Por Duarte Vilela - Chefe Geral da Embrapa Gado de Leite
Seria ótimo se bastassem leis para criar uma realidade ideal. Não haveria crimes, exploração ou corrupção. Todos os conflitos da sociedade se resolveriam com a redação de portarias, instruções normativas, decretos... e o leite brasileiro passaria a ter qualidade de primeiro mundo a partir de janeiro deste ano. Ou ainda: pela IN 51 já teríamos leite com qualidade de primeiro mundo desde julho do ano passado, quando a Normativa foi adiada para o ano seguinte.
A substituição da IN 51 pela Instrução Normativa 62, publicada em 29 de dezembro de 2011 traz a cadeia produtiva do leite de volta à realidade e mostra o quão distante do ideal o setor se encontrava. Pela nova Normativa, o Brasil precisará de mais quatro anos para ter sua pecuária de leite respeitando os limites de 100 mil/ml para Contagem Total Bacteriana (CTB) e 400 mil/ml para Contagem de Células Somáticas. É lógico que estou generalizando. Há muitos produtores que já possuem tais índices e parece ter sido esse o gancho para a polêmica que nasceu do adiamento das exigências: quem trabalhou para se adequar à antiga IN 51 não desejava o retrocesso.
Algo que se esforça para traduzir a realidade são os números. Segundo dados do Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa – que analisa mensalmente amostras de aproximadamente 20 mil rebanhos – se a IN 51 entrasse de fato em vigor a partir de primeiro de janeiro deste ano, poucos rebanhos estariam de acordo com a Normativa. Próximos de 95% das análises realizadas no Laboratório para CTB estão acima de 100 mil/ml e 45% delas ficam acima de 400 mil/ml para CCS. Chamada à Câmara Setorial do Leite e Derivados para emitir seu parecer, a Embrapa Gado de Leite apenas ratificou o que qualquer jurista faria. Nenhuma lei pode se confrontar com números tão expressivos.
O parecer da Embrapa, que embasou a IN 62, propôs que as exigências se dessem progressivamente, ao longo dos próximos quatro anos, num processo permanente e sistêmico de avaliação de resultados, ajustes e revisão de metas. Entendemos os leitores que emitiram suas opiniões contrárias na mídia, mas ressalto que a melhoria do produto deve ser uma bandeira do setor. Não se trata aqui de uma competição onde os que alcançaram os índices se mantêm no jogo enquanto os demais são eliminados. A cadeia produtiva do leite deve utilizar os produtores que trabalharam para se adequar à antiga norma como referência para os demais, reconhecendo que estes se encontram quatro anos (ou mais) a frente do seu tempo (e a maioria sendo bonificado por esta vanguarda).
Às instituições do setor cabe garantir que o prazo estabelecido pela nova Normativa seja cumprido. A todos nós, deve ficar patente a lição de que obter leite com baixa CTB e CCS não é uma mera questão de tempo. Exige muito trabalho para capacitar o produtor. O salto qualitativo do setor só se dará com a capacitação. Esta é uma posição histórica defendida pela Embrapa Gado de Leite, mas que muito pouco tem avançado.
Ao final da década de 90, o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (que teve a participação da Embrapa) contemplava a ‘capacitação do produtor’, além da criação da RBQL (IN 37) e da própria IN 51. Enquanto as duas últimas caminharam, até hoje aguardamos ações concretas de capacitação. O que levou ao não desenvolvimento de tais ações? O custo financeiro de atender próximo de dois milhões de estabelecimentos leiteiros em todo o país, naquela época, talvez tenha desencorajado as instituições públicas e privadas ligadas ao setor. Ora, mas não se obtém qualidade sem investimento... O resultado desta inércia foi a publicação da nova Normativa.
Não somos a única instituição a tocar na tecla da capacitação dos produtores de leite. Várias instituições têm programas próprios: o SEBRAE em Minas, com o Educampo, o Senar – com um programa de treinamento de produtores – além de outras iniciativas da assistência técnica pública e privada como, o Minas Leite (MG), o Tanque Cheio (GO) e o Balde Cheio (Nacional), etc. Tais iniciativas contribuem para reverberar a filosofia de que a mudança de cultura do trabalhador rural se faz por meio da educação e do treinamento. No entanto, precisamos de mais energia nesta luta, buscando recursos e apoio. Acreditamos que o mais lógico é a união dos esforços em prol da mesma causa. Neste sentido, uma parceria do Sebrae, Senai e Embrapa Gado de Leite, com o apoio do MAPA, foi implantado recentemente o Programa Alimentos Seguros para a cadeia produtiva do leite (PAS Leite), que tenta mudar esta realidade, elevando a segurança e a melhoria da qualidade do leite em todos os elos da cadeia produtiva, através de Boas Práticas das Produção.
