeiro semestre para queijos, manteiga, requeijão e leite UHT. “Isso reforça uma mudança de comportamento dos consumidores que passaram a demandar mais produtos de consumo doméstico e para preparo de refeições no lar visto que as pessoas estão passando mais tempo em casa como mostrado em nossa pesquisa de consumo realizada ainda em maio*. Ao mesmo tempo, os auxílios de renda do governo também reforçaram o consumo de produtos lácteos mais básicos como leite UHT e leite em pó”, conclui o técnico.

*Pesquisa no site: ://www.cileite.com.br/especial_coronavirus_pesquisa_consumo

Rubens Neiva (MTb 5445)

Embrapa Gado de Leite

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Preços dos lácteos seguem firmes no atacado

9846977883?profile=originalOs preços dos principais produtos lácteos têm se sustentado no atacado. O queijo muçarela teve mais uma semana de valorização, enquanto o leite UHT ficou praticamente estável. Já o leite em pó tem mantido cotações próximas a R$20,00/kg desde junho.

Nos insumos, milho e farelo de soja tiveram mais uma semana de valorização de preços.

Veja essa análise completa na nova edição do Informativo Especial de Preços de 13 de julho, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite.

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A nutrição de precisão ganha força no Brasil como aliada dos produtores de leite no desenvolvimento de uma pecuária ambientalmente eficiente. Estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) comprovou que o equilíbrio entre nutrientes na alimentação de vacas em período de lactação é capaz de garantir ganhos de produtividade, ao mesmo tempo em que minimiza impactos ambientais. Além de reduzir custos de produção, com a diminuição de nitrogênio e fósforo, o manejo nutricional preciso facilita a obtenção da licença ambiental para a propriedade.  

Pesquisadores avaliaram, por um ano, dois grupos de vacas durante o período de lactação com dietas contendo teores de proteína diferentes. O Grupo 1 recebeu concentrado com 20% de proteína bruta. Já o Grupo 2 teve o teor proteico do concentrado ajustado de acordo com as exigências nutricionais e a produção leiteira. De acordo com o coordenador da pesquisa na Unidade, Julio Palhares, o objetivo foi conhecer o impacto dessa intervenção no balanço de nutrientes e nos indicadores de desempenho ambiental.

O manejo nutricional reduziu os excedentes de nutrientes, como o nitrogênio (N) e o fósforo (P). Para a zootecnista Táisla Novelli, que participou do estudo a campo, a nutrição de precisão é uma ferramenta a mais para auxiliar o produtor, com bons resultados na produção, além de benefícios ambientais. 

 

Produtor satisfeito e meio ambiente conservado9846994057?profile=original

Quando há consumo excessivo de nitrogênio por meio da dieta aumenta-se o risco ambiental. O nitrogênio nas fezes e urina tem potencial de volatilização, causando impacto na qualidade do ar, podendo contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Já o fósforo é o elemento responsável pela eutrofização nos corpos d'água. Ou seja, em grande concentração na água, esses elementos podem alterar o ambiente aquático, com aumento da população de determinadas algas que irão depreciar a qualidade da água. 

A variação no concentrado oferecido ao grupo 2 reduziu o excesso de nitrogênio no sistema produtivo em 7,6%; e o de fósforo em 6,3%. No caso do potássio, o excesso foi maior nesse grupo 1. “A redução de excedentes dos nutrientes significa fazer uma pecuária ambientalmente eficiente, com isso o produtor terá mais facilidade no manejo dos resíduos e na obtenção da licença ambiental da fazenda. Os custos da produção de leite também são impactados. Com a quantidade ajustada de nitrogênio, produziu-se a mesma quantidade de leite da dieta com excesso do elemento. Isso significa redução do custo de produção, pela menor necessidade de aquisição do alimento proteico”, destaca Palhares. 

A maior parte do excesso de nitrogênio no grupo da dieta convencional vem da fertilização do solo e dos alimentos concentrados oferecidos aos animais. No caso do fósforo, do capim e do concentrado.

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Resultados associam nutrição de precisão à redução de riscos ambientais

A estratégia nutricional dos animais, que leva em consideração a necessidade de nutrientes e a produção de leite, demonstrou-se eficiente na redução dos excedentes de nitrogênio e fósforo no sistema de produção da Embrapa Pecuára Sudeste.

O total de excesso de nitrogênio por hectare foi de 605 kg no grupo 1; e de 556 kg N por hectare no 2. Em ambos, os menores excessos foram verificados nos primeiros três meses da lactação. A eficiência média de uso de nitrogênio foi de 21% para o grupo 1; e de 22,7% para o grupo 2. O nitrogênio é de alta mobilidade no solo. Dependendo do manejo feito na pastagem e da intensidade de chuvas, ele pode ser transportado para os corpos d’água superficiais e subterrâneos. Conforme Palhares, o nitrogênio em elevadas concentrações na água é tóxico para humanos e animais que a consumirem. 

