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O leite se tornou indigesto até para o bolso dos gaúchos. Depois que o Ministério Público apontou presença de água, ureia e formol – nesta terça-feira, também foram confirmados coliformes fecais –, o preço do litro do longa vida subiu 4,18% na Capital.

Em sete dias, o preço médio do leite saltou de R$ 2,15 para R$ 2,24. Para comparar o aumento, nos últimos 12 meses o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – principal referência de inflação no país – subiu 6,49%. Procurada por Zero Hora (ZH), a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) não deu retorno sobre o assunto.

Na semana passada, o presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, dissera que, desde a revelação da fraude, o consumidor não buscava mais preço baixo, mas marcas em que pudesse confiar. Por isso, não se importaria em pagar R$ 0,10 a mais por litro.

Para o cálculo da variação do preço, Zero Hora pesquisou nove marcas à venda em quatro redes de supermercados da Capital. Os dados foram comparados com os valores colhidos anteriormente pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe) da UFRGS e pelo Movimento das Donas de Casa.

Terça pela manhã, diretores da Agas se reuniram com o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat). O encontro teve como objetivo discutir a situação do setor após a divulgação da fraude. Amanhã, as entidades prometem medidas conjuntas para tentar devolver a normalidade ao mercado de produtos lácteos.

– Os supermercadistas foram muito pressionados a trocar os produtos. Mas agora não há nenhum item a ser retirado das gôndolas – afirmou o presidente do Sindilat, Wilson Zanatta.

Segundo o dirigente, até o fim do período de entressafra, que se estende até agosto, o leite está sujeito a novas elevações de preço, de acordo com a oferta e a demanda. Nas semanas anteriores ao escândalo da adulteração, porém, os aumentos semanais mal passavam de 1%. Na última semana, quase quadruplicaram.

Depois da informação divulgada por Zero Hora na sexta-feira passada de que crianças sob a tutela do Estado vinham consumindo leite com venda proibida há mais de um mês, a Fundação de Proteção Especial recolheu 1.174 litros do produto UHT da marca Latvida de abrigos da Capital. Esse leite foi servido a crianças e adolescentes em Porto Alegre, onde estão 41 dos 43 abrigos, mas não era consumido nas unidades de Taquari e Uruguaiana. De acordo com a fundação, o fornecedor está realizando a substituição do produto por marcas liberadas para o consumo.

Subindo, subindo, subindo

O preço médio do leite longa vida integral em Porto Alegre teve forte alta:

Última semana de abril: R$ 2,10
Primeira semana de maio: R$ 2,11 (alta de 0,47%)
Segunda semana de maio: R$ 2,15 (alta de 1,89%)
Terça-feira desta semana: R$ 2,24 (alta de 4,18%)

O preço mais barato do longa vida na Capital na comparação entre 30 de abril e 14 de maio:

Supermercado A: R$ 1,98 e R$ 1,99, com variação de 0,5%
Supermercado B: R$ 1,85 e R$ 1,89, com variação de 2,16%
Supermercado C: R$ 1,67 e R$ 1,98, com variação de 18,56%

R$ 1,89 foi o valor mais baixo encontrado no levantamento de Zero Hora de terça-feira (15), que envolveu nove marcas e quatro redes de supermercado, enquanto R$ 2,75 foi o mais alto.

FONTE: A reportagem é do Zero Hora, adaptada pela Equipe MilkPoint.

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Produtores gaúchos apostam na pastagem de alfafa para garantir lucro com gado leiteiro

Para criadores, forrageira é sinônimo de produtividade leiteira, proteína e rendimento

Embrapa
Foto: Embrapa
Plantio de alfafa pode durar cinco anos ou mais

Tradicionalmente utilizada na produção de feno para alimentação de cavalos, a alfafa tem despertado a atenção dos produtores da Serra Gaúcha, interessados em diminuir o custo de produção e aumentar a produtividade do rebanho leiteiro. Outra vantagem, é que a forrageira perene garante alimento de qualidade o ano inteiro.

– Ela supre um vazio forrageiro na época em que nós não temos pastagens: outono e primavera – explica o agrônomo da Emater/RS-Ascar de Cotiporã, Valfredo Reali. 

O agricultor Lírio Dalmás, do município de Cotiporã, vem aumentando a área cultivada com alfafa ao longo dos anos e reduzindo o uso de concentrados, que oneram a atividade. O primo, Mauro Dalmás, seguiu pelo mesmo caminho. Em 2011, implantou dois hectares da forrageira, divididos em 20 piquetes para pastoreio. A variedade utilizada é a crioula, que está pronta para o pastejo ou corte a cada 40 dias, em média. 

– O momento adequado para o pastejo é antes de a cultura começar a florescer, quando tem o maior rendimento, e que tenha sobra de uns 10 centímetos para ela ter um maior rebrote – explica Mauro. 

Para garantir que a produção não seja afetada em caso de estiagem, o agricultor utiliza a irrigação.

– Como a minha propriedade é pequena, eu tenho que buscar o máximo por área, e com a alfafa eu vi que cada vaca teve um incremento de quatro litros por dia, então, sem alfafa eu não teria como me sustentar mais, me tornaria inviável – confessa Mauro. 

Com 20 animais em lactação, o acréscimo na produção leiteira chega a 80 litros por dia, uma diferença considerável. O aumento se deve ao alto valor nutritivo da alfafa, que faz com que seja conhecida como a “rainha das forrageiras”.

– Nós precisamos cada vez mais de pastagens boas e a alfafa se destaca nesse ponto. As análises indicam que ela tem 25% de proteína, e o produtor consegue chegar a uma alta produtividade. Então vejo esta forrageira, hoje, como muito importante na sustentabilidade da produção de leite – declara o técnico da Cooperativa Santa Clara, Claudir Vibrantz. 

Bem manejado, um plantio pode durar cinco anos ou mais. A forrageira também pode ser utilizada na forma de feno ou ser cortada e fornecida aos animais no cocho. O produtor Rogério Zanella, que tem 23 animais em lactação, optou pelo corte.

– Por ela dar mais rendimento e pelas vacas comerem melhor, porque largando no pasto elas pisoteiam bastante, estercam, e assim eu calculo que rende mais – afirma o agricultor. Após cada corte, ele utiliza adubação química, esterco líquido e cama de aviário. 

Para Zanella, a forrageira é sinônimo de produtividade leiteira, proteína e rendimento. Conforme o agricultor, poucas pastagens apresentam o rendimento da alfafa, entre aproximadamente 1 quilo e 1,5 quilos por metro quadrado por corte, em torno de 10 a 15 toneladas de massa verde por hectare.

– Com a alfafa, nós conseguimos hoje diminuir o consumo de concentrado, ter um aumento na produção de leite, reduzir o custo e melhorar a saúde ruminal do rebanho – conclui Vibrantz.

EMATER/RS

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mão de obra

Investimento em pessoas: como atrair e reter mão de obra na pecuária leiteira.