Mas enquanto isso não acontece com todos os produtores e em toda a cadeia, a Embrapa Gado de Leite e a Câmara Setorial do Leite compreenderam a necessidade de se repensar a cronologia da busca pela qualidade do leite no Brasil, permitindo que os elos da cadeia produtiva possam se articular, definir prioridades e estratégias e finalmente agir. No entanto, registro que a contribuição da Embrapa levada à Câmara (unanimemente acatada como uma decisão do colegiado e encaminhada ao SDA/MAPA, que a transformou na IN 62/2011) não se limitou apenas a obter mais prazos. Sugere ainda:
- Criar no âmbito da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA), um Programa Nacional de Controle e Prevenção da Mastite, elaborado por um grupo de trabalho envolvendo instituições de pesquisa e ensino, empresas de lácteos, serviços de extensão e demais participantes da cadeia do leite. A Embrapa e parceiros têm um projeto pronto que pode atender a esta demanda.
- Garantir investimentos em infraestrutura de energia elétrica e estradas, condições básicas e prioritárias para que o leite, produzido com a qualidade higiênico-sanitária desejada, seja mantido durante o transporte para a indústria, e dentro da mesma.
- Propor programas de qualificação e capacitação dos técnicos da extensão rural e autônomos que atendem os produtores de leite. O PAS-Leite pode atender a esta demanda.
- Propor programas de capacitação para os produtores e transportadores de leite com foco em educação sanitária e qualidade do leite. O PAS-Leite pode atender a esta demanda.
- Incentivar as empresas de lácteos a adotar programas de pagamento de leite baseado em indicadores de qualidade pode ser uma das principais estratégias para melhoria da qualidade do leite.
- Melhorar o acesso ao crédito para financiamento da produção de leite.
- Realizar ações para sensibilizar o consumidor da importância da qualidade do leite. O consumidor pode ser um importante agente no processo de transformação da cadeia do leite. A Láctea Brasil tem um projeto que pode atender a esta demanda.
Não é demais lembrar que sem a adoção destas, entre outras medidas; sem um foco constante na capacitação do produtor; sem o comprometimento de toda a cadeia produtiva em unir esforços, corre-se o risco de em 2016 estarmos aqui discutindo a redação de uma nova Normativa, com toda a polêmica, constrangimento e fadiga que isso provoca e que desde hoje pode ser evitada.
Clique aqui para ler a nota técnica da Embrapa enviada à Câmara Setorial do Leite e derivados.
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A classificação do leite tipo B, suprimida no final de dezembro, voltará a ter validade no Brasil por mais dois anos, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). De acordo com a entidade, a Instrução Normativa (IN) 62, que regulamenta os padrões de qualidade do produto será reeditada. A decisão foi tomada nesta terça, dia 17, durante reunião entre representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do setor lácteo, que pediram a revisãoda norma.
A IN 62 alterou a IN 51 e passou a vigorar em 1º de janeiro, estabelecendo um novo cronograma para os padrões de qualidade e extinguindo os regulamentos técnicos do leite tipo B e C, mantendo apenas os do leite tipo A e do leite cru refrigerando. Como houve maior rigor da legislação sobre os parâmetros, os valores da Contagem de Células Somáticas (CCS) e da Contagem Bacteriana Total (CBT) do produto cru refrigerado ficaram semelhantes aos que eram válidos para o leite tipo B na IN 51, o que motivou a exclusão.
o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Bruno Lucchi, aponta que, apesar da baixa produção do tipo B, existe um mercado aquecido do produto em determinadas regiões do Brasil, como é o caso de São Paulo, que conta com cerca de dois mil produtores e 12 empresas que trabalham no setor. Em sua opinião, com o prazo de dois anos, o segmento poderá se adaptar às mudanças e pensar em um diferencial para o produto.
– A extinção abrupta do leite tipo B pela IN 62 poderia causar prejuízos econômicos a muitos produtores e indústrias. O prazo de dois anos para transição foi uma sábia decisão do Mapa – argumenta.
A IN 62 foi publicada no Diário Oficial da União em 30 de dezembro e define exigências como a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem Bacteriana Total (CBT) para medir a qualidade do leite. Pela IN, os limites são de 600 mil células por mililitro de leite de CCS e 500 mil Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por mililitro para CBT e já valem para os produtores das regiões Sul e Sudeste.
Para o Nordeste e o Norte, esses limites passam a valer em 2013. A instrução normativa prevê que, até 2016, esses índices deverão ser de 400 mil células somáticas por mililitro e 100 UFCs por mililitro para o Centro-Sul, enquanto Norte e Nordeste devem alcançar estas metas em 2017.
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL
Fonte: Rural BR
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) inaugura no dia 18 de janeiro de 2012, as 10 horas, no Centro de Ciências Agrárias, o Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia de Leite - Norte Central. O Centro vai abrigar a nova sede do Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal, que faz análises químicas, físico químicas e microbiológicas de leite e derivados.
A área de 462 m², também possui um auditório com capacidade para 64 pessoas, que será destinado para treinamentos, aulas e cursos para a graduação e a pós-graduação.
A obra custou R$ 748.900,00 e foi financiada com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI) e Fundação Araucária.