O alimento concentrado e a adubação das pastagens representaram a maior parte das entradas desse elemento.

Em relação ao fósforo, o total de excesso por hectare do sistema produtivo foi de 93 kg por hectare no grupo 1; e de 86 kg por hectare no grupo 2. A eficiência média de aproveitamento do fósforo no grupo 1 foi de 25,3%; e no grupo 2, de 26,5%. Os maiores excessos ocorreram no verão, nos dois grupos. “Tal fato está relacionado à proximidade do fim da lactação, onde a produção de leite estava reduzida, aliado ao possível consumo excessivo de fósforo pelos animais, principalmente via pastagem”, diz o pesquisador. O alimento concentrado ainda representou mais de 70% das entradas de fósforo para os dois grupos. 

Já o potássio não teve a mesma eficiência em relação aos outros dois nutrientes quando a dieta foi ajustada.

O total de excesso de potássio por hectare do sistema produtivo foi de 296 kg/ha no grupo 1; e de 322 kg/ha no grupo 2. Diferentemente do observado para o nitrogênio e para o fósforo, o consumo de concentrado não representou a maior entrada de potássio, mas o consumo de pastagem. O potássio apresentou uma eficiência média de uso de 14,2% para o grupo 1; e 1de 2,6% para o grupo 2. “O potássio não é um elemento com grande representatividade no impacto ambiental. É mais uma questão de uso correto do elemento de acordo com a exigência das vacas. Como todo nutriente custa dinheiro, então por que usar em excesso se não vai reverter em produção de leite? Ou seja, o produtor vai jogar dinheiro fora”, adverte Palhares.

Os resultados demonstram que a precisão no uso da proteína na dieta determinará menor potencial de dano ambiental, como poluição das águas e do solo e emissão de gases.

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Ferramenta valiosa de análise ambiental

Segundo Palhares, no Brasil o balanço de nutrientes não é considerado pelo setor produtivo e pelos órgãos gestores como ferramenta de análise ambiental. “Essa realidade não se justifica, pois o balanço é um instrumento eficaz, considerado nos programa de gestão ambiental para pecuária de vários países do mundo”, explica. Novelli endossa a opinião do pesquisador da Embrapa, ressaltando que a abordagem do balanço de nutrientes mostrou-se adequada para explicitar a eficiência de uso de nutrientes pelos animais e avaliar o desempenho dos indicadores ambientais ao longo da lactação.

O balanço é eficiente porque mostra o desequilíbrio que pode ocorrer entre a quantidade de nutrientes utilizada pelo sistema de produção e a que é produzida na forma de leite. “O balanço expõe a eficiência de uso de nutrientes. Quanto maior a eficiência, melhor será o sistema de produção em termos ambientais e econômicos. Já os sistemas com baixa eficiência significam alto impacto ambiental e menos dinheiro no bolso”, conta Palhares.

Uma das vantagens de calcular o excedente de nutrientes por área ao mês, segundo o estudo, é que permite decisões mais acertadas em relação ao regime de fertilização das pastagens, levando-se em consideração o excedente do mês anterior. Isso reduz a necessidade de aquisição de fertilizantes químicos, diminuindo os custos de produção, otimizando o uso de resíduos de animais como fertilizantes, melhorando a segurança ambiental da fazenda e facilitando a adaptação às legislações ambientais.

Para Palhares, utilizar o balanço de nutrientes para avaliação da eficiência de uso de elementos como nitrogênio e fósforo no sistema de produção de leite é uma forma simples e acessível para evitar danos ambientais. “A partir do balanço eu posso identificar onde estou sendo ineficaz no uso dos nutrientes e intervir de forma precisa. Com isso se reduzirá a disponibilidade de nutrientes no ambiente, reduzindo o risco de poluição”, ressalta.

Ajuste de dietas diminui também a pegada hídrica

Essa pesquisa é um desdobramento de um estudo realizado em 2017, que apontou o ajuste nas dietas benéfico também para diminuir a pegada hídrica dos sistemas de produção animal. 

O assunto ainda foi tema de um artigo publicado na revista TAL com o título Nutrient fluxes and environmental performance indicators for a pasture-based dairy system

Gisele Rosso (MTb 3091/PR)

Embrapa Pecuária Sudeste

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Leite em alta e queda nos grãos melhoram a relação de troca ao produtor

O preço do leite ao produtor registrou alta de 9,8% em junho, enquanto que os preços de milho e farelo de soja apresentaram quedas.