 

 

É muito comum nos tempos atuais, ouvir pessoas envolvidas com a pecuária leiteira comentarem sobre a grande carência de pessoas encontrada nas diversas regiões produtoras nacionais. Muitos falam da dificuldade de encontrar pessoas dispostas a morar nas fazendas, outros comentam sobre o baixo nível médio dos trabalhadores disponíveis e alguns reforçam a dificuldade de encontrar pessoas dispostas a trabalhar no meio rural, especialmente com a atividade leiteira.

Um fato relevante, que agrava um pouco mais a situação, é que um país em franco crescimento econômico tende a diminuir a disponibilidade de desempregados. Tal situação, embora muito interessante para o cenário social nacional, conflita com a realidade encontrada antigamente nas fazendas. É simples concluir que, havendo menos pessoas disponíveis no mercado, certamente será mais árdua a tarefa de selecionar bons profissionais a serem contratados. É comum ouvir produtores dizendo que por não haver opções, tem que contratar “os que estão por aí mesmo”.

Outra situação que merece atenção é a constante diminuição da proporção de moradores da zona rural, comparados aos das cidades. De acordo com o gráfico abaixo, em 1950, no mundo todo, havia aproximadamente 2 pessoas morando na zona rural para cada 1 pessoa habitando nas cidades. Em 2007, essa relação foi invertida, passando a haver mais pessoas na cidade do que no campo. Segundo a FAO, a tendência é que em 2050 haja 70% das pessoas no mundo morando nas cidades, enquanto apenas 30% habitarão a zona rural.

De acordo com o senso do IBGE 2010, em alguns estados das regiões sul e sudeste a taxa de urbanização já está próxima de 95%. Ou seja, somente 5% das pessoas desses estados ainda moram nas fazendas.
Assim, fica evidente a realidade de que está cada vez mais difícil encontrar pessoas para trabalhar nas fazendas. A notícia ruim é que, com base nos dados citados acima, a tendência é que esse quadro piore com o tempo.
Frente à situação acima mencionada, fica a dúvida: O que fazer para conseguir atrair e reter pessoas nas fazendas leiteiras?
Como investir para obter mais e melhores pessoas interessadas em trabalhar nas propriedades rurais? Muitas vezes, os proprietários acreditam que a resposta depende de grandes investimentos financeiros, mas, felizmente, muitas das ações que respondem às questões acima não dependem de grandes investimentos financeiros, mas sim de simples mudanças de conduta.
Abaixo serão citadas algumas ações práticas (também chamaremos de investimentos) que podem auxiliar os produtores neste sentido:

1- A mudança na forma de enxergar o trabalho – De acordo com o cientista alemão Albert Einstein “a definição de insanidade consiste em fazer as mesmas coisas, do mesmo jeito e esperar que os resultados sejam diferentes”.

É necessário que os envolvidos na atividade leiteira entendam que existe um problema que precisa ser solucionado!

Somos remanescentes de uma geração brasileira que ainda fantasia a estória do “Jeca Tatu”, que pensa ser inferior, que nas fazendas os processos são ineficientes, que produtor rural é aquele que não teve oportunidade. Não raro, ouvimos produtores dizendo que querem para os filhos um futuro diferente da realidade por ele vivenciada.

Entidades como a CNA, SEBRAE, empresas privadas e outras organizações vem dando grandes exemplos de ações visando reconstruir a imagem do produtor rural. O resultado do último carnaval quando a escola de samba vencedora teve como personagem principal o Produtor Rural, é um bom exemplo de como essas ações podem contribuir para a evolução da concepção popular do “homem do campo”.

No entanto, é comum encontrar produtores de leite depreciando a atividade nas rodas de conversa, se auto intitulando incompetentes, reafirmando o quão baixo é o nível das pessoas envolvidas com a produção leiteira. Será essa a melhor alternativa para alterar uma realidade?

Você, produtor de leite, caso estivesse procurando trabalho, estaria disposto a trabalhar em uma empresa como a sua?

A seguir serão listadas algumas perguntas cujas respostas ajudarão na questão acima:    

a- Como são as casas dos funcionários da sua propriedade? Com que frequência você as tem visitado?
  b- As pessoas que trabalham para você tem noção daquilo que você prepara para o futuro delas? Você prepara algo para elas?
  c- Os filhos dos seus funcionários vão à escola? Onde ela é? Há escola na sua fazenda?
  d- É na cidade também que as crianças aprendem computação e internet? Onde os filhos dos funcionários começam a namorar?
  e- Aqueles encontros religiosos que antigamente aconteciam na fazenda, ainda persistem?
  f- As esposas e filhos dos funcionários tem oportunidade de trabalhar?
  g- O que eles fazem após o término do trabalho?
  h- Existe plano de saúde, incentivo a esportes, confraternizações?

Embora os questionamentos acima possam parecer desconexos num primeiro momento, é valido refletir profundamente sobre as causas que tem levado a tanta dificuldade em atrair pessoas para as fazendas.
Você, como produtor, tem contribuído para a retenção de pessoas no meio rural?
É mais cômodo pensar e reclamar que faltam políticas públicas, que os governos não auxiliam na retenção dos funcionários rurais. Neste momento, prefiro me ater a questionar o quanto os produtores e técnicos, diretamente envolvidos na produção, têm feito para alterar o cenário existente.
O fato é que as coisas mudam e estão mudando. Caso não haja uma adaptação dos produtores de leite a essa nova realidade dos trabalhadores, às suas demandas e necessidades, às suas famílias, provavelmente por algum tempo, a situação continuará piorando.

É interessante ressaltar que muitas das ações citadas necessitam de pouco investimento e trazem grande retorno. Abaixo, uma foto da confraternização de final de ano seguida de cerimônia religiosa realizada em uma fazenda. Ações simples, baratas e efetivas podem ser determinantes para a inversão do conceito dos trabalhadores.

Dessa forma, para que mais pessoas sejam atraídas para o meio rural é fundamental que os produtores, principais agentes da cadeia, tornem-se ativos no processo de tornar as realidades de suas empresas atrativas a bons profissionais. Além disso, é necessário que invistam na “evolução” cultural das pessoas com relação ao orgulho em “vestir a camisa” do agronegócio.

2- Investir na capacidade de liderança – Mexer com gente no Agronegócio é fácil?

Provavelmente, sua resposta foi não. No entanto, de norte a sul do Brasil, em diversos segmentos de atuação e não somente no agronegócio, é comum ouvir pessoas reafirmando a dificuldade encontrada em trabalhar com pessoas. De acordo com um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, com 2000 executivos de empresas urbanas brasileiras, 55% dos problemas enfrentados na gestão de suas empresas estão, de alguma forma, ligados à liderança.

 

É comum ouvir questionamentos de gerentes ou proprietários sobre como fazer com que seus colaboradores se comprometam com o negócio, como mantê-los motivados, como formar equipes que sejam criativas, comprometidas e ainda fáceis de relacionar. Infelizmente, a resposta para tais perguntas não é simples e nem tão rápida.