Mais Informações
Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite - Norte Central
Coordenadora: Profa. Dra. Vanerli Beloti
Vice-coordenador: Prof. Dr. Ernst Eckehardt Muller
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva
Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal
Caixa Postal 6001
CEP 86.051-990 - Londrina/PR
Telefone: (43) 3371-4708
Fax: (43) 3371-4485
FONTE
Universidade Estadual de Londrina
Agência UEL de Notícias
Fone: (43) 3371-4361
Fax: (43) 3328-4593
E-mail: agenciauel@uel.br
Abaixo a Instrução Normativa nº 62, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que define os rumos da qualidade do leite nacional, em substituição a Instrução Normativa nº 51.
Instrução Normativa nº 62
Dois fóruns na RepiLeite estão discutindo este assunto:
Adoção dos novos parâmetros de qualidade do leite poderá ser adiada para 2016
Adiamento dos Parametros da IN 51
Andres Peralta agradece al equipo tecnico pesquizadores de Embrapa gado leite y en especial a Willian Fernandes,por las buenas atenciones brindadas durante el curso internacional sobre produccion de leche en condiciones tropicales dictada en Juiz de Fora M G del 28/11 al 2/12/2011. Las informaciones recibidas son gran importancia para nuestro desempeño como veterinarios en el campo, con los productores de leche en la cooperativa Colonias Unidas de Paraguay.
Holanda possui produção de leite moderna e totalmente automatizada
Do Globo Rural
Na Holanda é possível ter uma ideia para onde se inclina o futuro da pecuária leiteira. Você pode imaginar um curral de leite totalmente automatizado, com robô até para limpar o estrume das vacas? Isso não é ficção, não. Também na Europa, a seleção genética com base no DNA já evoluiu do gado de corte para o gado de leite.
Os estábulos e currais cada vez mais vão ganhando acara de indústrias. Uma universidade pública holandesa recebe apoio da iniciativa privada para pesquisar o que há de mais avançado em manejo de gado leiteiro. É como um super curral, um super estábulo, que abriga 500 vacas. Tudo tem funcionamento automático, até a tirada do leite.
São cinco robôs operando simultaneamente. A máquina faz a lavagem e a assepsia do úbere e um feixe de raio laser varre a área para informar ao computador a posição certa de cada teta. O engenho sugador entra em ação e, rapidamente, é feita a ordenha. O sistema funciona dia e noite sem parar. A vaca frequenta o robô por vontade própria, na hora que bem entender.
Importante saber que embaixo do piso gretado é tudo oco. No subsolo há uma enorme caixa coletora de fezes e urina. Com seu bip discreto, um robô vai passando, varrendo para as gretas os dejetos sólidos. Deixa o caminho limpinho. Sabe por onde andar e se desviar dos obstáculos graças aos sensores que funcionam mesmo com a carcaça coberta de estrume. Aliás, os sensores formam a espinha dorsal da tecnologia aplicada aqui. As vacas têm sensores para várias finalidades informando por exemplo quanto estão dando de leite, quanto devem comer.
O gerente do super curral, o engenheiro Jan Blomert, diz que são cerca de 2.000 propriedades na Holanda que já estão trabalhando nesse sistema. Surpreendente por causa do preço. Na propriedade de dona Trinska Reistman, foram financiados dois robôs para atender a um rebanho de 180 cabeças. O investimento foi o equivalente a três milhões de reais. Contando as máquinas automáticas e o galpão, com caixa subterrânea e tudo.
“No curral velho me sentia uma escrava. Agora, finalmente, me sinto uma produtora de leite. É mais fácil, mais tranquilo. Eu sou viúva e dou conta de fazer praticamente tudo sozinha. Diminuiu bem a mão de obra e aumentou significativamente a produção: minhas vacas davam, em média, 25 litros por dia e, agora, estão na faixa dos 29”, comenta Trinska Reistman.
No curral modelo, o gerente Blomert explica que o aumento do rendimento se dá pela combinação de vários fatores: tem a genética, a eficiência do manejo e, muito importante, a conversão alimentar. A proposta não é tirar o máximo da vaca, como se faz, por exemplo, no sistema americano, mas buscar o equilíbrio entre rendimento e longevidade. Compare: no sistema de super esforço, a vida útil da vaca é de duas lactações. Nesse método chega a três lactações e meia.
“Estamos de olho é na saúde do animal. Se você tira tudo da vaca, você a expõe a um estresse elevado, abrindo portas pra doenças. Se nos contentamos com produção na faixa dos 30 litros, que é o caso daqui, fica mais confortável pra vaca e longevidade depende basicamente do bem estar”, explica Jan Blomert.
No Brasil
A Fazenda Frankanna é uma das campeãs nacionais em eficiência de produção. A média de produção está entre as mais altas do mundo: cerca de 42 litros por dia. Dez a mais que o curral modelo da Holanda. Aquela relação entre rendimento e longevidade é a mesma: vida útil de três lactações e meia. A tirada do leite acontece não duas, nem três, mas quatro vezes ao dia.