Com isso, a relação de troca ao produtor melhorou no último mês ficando no menor patamar deste ano.

Veja essa análise completa na edição de julho do boletim Indicadores Leite e Derivados, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. No informativo estão apresentados os dados mais atuais de preço do leite ao produtor e ao consumidor no Brasil, preços internacionais do leite em pó e mais detalhes sobre a balança comercial de leite e derivados.

No informativo também estão apresentados os dados da inflação do leite no acumulado do ano e nos últimos 12 meses. Confira!!

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Técnica foi debatida em workshop Brasil-Itália na última sexta (10)

O uso da termografia infravermelha tem mostrado grande potencial e poderá ser ampliado nas pesquisas que avaliam o conforto térmico animal em sistemas integrados de produção. A técnica permite mapear um corpo ou uma região para distinguir áreas de diferentes temperaturas por meio da visualização artificial da luz dentro do espectro infravermelho. O método é considerado não invasivo, permite análises à distância, gera imagens bidimensionais, é portátil e permite o registro em vídeos.

O tema foi debatido na última sexta (10) no Workshop “Compartilhando experiências” (Brasil/Itália), organizado pelo pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP).

O evento faz parte do projeto “Do céu às células – uma abordagem multidimensional do conforto térmico animal em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)”, liderado por Rossetto, e teve a participação dos pesquisadores Leonardo Nanni Costa, da Universidade de Bolonha, e Fabio Luzi, da Universidade de Milão. José Ricardo Pezzopane e Alberto Bernardi, da Embrapa, além de outras pesquisadoras italianas, acompanharam o workshop em ambiente virtual.

O projeto

Rossetto apresentou a evolução do projeto Do Céu às Células, que começou em 2019 e termina no ano que vem, com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Foram mostrados os principais benefícios das sombras das árvores na fisiologia de bovinos de corte, que permitem indicar a ILPF como estratégia produtiva para melhorar o bem-estar animal e a produtividade.

O pesquisador mostrou com imagens aéreas, de termografias e fotografias convencionais, resultados parciais já obtidos. Apresentou o sistema de captação de dados por sensores instalados em colares em animais das raças Canchim e Nelore; os gráficos que identificam deslocamento, ócio e ruminação, obtidos a partir de mais de 41 mil horas de monitoramento; os trabalhos que estão avaliando as características do pelo e a estrutura morfológica da pele de bovinos; além de outros dados envolvendo os efeitos do sombreamento no conforto térmico dos animais.

De acordo com Rossetto, “embora as causas do desconforto térmico sejam diurnas, as consequências negativas também se manifestam no período noturno”.

Itália

Os pesquisadores europeus também apresentaram trabalhos que desenvolvem na Itália, além daqueles conectados ao projeto Do Céu às Células. O agrônomo Fabio Luzi e a física Veronica Redaelli relataram o uso de termografia em pequenos animais, cavalos, répteis, primatas não humanos, suínos, aves e bovinos.

Além dos animais, a termografia pode ser usada para monitorar o ambiente e a alimentação fornecida a eles, como a silagem. A técnica também é útil para monitorar situações críticas como o transporte de animais.

Leonardo Nanni falou sobre a avaliação do bem-estar animal ante e pós-morte, apresentou o conceito de dor e os comportamentos associados a ela, seja na vocalização, temperatura, postura e locomoção. O pesquisador e sua equipe mostraram também estudos que codificam e quantificam as expressões faciais de dor em ovinos, trabalho que tem como base as expressões humanas, mas é desenvolvido com apoio de instrumentos eletrônicos.

Segundo Nanni, o uso da termografia vem ganhando relevância nos estudos sobre bem-estar animal justamente por não ser invasiva.

Parcerias

O projeto Do Céu às Células tem parcerias também com as empresas Cowmed e Airscout Brasil, especializadas em monitoramento animal e ambiental, com a UFF (Universidade Federal Fluminense), USP (Universidade de São Paulo), UFPA (Universidade Federal do Pará) e Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia). Há financiamentos da Fapesp, CNPq e Capes, além de recursos da própria Embrapa por meio da Rede de Pesquisa em Agricultura de Precisão, chamada Rede AP. A Rede ILPF também é cofinanciadora do projeto.

A programação do evento também teve momento dedicado às discussões do Projeto Sprint, recém aprovado na Fapesp, no qual todos os pesquisadores convidados também são participantes. Esse projeto trata da mobilidade da equipe envolvida, permitindo deslocamentos para encontros presenciais.

Ana Maio (Mtb 21.928)

Embrapa Pecuária Sudeste

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