Fato é que, em alguns casos, a atitude dos colaboradores reflete a forma de atuação do seu superior. Ou seja, as características dos gerentes ou proprietários são as grandes responsáveis pelos comportamentos da equipe. No entanto, não é fácil reconhecer e aceitar que a mudança deve começar neles, que são os principais responsáveis pelo sucesso ou insucesso das organizações.

É comum ouvir que o bom gerente dever saber de tudo o que acontece na propriedade. Que deve distribuir os serviços todos os dias pela manhã, acompanhar todo o processo de produção, compras e vendas, enfim, que tudo o que acontecesse nas propriedades deve passar pelas mãos do Gerente.

Bom, se é verdade que o olho do dono engorda o boi, também é verdade que existe um grande preço a ser pago por isso. Quantos olhos tem este
dono? Qual a probabilidade dele conseguir acompanhar todos os processos produtivos da fazenda? Como crescer seu negócio restringindo-o à sua capacidade de gerência presencial? Como formar sucessores para dar continuidade nos seus trabalhos? Como conciliar qualidade de vida e trabalho?

Ao limitar a gestão do seu negócio à sua capacidade de estar presente em todos os processos e setores da propriedade, os gestores estão abrindo mão simultaneamente de várias das respostas a estas perguntas.

Confirmando o raciocínio acima, em uma pesquisa recente, realizada pela Fundação Dom Cabral, foram entrevistados 242 executivos de 161 empresas. Perguntados sobre o que é mais relevante para liderança das empresas, 43% responderam ser “conhecer as pessoas” enquanto 30% responderam ser “conhecer do negócio”.

Entretanto, um grande desafio é criado quando surge, para os gestores, a necessidade de se questionar, avaliar as suas atitudes, repensar a forma como há muito vem gerindo suas propriedades. É muito mais fácil pensar que o problema está nos outros.

3- A capacitação de pessoas no Agronegócio - Quanto do orçamento anual de sua propriedade é gasto com a capacitação das pessoas?

É interessante analisar o conflito existente entre a constante reclamação de produtores e técnicos quanto ao baixo nível de seus funcionários e ao mesmo tempo a inexistência de programas de treinamentos para os mesmos.

Na mesma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, 242 executivos forma perguntados sobre os principais benefícios gerados pela capacitação de funcionários em suas empresas:
Dados de uma recente pesquisa FDC – 242 gestores – 161 empresas

 

De acordo com os dados acima, para quase todos os entrevistados, a produtividade é aumentada, assim como a rentabilidade e o aumento de receita a partir dos treinamentos. Nesse raciocínio, se não fossem cogitados outros benefícios, somente pelo retorno financeiro, os treinamentos já seriam muito atrativos.

No entanto, quando analisamos a planilha de custos e investimentos de grande parte das fazendas leiteiras, o item “Treinamentos” frequentemente termina o ano em branco.

Mas, como fazer treinamentos se não há uma sala de reuniões apropriadas, data show, palestrantes, ar condicionado, etc.? Na verdade, existem formas criativas e simples de investir na capacitação das pessoas. A foto abaixo retrata o treinamento de um técnico que visita mensalmente as propriedades assistidas:

 

Muitas vezes os melhores treinamentos acontecerão na beira do cocho, dentro da sala de ordenha, em cima do caminhão de adubo. O principal benefício não está no conforto, mas, sobretudo, na satisfação pessoal das pessoas que passam a tornar-se “entendidos” daquelas que são suas responsabilidades.

De acordo com um renomado filósofo brasileiro chamado Mário Sérgio Cortella, “se fosse um funcionário de uma empresa, só me sentiria leal a ela se percebesse que ela é leal a mim, em relação à minha carreira”.

Outro fato que merece destaque é que produtores e técnicos, muitas vezes analisam o indicador R$/litro de leite gastos com mão de obra como o principal indicador de mão de obra. O que temos visto na prática é que, se restringindo a analisar quantos reais são gastos por mão de obra para produzir um litro de leite, muitas vezes somos levados a focar na redução do gasto com salários e na quantidade de pessoas envolvidas na atividade. No entanto, em um recente levantamento realizado em fazendas assistidas pelo Rehagro, pudemos comprovar que não existe relação entre a redução desse item de custo e a diminuição do custo total. Ou seja, quando focamos em somente reduzir custos de mão de obra, outros indicadores técnicos, se não acompanhados de perto, podem sofrer grandes impactos negativos, gerando perda de competitividade.

Por outro lado, as fazendas que investem em capacitação de pessoas, tendem a aumentar a eficiência do uso de recursos. O grande problema é que esse impacto não é visualizado na conta mão de obra e por isso torna-se difícil ser mensurado na maioria dos casos.

Dessa forma, fica claro que é necessário, inicialmente, aceitar que existe um problema estrutural quanto à atração de pessoas para o meio rural. A partir de então, é preciso investir na quebra do paradigma mentiroso de que não é digno de orgulhar-se quem vive da atividade rural. Por fim, investir em competências de liderança e capacitação das pessoas envolvidas pode ser uma estratégia acertada para a retenção daqueles que se “atreveram” a continuar no meio rural. As ações tem que ser de formiguinha.

É muito fácil reclamar das políticas públicas, da “preguiça” da nova geração de trabalhadores, das dificuldades encontradas na atividade leiteira, mas são efetivas essas ações? Alguns já iniciaram esse processo de focar na inversão de valores e estão conseguindo sucesso. Qual a sua opção?

 

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Precos de gado.

Bom dia a todos!

Estou levantando custos para formacao de um rebanho leiteiro,tenho uma propriedade na zona da mata e gostaria de saber o preco medio de vacas da raca Girolando(prenhas ou nao)na regiao.

Se puderem me indicar bons animais e vendedores de produtos e equipamentos eu agradeco muito.

Gostei da rede,achei muito bacana as materias os comentarios e a preucupacao de dividir ideias e melhorar o setor.É isso que eu procuro.

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Chat: Tratamento de água na propriedade rural

9846960299?profile=originalO quarto Chat da RepiLeite foi realizado no dia 20/3/2013 e contou com a moderação do pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marcelo Otenio. O tema foi "Tratamento de água na propriedade rural".

Durante uma hora e trinta minutos foram abordadas questões como a importância do tratamento da água na produção de leite e saneamento rural, os possíveis tratamentos, a legislação vigente e as experiências e dúvidas de cada participante.

Clique aqui para fazer o download dos materiais de aprofundamento que foram citados durante o bate papo.

Agradecemos à participação de todos!

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O Programa Minas Leite executado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), atende atualmente a 1.078 produtores cadastrados no Estado. Entre eles está o produtor familiar Paulo Sérgio Guerra, do município de Senador Cortes, Zona da Mata mineira, que depois de aderir ao Minas Leite, viu o Sítio Guaraná se tornar referência para os produtores da região.