A sala de ordenha é equipada com o que tem de mais moderno no Brasil hoje. A fazenda, porém, não trabalha com robôs. Por enquanto, no Brasil, não se paga o investimento nessa tecnologia, como explica um dos donos, Richard Djikstra: “No futuro é muito provável que venhamos a usar esse tipo de equipamento. Há uma tendência no custo de mão de obra, que está se elevando ano após ano. Com um equipamento desses você acaba tendo uma eficiência técnica e um resultado que viabiliza o investimento”. Mais do que investir em equipamento, no entanto, o forte da fazenda está na genética do gado. Uma tradição que vem desde que a família comprou as primeiras glebas no Paraná.
Genética
O gado fino que veio na bagagem dos Djikstras trouxe grandes contribuições pra a formação da pecuária leiteira do Brasil, conforme analisa o agrônomo William Tabchoury, gerente de uma das maiores companhias de genética bovina do mundo.
“Os holandeses são pioneiros na identificação e registro de animais. A partir daí teve a possibilidade de se realizar melhoramento genético do rebanho. O Brasil hoje é o quinto maior produtor de leite do mundo e cerca de 80% a 90% do leite produzido tem alguma influência da raça holandesa”, explica o agrônomo.
William trabalha na CRV que há 15 anos comprou a antiga Lagoa da Serra, uma das primeiras no Brasil a trabalhar com inseminação artificial. A sede da companhia na Holanda é uma das líderes no comércio de sêmen. Propriedade de uma cooperativa de 35 mil fazendeiros holandeses e belgas, a CRV distribui por ano cerca de oito milhões de doses de sêmen para 70 países.
Entre os touros que mais doaram sêmen em sua vida, está o campeão Sunny Boy, que doou dois milhões de doses, o que deve dar 1,4 milhões de filhos espalhados pelo mundo. Tudo começou no fim do século 19, quando o proprietário do touro campeão saia tocando corneta pra vender coberturas. Depois, mas ainda antes da Segunda Guerra Mundial, veio o programa de inseminação: o inseminador volante saia de moto levando nas costas o material de aplicação.
Hoje em dia a coleta se profissionalizou e, além do sêmen convencional, é possível comprar o sêmen sexado, escolhendo se vai querer só macho ou só fêmea. Oferecem o embrião já pronto com todo o pacote de fertilização in vitro e o devido implante já incluídos. Na Europa, a alta genética trabalha com o DNA. Os laboratórios já estão preparados para, comercialmente, analisar o potencial celular de uma doação.
Alfred de Vris, engenheiro genético encarregado mundial do programa de melhoramento da CRV, e Gus Laeven, que foi diretor da companhia por mais de dez anos no Brasil, explicam que já ficou completamente no passado distante o tempo de se ver crescer o bezerro, testar o touro por gerações até se conseguir o perfil da progênie. O mesmo valendo para as vacas.
“Agora a nossa seleção passa a ser feita no microscópio. Com a tecnologia do DNA podemos antecipar que características o animal vai transmitir ao longo da vida. Analisando um punhado de células já podemos dizer se ali teremos um animal bom de carne ou uma boa matriz”, conta Alfred de Vris.
Evolução
Esse futuro já chegou à Fazenda Frankanna, de Carambeí, no Paraná. Das 500 matrizes da propriedade, 15 vacas já são filhas dos chamados touros genômicos. A renovação do plantel segue nessa linha mirando o objetivo de se alcançar, dentro de três a quatro anos, a média diária recorde de 45 litros de leite por cabeça. Evolução que, claro, não depende só da alta genética, mas também da alimentação e do manejo. Os mínimos detalhes são observados. Os funcionários da leiteria, por exemplo, trabalham com dois porta-lenços na cintura. A cada vaca que entra na ordenha, eles usam dois paninhos na limpeza dos úberes. Como são quatro tiradas de leite, esses paninhos são usados cerca de 4.000 vezes por dia. Para dar conta da lavagem e desinfecção, foi montada uma lavanderia dentro do estábulo.
O cuidado com a limpeza é um entre inúmeros itens que entram na formação do preço do leite. A Cooperativa Batavo acaba de inaugurar uma das mais modernas indústrias de lacticínios do mundo. É totalmente automatizada. O produtor recebe de acordo com oito critérios: começa com o teor de gordura do leite mais o teor de proteína e dos sólidos totais; contagem bacteriana e de células somáticas; o volume de produção; a capacidade de estocagem e até a facilidade de acesso do caminhão à propriedade.
Na festa dos 100 anos de imigração, os produtores foram incentivados a continuarem na busca da atualização tecnológica, fator de sobrevivência e de sucesso da região. Um êxito que, no entender do presidente da Cooperativa Batavo, Renato Greidanus, não é só dos holandeses, mas deve ser creditado também a outras colônias.
Como a simbolizar a diversidade das contribuições, a sinfônica que veio da Holanda celebrar a data fechou o concerto tocando Aquarela do Brasil.
G1 - Globo
Dia 16 as 09:20 h estarei apresentando minha pesquisa intitulada:
MANEJO DE ORDENHA NO SETOR DE BOVINOCULTURA DO IFAL – CAMPUS SATUBA: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÀO E QUALIDADE DO LEITE.
Depois disponibilizo os resultados.
Abraços!!
A RepiLeite realizou hoje (07/12) o primeiro chat da rede com o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, John Furlong, sobre controle do carrapato dos bovinos. O bate papo começou às 10 horas da manhã.
