Uma pesquisa que avalia as condições de produção e qualidade do leite da agricultura familiar em oito municípios alagoanos foi encerrada, na última semana, com a apresentação dos resultados gerais e a entrega de certificados aos técnicos de extensão rural.
Conduzida por meio de uma parceria entre a Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) e a Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), a pesquisa avaliou cerca de 70 pequenos criadores de gado de leite, que durante o processo foram capacitados e receberam kits de ordenha manual higiênica.
Os municípios que participaram da pesquisa foram Craíbas, Girau do Ponciano, Minador do Negrão, Cacimbinhas, Maravilha, Ouro Branco, Canapi e Mata Grande. Em cada local, os agricultores receberam acompanhamento intensivo durante um ano. Nesse período, eram feitas coletas mensais de leite e enviadas para análise na Embrapa Gado de Leite, em Minas Gerais.
"O principal motivo era analisar a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem de Bactérias Total (CBT) do leite, pois isso define se a vaca está com uma doença chamada mastite ou qual o nível de higiene e contaminação do produto", explicou a zootecnista Ana Cláudia Nobre, extensionista da Gerência Regional da Seagri no Agreste, que acompanhou os criadores de Craíbas e Girau do Ponciano.
Segundo ela, a mudança dos produtores na forma de fazer a ordenha foi significativa e a aceitação ao novo hábito de ordenhar foi muito positiva. "Não encontramos muita resistência. Eles percebiam o quanto era importante obter um leite com mais qualidade. Os reflexos disso tanto chegam ao consumidor final quanto à indústria, que aos poucos vai reconhecer esse produto melhor", enfatizou a zootecnista.
Após o repasse dos kits de ordenha manual higiênica, conta a extensionista, os índices de CCS e CBT foram melhorados, ficando dentro das normas exigidas pela instrução normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Qualidade eleva o preço - A pesquisa conduzida pela Embrapa e Seagri foi acompanhada pela indústria de laticínios, que adquire os produtos dos agricultores familiares do Agreste. Em Craíbas, um laticínio que antes comprava o leite por R$ 0,75 cada litro passou a comprar por R$ 0,80.
"Isso é mais renda para o agricultor familiar, que se reflete em qualidade de vida para as famílias do campo. Por isso que apoiamos ações como essa, de capacitação e difusão de tecnologia, tendo em vista que os resultados são práticos e chegam diretamente a quem precisa", salientou o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, José Marinho.
Ainda de acordo com a zootecnista Ana Cláudia Nobre, da Seagri, a participação dos criadores foi por meio de um processo educativo. "Eles cresceram fazendo a ordenha de uma determinada forma, depois tiveram que se adaptar a um jeito novo, mais moderno, com foco na higiene e na qualidade", destacou.
O pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Amaury Apolônio, coordenou as ações de pesquisa. Ele acompanhou as reuniões de avaliação e participou da entrega dos certificados aos técnicos. Para Amaury, o criador deve ser conscientizado de que a melhoria da qualidade do leite também vai resultar em um ganho econômico. "Ele deve se sentir protagonista desse trabalho e manter as recomendações e as boas práticas após o término do acompanhamento técnico", afirmou.
A matéria é do Mapa, adaptada pela Equipe MilkPoint.