Entre as mudanças efetivadas no sítio, o destaque é o reaproveitamento do espaço. "Ele pegou o pasto e fez uma divisão simples, aproveitando a capineira, de uma maneira bem econômica e com pouco gasto", informa o coordenador da Emater-MG, Antônio Domingues. Para promover as mudanças sugeridas pelo programa, o produtor teve pouco gasto mas está contabilizando lucros.

"O agricultor está lucrando mais depois do Minas Leite. Comprou tanque de armazenamento para o produto não perder a qualidade e segue religiosamente os passos da produção de leite de qualidade, orientados pela Emater-MG". Além disso, segundo informa o coordenador regional, ele trabalha com inseminação artificial.

De acordo com Antônio Domingues, o Sítio Guaraná virou modelo do Minas Leite. Técnicos das cidades da Zona da Mata costumam levar produtores rurais até a propriedade de Paulo Guerra para estimulá-los a seguir as instruções do programa. O objetivo é aumentar a renda familiar dos produtores através de mudanças de baixo custo.

Cuidados básicos para produzir leite de qualidade

O coordenador estadual de bovinocultura da Emater-MG, Feliciano Oliveira, ressalta que a qualidade do leite pode significar um diferencial para o produtor em termos de ganho, pois produzindo o que o mercado exige, ele lucra mais. Além disso, outro ponto importante nesta produção é a saúde pública.

Para produzir leite de qualidade exigido pelo mercado consumidor é preciso tomar alguns cuidados, ou seguir um ritual de produção que tem dado certo, através do acompanhamento da Emater-MG. "O produtor deve observar as seguintes condições dentro da fazenda: saúde do animal, limpeza e higiene das instalações, equipamentos e utensílios de limpeza, passando pela postura do ordenhador, que deve observar sua higiene pessoal e também a do animal, principalmente as tetas. Se a ordenhação for mecânica, deve-se observar a higiene do equipamento."

Conforme explica Feliciano Oliveira, o cuidado com o animal começa em sua condução até a ordenha, que necessita ser a mais tranquila possível. Já o ato da ordenha, deve ser completo e ininterrupto. Depois de obter o leite, é necessário que ele seja levado imediatamente ao tanque de resfriamento para obter a temperatura de 4ºC, nas próximas três horas, ainda dentro da propriedade.

Segundo o coordenador de bovinocultura, a qualidade do leite pode ser prejudicada no transporte ao laticínio, por isso nesta hora é aconselhável redobrar os cuidados, para não correr risco de perder o processo desenvolvido anteriormente. "A coleta e o transporte do leite até o laticínio são pontos de risco, tanto pelo produtor como pela própria indústria que compra o leite, porque o magote, que faz a coleta do tanque para o caminhão, pode comprometer a qualidade se não estiver higienizado".

Feliciano Oliveira informa que o Minas Leite caminha em três linhas de ação: gestão de atividade, boas práticas de produção e qualidade do produto. Na gestão de atividade o produtor é orientado a fazer registros e anotações que irá direcioná-lo a saber o que gasta e o que recebe, levando-o a um equilíbrio entre produção e rentabilidade.

Já nas boas práticas de produção o técnico da Emater-MG dá instruções técnicas para melhorar a qualidade do produto e, por fim, no processo de venda, se a qualidade for boa, o produtor pode lucrar mais, recebendo bonificação do laticínio. Se o produtor seguir este direcionamento, terá sucesso em sua produção, aumentando seu lucro.

Fonte: Agência Minas

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O Guia de Boas Práticas na Pecuária de Leite (Guide to good dairy farming practice, FAO and IDF/2011), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da International Dairy Federation (IDF) é a principal publicação internacional sobre as boas práticas agropecuárias focadas para a produção de leite.

Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite, juntamente com pesquisador aposentado da Empresa, José Renaldi Brito, em parceria com a FAO/IDF, traduziram a última versão, lançada em 2011.

O objetivo deste Guia é a aplicação de práticas que visam a obtenção de leite seguro e de qualidade, respeitando aspectos econômicos, sociais e ambientais. Ele aborda os temas saúde animal, higiene na ordenha, nutrição, bem-estar animal, meio ambiente e gestão socioeconômica.

O Guia de Boas Práticas na Pecuária de Leite serve de base para diversos projetos da Embrapa, incluindo a implantação das boas práticas nos campos experimentais da Embrapa Gado de Leite.

O arquivo está disponível aqui Guia BPA.PDF e no site da Embrapa Gado de Leite.

 

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Olá pessoal,

Mais uma oportunidade para aumentar seus conhecimentos!

No endereço http://eadsenar.canaldoprodutor.com.br/ vocês encontram informações sobre os cursos oferecidos pelo EaD SENAR. 

O portal EaD SENAR  tem como objetivo contribuir com a formação e profissionalização das pessoas do meio rural e assim aumentar a rentabilidade dos seus negócios e garantir a sustentabilidade do meio ambienteNesse portal, além de acessar os cursos oferecidos, você tem acesso às apostilas e a comunidade prática, um ambiente que o SENAR criou para que pessoas do meio rural e interessados pela área rural socializem informações, troquem experiência da área rural, façam parcerias a fim de juntos buscarem alternativas para melhorarem a rentabilidade de suas propriedades e a qualidade de vida no campo.

Aproveitem!

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Infelizmente, o Brasil virou as costa novamente para seus produtores de leite, renovando assim o acordo de importação de leite em pó da Argentina. O Brasil está mais pré-ocupado em resolver os problemas dos vizinhos do que os deles mesmo, estamos vivenciando uma crise no setor a muito tempo, e o nenhum órgão brasileiro se apresenta para trazer melhorias, agora para trazer mais prejuízo aos produtores brasileiro vemos que eles se juntam a fim de prejudicarmos. O Brasil é autossuficiente em leite isso todos já sabem, nos que deveríamos exporta e não importa, o preço do leite hoje pago ao produtor e em torno de 0,80 centavos este preço está a muitos anos neste valor, sendo que um saco de ração estava batendo os 40 reais ou 1 real por quilos, o salário minimo já sofreu reajuste a 3 vezes em cima do valor do leite, também vemos que o petróleo teve reajuste de 5% acima nos últimos dias, tivemos aumento em todos os produtos. E infelizmente o preço do leite ao produtor está em queda, eu pergunto? onde está nossos membros que deveriam defender os produtores, também informo qual das entidades que participaram e apoiaram essa importação de leite em pó para o Brasil, sabe realmente o custo do leite para o produtor rural Brasileiro, e se tiver mostre pois se for feita com clareza veras que o custo hoje e maior do que somos remunerado, o pior e saber que na hora de pagarmos os impostos, eles também vem sempre com aumento, impostos esses que estão sendo usados para prejudicar a cadeia leiteira no Brasil e não trazer melhorias como deveria. A matéria ainda está exposta pela CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA , veja e de sua opinião ;

http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/brasil-renova-acordo-com-argentina-para-importacao-de-leite-em-po

De sua opinião, chega de ficar apenas sofrendo pela incompetência dos outros que não vive desta atividade ( cadeia leiteira), devemos ser valorizado.