O médico veterinário debateu vários assuntos, por exemplo, como fazer o teste de sensibilidade dos carrapatos, produtos homeopáticos, manejo rotacional, vacinas. Além disso, o médico parasitologista tirou dúvidas e disponibilizou links com conteúdo de aprofundamento no assunto para as pessoas interessadas na área. Segue abaixo o material.
Vídeo: https://repileite.ning.com/video/os-tres-passos-para-combater-o-inimigo-do-gado-e-do-produtor-o-ca
Publicações: http://www.cnpgl.embrapa.br/controle_carrapato.zip
Na safra 2010/2011 estão disponíveis no mercado brasileiro 469 cultivares de milho. Dessas, 166 são indicadas para produção de silagem da planta inteira.
Dado o grande número de opções, há necessidade de se conhecer o desempenho das cultivares disponíveis, nas condições ambientais das diferentes bacias leiteiras do Brasil, de forma a embasar o produtor em qual, ou quais cultivares utilizar.
No trabalho apresentado no link abaixo, Oliveira et al., 2011 avaliaram o desempenho produtivo e a qualidade da forragem de alguns genótipos de milho, em diferentes anos e locais das regiões Sul, Sudeste e Brasil-Central.
Considerando o critério adotado da superioridade em relação ao potencial de produção de leite, as cultivares com desempenho superior são:
1. Para a Região Sul: B761, 2B619 e MAXIMUS
2. Para a Região Sudeste: POINTER, 30F90, B551, MAXIMUS, ALFA 80S e 2B619.
3. Para a Região Brasil-Central: 30F90, AGN20A20, ALFA 90S, 30S40 e BM2202.
Obs.: Não há favorecimento nem discriminação de qualquer marca de sementes. Não somos, portanto, contra o uso de qualquer cultivar participante ou não dessas avaliações.
Citação: OLIVEIRA, JS; SOUZA SOBRINHO,F; BENITES, FRG; MACHADO, JC. Cultivares de Milho Para Silagem. Circular Técnica 103, Embrapa Gado de Leite, 2010. Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/883849/1/CT103.pdf, Acesso em 27 de novembro de 2011.
Texto muito interessante
Opinião
16/11/2011 - 07:09:28 - Versão para impressão
Bioenergia é prioridade da Embrapa
A lista de prioridades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para os próximos anos inclui estudos sobre a agricultura de baixo carbono, o aumento da produção de bioenergia e cultivos de precisão. Quem afirma é Mauricio Antônio Lopes, diretor-executivo de pesquisa e desenvolvimento da companhia.
Valor: No ramo do agronegócio, como está o Brasil no ranking mundial de empresas inovadoras?
Mauricio Antônio Lopes: O salto da nossa produção agropecuária não teve paralelo em nenhuma região do mundo. No início dos anos 1960, a produtividade média era de 783 quilos por hectare. Em 2010, tinha saltado para 3,1 mil quilos por hectare, incremento de 774%. Além das políticas macroeconômicas, setoriais e da organização dos segmentos agroindustrial e agroalimentar, o avanço tecnológico foi um fator essencial para o sucesso. A Embrapa e as instituições parceiras, o braço tecnológico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tiveram um papel decisivo nesse processo. A Embrapa tornou-se a principal instituição de ciência e tecnologia do mundo tropical, reconhecida no Brasil e no exterior.
Valor: Quais as áreas mais inovadoras do agronegócio no Brasil?
Lopes: Segmentos como o complexo soja, o sucroalcooleiro e de carnes foram capazes de incorporar inovações substanciais. As exportações do agronegócio em 2010 atingiram um recorde de US$ 76 bilhões, aumento de 18% em relação a 2009, e 3,8 vezes mais que as de 2000. Para chegar a isso, foram necessárias inovações na ciência do solo e da água, no melhoramento genético vegetal e animal, no controle biológico de pragas, sanidade animal, segurança biológica e mecanização de sistemas.
Valor: O que o agronegócio precisa, hoje, em termos de inovação?
Lopes: Os avanços alcançados, embora relevantes, dificilmente vão garantir a competitividade no futuro. Análises mostram que a nossa agricultura será desafiada por transformações substanciais nas próximas décadas. O Brasil precisará responder à necessidade de produzir volumes crescentes de alimentos e matérias-primas. O setor precisará de avanços em diversificação, agregação de valor, produtividade, segurança e qualidade, com velocidade e eficiência superiores às alcançadas no passado. E, para se garantir a sustentabilidade da agricultura frente às mudanças climáticas e à intensificação de estresses térmicos, hídricos e nutricionais, serão necessários avanços em conhecimento científico e tecnologias que racionalizem o uso dos recursos naturais.
Valor: Quais os principais projetos da Embrapa para 2012?
Lopes: Há prioridade para o desenvolvimento de tecnologias que contribuam para uma agricultura de baixo carbono. Estamos aprimorando modelos de predição de impactos das mudanças climáticas no setor. A agenda também prevê o uso da genômica para a seleção mais rápida em plantas e animais e o desenvolvimento de instrumentação que permita ampliar a precisão da agricultura. O aprimoramento dos sistemas de produção de culturas energéticas, e a busca de novas rotas tecnológicas baseadas em biomassa para a produção de bioenergia também são prioridades (Valor, 14/11/11)
De acordo com as normas adotadas pelo Laboratório de Qualidade do Leite (LQL) da Embrapa Gado de Leite, alguns cuidados são fundamentais ser seguidos. Tais procedimentos garantirão a qualidade das análises e a idoneidade dos resultados.
Estes cuidados se iniciam já na ordenha, que em concordância com as recomendações das Boas Práticas Agropecuárias, é importante que se faça a higienização dos tetos antes da ordenha (pré-dipping). Os frascos utilizados na coleta de amostras de leite destinadas à determinação da composicional e Contagem de Celulas Somaticas (CCS) possuem a tampa translúcida (mesma cor que o frasco) e já são enviados com uma pastilha de conservante (Bronopol®) no interior. Os frascos utilizados na coleta de amostras destinadas à análise da Contagem de Células Bacterianas (CTB) possuem a tampa vermelha, são previamente esterilizados e armazenados em sacos plásticos para protegê-los de contaminação. Esses frascos devem ser abertos somente no momento da coleta.
Após o término da ordenha individual, deve-se uniformizar o leite com o auxilio de uma concha, retirar uma porção representativa, e acondicioná-la no frasco fornecido pelo LQL, até o volume máximo indicado no bordo superior do frasco. Os equipamentos ou utensílios (conchas, copos coletores, pescadores e baldes) usados para a coleta de amostras devem ser protegidos de contaminação antes e durante o uso. Estes utensílios devem ser higienizados com detergente alcalino clorado (130 mg L-1 de cloro) ou álcool etílico 70°GL. Caso a propriedade faça duas ordenhas diárias, deve-se preencher o frasco de coleta até 2/3 do volume recomendado com a ordenha da manhã e um 1/3 restante com a amostra do leite da segunda ordenha. Entre as ordenhas é necessário manter os frascos refrigerados. Após o término das coletas, é necessária a permanência sobre refrigeração entre 2 a 6 ºC até o envio ao laboratório. Para coletas de leite em tanque de refrigeração, deve-se ligar o sistema de agitação do tanque por no mínimo cinco (5) minutos antes da coleta da amostra. Quando a capacidade do tanque for maior que 5.700 litros, o tempo de agitação deve ser aumentado para dez (10) minutos, ou de acordo com a recomendação do fabricante. Deve-se atentar para sempre coletar a amostra com o agitador desligado.
No momento da recepção, o laboratório somente aceitará as amostras com temperatura inferior a 7°C (tomando-se o cuidado para não congelar) e com no máximo 96 (noventa e seis) horas após a coleta, quando da chegada. Portanto, enviar as amostras devidamente identificadas, imediatamente após a coleta. Para que as amostras cheguem ao laboratório em condições ideais, é imprescindível acondicioná-las em caixas térmicas em posição horizontal, com gelo reciclável e os espaços vazios deverão ser preenchidos para evitar movimentação e abertura das tampas durante o transporte. Para que o gelo atinja temperatura ideal de congelamento, é importante a permanência em freezer por um período igual ou superior a 72 horas.
Os frascos não utilizados na coleta de amostras do leite devem ser devolvidos mensalmente, pois a não devolução, implicará em cobrança pelo LQL.
Para maiores esclarecimento consulte a NORMAS PARA COLETA E ENVIO DE AMOSTRAS DE LEITE DO REBANHO PARA DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE GORDURA, PROTEÍNA, LACTOSE, SÓLIDOS TOTAIS, CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E CONTAGEM TOTAL DE BACTÉRIAS no link abaixo.
http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/produtoserv/servicos/ManualColeta.pdf
Dados do Censo Agropecuário mostram que o número de estabelecimentos agropecuários no Brasil, sobretudo os de até 10 ha, cresceu de 4,9 milhões em 1970 para cerca de 5,17 milhões em 2006 com significativo crescimento de empreendendores em detrimento de parceiros, meeiros, ocupantes e outros não-empreendendores.
Quando se analisa a estratificação desses estabelecimentos em 2006, com base na produção e renda bruta mensal tem-se uma interessante situação:
a) Cerca de 8% dos estabelecimentos respondem por aproximados 85% do valor da produção, com renda bruta mensal superior a 10 salários mínimos (cerca de R$ 300,00) da época;
b) Cerca de 19% dos estabelecimentos respondem por aproximados 11% do valor da produção, com renda mensal bruta variando entre 2 e 10 salários mínimos da época; e
c) Cerca de 73% dos estabelecimentos (quase 3,76 milhões) respondem apenas por 4% do valor da produção, gerando uma renda bruta mensal inferior a 2 salários mínimos da época. Mais de 2 milhões dessas propriedades estão no Nordeste.