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Tipos de mastite bovina

Se analisarmos a biologia das vacas, a glândula mamária destina-se, originalmente, a alimentação do bezerro, portanto, uma produção diária de 3 a 6 litros de leite/ dia, como se observa nas vacas de corte. O melhoramento genético e os avanços da zootecnia, nos últimos 50 anos, levaram os criadores a selecionar vacas cada vez mais produtivas, com grandes áreas de úbere e alta capacidade de produção de leite, com fins comerciais.

Estes avanços necessitam ser acompanhados pela melhoria do sistema de sustentação da glândula mamária (ligamentos), uma melhor capacidade de ingestão de alimentos (maior consumo) e dos sistemas de proteção do úbere, tudo isso somado a um plano nutricional que dê suporte à produção de leite (quantidade e qualidade da dieta).

Radostis et al. (2007) descreveram a existência de mais de 140 espécies, subespécies e sorotipos de microorganismos envolvidos nas mastites, o que dá a idéia da dimensão do problema, com uma incidência anual de 10 a 12% do rebanho total. Bactérias e fungos podem causar mastites, sendo estes últimos muito perigosos, pois se não tratados causam a perda do quarto mamário.

Ainda assim, os casos de mastite podem ser divididos em três distintas situações:

1.Mastites Clínicas - há evidência de sintomas inflamatórios e claras alterações na secreção do leite (aspecto e quantidade). O tratamento deve ser feito imediatamente, tanto por via intramamária como sistêmica, sendo esta última recomendada para prevenir a endotoxemia, pela entrada das bactérias na corrente sangüínea. Este quadro apresenta os sintomas como: presença de calor, rubor, edema, dor e perda da função do órgão afetado. Paralelamente, observa-se ainda: perda do apetite, respiração acelerada, queda na produção, desidratação, fraqueza, alterações no leite, depressão, etc.

2.Mastites Subclínicas - não há inflamação da glândula mamária com reduzida ou nenhuma variação na qualidade do leite, porém queda na produção. Pode passar desapercebida do produtor. A opção pelo tratamento depende do custo % de perda em curso e o valor da produção. Recomenda-se tratar no período seco, pois o sucesso do tratamento é maior, já que o produto fica atuando por um maior período de tempo na glândula mamária.

3. Crônica - é a manutenção da fase subclínica ou a ocorrência alternada desta com a forma clínica. É comum a perda definitiva da função do quarto mamário devido à fibrose tecidual. Geralmente os animais devem ser eliminados, pois são portadores e fontes de contaminação da demais vacas.

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Como a glândula mamária funciona

Por ser um órgão tão especializado é importante compreender alguns fundamentos sobre a glândula mamária. Cada teto, ou quarto mamário, é uma glândula individual, sem interligação com as demais, podendo ser afetada, enquanto as outras estão normais. Apresenta vasta irrigação por artérias e veias que suprem o sistema com os nutrientes necessários para a síntese do leite. Para cada litro de leite produzido, 500 litros de sangue devem circular pelo úbere. Alterações nutricionais e vasculares causam redução na produtividade deste animal.

Burton e Erskine (2003) avaliaram diversos trabalhos sobre mecanismos controle das mastite e concluíram que as células de defesa (neutrófilos) e os anticorpos são os principais barreiras de defesa do úbere contra infecções bacterianas. Esta resposta varia em intensidade dentre as vacas, havendo aquelas reagem à infecção, podendo se curar, enquanto outras não ou têm uma resposta débil, apresentando casos prolongados, recidivas e casos mais graves. Quando estes sistemas falham ou são insuficientes surgem as mastites clínicas

O produtor de leite deve conhecer como suas vacas produzem leite e quais as formas de obter os melhores resultados de produtividade, oferecendo condições de nutrição e sanidade adequadas. E uma das formas de tratamento contra a mastite a o da vaca seca, o iodo tambem é uma forma de prevenção ou se preferir consulte um veterinario para que  de acordo com o mesmo possa idetificar o agente causador e assim indicar a melhor forma de tratamento.

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Qual melhor capim para fazer feno.

Qual melhor material para fazer feno na região cental de Minas, não vai ser irrigado.

Entre os Tiftons qual o melhor?

Sobre o vaqueiro, tive informação que produz um feno de melhor qualidade mas não se estabaelece por muito tempo.

Quem tiver alguma informação, trabalho, tese ou local para visitar favor me enviar.

Obrigado

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Considerações sobre qualidade de planta forrageira

O melhoramento genético do gado leiteiro, que avançou muito, principalmente com a raça Holandesa, vem fazendo com que as lactações continuem aumentando. Em comparação com a vaca “original”, que secreta leite para atender às exigências da cria, no pico da lactação ao redor de 4 a 5 litros diários, temos hoje vacas que produzem até 10 a 15 vezes mais. Esse grande aumento da capacidade de secreção de leite, entretanto, não foi acompanhado por um crescimento proporcional da capacidade de consumo de alimento, que, apenas, um pouco mais que dobrou, quando comparado com o consumo da vaca “original”.

A necessidade de nutrientes de uma vaca de 500 kg, para uma pequena produção de 5 litros de leite, é facilmente atendida com o consumo de uns 10 kg de matéria seca (MS) de pasto de qualidade razoável. Já para uma vaca de 600 kg, geneticamente melhorada para produzir 40 kg de leite, e que apresenta um capacidade máxima de consumo de uns 24 kg de MS, há a necessidade de se fornecer uma quantidade relativamente grande de alimento concentrado (“ração”), além de todo o volumoso, da melhor qualidade possível, que ela puder ingerir, de modo a atender à demanda elevada de nutrientes.

Está ficando cada vez mais difícil conciliar a crescente produção de leite com baixa qualidade de planta forrageira, porque seu consumo é muito limitado e, na medida em que se procura compensar o déficit energético com mais alimento concentrado, devido a baixa qualidade da forrageira, a dieta torna-se economicamente inviável e fisiologicamente insustentável.

O chamado “período de transição” da vaca leiteira, que vai desde as três semanas pré-parto até três semanas pós-parto, caracteriza-se pelo menor consumo de alimento e o fornecimento de forrageira de alta qualidade, principalmente no pós-parto, é decisivo para garantir a saúde e o potencial de produção do animal.

O potencial de ingestão de alimentos da vaca em lactação depende basicamente do seu tamanho (peso) e da sua produção diária de leite. Uma vaca de 550 kg, por exemplo, com uma produção de 20 litros/dia, pode ingerir diariamente ao redor de 16 a 17 kg de matéria seca (MS) de alimento (equivalente a 3 % do peso, ou seja, 550 kg x 3 % = 16,5 kg). Com essa quantidade de alimento consumida busca-se suprir toda a energia, a proteína, a fibra, os minerais e as vitaminas de que ela necessita.