Cálculos, feitos a partir dos dados mostram que o tamanho da propriedade não foi o fator indutor da concentração de produção e renda: naquele primeiro grupo de estabelecimentos, a concentração de renda é maior nas propriedades com área até 100 hectares do que naquelas com área superior a 100 ha. Esses dados lhes sugerem que o fator determinante da concentração de renda foi o uso de conhecimentos e tecnologias, ou seja, a facilidade de acesso e capacidade de adoção de tecnologias desses empreendedores vis a vis a falta dessas condicionantes para outros empreendedores. Os dados indicam também que a maioria dessas propriedades, sobretudo aquelas com área superior a 100 ha apresentam renda líquida negativa, o que evidencia que os conhecimentos de planejamento e administração do sistema produtivo e de relacionamento com os mercados são carências endêmicas.
Fonte: Estudos internos da Embrapa
Caros sugiro a leitura do texto publicado no Panorama do Leite.
Clique no link a seguir para acessar: Qualidade da água e produção de leite
Bom dia a todos.Venho através deste parecer, para fazer uma suplica que sempre acontece na atividade leiteira no Brasil. E como já e uma coisa de caduco (ultrapassado, muito antigo, e que todos já sabe.) que as industrias sempre precinam o preço pago ao produtor entre os meses de outubro a junho, e isso ocorre ano após ano, mas me pegunto, porque a CNA junto com as federações e outras entidades não toma nota de sua responsabilidade que seria de apoiar os produtores, fazer justo o custo de produção o leite, e lutar pela rentabilidade dos produtores.Hoje o mercado de leite não está tão ruim como dizem o problema é que estão importando leite de outros países e as industrias estão cartelizando preço pago ao produtor, forçando uma forte baixa ao preço pago ao produtor.Também e necessário a viabilização da robótica na produção de leite uma vez que a mão de obra esta escassa. pois e impossível algum pequeno e médio produtor conseguir comprar um ordenha robótica, onde também com certeza melhoraria a qualidade do leite.
Ai vai uma acorda Brasil.
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O primeiro dia de palestras do X Congresso Internacional do Leite teve como foco de discussões a sustentabilidade da pecuária de leite e as políticas públicas para o setor. Pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Canadá debateram as estratégias para diminuir a produção de gases causadores do efeito estufa.
Das atividades do setor primário, a pecuária é uma das que mais emite gás metano, um dos principais causadores do aquecimento global. No entanto, modificando a dieta do rebanho, é possível diminuir consideravelmente a produção deste gás.
Para o pesquisador Luiz Gustavo Pereira, é imprescindível que o Brasil intensifique suas pesquisas nesta área, demonstrando a sustentabilidade da sua pecuária para impedir que no futuro a questão ambiental se torne uma barreira alfandegária para a exportação dos produtos nacionais.
Políticas públicas – O primeiro dia de palestras do Congresso foi encerrado com o Fórum: Leite Nordeste. O chefe geral da Unidade, Duarte Vilela, abriu os debates afirmando que é preciso reduzir a carga tributária incidente sobre os equipamentos e insumos utilizados na pecuária de leite, a exemplo dos modelos já aplicados na suinocultura e avicultura. Segundo Vilela, é preciso valorizar o produtor e a produção de leite com uma remuneração justa e pagamento por qualidade.
Como ações de curto prazo, Vilela destacou a revisão das políticas de importação de lácteos com a proposição de mecanismos permanentes para controle de importação, estabelecendo novas regras de comercialização, principalmente no âmbito do Mercosul. O chefe geral da Embrapa Gado de Leite elencou outras prioridades:
- Desenvolver mecanismos de estímulo à exportação de lácteos;
- Atuar junto ao MAPA para publicação da nova edição do RIISPOA, essencial para a modernização do setor;
- Incrementar a pesquisa no país, com o fortalecimento do PAC para a C,T&I;
- Incentivar a cooperação científica, tecnológica e comercial com parceiros internacionais emergentes, como a China, e participação mais ativa do país em organismos internacionais como a Federação Internacional de Leite (FIL/IDF).
O deputado federal Domingos Sávio, presidente da Sub Comissão Permanente do Leite, que também participou do Fórum, afirmou que é preciso definir uma agenda nacional para a pecuária de leite. “Temos que elaborar uma política de Estado para o leite, definindo uma agenda nacional para a atividade”, realçou o deputado.
Foi realizado de 5 a 8 de outubro, em Piracicaba/SP, o III Workshop sobre a utilização do SIG (Sistemas de Informações Geográficas) na análise ambiental. Em sua página no endereço http://www.sig2011.institutoaf.org.br/index.html estão disponíveis informações sobre o evento, notadamente contendo algumas palestras interessantes sobre o processo de certificação de propriedades rurais junto ao INCRA, além de palestras sobre a análise do desmatamento e de componentes ecológicos na conservação dos recursos naturais (endereço http://www.sig2011.institutoaf.org.br/palestras.html). Assim, esse conteúdo disponível no site do evento fornece uma dimensão da utilização dos recursos do SIG na tomada de decisão no âmbito rural, trazendo questões de interesse no uso das geotecnologias aplicáveis diretamente à solução de problemas ambientais e legais, e fundiários.