A qualidade da forrageira (alimento volumoso: pasto verde, silagem, feno) é que vai determinar se esse potencial de consumo poderá, ou não, ser alcançado para permitir a produção de leite, de acordo com a genética do animal.

A qualidade da forrageira é estimada pelo seu seu teor de “fibra em detergente neutro” (FDN), um complexo fibroso da parede da célula vegetal, constituido por celulose, hemicelulose e lignina.

9846959866?profile=originalComponentes da parede das células vegetais, a pectina, a celulose e a hemicelulose, são aproveitadas através da fermentação realizada pelas bactérias no rúmen, produzindo os ácidos graxos voláteis, principal fonte de energia para o metabolismo da vaca. A pectina é um glicídio estrutural, faz parte da parede celular da planta, mas por ser de fácil extração química não faz parte da FDN. A pectina é considerada como fonte energética, por ser rapidamente fermentada no rúmen. A fermentação da celulose e hemicelulose é um processo lento, afetado pela presença maior ou menor de lignina.

Assim, a velocidade com a qual a fibra vegetal é fermentada, depende basicamente do seu teor de lignina, uma substância não digestível no rúmen. A lignina também é componente residual da fração analisada como “fibra em detergente ácido”, FDA, sendo o constituinte plástico da planta, que lhe confere a necessária rigidez no processo de crescimento e maturação e seu teor é relativamente elevado nas gramíneas tropicais de rápido crescimento (as denominadas plantas C4), nas forrageiras maturadas e nas palhas, de modo geral. A lignina entremeia a celulose e a hemicelulose na junção entre as paredes primária e secundária da célula vegetal e na medida em que a planta envelhece, aumenta a lignificação e a espessura da parede, em detrimento do volume do conteúdo celular.

O conteúdo da célula vegetal é composto por proteínas e carboidratos (glicídios) não fibrosos (açúcares e amidos), que são de rápida fermentação pelas bactérias do rúmen, portanto, de alto aproveitamento pelo organismo da vaca, e apresenta-se com maior teor nas plantas forrageiras de alta qualidade.

Em contraposição, os volumosos de baixa qualidade apresentam reduzido conteúdo celular e alta proporção de parede celular, com elevados teores de FDN e FDA, os quais, em função da grande lignificação, são de lenta fermentação no rúmen (FDN de baixa digestibilidade).

Portanto, o consumo voluntário de uma forrageira depende da capacidade volumétrica do rúmen e, também, de como a composição química da planta (FDN, FDA e lignina) facilita o processo de fermentação no rúmen. Ao aumento da taxa de degradação e passagem da digesta pelo rúmen corresponde um incremento no consumo voluntário, ou seja, quanto mais rapidamente a fibra vegetal for fermentada no rúmen, e as partículas residuais forem diminuídas a ponto de passarem pelo orifício retículo-omasal, resultando na diminuição do conteúdo do rúmen, tanto menor o intervalo até uma nova refeição. Em situações de dietas ricas em energia, de rápida fermentação no rúmen, a capacidade física do rúmen não é o fator predominantemente restritivo do consumo, o qual passa, então, a ser regulado de modo a atender às exigências do animal.

O grau de digestão da fibra das forrageiras é um aspecto que deveria receber maior atenção por parte do produtor leiteiro, pois a forrageira representa o aporte energético de menor custo, e a maior digestibilidade dessa fibra, além de maximizar o consumo total de MS, aumenta a produção e a eficiência alimentar.

A estimativa ou mensuração do consumo efetivo do volumoso tem grande importância prática, pois, a partir deste, se determina a quantidade de concentrado a suplementar, não apenas com o propósito de controlar o custo de alimentação, mas também para evitar problemas de acidose (excesso de concentrado, FDN abaixo de 25% na MS da dieta) ou acetonemia (déficit de concentrado, FDN acima 35% na MS da dieta), especialmente em dietas para altas produções de leite. A subestimação do consumo de volumoso, quando da busca pelo melhor balanço energético, pode resultar no fornecimento maior de concentrado, o que, pelo seu efeito substitutivo, pode agravar a depressão do consumo de volumoso.

Os efeitos da suplementação com concentrados no consumo do volumoso já são bastante conhecidos, destacando-se o efeito de substituição que ocorre, ou seja, a redução no consumo em pastejo, variando de 0,6 kg a 1 kg de MS a menos de pastagem, para cada kg de concentrado suplementado. O efeito de substituição é mais acentuado a partir do fornecimento diário de mais de 6 kg de concentrado, dependendo também da digestibilidade do volumoso, do teor de MS da pastagem e das características do animal (estágio da lactação, tamanho e condição corporal).

Em certas condições de produção, na tentativa de se compensar a baixa qualidade do alimento volumoso (FDN acima de 55% na MS), através do aumento no fornecimento de concentrados, esses, pelo efeito substitutivo negativo, diminuem ainda mais o consumo já reduzido do volumoso, levando à situação de acidose e queda do teor de gordura do leite.

As vantagens do volumoso de alta qualidade podem ser bem entendidas na comparação na tabela a seguir, na qual, para produções de leite na faixa de 20 a 25 kg/dia a dieta requer 36% de FDN.

9846959673?profile=originalAssim, de acordo com os dados da tabela, as produções de leite LCG (leite corrigido a 4% de gordura) por kg de MS de concentrado, foram de 3,2, 2,2 e 1,6, respectivamente, para as dietas com alfafa, silagem de milho e capim bermuda. Apesar de as três dietas apresentarem o mesmo teor de FDN (36% na MS), o consumo total de MS na dieta com capim bermuda foi 5 kg abaixo do consumo total de MS da dieta com alfafa.

Portanto, quanto menor o teor de FDN de uma forrageira, tanto maior o seu consumo e tanto menor a quantidade de concentrado para alcançar determinada produção de leite.

FONTE: www.milkpoint.com.br
Esta matéria é cópia integral do site MILKPOINT, publicada por Paulo R. F. Mühlbach*, em 03/01/2013.

*Paulo Roberto Frenzel Mühlbach, Engº Agrº, Mestre em Zootecnia pela UFRGS, Dr. sc. agr. pela Universidade Christian Albrecht de Kiel, Alemanha, Professor Associado, aposentado, Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia, UFRGS.

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Fundamentos da mastite bovina e seus impactos na produção

Uma das principais doenças que acomete os bovinos leiteiros é a mastite, que é a inflamação da glândula mamária.

Os impactos econômicos surgem através da queda na produção leiteira, perda na qualidade do leite, maior custo de produção e o descarte prematuro de vacas por perda de um ou mais quartos mamários, que se tornam fibrosos e improdutivos. Sua magnitude varia conforme a intensidade do quadro e o agente causador.