Engenheiro-agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa e doutor em Nutrição Animal pela mesma Universidade, Duarte Vilela dirige pela segunda vez a Embrapa Gado de Leite. Em seu primeiro mandato, a Empresa completou 25 anos. Agora, ele está à frente da instituição no momento em que se comemoram os 35 anos de sua fundação. Este também é o tempo de trabalho dedicado por ele à pesquisa agropecuária nacional, o que o credencia como uma das maiores autoridades nacionais no setor.
- O que mudou na pecuária de leite dos anos 70 até hoje?
A partir de 1976, quando foi criada a Embrapa Gado de Leite, houve uma grande evolução nos índices de produção e produtividade. A produção brasileira de leite aumentou quase 400% nos últimos 35 anos. Em números absolutos, o Brasil tinha 12 milhões de vacas produzindo oito bilhões de litros de leite há pouco mais de três décadas. Hoje, nossa produção caminha para atingir 30 bilhões de litros por ano com um rebanho de cerca de 15 milhões de vacas. Considerando-se as bacias leiteiras tradicionais e propriedades com rebanhos especializados, há registros de produtividade média anual de 3.600 litros vaca/lactação. Isto prova que o produtor brasileiro se tornou mais tecnificado.
- De que forma a Embrapa Gado de Leite contribuiu para a evolução da atividade nestes últimos 35 anos?
A Embrapa Gado de Leite, ao lado das empresas estaduais de pesquisa e universidades, teve um papel fundamental na melhoria do desempenho da atividade. Um exemplo é o processo de melhoramento genético do rebanho: o país é hoje referência mundial em genética zebuína tanto para leite quanto para carne. Saímos dos programas clássicos de melhoramento onde medíamos a produção diária e por lactação e hoje trabalhamos com genômica animal, identificando marcadores genéticos com importância econômica para a produção de leite. O melhoramento vegetal e as técnicas de alimentação dos animais também foram um fator importante. Até o início dos anos 80, a base das forrageiras era o capim-gordura e o capim provisório. Hoje, têm-se o pastejo rotacionado do capim-elefante e de forrageiras de elevado valor nutritivo como as gramíneas do gênero Cynodon, Brachiaria e Panico, assim como leguminosas (alfafa), além do uso de alternativa para o período de escassez de forrageiras (cana de açúcar com ureia e silagens). Estas foram tecnologias muito divulgadas pela Embrapa Gado de Leite que garantiram resultados excelentes na produção e produtividade de leite a pasto. Naturalmente que também ocorreu aumento nas áreas de pastagens cultivadas no Brasil, o que gerou aumento na produção, mas o aumento da produtividade está plenamente relacionado às novas tecnologias desenvolvidas ou adaptadas pela pesquisa nacional.
- Qual a expectativa para a pesquisa em bovinocultura de leite para os próximos anos?
Buscamos a fronteira do conhecimento. Na pesquisa básica pode estar a resposta para muitas das questões que hoje preocupam a cadeia produtiva do leite. A biotecnologia já mostrou que, por meio de marcadores genéticos, clonagem e transgenia, é possível acelerar o processo de melhoramento dos bovinos, criando populações resistentes a endo e ectoparasitos, à mastite, ao estresse térmico etc. A pesquisa básica, de ponta, trará resultados com mediana rapidez para os produtores e a população em geral. A infinidade de soluções que a biotecnologia apresenta é impressionante e vai do melhoramento genético ao desenvolvimento de produtos com qualidades nutracêuticas. A Embrapa Gado de Leite está alinhada com as questões das ciências avançadas e o nosso portfólio de pesquisas foi construído para atender às expectativas do agronegócio do leite no Brasil e nos países de clima tropical.
- E como os produtores têm acesso a estas pesquisas?
Tão importante quanto gerar novas tecnologias é fazê-las chegar ao produtor. Para que isto ocorra com eficiência, a Embrapa se reorganizou internamente. Foi criada uma Chefia adjunta de Transferência de Tecnologia, com ações exclusivas para esta finalidade. Entre as unidades da Embrapa, a Embrapa Gado de Leite é reconhecida por suas ações de capacitação de produtores. Possuímos núcleos avançados em todas as Regiões do país para identificar as demandas locais e darmos respostas seguras com rapidez. Buscamos parcerias com outras instituições para fazer chegar aos produtores de todo o Brasil informações técnicas de qualidade. Como exemplo, iremos lançar oficialmente este ano o PAS-Leite (Programa Alimento Seguro voltado para a cadeia produtiva do leite). Esta é uma ação em parceria com o Sebrae, Senar, Senai e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Sebrae, por meio do SebraeTec, disponibilizará consultoria a preços subsidiados para os produtores interessados em trabalhar segundo as Boas Práticas Agropecuárias. Enfim, edificar caminhos sólidos para a pesquisa da Embrapa Gado de Leite é um grande desafio, mas temos a certeza de poder contar com a parceria de instituições sérias do setor. Sabemos que o leite é um produto imprescindível para a humanidade. Por meio da pesquisa ou da transferência de tecnologia, não mediremos esforços para transformar o Brasil num grande produtor e exportador de lácteos.