A interação entre os microorganismos, as vacas e o ambiente, somada à ação do homem e possíveis erros de manejo, criam condições favoráveis à contaminação da glândula mamária e o desenvolvimento das mastites.

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Prejuízos associados às mastites

A queda da produção é o principal prejuízo imediato das mastites, podendo acarretar a perda de tecido mamário (fibrose) e até a morte da vaca acometida.

As principais perdas decorrentes das mastites (entre 70 e 80% das perdas totais) são causadas pelas mastites subclínicas, que embora não tenha sintomas visíveis (inflamação) diminuíram a síntese do leite. Já os casos clínicos provocam os restantes 20 a 30% das perdas (Philpot e Nickerson, 1991). Estes autores descreveram que um rebanho que apresenta uma Contagem Células de Somáticas (CCS) entre 200 e 500mil células podem perder 8% do seu potencial de produção leiteiro, ou seja, para cada 1000 litros deixa de produzir 80 litros em decorrência das mastites. Acima destes valores podem haver perdas que chegam até 25%. Coloque valores nessas perdas, conforme a produção e veja a dimensão do prejuízo diário do estabelecimento.

A decisão do momento de tratar é uma questão importante. Busque orientação técnica de um veterinário e estabeleça programas de higiene e prevenção que venham a oferecer as condições necessárias para a boa produtividade de seu rebanho.

Infelizmente muitos produtores não possuem ainda, com exceções é claro, o hábito de tratar as vacas no momento da secagem, o que é um método preventivo importante, pois atua antes que o quadro seja mais severo. A vaca no período seco irá recuperar sua glândula mamária para a próxima lactação e eliminar os casos de mastite subclínica presentes no rebanho.

Dessa forma, um dos principais momentos para tratar vacas leiteiras, especialmente visando eliminar a mastite subclínica é durante o período seco. Nesta fase é possível alcançar a cura de 70 a 80% dos casos de mastite, muito acima dos resultados alcançados em tratamentos de vacas em lactação.

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Argentina, Uruguai e Chile estão trabalhando na implementação de um protocolo de bem-estar animal em vacas leiteiras a nível regional, através de um projeto iniciado há um ano e meio em Punta del Este. Foram avaliadas 900 fazendas leiteiras, padronizando os parâmetros que definem as condições ótimas nas quais os rebanhos devem que ficar.

A Boehringer Ingelheim convocou uma reunião para conhecer os primeiros resultados da implementação de um protocolo sobre bem-estar animal em fazendas leiteiras. "O objetivo dessa reunião era ver quais eram as dificuldades para a implementação do protocolo, para corrigi-lo e torná-lo amigável e, finalmente, definir um informe único para os três países", disse o responsável pela linha de pecuária para Argentina, Chile e Uruguai da Boehringer Ingelheim, Juan Manuel Nimo.

Nimo disse que a iniciativa surgiu há um ano e meio quando os especialistas decidiram se unir com a ideia de compartilhar o que estavam trabalhando em matéria de bem-estar. "Percebemos que seria bom ver como estavam todas as fazendas leiteiras, não somente da Argentina, mas também o Chile e do Uruguai, que têm características similares de produção, poder avaliar e ver quais são os pontos fracos, que medidas poderiam ser implementadas e, posteriormente, ver que benefícios se obtêm com isso".

Nesse sentido, ele disse que os três países estão em níveis similares no que se refere às condições dos animais, das instalações, dos sistemas de produção e, inclusive, da maioria dos problemas.

Esse protocolo transitório de auditoria em fazendas leiteiras sobre o qual os especialistas estão trabalhando foi elaborado a partir dos protocolos vigentes na Europa, elaborados pelo Welfare Quality e utilizados pelas autoridades da União Europeia (UE) para promover a legislação existente. "Os sistemas de produção e a idiossincrasia de nossos produtores e operários obrigam a elaborar protocolos diferentes aos europeus, mas baseados em sua ampla experiência na área", disse o reconhecido especialista no assunto, Mario Sirvén.

O mundo inteiro está começando a conscientizar sobre a necessidade de pensar nesse assunto. Os consumidores buscam alimentos gerados em condições amigáveis para os animais e os produtores entendem que o bem-estar animal impactará diretamente na qualidade do produto final. "O que apresentamos nessa reunião serviu não somente para avaliar os resultados, mas sim, para deixar mais um passo nessa tarefa de trabalhar sobre algo que, embora não seja novo, só recentemente começaram a ser abordados em nosso meio", disse Sirvén.

Na Argentina, as informações foram apresentadas por Antonio Leiva, responsável pelo tema bem-estar animal da Sancor. Ele citou como exemplo que, considerando que a maioria das fazendas avaliadas estão localizadas em regiões de altas temperaturas, onde o estresse calórico causa importantes quedas na produção e na fertilidade, 50% não têm elementos para prevenção ou redução do problema.

Essas auditorias também evidenciaram a falta quase total do uso de analgésicos para intervenções dolorosas, como por exemplo, o descorne dos bezerros.

Outro especialista que passou dados sobre o nível de bem-estar das fazendas argentinas foi Roberto Albergucci, veterinário independente e especialista em qualidade do leite e bem-estar. Ele avaliou exclusivamente rebanhos de vacas em produção e instalações de ordenha. "Uma das mais importantes conclusões que se chegou foi que a boa qualidade do leite se obtém com vacas em bem-estar e que o bom trato, ainda que em instalações 'complicadas', traz bons resultados", disse Sirvén.

No Chile, foram avaliadas cerca de 50 fazendas e mais de 10.000 vacas em ordenha a partir do trabalho: "Protocolo de Avaliação de Bem-Estar Animal", que inclui condição corporal, lesões de pele, escala de limpeza, score de locomoção, zona de fuga, entre outros itens.

O representante da Universidade Austral do Chile, Néstor Tadich, disse que todos os rebanhos avaliados se encontravam sob um sistema de produção a pasto e que o estudo foi realizado na primavera-verão. A grande maioria mostrou uma situação boa de bem-estar animal, mas poucos tiveram bons valores em todos os itens.

A professora da Faculdade de Veterinária da Universidade da República do Uruguai, Elena de Torres Tajes, destacou que no Uruguai também se encaminha ao que ocorre na Argentina, mas em outro ritmo. "Lá, o sistema de produção é mais pastoril que aqui, porque estamos em uma evolução para uma maior concentração de animais e onde os animais ficam menos tempo no campo pastando; a evolução é mais lenta".

FONTE: MILKPOINT*

*A reportagem é da Revista Infortambo, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.

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Alguns dos palestrantes do XI Congresso Internacional do Leite autorizaram o compartilhamento de suas apresentações. Disponibilizamos abaixo para download.

Experiência de sucesso da Fonterra - Nicola M Shadbolt, Professora Associada de Gestão do Agronegócio e Co-diretora do Programa de Agricommerce da Massey University, Nova Zelândia

Experiência de sucesso da Cooperativa Dos Pinos - Bernardo Macaya Trejos, Presidente da Fepale, Vice-presidente e Diretor do Conselho de Administração da Cooperativa Dos Pinos/Costa Rica

Desafios para a cadeia do leite nacional: visão da assistência técnica - Argileu Martins da Silva, Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Cenário atual e perspectivas futuras de PD&I na França - Jonathan Levin, Chefe Internacional do Departamento de Fisiologia Animal e Sistemas de Produção Animal do INRA

Cenário atual e perspectivas futuras de PD&I na Nova Zelândia - Kevin Macdonald, Pesquisador da Dairy New Zealand

Cenário atual e perspectivas futuras de PD&I no Canadá - Graham Plastow, CEO Livestock Gentec Ctr, University of Alberta

Cenário atual e perspectivas futuras de PD&I na Argentina - Miguel Taverna, Coordenador do Programa Nacional do Leite do INTA-Rafaela

Cenário atual e perspectivas futuras de PD&I no Brasil - Duarte Vilela; Chefe-geral da Embrapa Gado de Leite

Verdades e mitos sobre as mudanças climáticas

Luis Carlos Baldicero Molion, Pesquisador do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas
Hilton Silveira Pinto, Professor da UNICAMP

Inovação sustentável e linhas de crédito e financiamento do Programa ABC - Elvison Nunes Ramos, Coordenador do Programa ABC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Bioeficiência em sistemas de produção de leite - uma análise ambiental e econômica - Luiz Gustavo Ribeiro Pereira, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Estratégias tecnológicas para uma pecuária de leite sustentável: caso de sucesso - Craig William Bell, Diretor Administrativo da Fazenda Leitissimo S/A

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Estudo da Unesp aponta que o uso inadequado deste tipo de medicamento aumenta a resistência de vermes no gado Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita (Unesp) levantou um dado preocupante: os vermífugos existentes no mercado funcionam cada vez menos em bovinos. “Isso porque os diversos tipos de vermes que atacam estes animais estão ficando mais resistentes aos medicamentos, devido ao seu uso inadequado”, explicou o pesquisador e médico veterinário Ricardo Soutello. A pesquisa de Soutello foi realizada em cinco propriedades do Estado de São Paulo e analisou a resistência a quatro das categorias de antiparasitários mais utilizadas: sulfóxido de albendazol (vendido sob as marcas Ricobendazole, Ouro Fino), fosfato de levamisol (Ripercol, Fort Dodge), moxidectina (Cydectin, Fort Dodge) e ivermectina (Ivomec, Merial). O resultado mostrou que, em cada uma das produções, houve resistência a pelo menos uma das drogas utilizadas. Em uma das propriedades, houve resistência a três delas. Para descobrir o motivo de tanta força dos vermes, a equipe de pesquisadores também aplicou um questionário aos produtores, perguntando sobre a frequência da aplicação de vermífugos ao rebanho. Segundo Soutello, em 80% dos casos a administração do remédio era feita em períodos errados. “Constatamos que o uso inadequado dos anti-parasitários pelos criadores foi uma das características que influenciaram o desenvolvimento da resistência”. De acordo com o relatório divulgado pela Unesp, a maior parte das aplicações foi realizada juntamente com a vacinação contra a febre aftosa, sem levar em consideração a necessidade do uso do remédio ou o período entre uma aplicação e outra. “É difícil preparar o gado para receber um remédio. Ele precisa ficar um tempo sem comer, em um local fechado e isso costuma deixar o animal muito irritado. Então, alguns donos aproveitam campanha de vacinação para já dar o vermífugo. Mesmo que o animal nem precise”, explica Soutello. Uma das causas desse problema é o baixo custo das drogas genéricas ou similares no mercado, segundo o professor. Com o preço menor, seu uso aumentou, o que favorece a resistência anti-helmíntica. Prejuízos Um cálculo feito pela Unesp mostra que a perda estimada de animais infectados por vermes gira em torno de 30 a 70 quilos por ano. “O prejuízo é de cerca de duas arrobas a menos anualmente, o que representa cerca de R$ 200 por cabeça. Fora o custo com aplicações ineficientes e manejo”, explica Soutello. Dentro do custo total de produção de bovinos de corte, o custo dos vermífugos representa 1% de todo o montante, menos de R$ 10 por cabeça nos dois anos de ciclo. Apesar de o valor ser baixo, o retorno financeiro para o produtor é grande quando os remédios são aplicados de maneira correta, segundo o professor, supera o de todos os outros investimentos. “São R$ 40 para cada R$ 1 gasto com vermífugos utilizados corretamente”, explica. FONTE: Globo Rural On-line Ernesto de Souza
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9846958872?profile=originalO ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues afirmou que o cooperativismo é a saída para o Brasil vislumbrar um protagonismo mundial no setor leiteiro. Rodrigues abriu o primeiro dia de atividades do Congresso Internacional do Leite, em Goiânia-GO, defendendo que o agronegócio brasileiro tem força, já que representa 1/4 do PIB nacional.

"Falta ao setor organização e articulação. A cadeia produtiva, a sociedade e o governo devem interagir com vistas à geração de políticas públicas", conclui Rodrigues. Com esta afirmação, o ex-ministro respondeu à provocação do moderador do painel, o diretor presidente da Centroleite (Cooperativa Central dos Laticínios de Goiás), Haroldo Max de Souza, que propôs aos palestrantes e ao público pensarem no cenário desejado para daqui a 20 anos.
As palestras apresentadas na sequência trouxeram experiências bem sucedidas de cooperativas em diversos países. Uma delas foi a Fonterra, da Nova Zelândia, que congrega 10.500 produtores. A Fonterra é responsável por 25% da receita de exportação do país e figura entre as quatro principais cooperativas do mundo. O caso foi apresentado pela professora associada de Gestão do Agronegócio e co-diretora do Programa de Agricommerce da Massey University, Nicola Shadbolt.

Nicola Shadbolt também expôs as experiências da indiana Amul, detentora de 4% do mercado de leite mundial; da Arla Foods, com produtores cooperados em 13 países e produtos distribuídos em mais de 100 países; e da norte-americana Dairy Farmers of America, hoje responsável por 17% do comércio mundial do setor.

Vindo da Costa Rica, o presidente da Federación Panamericana de Lechería (Fepale), Bernardo Macaya, acrescentou mais um bom exemplo: a cooperativa Dos Pinos, da qual é vice-presidente e diretor do Conselho de Administração. A Dos Pinos exporta para 14 países a partir de três bases físicas. Possui 21 instalações para venda de insumos, medicamentos, concessão de crédito e capacitação dos produtores cooperados. Investe em programas de transferência de tecnologia e de responsabilidade social, fortalecendo as estratégias para acelerar o crescimento do agronegócio do leite na América Central.

(Assessoria de Comunicação – Congresso Internacional do Leite) 

Rubens Neiva

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